Dinizete, funcionária do Centro de Saúde Escola Butantã da FM da USP
O bloco do dia 8 de março foi surpreendente! Fiquei muito feliz ao sentir a força das mulheres de São Paulo e gostaria muito que fosse assim aqui em Campinas e em demais cidades. Gostaria que mais estudantes secundaristas participassem do Pão e Rosas, por achar muito importante o papel da adolescente estudante exigindo também seus direitos e apoiando as universitárias e trabalhadoras. Para que cresça interesse nas estudantes secundaristas de se agregarem ao Pão e Rosas e participarem dessa luta creio que haverá muito trabalho, pois existe um desinteresse muito grande por parte dos jovens na política, mas que pode ser despertado e estou disposta a colaborar nesse despertar!
Ana Beatriz, estudante secundarista de Campinas
Ana Paula, ex-trabalhadora de telemarketing
Bom, é extremamente necessário que exista um grupo que discuta a questão de gênero, porém que essas discussões não se descole da questão de classe, pois a precarização não só do trabalho, mas até dos direitos básicos não atingem somente as mulheres, mas toda a classe trabalhadora, ou seja, nesse contexto, o proletariado não tem sexo. A discussão central do Grupo Pão e Rosas seria de mostrar o quanto é conveniente o trabalho feminino dentro do sistema capitalista, mesmo com a falsa idéia de que a mulher já alcançou a "igualdade" com o homem ou até que os superamos. Não estamos em uma disputa para ver quem é o melhor ou o pior, quem é o mais forte ou o mais fraco. Precisamos lutar não somente pela igualdade salarial ou pela não jornada dupla, mas discutir, lutar e ter o foco que a libertação feminina só será concretizada com a transformação social a qual almejamos, que é o comunismo.
Márcia, estudante de Serviço Social da Unesp de Franca
Por isso julgo importante a construção de um núcleo como o Pão e Rosas que coloque tais questões em discussão dentro das universidades - que por diversas vezes tomam a questão de gênero de forma isolada aos conflitos sociais - e integre as jovens que estão dispostas a colocar sua opressão em evidência. Após ter participado do núcleo durante dois anos, considero que ele hoje é uma porta aberta à construção de uma conscientização progressiva dentro do ambiente estudantil.
Maitê Fanchini
Fabiana, trabalhadora terceirizada da limpeza
Não é difícil exemplificar (e, para muitas que lêem este texto, de se identificarem) as inúmeras situações em que vejo a minha família dividida, por exemplo, num domingo à tarde, entre os que conversam no quintal e as que preparam o almoço; os que chegam em casa demasiado cansados do dia todo de trabalho e, enfim, descansam e as que estiveram o dia todo em casa preparando-a para a chegada dos que estavam fora. Também não estão distantes as regras que se diferenciam entre os homens e mulheres que integram minha família, regras estas muitas vezes defendidas rigorosamente pelas mulheres.
É importante que nós mulheres, organizadas coletivamente, nos coloquemos à frente da luta para construir um programa que responda às nossas necessidades e, assim, ponha fim à opressão de gênero e à sociedade de classes.
Babi, estudante de Biologia da UNESP de Rio Claro
O Pão e Rosas é uma forma das mulheres se manifestarem e lutarem contra as injustiças que sofrem. Um meio de discutir e refletir a condição da mulher na sociedade.
Patrícia, trabalhadora terceirizada
Fico feliz de saber que há jovens mulheres lutando para que os direitos de todas as mulheres sejam respeitados.
Daniela Origuella, estudante da USP
Mira, estudante de Direito da Unesp de Franca
A plenária que participei fez com que eu conhecesse melhor o grupo Pão e Rosas. Fez também que eu amadurecesse algumas idéias que eu tinha e que colocasse outras em meu contexto diário e pensar se estas são boas ou ruins! Acho importante a construção do grupo, porque a sociedade em que vivemos hoje não nos deixa dúvida de que as coisas não podem ficar da maneira que estão. Acho que o início do grupo nos dá um impulso e mostra-nos que não são todas as pessoas que estão de cabeça baixa para tudo o que o sistema impõe. Isto de maneira geral, pois quando se trata das mulheres, no caso do grupo Pão e Rosas, as lutas tem que ser mais acentuadas, pois pelo histórico que temos, podemos ver claramente que as mulheres são menos ouvidas e muitas vezes tem menos "direitos" sobre as coisas.
Taína, estudante de Física da UNESP de Rio Claro
Fabiana Pitanga da Silva, Assistente Social e membro do Núcleo cultural Força Ativa
Nesse momento se faz importante lermos, debatermos, disseminarmos a luta de grandes revolucionárias e alertarmos que o capitalismo é um sistema excludente e desigual, que está acabando com as nossas reservas naturais e matando de fome milhões de pessoas em todo mundo, às custas dos lucros de uma minoria.
Milena Bagetti, doutoranda FEA - Unicamp
Eu achei que dessa vez foi bem explicativa, no sentido de qual é a proposta do grupo Pão e Rosas, e não só do livro Lutadoras. Achei também que em termos da discussão foi muito mais rico. A gente teve diversos depoimentos de pessoas que não fazem parte do grupo, achei que isso enriqueceu bastante, até para entender também qual é a proposta de vocês do grupo, e a idéia das pessoas que estavam ali se apresentando, tanto as estudantes quanto as trabalhadoras que participam do grupo; e acho que esse é o diferencial de vocês. Vocês têm um grupo não só de discussão, não só de estudo com as mulheres, mas também de trazer as trabalhadoras para entender e fazer parte desse grupo. Acho que o Pão e Rosas é uma alternativa para organizar as mulheres com a crise, porque nós sofremos com isso, principalmente nós que somos mulheres sofremos com a crise. Dizem que uma coisa são os direitos da mulher e outra a crise econômica, mas acho que as duas coisas estão interligadas. A crise econômica tem tudo a ver com a exploração da mulher.
Liliane, estudante da PUC-SP
A importância de se construir o Pão e Rosas vem pela necessidade de um debate mais profundo sobre a causa da mulher. Pois este debate deve ir além (não menos importante, mas além) da luta de gênero, pois entendo que a opressão contra a mulher, tem suas raízes na estrutura da nossa sociedade, um sistema capitalista que historicamente acentuou essa opressão. Portanto, a luta deve ser também uma luta classista, unificada com a classe trabalhadora. Diante do momento histórico que estamos vivendo, diante da crise do sistema capitalista, chega a hora de nós mulheres nos posicionarmos e irmos à luta, para que a crise não seja descarregada nas nossas costas.
Rebeca Costa, estudante de Pedagogia da UNESP Marília
É a primeira vez que eu participo de alguma atividade do Pão e Rosas, o trabalho do grupo eu conhecia, mas pessoalmente ainda não. Eu acho que as mulheres devem cumprir um papel mais presente na situação atual, não de se esconder, o que é mais fácil, imposto pela sociedade. A mulher tem que se mostrar um pouco mais. É mais difícil da mulher se impor. A gente está numa sociedade que o homem se impõe muito mais e que para a mulher ser percebida ela tem que se impor dupla ou triplamente. E nós podemos entender isso em atividades como esta do Pão e Rosas.
Beatriz, revisora do livro Lutadoras e professora secundarista de francês
Achei incrível a iniciativa de formar um grupo de mulheres que põe em debate a questão da mulher na sociedade de classes. Num momento de inquietação e indignação diante das crueldades e injustiças da sociedade capitalista, encontrar um grupo de mulheres que, como eu, não enxergam como natural e não conseguem se acomodar confortavelmente frente às mazelas desta sociedade, para mim foi reconfortante e motivador. Conhecer o grupo aqueceu minhas esperanças ao me fazer perceber que é preciso e possível lutar contra este sistema, e que apenas o conhecimento e a indignação não bastam, é preciso ação. E num momento em que o pensamento crítico anda tão fragilizado, uma proposta como a do Pão e Rosas é uma ousadia e tanto. É de suma importância levar esta discussão para as universidades privadas, visto que são essas universidades as “destinadas” aos filhos dos trabalhadores que, sem a menor dúvida, serão os principais atingidos pela forte crise que nos ronda, e que portanto devem ter consciência de que para enfrentá-la será preciso discutir, se organizar, lutar.
Antes de tudo que possamos escrever aqui, precede delinearmos que tipo de igualdade nos direitos entre mulheres e homens reivindicamos e lutamos. Em quais condições esta será válida. Existe igualdade no sistema capitalista cujo motor é justamente o oposto; ou seja, a desigualdade? Que a base e essência de todo seu processo produtivo é a exploração de uma classe sobre a outra? Querermos igualdade entre gêneros nas mesmas condições antagônicas de classe em que vivemos, é reivindicar o direito de sermos tão exploradas quanto nossos companheiros; filhos e amigos já o são! Lutarmos para que nossos salários que são de 50% a 60% menos que os homens recebem trabalhando precariamente não é reivindicarmos por igualdade, mas sim levantarmos a bandeira da desigualdade. Pois, mesmo que os salários de mulheres e homens se equiparem ainda seremos todos forçados pela necessidade de subsistência a vender nossa força de trabalho para a classe burguesa dominante. É contra essa falsa igualdade, que devemos lutar, pois não passam de conceitos que ludibriam a mulher trabalhadora. A consciência de classe é o primeiro passo para dêsconstruir todo este conceito de igualdade que nos é imposto.
Clismênia, estudante de Ciências Sociais da UNESP Marília
O Pão e Rosas me interressou pela luta das mulheres contra o preconceito, o machismo, a violência dentro de casa e no trabalho, como o assédio moral. Construir o Pão e Rosas dá força a mulher para lutar por seus direitos como dona de casa e trabalhadora, reivindicando seu espaço para a política e o lazer, através de organizar a luta para diminuir o tempo de trabalho e acabar com a dupla jornada.
Marta Meirelles, trabalhadora da CCS - USP
Muitas vezes, o mesmo trabalhador que se organiza em sindicatos e luta contra a exploração, não percebe a dupla ou tripla exploração que sofre sua própria esposa, cuidando dos filhos e da casa depois de chegar do trabalho. Cerca de metade da classe trabalhadora é composta por mulheres, que tem muito mais dificuldade de discutir política e se organizar, devido a todas as amarras da opressão. Nesse sentido, vejo o Pão e Rosas como uma perspectiva de organização para as mulheres.
Natalia Mantovan, estudante de jornalismo da UNESP Bauru
No marco de uma crise capitalista como a que estamos vivenciando, a organização das mulheres na luta anticapitalista se faz ainda mais urgente. Reivindico o Pão e Rosas pelo seu posicionamento frente à crise e sua luta.
Luli, estudante de Letras da USP
Jenifer, estudante da Fundação Santo André
Thais Lapa, co-autora do livro “Aborto e Religião nos tribunais brasileiros” e integrante do CLADEM
O Pão e Rosas, impulsionado por militantes da Liga Estratégia Revolucionária e independentes, deve avançar na direção da luta contra a crise capitalista, mas ainda somos muito poucas, e é necessário que possamos avançar na construção do grupo, para que cada dia mais possamos contar com mais mulheres nessa tarefa, assim como o Pan y Rosas na Argentina, que hoje aglutina cerca de 1000 mulheres.
Ariane Mendonça, estudante de Ciências Sociais da UNESP de Marília
É muito bom que seja construido o Pão e Rosas aqui na USP, devemos divulgar amplamente, a reivindicação do respeito e da independencia da mulher nos dias de hoje me atrai, porque apesar de termos lutado no passado pela independência, ainda falta respeito à trabalhadora que ganha menos e trabalha em casa, por isso devemos reivindicar melhores condiçoes de trabalho à todas e a diminuiçao da jornada de trabalho. E também considerando que a mulher tem que ter mais tempo para lutar politicamente, a dupla jornada precisa acabar, tem que ter lavanderias públicas, por exemplo, para acabar com as tarefas domésticas mais pesadas.
Maria S. N. Vancin, trabalhadora da biblioteca da FFLCH – USP
Acho que diferente de muitos grupos de gênero, o Pão e Rosas realiza uma aliança real de estudantes com trabalhadores, através da discussão, atos, debates e solidariedade e apoio a luta das trabalhadoras. Leon Trotsky tem uma frase muito boa que para mim fala tudo sobre o papel das mulheres trabalhadoras na luta de classes, por serem as mais exploradas e as quem mais sofrem com a atual lógica: “aqueles que lutam com mais energia e persistência pelo novo são os que mais sofreram com o velho”.
Debora, estudante de Ciências Sociais da PUC-SP
Durante todo o período histórico fomos nós, mulheres, que estivemos na linha de frente no enfrentamento das lutas sociais. Unidas pelo sentimento de solidariedade, as mulheres do passado, organizadas, lutaram pelo sustento de seus filhos, por direitos e igualdade social. Ainda hoje, trabalhamos com máquinas, com telemarketing e com faxinas, nas cidades; com enxadas, nos campos. Ajudamos nossos companheiros em suas dificuldades e realizamos as visitas dominicais a “Fundações CASA” e prisões. Somos quem choramos pelas agressões policiais contra nossos filhos, somos quem sofremos violências sexuais. Mas, somos, essencialmente, fortes, como as mulheres do passado que com muitos esforços tiveram grandes conquistas ao deixarem o silêncio, rejeitando as flores em troca da luta pela liberdade!
Precisamos aprender com elas e escrevermos no presente uma organização de mulheres que se oponha as organizações feministas atreladas ao Governo e que indique lutas efetivas junto à classe trabalhadora, visando acionar estratégias de luta contra o que nos atinge diariamente: o patronato e o machismo! Por isso apoio o grupo de mulheres Pão e Rosas.
Camila, assistente social e militante da pró-Federação Anarquista de São Paulo
Jacqueline, estudante de Ciências Sociais da PUC-SP
Recentemente assisti a um filme chamado “Anjos do Sol”. Este filme que traz a tona a barbárie que são as redes de escravização e exploração da prostituição infantil no Brasil nos faz refletir e nos revoltar contra a miséria do mundo em que vivemos. Penso que construir um forte movimento de mulheres, como deve ser o Pão e Rosas, é lutar incansavelmente contra as amarras desse sistema que às mulheres reserva a morte, mutilações, infelicidade, escravidão, perseguição e exploração.
Clarissa Menezes, mestranda da UFRJ
Nesse contexto de democracia liberal, onde a igualdade de gênero é tida como algo já conquistado pelas mulheres, podemos afirmar que a realidade em que vivemos prova algo bem diferente, não temos o que festejar. A tripla jornada de trabalho - emprego, casa e escola - os salários mais baixos, a violência doméstica e social, o racismo, as refugiadas de guerras, enfim, sempre somos o principal alvo das opressões e agressões sociais, ao lado de nossos filhos. Somos livres para nos submeter e nossa liberdade se limita a isso. Somos instigadas a crer que nosso papel é alegórico e secundário e os ícones de sucesso que nos são propostos seriam o de uma modelo de revista masculina, o de dançarina nos programas dominicais ou a negação do feminino, exercido pelas mulheres no poder. O capitalismo reúne em si características masculinas como o individualismo, a competição e a exploração, a solução para estas mazelas estão nas ações femininas, na promoção do coletivo e da sustentabilidade, enfim. Devemos nos erguer e nos apropriar ativamente de tudo que nos foi negado, desde sempre, intervindo sim na sociedade, buscando o pão e colhendo as rosas.
Caroline, trabalhadora da USP, estudante e mãe, como tantas outras
É muito importante levantar a campanha pela legalização do aborto e denunciar a Igreja. Toda mulher tem que ter o direito de decidir sobre seu corpo. Quando conheci um padre que tem um filho de quatro anos de idade pensei que é muita hipocrisia a Igreja querer se intrometer na sexualidade das mulheres.
Carol, estudante do Serviço Social da PUC-SP
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