Junto
às trabalhadoras metalúrgicas, gráficas, ceramistas, têxteis, da alimentação,
do funcionalismo, dos engenhos de açúcar... junto às imigrantes, às donas de
casa e empregadas domésticas...junto às secundaristas e universitárias!
por Pão e Rosas
Brasil
Na
Argentina, como no Brasil, as mulheres, sob o governo de uma mulher, Cristina
Kirchner e Dilma Roussef, seguem sofrendo com as mortes por abortos
clandestinos, com as redes de tráfico de mulheres, com a violência e com a
precarização do trabalho. O Encontro demonstrou que existem milhares de
mulheres dispostas a se mobilizar para mudar essa situação, apesar das
intervenções e dos boicotes truculentos de setores organizados e reacionários
da igreja e setores ligados ao governo. Infelizmente, a Comissão Organizadora
do Encontro, nas mãos do PCR (Partido Comunista Revolucionário), não organizou
o Encontro de forma a expressar essas mulheres lutadoras, deixando caminho
aberto à participação dos setores mais reacionários e contra os direitos
básicos das mulheres. Além de manter o caráter de consenso do Encontro que não
tem votações nos grupos de discussões e plenária final para que se vote planos
de luta pelos direitos das mulheres.
Foi
com muito orgulho que o Pão e Rosas Brasil, através das companheiras Marília
Rocha (metroviária de SP) e Rita Frau (professora da rede estadual em Campinas),
fez parte da delegação do Pan y Rosas da Argentina, junto a outras centenas de
trabalhadoras e jovens, que travaram uma grande luta política para que o
Encontro servisse de fato para organizar as mulheres para lutar por seus
direitos e para que o Encontro votasse um Plano de Luta efetivo pelo direito ao
aborto e pelos direitos das mulheres trabalhadoras e da juventude. Participamos
junto às centenas de mulheres da delegação do Pan y Rosas de toda a Argentina,
mulheres estudantes universitárias e secundaristas, mulheres trabalhadoras das
fábricas de alimentação e metalúrgicas da Zona Norte de Buenos Aires,
trabalhadoras de Zanon, professoras, trabalhadoras da Saúde, donas de casa,
empregadas domésticas, aeronáuticas, trabalhadoras gráficas, trabalhadoras
estatais, trabalhadoras imigrantes das indústrias têxteis e trabalhadoras dos
engenhos de açúcar.
As companheiras
travaram uma luta exemplar contra os setores que queriam apoiar a greve dos
policiais que ocorria na Argentina, colocando que policiais não são
trabalhadores e sim cães de guarda da burguesia e seu Estado, que reprimem a
classe trabalhadora, assim como foram os mesmos na Argentina que criaram o
Projeto X, onde espionavam dirigentes
operários. Discutiram contra os setores que queriam fazer parte de um ato
contra o governo kirchnerista, convocado pela CTA, mas junto com setores da
patronal agrária como a oposição “sojeira”, que explora os trabalhadores
rurais, defendendo a independência de classe frente ao governo e também à
oposição burguesa e lutando pela mobilização dos trabalhadores por suas
próprias reivindicações. Elas elegeram a consigna “Nem com Cristina, nem com a
Rural...trabalhadoras do campo e da cidade!” para expressar a luta por uma
política independente do governo e da oposição patronal. Foram as mesmas
mulheres que mostraram seu compromisso com a luta pela justiça contra os assassinos de Mariano Ferreira
discutindo a necessidade que Encontro se somasse a marcha do dia 20 de outubro,
aniversário de luto do assassinato deste jovem trotskista do Partido Obrero que
foi morto pela burocracia sindical pois defendia a luta dos trabalhadores
terceirizados da ferrovia de Buenos Aires. À Mariano Ferreira elas cantavam: “À
Mariano Ferreira nós vamos vingar, à Mariano Ferreira nós vamos vingar, com a
luta, luta operária e popular”.
Nos
emocionamos junto à essas companheiras ao fazer um grande escracho na igreja
central da cidade, denunciando a conivência dessa instituição com a ditadura
militar e com as milhares de mulheres mortas por abortos clandestinos. Nos
emocionamos mais uma vez na plenária do Pan y Rosas de encerramento do
Encontro, ao escutar as trabalhadoras mais precárias das fábricas, as
imigrantes e as trabalhadoras dos engenhos contar sua experiência, se sentindo
totalmente acolhidas e parte desse movimento, dizendo que a luta pelos direitos
das mulheres é também da classe trabalhadora, e que esta luta é sem fronteiras
pois a classe trabalhadora é uma só! Neste momento todo o plenário cantava “Nativa
ou estrangeira, a mesma classe operária!” e em seguida as jovens estudantes
puxaram “Trabalhadora escuta, sua luta é nossa luta!”.
As
jovens e trabalhadoras do Pan y Rosas mostraram que é possível colocar de pé um
grande movimento pelos direitos das mulheres trabalhadoras e da juventude,
lutando contra o governo, contra os patrões, contra a polícia e contra a
igreja. Queremos fazer dessa experiência internacionalista um exemplo para as
mulheres trabalhadoras e jovens no Brasil, para colocar de pé, também aqui, um
movimento de mulheres classista, combativo e revolucionário que lute contra a precarização do
trabalho, contra toda forma de violência, e por um plano de luta pelo direito
ao aborto legal, seguro e gratuito para sairmos às ruas e arrancarmos este
direito elementar que assim como na Argentina, no Brasil milhares de mulheres
seguem morrendo por abortos clandestinos. Estamos orgulhosas de ser parte desse
grande movimento! A luta das mulheres trabalhadoras é uma só, e não tem
fronteiras!
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