No último dia 21/03, nós do grupo de mulheres Pão e Rosas realizamos nossa primeira Plenária, com a presença de Andrea D'Atri, fundadora do Pan y Rosas Argentina. Diana Assunção abriu a Plenária, apresentando o grupo de mulheres à novas estudantes e trabalhadoras que estavam presentes, e colocando a necessidade de se discutir um grupo de mulheres no Brasil que, diferentemente do feminismo já estabelecido, como a Marcha Mundial de Mulheres, se coloque verdadeiramente numa perspectiva anticapitalista, e que num momento de crise, mais do que nunca se faz necessária a luta pelos direitos das mulheres.
Mara Onijá seguiu a discussão resgatando nossas bandeiras no 8 de março, onde participamos do ato da Conlutas, demonstrando os limites que as direções de grupos feministas atrelados ao governo Lula se colocam diante da luta pelos direitos das mulheres. Relembrou da necessidade de uma campanha permanente contra a violência policial que assassina sobretudo a juventude e as mulheres negras.
Marina Fuser relembrou as atividades de lançamento do livro Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história para dizer o quanto essa publicação deveria transcender os limites do possível, e se tornar uma ferramenta política para a atuação na realidade, de tantas mulheres vítimas desse sistema de opressão e exploração.
Andrea D'Atri contou como foi o surgimento da agrupação Pan y Rosas na Argentina, demonstrando a necessidade das estudantes impulsionarem a mais ampla aliança com as trabalhadoras. Falou sobre a situação das mulheres no capitalismo e atuação diante dos primeiros sinais de crise, que já começam a se fazer sentir. Por fim, outras companheiras interviram, ressaltando a necessidade de se discutir mais profundamente todas as questões levantadas, e Diana Assunção fez um chamado à tarefa urgente de construir uma nova tradição no movimento de mulheres, à construir o Pão e Rosas. Foi decidido impulsionar uma campanha latino-americana pelo direito ao aborto livre, seguro e gratuito, conjuntamente com as companheiras do Pan y Rosas da Argentina, e também do Chile. Assim como uma campanha em todas as universidades em defesa das trabalhadoras terceirizadas, exigindo a efetivação imediata.
A companheira Silvana falou sobre a importância do Pão e Rosas estar na linha de frente da campanha em defesa da readmissão do Brandão, dirigente da LER-QI e diretor do SINTUSP, relembrando a luta que este travou diante das péssimas condições de trabalho dos terceirizados e terceirizadas da limpeza da USP, setor onde ela trabalhava.
Mara Onijá: Me fez de escrava, mucama / Me fiz guerreira que inflama / Que se rebela e que chama / Não silencia, não cansa, avança / Me fez de ama de leite / Meu estupro foi seu deleite / Hoje me diz foi fraterno / Sua teoria farsante não quero / Sou reverso da submissão, não parei / Já nos tumbeiros fiz insurreição, confrontei / Incendiei seu engenho, fiz revolta dos malês / Eu te matei com veneno, levantes organizei / Cadê meus filhos jogados, largados na roda dos expostos / Cadê meu seio arrancado, cadê meus irmãos mortos
A atividade também contou com uma exposição feita por Daniela, estudante da USP, com as imagens do Bloco Pão e Rosas no 8 de março.
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