Nesse 1º de maio, nós do grupo de mulheres Pão e Rosas saimos às ruas novamente para continuar a luta que iniciamos no 8 de março. Como parte do Bloco Classista, ao lado dos companheiros e companheiras da LER-QI, do Movimento A Plenos Pulmões e do Movimento Unidade Operária, lutamos por uma política classista no ato anti-governista da Praça da Sé. Não bastasse que os setores da esquerda que convocaram o ato tenham convocado também uma missa antes da manifestação, chamando os trabalhadores a rezar com Dom Odilo Scherer - Arcebispo de São Paulo que participou do ato "em defesa da vida" e contra o direito ao aborto em 28 de março - o microfone foi aberto para Eduardo Suplicy, deputado do PT e parte do governo de Lula. Por isso, gritamos bem forte "Aqui no Bloco Classista / não tem Suplicy governista!".
O 1º de maio também foi um momento de luta pelos nossos direitos, em especial o direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito, principalmente no Brasil, onde estamos vivenciando uma ofensiva reacionária da Igreja. Durante o ato, gritamos "Basta de estupros / de morte e de dor / Hipócrita Igreja / Está com o estuprador! / E basta de sangue / de mutilações / Eu quero meu corpo / Sem esses grilhões! / Sou Pão e Rosas / Direito ao aborto já! / E na América Latina / mulheres mortas não vamos deixar!", fazendo menção à Campanha Latino Americana pelo direito ao aborto, impulsionada pelo Pão e Rosas Brasil, Argentina e Chile, ao lado de companheiras da Venezuela, do México e da Bolívia.
Por fim, nós mulheres do Pão e Rosas deixamos clara nossa posição: nem bispos, nem governistas em nosso ato! Pelos direitos das mulheres trabalhadoras! Pelo direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito! Basta de intervenção da Igreja em nossos corpos! Basta de estupros e assassinatos de mulheres! Pela efetivação de todas as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados! Nenhuma demissão! E que os capitalistas paguem a crise!
Vozes do bloco Pão e Rosas no 1º de maio
"Estamos construindo o grupo Pão e Rosas com várias mulheres trabalhadoras que sofrem com a exploração capitalista. O 1º de maio é um dia de luta e é por isso que não podemos ficar somente em nossas casas cuidando dos maridos e dos filhos... Neste dia marchamos e estavamos muito bem organizadas mas ainda não nos contentamos... queremos chegar a muitas outras companheiras"
Silvana, trabalhadora do comércio e militante do Pão e Rosas
"Em primeiro lugar acho importante que as mulheres se organizem para recuperar a sua auto-estima que todos querem jogar lá embaixo... Marchei no 1º de maio com um bloco do Pão e Rosas pois quero dizer a todos que as mulheres têm opiniões próprias... que não somos um objeto nas mãos de um homem... Quero dizer a muitas companheiras que não devemos aceitar somente deveres, deveres e mais deveres... queremos gritar e lutar por nossos direitos!!! Na minha opinião precisamos discutir com as companheiras nos locais de trabalho e em casa que precisamos nos descobrir como mulheres, discutir nossas opiniões... e que a política não deve ser assunto somente para os homens. Digo isso porque, por exemplo, nesta crise econômica as mulheres estão sofrendo com muitas demissões. Somos mais exploradas do que os próprios trabalhadores homens e na hora das demissões somos as primeiras da lista. Nossos patrões nos exploram pra valer o tempo todo mas agora nos dizem que as mulheres são dispensáveis... e não posso me conformar com isso."
Fabiana, trabalhadora terceirizada da limpeza e militante do Pão e Rosas
"A composição do grupo de mulheres Pão e Rosas no ato de 1º de maio foi de extrema importância não somente para sua divulgação, mas principalmente para mostrar que as mulheres estão também na luta, principalmente por ser um setor que sofre diversos ataques cotidianamente. Enfim, conseguimos reivindicar nosas demandas e desmistificar naquele momento, a falsa idéia de que somos 'sexo frágil'."
Márcia, estudante de Serviço Social da Unesp Franca e militante do Pão e Rosas
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