Por Fernanda Figueira, assistente social formada pela PUC-SP
A cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil. Por ano, 100 mulheres morrem no país vítimas de violência dentro de suas casas. Dentre as mulheres que sobrevivem, apenas 40% denunciam os agressores. A violência contra a mulher também se expressa na subordinação que nos é imposta pela Igreja, na proibição de direitos como o direito ao aborto legal; na escravidão das trabalhadoras imigrantes; no sequestro de mulheres pelas redes de prostituição; na utilização da imagem da mulher como um objeto sexual para o desfrute de terceiros... Também enfrentamos a discriminação e a violência trabalhista. Recebemos salários menores que os dos homens. Somos as primeiras a ser demitidas. Não temos creches gratuitas onde levar nossos filhos, e somos a maioria entre trabalhadoras precarizadas. E carregamos nas costas as conseqüências da violência policial.
A tudo isso, querem nos fazer acreditar que se trata apenas de “violência doméstica”, familiar, individual... Nós estamos aqui pra dizer que não. Que nenhum desses casos acontece isoladamente: essa violência acontece numa sociedade onde ocupamos um papel subordinado, pois temos que garantir todas as tarefas domésticas necessárias à reprodução. E somos consideradas um mero objeto sexual, reprodutoras, incapazes e inferiores, com menores direitos e liberdades de escolha. A violência contra as mulheres se origina, se sustenta, se justifica e se legitima na desigualdade socialmente construída entre os gêneros e entre as classes.
Por isso afirmamos que toda lei em defesa das mulheres, por melhor que seja, irá se deparar com sua mais profunda contradição: nos é apresentada pelo mesmo Estado que sustenta a violência contra as mulheres. É necessário, portanto, acreditar em nossas próprias forças e lutar para que a classe trabalhadora também levante essa bandeira. Basta de violência contra as mulheres!
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