No dia 21 de maio, o grupo de mulheres Pão e Rosas participou de uma atividade convocada pelo Centro Ángel Rama, na qual compareceram 40 pessoas, entre estudantes e funcionários da universidade. Ocorreu a exibição do filme de mesmo nome “Pão e Rosas”, do diretor Ken Loach, seguido de um debate, no qual a mesa foi composta por Diana Assunção, trabalhadora da USP e fundadora do grupo de mulheres Pão e Rosas no Brasil, e Cristiane Toledo, mestranda da USP.
Cristiane, que estuda a estética de Ken Loach, abriu o debate, comentando que o diretor se utiliza da arte cinematográfica – em boa parte de sua obra – para expressar a luta dos trabalhadores contra a sua exploração e opressão. Disse que ele se baseou numa luta dos trabalhadores da limpeza precarizados nos Estados Unidos, que aconteceu em 1990, na qual reivindicavam o direito de se sindicalizarem e por melhores condições de trabalho e salário. Colocou que a escolha do elenco refletia a necessidade do autor em expressar a realidade; parte dele foi composto não por atores, mas sim por trabalhadores que tinham tido uma experiência de vida parecida com a que seria mostrada no filme, e por outros atores profissionais, porém não famosos, para alcançar o mesmo objetivo. Comentou também que a linguagem utilizada também é expressão dos fatos, com a presença do espanhol e do inglês, por conta dos trabalhadores, aos quais se refere, serem imigrantes latinos.
Diana colocou que a precarização foi bem representada no filme, expressando o nível de exploração e sujeição a que os trabalhadores são submetidos. Deu o exemplo real dos terceirizados da PUC-SP, que escreveram uma carta denunciando suas condições de trabalho, que têm que comer pão mofado, entre baratas. Ou então dos próprios terceirizados da USP que têm que comer no banheiro, recebem menos que um salário mínimo para sustentar sua família, e que fizeram uma manifestação em 2006 contra isso. E que hoje os trabalhadores da USP em greve incorporaram em sua pauta de reivindicações a luta contra a terceirização na universidade, e pela incorporação de todos os terceirizados ao quadro de funcionários sem concurso e com igual salário. Apontou inclusive, que um dos motivos que culminou na demissão de Claudionor Brandão, diretor do Sintusp, foi a defesa incodicional dos trabalhadores terceirizados da Faculdade de Educação da USP, que estavam comendo suas refeições no banheiro, sendo ainda mais necessária a luta por sua reincorporação. Disse que o Pão e Rosas está fazendo uma campanha contra a terceirização justamente porque na sua maioria são mulheres que ocupam esses cargos, e que sofrem com o assédio moral e sexual de seus chefes.
Luciana, estudante da USP e militante do Pão e Rosas, convocou todos os estudantes que lá estavam a se somarem à luta dos trabalhadores dessa universidade, para barrarem o processo de precarização do trabalho e do ensino que, a algum tempo, a reitoria vem impondo, e pela liberdade de organização sindical que essa mesma reitoria quer cercear. Depois leu o poema “Pão e Rosas”, de Mara Onijá. Várias pessoas expressaram a sua indignação com a realidade expressa no filme. Ao final, Diana chamou todos a conhecerem o grupo Pão e Rosas e sua política contra a opressão às mulheres e pela sua necessidade de organização, e a se incorporarem nessa luta.
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