No último domingo, 29/03, o Pão e Rosas participou da atividade Hip Hop minha voz está no ar, organizada pelo Núcleo Cultural Força Ativa. Realizada na Escola Fúlvio Abramo, localizada na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, a atividade teve como tema: “A condição da mulher trabalhadora na sociedade e no movimento Hip Hop”.Foi um dia inteiro de atividades que contou com debate sobre o tema, campeonato de break, apresentações de rap de Facção X, Fantasmas Vermelhos, Mara Onijá, entre outros.O debate foi aberto por Bia, militante do Núcleo Cultural Força Ativa, que fez uma intervenção questionando os exemplos de mulheres bem sucedidas como Marta Suplicy, Cristina Kirchner, Dilma Rousseff, entre outras. “Uma mulher de 30 anos em igualdade com os homens pode exercer o seu ‘direito’ como uma oficial das forças conjuntas da OTAN que bombardeiam os países semicoloniais, onde podem morrer mulheres na mesma idade em uma aldeia africana por causa da AIDS. Não é estranho?” E concluiu depois: “Jamais avançará a igualdade com essa minoria que vive em abundância sobre o nosso suor, enquanto existir a propriedade privada que divide a sociedade numa pequena parte que tem tudo e a outra imensa maioria que só possui as suas forças, os seus corpos para manter a vida”.Seguiram-se várias intervenções sobre a situação da mulher na sociedade e no Hip Hop, discutindo como a opressão sobre a mulher se reproduz no cotidiano e como essa opressão deve ser combatida.Mara Onijá, do grupo de mulheres Pão e Rosas, apresentou o livro recém lançado Lutadoras. Histórias de Mulheres que Fizeram História, ressaltando a importância de reescrever a história resgatando o papel protagonista que tiveram muitas mulheres em processos da luta de classes. Depois, Mara falou sobre a importância da organização das mulheres negras, resgatando também as histórias de resistência e luta contra a escravidão e também os processos ocorridos depois da abolição. Para falar dos dias atuais, Mara mostrou vários dados sobre mortalidade materna que demonstram que não só no Brasil, mas também em países como Estados Unidos, as mulheres negras morrem em proporções muito maiores, expressando como o racismo torna ainda mais brutal a opressão sobre as mulheres negras. Como conclusão, Mara colocou a importância de que as mulheres no Hip Hop tenham o objetivo de dar continuidade às lutas históricas que levaram à frente mulheres como Zerefina do Quilombo do Urubu e Luiza Mahin dos levantes negros na Bahia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário