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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pão e Rosas Campinas convida:

Nessa sexta discutiremos a TERCEIRIZAÇÃO nos baseando no processo da greve d@s terceirizad@s da empresa União (prestadora de serviços da Usp). Como base para a discussão recomendamos dois textos:

-Resenha do livro "A precarização tem rosto de mulher"

-Crônica: "A insurreição das vassouras"
http://www.ler-qi.org/spip.php?article2885


Data: sexta-feira, 29/04 
Local: IFCH (Unicamp), nas mesinhas da pós 
Horário: 16h0

"Trabalho precário pra nos dividir, as trabalhadoras e as estudantes não vão permitir!"

Por um 1º de maio contra a precarização e pela efetivação dos terceirizados:SOMOS TODOS JOSÉ FERREIRA DA SILVA!

Nós, que estamos há 20 dias em luta pelos nossos direitos, queremos neste 1º de maio, dia do trabalhador e da trabalhadora, expressar as nossas bandeiras. Não queremos um dia de festa e de sorteios. Queremos que o grito de nossas vozes pelo pagamento dos salários atrasados, que já arrancamos, se transforme num grito pela efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público, na luta contra a super-exploração e contra a semi-escravidão. Por isso, chamamos todos que nos apoiaram, os estudantes, professores, funcionários da USP, trabalhadores das outras empresas terceirizadas e todos que quiserem se manifestar neste 1º de maio contra a super-exploração, a se juntar a nós trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da limpadora UNIÃO, que prestava serviços na Universidade de São Paulo, para gritar por:

- EFETIVAÇÃO DE TODOS E TODAS TERCEIRIZADAS SEM NECESSIDADE DE CONCURSO PÚBLICO.

- IGUAL TRABALHO, IGUAL SALÁRIO. BASTA DE PRECARIZAÇÃO E PÉSSIMAS CONDIÇÕES.

- NENHUMA DEMISSÃO EM JIRAU. FORA A GUARDA NACIONAL. APOIO ÀS GREVES DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM TODO O PAÍS.

- PELOS DIREITOS DAS MULHERES TRABALHADORAS.

Daremos ao nosso ato o nome de "José Ferreira da Silva", nosso colega de trabalho que faleceu em fevereiro deste ano após cair de seu equipamento de trabalho, na Faculdade de Medicina da USP. A terceirização divide, escraviza, humilha.. e às vezes mata. Vamos todos juntos por um 1º de maio dos trabalhadores e trabalhadoras que lutam. Concentração as 9h no Páteo do Colégio, Centro, SP.

Assembléia de Trabalhadores e Trabalhadoras Terceirizadas da UNIÃO (USP)
São Paulo, 27 de abril de 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ciclo de debates USP de pé: rodar o Rodas! "Precarização, desmonte, terceirização

CICLO DE DEBATES
USP DE PÉ: RODAR O RODAS!
Durante os meses de abril e maio o Centro Desformas e o Sintusp vão organizar uma série de debates sobre temas centrais que estão sendo discutidos na universidade. No momento em que os trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da limpeza acabam de protagonizar uma grande luta para arrancar seus direitos e exigir a efetivação, nosso ciclo de debates não poderia começar por outro tema. Em breve divulgaremos as próximas atividades. Todos e todas estão convidados a participar deste importante debate.

PRECARIZAÇÃO, DESMONTE, TERCEIRIZAÇÃO
 
Expositores: Jorge Luiz Souto Maior, prof. da Faculdade de Direito e Juiz do Trabalho
                   Marcus Orione, prof. da Faculdade de Direito
                   Diana Assunção, diretora do Sintusp, lançando o livro "A precarização tem rosto de mulher"
                   Glória, trabalhadora terceirizada da limpadora UNIÃO

DIA 29/04 às 12h30 no Auditório da História (FFLCH)            

Pão e Rosas Campinas e diversas estudantes se reuniram para discutir a opressão e a luta pela emancipação das mulheres

Por Pão e Rosas Campinas

Na quarta-feira, dia 12/4, o Pão e Rosas Campinas fez sua reunião de apresentação na UNICAMP. Estavam presentes estudantes do IFCH, IE, IA, etc., onde foram primeiramente colocados vídeos, que apresentaram a performance artística em resposta à violência ocorrida no Interunesp, através do Rodeio da Gordas, vídeo sobre o direito ao aborto, sobre a luta das terceirizadas da USP e o vídeo do ato do 8 de março em São Paulo, aonde o Pão e Rosas impulsionou um bloco antigovernista e anti-imperialista gritando pelo o direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito, pela efetivação de todas os trabalhadores terceirizados sem concurso público e contra a intervenção imperialista nos países do Oriente Médio e Norte da África. 

Logo depois abrimos a discussão com um histórico sobre o surgimento do Pão e Rosas na Argentina, através da luta da auto-organização das mulheres que ocuparam a fábrica Brukman em 2001 na luta contra a crise econômica, e seu posterior surgimento no Brasil em 2008, na PUC Foram colocadas questões sobre a perspectiva militante, antigovernista e anti-imperilista do grupo, que além de interpretar a realidade, se preocupa em transformá-la diferenciando-se assim de grupos acadêmicos e se colocando solidária e ao lado nos processos de luta da(o)s trabalhadora(e)s e se organizando de maneira independente do Estado, dos governos, patrões, da polícia e da Igreja.  Discutiu-se também a respeito de que uma mulher no poder como a Dilma em nada muda a condição de  diversas mulheres, pois é conivente com as milhares de mortes de mulheres por abortos clandestinos em nome da aliança coma Igreja, mantém as tropas brasileiras no Haiti que estupra mulheres e reprime e mata o povo haitiano, e seu governo se sustenta no Brasil da(o)s trabalhadora(e)s que vivem em condições precárias, tais como as terceirizadas da USP, que estão mobilizadas na luta pelo pagamento de seus salários mas também por condições de trabalho dignas e contra a semi-escravidão que é a terceirização, assim como os trabalhadores do PAC da construção civil em Jiráu. Com isso alguns presentes intervieram querendo saber mais sobre nossa perspectiva, planos para o futuro e nossa opinião sobre a repressão aos estudantes na Unicamp, o que foi respondido que isto vem ao encontro com o projeto de privatização das universidades, através do projeto Bolonha, assim como a repressão aos 9 funcionários criminalizados na Unicamp e a punição de estudantes em outras universidades também, e que a luta contra a repressão está ligada à luta contra o projeto privatista, elitista, racista e machista que exclui a classe trabalhadora e a juventude trabalhadora da universidade, e nesse sentido devemos nos organizar de maneira independente da reitoria para mudarmos a estrutura de poder da universidade. 

Foi questionado também se a educação sexual nas escolas seria uma forma de “formalizar ou disciplinar” a sexualidade, mas respondeu-se que com o Acordo Brasil-Vaticano  de Lula e Dilma, que institui o ensino religioso nas escolas públicas, criando um cenário conservador, de difícil discussão sobre a sexualidade nas escolas, legitimando a violência contra as mulheres e homossexuais. Além disso, foi feita a discussão sobre a organização da ultra-direita que faz coro com setores da burguesia brasileira e da Igreja, pró-Bolsonaro, que tem se colocado contra os direitos democráticos dos homossexuais e onde se sugeriu filmes para discussão sobre a naturalização de discursos de ultra-direita em nome dos direitos humanos e da democracia que nada mais representam do que valores racistas, homofóbicos, xenófobos e conservadores. Além disso, colocamos a necessidade de lutarmos contra a impunidade dos crimes da ditadura militar no Brasil, pela abertura dos arquivos  e julgamento e punição de todos os torturadores e envolvidos, civis e militares, nos crimes da ditadura, pois “Não esquecemos a ditadura, assassinatos e torturas”.


O Pão e Rosas Campinas, ao final, propagandeou os livros “Lutadoras e Pão e Rosas” e fez o convite para o lançamento do livro “A precarização tem rosto de mulher” que ocorrerá no mês de abril, com Diana Assunção, organizadora do livro e diretora do SINTUSP e da Secretaria de Mulheres do sindicato, que está lutando ao lado das terceirizadas contra a precarização do trabalho e a semi-escravidão     

O Pão e Rosas Campinas se coloca solidário e ao lado na luta das (os) trabalhadoras (es) terceirizadas (os) da UNIÃO na USP!

A terceirização escraviza, humilha e divide! Pela efetivação de tod@s trabalhadora(e)s terceirizad@s sem concurso público!

Nota da Assembléia de Terceirizad@s da USP contra as demissões em Jirau

Reproduzimos abaixo nota da assembléia das/os
trabalhadoras/es terceirizadas da USP em greve 

São Paulo, 20 de abril de 2011

Nós, trabalhadoras e trabalhadores terceirizados da empresa UNIÃO, contratada pela Universidade de São Paulo, em greve há 13 dias na luta pelo pagamento de nossos salários, que recém conquistamos, mas também pela nossa efetivação ao quadro de funcionários da USP, viemos declarar nosso repúdio à ameaça de 6 mil demissões nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em Jirau, Rondônia. No Brasil inteiro, os trabalhadores de construção civil estão denunciando o regime de semi-escravidão à que estão submetidos, e aqui na USP, ao lado dos estudantes, nós estamos lutando para que a universidade não seja mantida pelo trabalho semi-escravo. Por isso, consideramos que em Jirau, Suape, Santo Antônio, Pecem, e também na USP fazemos parte de uma mesma luta, porque somos uma só classe. Basta de precarização do trabalho e condições semi-escravas. Nenhuma demissão em Jirau!

Assembléia de Trabalhadoras e Trabalhadores Terceirizados da UNIÃO (USP)

Em defesa das que lutam

Por Stella, estudante da Letras da USP, 
militante do Grupo de Mulheres Pão e Rosas

O Dia Internacional da Mulher ganha destaque todos os anos. Mas são poucos que sabem que nesse dia em que se comemora passionalmente o “valor feminino”, queimaram mais de 130 mulheres dentro de uma fábrica por elas se recusarem a manter os seus serviços ao decretarem greve. A todo tempo medidas como a repressão são usadas para combater as pessoas que se colocaram contra os "grandes interesses" de suas épocas.
A opressão à mulher, assim como o racismo e a homofobia, não são mero sadismo, servem como mecanismos extremamente competentes para manterem calados, pela força ou pelo medo, os setores mais oprimidos da sociedade, quando estes apresentem o ímpeto humano de reivindicar o direito a uma vida digna.
Nos últimos dias, uma companheira lutadora, indo contra a vontade da sociedade machista, se juntou à luta da(o}s trabalhadora(e)s terceirizada(o)s da empresa União que, cansada(o)s de baixar a cabeça aos patrões, se colocaram em luta pelo pagamento imediato de seus salários e direitos atrasados, resgatando e aprofundando a luta das trabalhadoras da Dima, ocorrida em 2005, pelos mesmos motivos. Tal companheira vem sendo alvo de intensas ofensas na internet, inclusive em meios de mídia que supostamente deveriam prezar pelos direitos de imagem defendidos pela justiça burguesa pela qual tanto clamam.

Como seria de se esperar, tais ofensas tem um teor profundamente machista e minimizam o papel político que esta estudante cumpria, se atendo a discutir seu corpo, objetificando-o, e especulando sobre sua sexualidade, evidenciando o papel que a sociedade capitalista quer reservar às mulheres. Não podemos aceitar a censura e discriminação pelo direito à luta. Nem nos calarmos frente qualquer tentativa de desqualificar as lutadoras, fato que indiretamente, busca deslegitimar a luta que compõem  – no caso, a das terceirizadas. 

O Grupo de Mulheres Pão e Rosas se coloca imediatamente a defender essa companheira, mas também a denunciar o uso constante do reacionário machismo para deslegitimar uma luta. É preciso que notemos que o uso da figura da mulher como o mais acessível para os ataques – como se demonstrou em 8 de março de 1857 – é mais uma forma de tolher a liberdade de toda mulher de se colocar em luta.

O projeto do capitalismo é o de uma mulher inserida unicamente no lar que quando, irada, se coloca em luta, vê sua revolta atribuída a supostos problemas psíquicos, retirando o que há de político na intensa opressão rompida com esses gritos. Há mais de 200 anos as mulheres seguem trabalhando e produzindo nas grandes indústrias e nos comércios. O que aconteceria se todas se sentissem no direito de se levantar contra os patrões? Lutar e se organizar politicamente é uma ferramenta legítima a todos os trabalhadores, que não deve ser retirada de nenhuma mulher.

O que as terceirizadas fazem hoje é dar o exemplo à toda a população e dizem com todas as letras e através de todas as suas ações que se consideram, sim, capazes de arrancar de qualquer patrão tudo o que nos foi, historicamente, roubado.

Segue abaixo uma declaração da companheira Stella, que sob tal injúria, usa da sua palavra em defesa da luta das terceirizadas:

"Assim que cheguei à Reitoria, no primeiro dia da paralisação (6ª feira), e vi aquelas trabalhadoras – que aos olhos dos estudantes, professores e trabalhadores efetivos, sempre foram invisíveis – organizadas e reivindicando direitos mínimos para sua sobrevivência, imediatamente passei a me sentir parte dessa luta exemplar e também do combate contra a terceirização como um todo, sendo esta a real responsável por essa intensa exploração. Ao me inserir na luta, acatei também todos os métodos escolhidos por essas trabalhadoras, não por passividade, mas por reconhecer que neles estavam contidos todos os meios de libertação dentro dos lugares onde eram tratadas como escravas.

Sou uma estudante de Letras da Universidade de São Paulo e levei quatro anos para ter esse direito, me sinto também no direito de protestar dentro desse espaço, me colocando assim como uma daquelas trabalhadoras, que também fazem parte desse espaço, apesar de não terem o direito de estudar nele. Nesse momento, não sou uma estudante apenas, assim como nenhum de meus companheiros e companheiras estudantes. Somos todos trabalhadoras terceirizadas, e nos agregamos à sua luta por, junto a elas, nos indignarmos, sofrermos e agirmos contra essas condições de trabalho em regime de semi-escravidão, que nesse momento já se caracterizava, pelo não pagamento de seus salários, como escravidão de fato.

Sou uma educadora do Sistema Público e acredito que a sensibilização dada pela literatura quando lemos “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, e entendemos como um retrato da miséria, tem a sua efetivação para a transformação social quando nos colocamos a contribuir num processo de luta contra a miséria de muitos – nesse caso os trabalhadores invisíveis – e não apenas como mero deleite intelectual. Educar é visar a humanização. É provocar a crítica e o ímpeto de transformação em cada ser humano com o qual estabelecemos contato, utilizando todo o cânone literário na luta contra a miséria, a pobreza e a carência, possibilitando uma leitura crítica para um engajamento na vida.

Assim como não calarão as trabalhadoras e sua luta, não calarão a mim e nenhuma mulher que se colocar ao lado delas e das mulheres que lutam contra sua opressão e exploração. Tenho muito orgulho de estar lutando ao lado dessas trabalhadoras tão exploradas e tão fortes, muito mais de fazer parte desta greve de trabalhadores tercerizadas na USP, algo que mostra que a História está viva, e que as revoltas servem para causar, sim, uma Revolução. 

As trabalhadoras hoje (19 de abril de 2011) começam a receber seus salários, graças ao apoio determinado dos estudantes, do Sintusp e de trabalhadores efetivos que se colocaram ao seu lado, mas também graças aos métodos que tanto foram criminalizados. A luta continua, até o pagamento de todos os seus direitos trabalhistas, até a efetivação imediata de todas essas trabalhadoras ao quadro da USP sem concurso público e, finalmente, até o fim da terceirização, que escraviza, humilha e divide.
Convidamos todos os estudantes e suas entidades, bem como os trabalhadores e professores a comporem o Comitê contra a terceirização, que realizará sua próxima reunião no saguão do prédio de Ciências Sociais, no dia 25 de abril, às 18h.

Pelo conhecimento a serviço da transformação – viva a aliança operário-estudantil!”

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Participe do grupo de estudos: "As mulheres e o capitalismo. Entre a opressão e a luta pela emancipação"


1ª reunião  
Opressão das mulheres 
na sociedade de classes

26 de abril   terça    17h00
Sala 107  Térreo IFCS UFRJ
Largo São Francisco de Paula, 07 - Centro - RJ

Bibliografia

Andrea D’atri. Pão e Rosas: Identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo. Ed. Iskra, 2008. [Introdução; Capítulos 6 e 7]


Andrea D’atri. As Mulheres e o Socialismo: Idéias, experiências e política emancipatória, 2007. Mimeo.


Heleieth Iara Bongiovani Saffioti.  A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. Ed. Vozes, 1979. [Introdução; Parte II: Posição social da mulher na ordem escravocrata-senhorial e suas sobrevivênciis na sociedade atual – págs 160-184]

Disponível na pasta 93 na xerox do Gaúcho 4º andar

Próxima reuniões:

- A precarização do trabalho
tem rosto de mulher
11 de maio Quarta às 17h
Bibliografia já disponível
na pasta 93


- Corpos e a ditadura da beleza
 - Mulheres que lutam: Louise Michel e a Comuna de Paris (1871) e as mulheres na Comuna de Oaxaca (México, 2006)
- Direito ao aborto
- Sexualidade
 - Violência contra as mulheres
 - Educação. Questionando a formação de professores: racismo, machismo e homofobia

E mais...  Debates e Cine Pão e Rosas

Entre em contato:
paoerosasrj@gmail.com

A insurreição das mulheres invisíveis

por Luciana Machado, estudante de Letras da USP,
militante do Pão e Rosas e da LER-QI

Greve: substantivo feminino. Hoje, na USP, de sujeito feminino. Sim, a greve tem rosto de mulher, negro, mulher negra. O apoio, aliança revolucionária, vem da jovem e do jovem, e eles são brancos. Essa brancura do estudante sabemos daonde vem: do vestibular, que é o meio que faz a universidade elitista e racista. E o preto daqueles? Vem da opressão, à mulher e ao preto, e à preta. Capitalismo funciona assim: lucro, dinheiro, trabalho, vida roubados: da mulher e do preto em dobro!

Na USP e no Brasil, trabalho precário, vida precária.

Dilma e Lula que vão à merda! Alckmin, Serra e Rodas também! A “mulher” e o “operário” fazem a máquina verde-amarela girar com o vermelho do sangue DAQUELAS mulheres e DAQUELES operários precarizados. E a “USP de excelência” também roda(s) assim. À merda!, que é cheiro da verdadeira sujeira pela qual são responsáveis: a semiescravidão.

Mas toda escravidão tem seus escravos insurrectos! As escravas insurrectas da USP estão dando seu recado: “Ô estudante, eu limpo o chão, mas eu sou contra a escravidão!”. Estudante ouviu. Apoiou. Foi pra reitoria. Contribuiu pro fundo de greve. Paralisou as aulas.
As mulheres choraram quando não receberam pelo trabalho feito. Não se mata a fome dormindo. A criança não consegue dormir, e a mãe também não.

Voltava do trabalho e tinha que cuidar dela; duas, três jornadas de trabalho no mesmo dia. No trabalho, humilhação, assédio moral, assédio sexual, saúde estragada – ou até a morte – porque não tem uma luva, um equipamento descente, nada! Tem que comer em 5 minutos e dentro do banheiro. Não pode conversar com ninguém, nem com o estudante e o professor que passam, nem com a colega do lado; não pode ser um ser humano, apenas uma máquina de varrer (e máquina não fica doente, só quebra; e quando quebra, trocam por outra). Chega em casa depois de 1 hora de caminhada – com que dinheiro dá pra pagar três reais, ainda mais sem vale-transporte? – e vai fazer a comida e limpar mais. Às 4 da manhã acorda de novo; no caminho pela madrugada, é estuprada. Mas não importa, dane-se – diz o patrão –; tem que limpar.

No primeiro de abril – infelizmente não era mentira –, as mulheres choraram quando não receberam pelo trabalho feito. Não se mata a fome dormindo.

BASTA DE ESCRAVIDÃO! – então ecoou. A experiência da greve de 2005 e o livrinho (“A Precarização tem Rosto de Mulher”) trouxe o vermelho de novo. O choro transparente da mulher invisível virou sangue pulsando nas veias, de ódio de classe!

“Já que acabou a escravidão, tem que acabar a terceirização”, disse uma trabalhadora.

“Estamos lutando pelo que é nosso por direito, não só o salário, mas por uma vida digna”, disse outra.

“Vou exigir da reitoria da USP porque trabalho na USP”, ainda mais uma. 

“Ninguém tá aqui pedindo esmola, estamos aqui lutando pra receber o que é nosso por direito, porque nós trabalhamos, nós ralamos”; “Todos dizem que não existem mais escravos, mas nós estamos representando os escravos do Brasil, porque os terceirizados são os escravos”, e mais uma.

Em coro em frente à reitoria, recado claro pro REItor, vindo das vísceras das trabalhadoras e de membros do Sintusp: “Trabalhador unido jamais será vencido!”; “ô reitoria, vê se escuta, uma só classe, uma só luta!”. Com a palavra e a vez, as terceirizadas e terceirizados da USP.

A fome se transformou em choro; o choro se transformou em grito; o grito, em união entre as trabalhadoras e trabalhadores; a união, em democracia operária; a democracia, em guerra tenaz de classe contra classe!

E então, o cheiro podre do lixo pelos corredores delatou a reitoria e o governo. Sujeira é deixar trabalhador sem ter o que comer e como morar! Sujeira é fazer a “excelência acadêmica” funcionar sustentada pela semiescravidão! “Será que depois de 8 anos trabalhando na USP não tenho direito de ser trabalhadora da USP?” Te soou estranha a pergunta? Pois é... hoje tem gente que trabalha na USP que não tem os mesmos direitos, aqueles conquistados com muita luta pelos efetivos.

A reitoria e a burguesia jogam um pano azul-marinho em cima das e dos terceirizados para que se tornem invisíveis aos olhos do estudante e do professor: o trabalho delas é serviço “meio”, desimportante... Será? O cheiro putrefato da universidade escravista prova que o trabalho da limpeza é fundamental. Fundamental para manter os corredores e salas de aula limpos, sim, mas pra limpar a direção da universidade, recolhendo e jogando fora os escravistas e privatistas da USP!

São trabalhadoras da USP, SIM! Queremos elas ao nosso lado imediatamente, sem o manto da invisibilidade e sem salário de fome, como trabalhadoras efetivas da universidade! E sem provinha escrita, porque já realizam a maior das provas todos os dias, tudo limpinho e brilhando!

Guerreiras, é isso que são. Sua luta é exemplo de mulheres e negros, contra a superexploração de seus corpos e vidas, e contra o lixo ideológico jogado ao vento pela burguesia, que divide os trabalhadores em categorias e subcategorias, para poder sugar o lucro obtido com mais suor e mais sangue.

É exemplo pra toda a classe! Que a insurreição das mulheres invisíveis, que agora se fazem temidas pelos inimigos de classe e respeitadas por estudantes e professores, ecoe por todos os cantos do país e do mundo!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

MASSACRE EM REALENGO: Uma expressão de violência contra a juventude e, antes de mais nada, contra as meninas

Publicamos abaixo artigo de Leandro Ventura,
extraído do site da LER-QI


O terrível massacre ocorrido na escola Tasso da Silveira chocou todos. Até o momento há 12 crianças mortas, além de outras onze internadas sendo três em estado grave. Nos solidarizamos com as famílias, amigos e vizinhos de todas as crianças e professores desta escola.

Esta bárbara tragédia expõe muito mais que tal ou qual motivação e condição psíquica do assassino mas antes de mais uma terrível situação do sistema educacional precário e repressor, da situação da juventude, sem opções culturais e de lazer, as formas de ser de um sistema social, o capitalismo, que é podre, cria e se alimenta de repressões. Sem que exista necessariamente um mandante ou um ideólogo direto por trás desta monstruosidade, este sistema cria constantemente sofrimentos como este que foi barbaramente infringido a estes jovens e suas famílias. Quem apertou o gatilho foi o tal Wellington Menezes de Oliveira porém diversos fatos contribuíram para que isto ocorresse.

Foi homicídio mas, antes de mais nada, feminicídio


Há algo que não tem aparecido nos noticiários que é espantoso frente à realidade do ocorrido. Um assassino que escreve uma carta sobre adultério, virgindade, pureza, e mata 10 meninas e 2 meninos é tratado única e exclusivamente como alguém que matou crianças. Há relatos, como o noticiado pelo O Globo, que o atirador alvejava as meninas na cabeça e os meninos nos braços ou pernas e ainda a mídia trata esta ocorrência como algo sem gênero. Este bárbaro crime foi cometido contra as crianças mas, antes de mais nada, contra as meninas.

É com tamanha naturalidade que se trata e tira os gêneros dos mortos que a própria palavra feminicídio é algo que é absolutamente raro de ser usado em nossa língua, falamos em homicídio ou até de genocídio (de grandes proporções do gênero humano) ou nos de regícidio (matança de reis) mas nunca de mulheres. O ocorrido em Realengo trata-se, principalmente, de assassinato de mulheres. É de se estranhar ou tecer demasiado uma teoria da conspiração, um jovem que escreva sobre pureza e impureza matar principalmente meninas (10 de 12)? É ou não é uma base da maior parte das religiões a noção de que as mulheres seriam especialmente impuras e fonte de toda decadência da humanidade (o pecado original de Eva)? Pouco importa tal ou qual situação psíquica do assassino, sua barbaridade é um ponto mais agudo de uma sociedade que é especialmente violenta com as mulheres e sua sexualidade.

Cotidianamente mulheres são mortas, espancadas, humilhadas ou simplesmente reprimidas por serem “intrinsecamente impuras”. Estes atos cotidianos, sistemáticos e corriqueiros não são tratados com a comoção de Realengo, mas são base para o mesmo. Briga de homem e mulher não se mete a colher, reza a “sabedoria” popular. Um menino que tenha várias namoradas é motivo de orgulho para a família, uma menina que tenha mais de um namorado ou que mantenha relações sexuais freqüentes é motivo de repreensão na rua, na escola, na igreja e na família.

Wellington apertou o gatilho mas esta sociedade machista e patriarcal armou toda uma situação não só para que as mulheres, ditas impuras, sofram todos os dias, como para que o crime que sofram sequer tenha nome. Wellington apertou o gatilho muitas vezes mas são os bispos, pastores, empresários e governantes que garantem o sustento e propagandear de idéias que fundamentam que mulheres não podem ter uma sexualidade livre e que são culpadas pelo destino da humanidade. São estes bispos, pastores, empresários e governantes que forneceram munições para a barbárie de Realengo.

Toda e qualquer religião agora proclama não só como não tem nada a ver como se solidariza com as vítimas e suas famílias. Até o encobridor de estupros e abusos de crianças, o ex-nazi Ratzinger, agora papa Bento XVI, reza com lágrimas de crocodilo pelas vítimas. Dilma chora pelas vítimas mas mantém o acordo assinado por Lula com o Vaticano que institui sua “consultoria” nos assuntos educacionais no Brasil e ainda lhe garante privilégios materiais para manter seus serviços educacionais privados e fiscais para esta religião que “ocorre” de ser uma das maiores detentoras de terras do país.

Cabral e Paes responsáveis por implementar ou continuar o “inovador” projeto que coloca aulas de ensino religioso nas escolas agora falam contra o “monstro” mas se ocultam do fato que ao educação que sustentam mete cada vez mais ideólogos da reação, de idéias como estas da “impureza” da mulher, nas escolas.

Cabral e Paes também são culpados pela situação da juventude e da educação

A violência ocorrida nesta escola em Realengo trás à tona a situação da educação e da juventude. Uma criança relata que no começo da ocorrência em Realengo achavam que eram bombas e não tiros, e que bombas são normais de explodir. Esta naturalização da violência por estas crianças é só uma expressão da situação da juventude e das escolas.

Diariamente dezenas de jovens são esculachados, humilhados, torturados e mortos. Contra esta violência sistemática os governos e a mídia não se levantam. Ao contrário a defendem e a propagandeiam, com seus noticiários, filmes, entre outros. Esta violência é fruto da violência urbana mas também em grande parte feita pela própria polícia. Neste país dito não violento, não racista, todos os dias dezenas de jovens pobres e sobretudo negros são parados, humilhados, e sumidos pela polícia que quando registra estes assassinatos os faz como “autos de resistência” (mas até a ONU registra que são execuções).

Esta é a segurança e a ordem de Cabral e Paes que agora falam contra os “animais” violentos. De pouco em pouco aparecem imagens desta violência nas TVs e logo os governantes se apreçam em mostrar como são maças podres na polícia manaura ou carioca mas nunca o que é, uma violência diária, sistemática e não espetacular como a ocorrida em Realengo.

A política de segurança que está sendo implementada em diversas cidades do país, começando pelo Rio de Janeiro que serve de exemplo a todo país, ainda mais agora com outras cidades como Salvador implementando a mesma ocupação policial testada no Haiti pelo exército brasileiro, é uma política que multiplica esta violência cotidiana. Os jovens nas favelas com UPPs são diariamente revistados, suas expressões culturais e políticas reprimidas. A UPP modelo, a primeira, instalada no Santa Marta em Botafogo, é alvo de denúncias por impedir manifestações e impedir bailes funks e hip-hop.

Esta prisão dita cidadã implementada nas UPPs é uma continuidade da prisão e precarização que impõe aos jovens nas escolas. A preocupação número um é com a presença física, pouco importando se estão cansados os jovens por virem do trabalho, se há transporte e sua qualidade, de como está a situação em casa e nos bairros, há controles de saída das salas e da localidade da escola, uma das novas obrigações dos professores fluminenses. A situação precária no trabalho e com os salários dos professores é mais uma expressão deste descaso com as novas gerações. A escola é repressora, organizadora de repressão, permitindo e autorizando o bullying e as humilhações diárias, multiplicadas agora por uma norma de todos os colégios públicos no Rio de Janeiro terem ensino religioso e reproduzirem aberta ou veladamente ideologias como as que motivaram o assassino Wellington e sua repressão às “mulheres impuras”. A escola que temos é erguida, inclusive fisicamente, de forma similar a um presídio, é uma fábrica de mão de obra para os capitalistas. Sua palavra chave é o controle e não a educação.

Não aceitar que façam de Realengo uma justificativa para mais repressão policial

O massacre ocorrido em Realengo está servindo para um aumento da campanha que está ocorrendo em todo o país, com epicentro no Rio de Janeiro, de para tudo buscar mais polícia. As UPPs, ocupação do Alemão, fenômenos culturais como o filme Tropa de Elite, são a base para este fenômeno. Como que a presença de policiais em cada escola acabará com a violência? São estes mesmos policiais que são responsáveis pela violência contra a juventude. Não podemos permitir que este ocorrido sirva de justificativa para a continuação e aumentar desta repressão. Neste sentido é equivocado o eixo proposto pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE) de denunciar o ocorrido como expressão da falta de segurança nas escolas. Esta falta de segurança não se resolverá com inspetores e porteiros como quer o SEPE ou policiais como quer a mídia. Esta mesma violência é funcional à reprodução de uma situação das escolas e da juventude que liga-se as precárias condições de trabalho da juventude seja no Telemarketing ou nas grandes obras como Jirau. Ter mais inspetores e porteiros como quer o SEPE não ajuda a mudar esta escola repressora, a reproduz sem os cassetes e as armas da polícia. É necessário trazer abaixo esta escola e criar uma outra escola onde sejam os trabalhadores dos bairros, da educação, e os jovens que controlem as escolas do ponto de vista do currículo e até da segurança.

É preciso colocar de pé uma campanha contra a terrível situação das escolas, dos jovens, dos professores, e contra a militarização do Rio de Janeiro que chega a extremos de produzir 13 presos políticos por protestar contra Obama. Nosso eixo de denúncia não pode ser a falta de segurança mas sim a denúncia de um sistema que produz e reproduz a opressão das mulheres, a repressão e assassinatos de jovens, sua repressão e exploração pelos capitalistas.

Apresentação do Livro A PRECARIZAÇÃO TEM ROSTO DE MULHER durante a greve das terceirizadas na USP

 "Cinco anos depois a história se repete, e se aprofunda. Não começamos do zero"



Em meio a esta revolta das terceirizadas, as Edições ISKRA e o grupo de mulheres Pão e Rosas publicaram o livro “A precarização tem rosto de mulher” que conta justamente a história de luta das trabalhadoras terceirizadas da USP em 2006. O livro é organizado por Diana Assunção, Diretora do Sintusp e dirigente da LER-QI.

Cinco anos depois a história se repete como continuidade, e desta vez mais profunda, já que se tiraram lições da luta anterior – não começamos do zero. Hoje, é necessário entender a necessidade de que toda a energia voltada para esta luta, para arrancar estes direitos, também seja canalizada em organização dos homens e mulheres que decidirem ser donos de seus próprios destinos. As mulheres, nesse caminho, podem sempre cumprir um papel de linha de frente se se tornam conscientes da opressão e da necessidade de combatê-la como parte da luta contra esse sistema de exploração.



GREVE DAS TERCEIRIZADAS: Revolta explode e se aprofunda, agora com apoio dos estudantes!

por Diana Assunção
diretora do Sintusp e dirigente da LER-QI
 
Na última sexta-feira, na USP, explodiu uma revolta dos trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da limpeza contra o atraso de salários e as péssimas condições de trabalho. Esta revolta ocorre em meio a um cenário nacional marcado pelas impressionantes rebeliões de trabalhadores da Construção Civil que escancararam nacionalmente as condições semi-escravas de trabalho a que milhares de trabalhadores são submetidos justamente nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), peça chave do Brasil potência de Lula e Dilma, que mostra que as bases do milagre brasileiro mais lembram a escravidão. O discurso de aumento do emprego que o ex-presidente Lula sustentou durante seus 8 anos de mandato, agora encampado por Dilma, buscava esconder o fato de que muitos dos empregos gerados se davam sobre a semi-escravidão, péssimas condições de trabalho e o que comumente é chamado de terceirização.

É neste cenário que se dá a revolta dos terceirizados e terceirizadas da USP, já conhecida como “a insurreição das vassouras”. Mais de 300 terceirizados, em sua grande maioria mulheres, demonstrando que a precarização do trabalho tem rosto de mulher, levantaram suas cabeças pra exigir os seus direitos. Fizeram uma experiência política com a burocracia sindical (há um sindicato patronal das empresas terceirizadas), que apenas no primeiro dia de greve apareceu para enrolar os trabalhadores, e passaram, a partir disso, a ver a necessidade de que fossem os próprios trabalhadores que se organizassem, com a ajuda fundamental do Sindicato de Trabalhadores da USP.

Começando por aprender a organizar assembléias, tomar decisões, votar propostas e de forma organizada implementarem as decisões da maioria, os terceirizados que até 5 dias atrás andavam pelos cantos da universidade de cabeça baixa puderam sentir o papel político que podem cumprir: se transformaram em sujeitos de seu próprio destino. Pela primeira vez, adentraram as salas de aula, não para limpar, mas para falar a centenas de estudantes, que escutavam atentos ao drama de cada trabalhadora e trabalhador. Aqueles que aprendem sobre a escravidão na sala de aula ouviam nos corredores os gritos uníssonos de estudantes e terceirizados em luta “Não! Na USP está voltando a escravidão!”.

Tomando os corredores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, os terceirizados se juntaram com centenas de estudantes e fizeram uma emocionante passeata, gritando pelo fim da semi-escravidão, pelo fim da terceirização, pelo fim da humilhação. A limpeza, que é resultado de seu trabalho, se transformou em lixo, para demonstrar que a universidade não pode funcionar se estiver sujo, e que portanto a limpeza é um serviço essencial da USP. Daí que a única medida efetiva para terminar com esta situação, que chegou ao extremo da suspensão das aulas por “falta de condições de higiene” é que a Reitoria incorpore todos os terceirizados e terceirizadas ao quadro de funcionários efetivos da USP, sem a necessidade de concurso público, já que a própria realização do serviço demonstra que estão aptos a cumpri-lo.

Nós, da Liga Estratégia Revolucionária, que integramos a Diretoria do Sintusp, atuamos no sentido de colocar em prática o programa que há anos levamos em nosso Sindicato, que é a defesa intransigente destes trabalhadores como parte de uma mesma classe, não aceitando a imposição da burguesia de nos dividir. Ao mesmo tempo, consideramos necessário construir a maior mobilização com inúmeros aliados, envolvendo estudantes, professores, intelectuais e todos os setores que se colocarem contrários a este verdadeiro escândalo dentro de uma universidade considerada de “excelência”. São nestes momentos em que se expressa a “USP profunda”, da segregação dos negros e da super-exploração.

É a mesma USP que precisa perseguir o Sintusp e seus dirigentes sindicais, como Claudionor Brandão, demitido político não somente por lutar contra a privatização da universidade, mas também por lutar em defesa dos trabalhadores terceirizados. Além das perseguições aos estudantes que sofrem com a possibilidade de expulsão por terem lutado contra a retirada da autonomia na universidade e por permanência estudantil. Enquanto lutamos contra a repressão na USP, lutando para acabar com esta estrutura de poder anti-democrática e conseguir colocar fim ao filtro social do vestibular, colocamos nosso Sindicato a serviço de aportar para a luta dos setores mais explorados da classe, que são os trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas. No movimento estudantil, impulsionamos o Bloco ANEL às Ruas e o grupo de mulheres Pão e Rosas, que tem sido o setor mais conseqüente com a luta dos terceirizados, que conseguiu levar adiante a votação em Assembléia de curso da Ciências Sociais do programa de efetivação dos terceirizados sem concurso público, além de colocarem de pé, junto aos trabalhadores terceirizados e efetivos um Comitê de Luta Contra a Terceirização, após uma grande atividade com mais de cem estudantes onde os trabalhadores terceirizados tiveram voz. Também hoje, o curso noturno de História votou paralisação até sexta-feira em defesa dos terceirizados.

Queremos, como parte deste processo, contribuir para forjar uma vanguarda que levante bem alto a bandeira da efetivação dos terceirizados, como uma forma estratégica de encarar o problema da terceirização na universidade – uma das vias de privatizá-la. Também, queremos ajudar a construir uma ala combativa e classista dentre os terceirizados, que possam se organizar e questionar os freios e limites da burocracia sindical, buscando retomar os sindicatos das mãos dos pelegos e colocá-los a serviço dos trabalhadores, como verdadeiras ferramentas de luta. Por esta perspectiva colocamos nossa organização revolucionária, entre trabalhadores, estudantes e intelectuais, a aportar para levar esta luta até o final e tirar lições para servir de exemplo em cada levante dos super-explorados, no sentido de exigir que a esquerda na Conlutas tome de uma vez por todas uma campanha nacional pela efetivação de todos os terceirizados e precarizados, com salários e direitos iguais aos efetivos, em todo o país, necessidade concreta que os peões das obras do PAC e os terceirizados da USP coloca na ordem do dia.


GREVE TERCEIRIZADAS USP: Hoje Rodas vai dormir com medo do que aconteceu na Ciências Sociais

por Alexandre Guimarães
estudante de Ciências Sociais - USP

O conflito aberto de terceirizados contra a Reitoria tem sido um período muito intenso de reflexão e ação política. Desde o começo, nós, estudantes militantes da juventude da LER-QI temos nos impactado com a combatividade e o espírito guerreiro dos trabalhadores terceirizados que - demitidos e sem salário - lutam sem ter nada a perder. Arrepia lembrar todos os atos que estamos fazendo e a perspectiva de fazer ainda mais.

Irritados com a velha dinamica do movimento estudantil, que pensa apenas em seu umbigo, sem olhar com seriedade para as companheiras e companheiros que trabalham num regime de escravidão - mesmo quando estes levantam a cabeça e dizem basta - construimos junto com essas valiosas combatentes a aliança que pode dar um fim a Reitoria e às empresas terceirizadas que reprimem trabalhadores, estudantes e professores, exploram e humilham nossos companheiros.

Hoje Rodas vai dormir com medo do que ouviu falar: trabalhadores terceirizados pararam o curso de ciências sociais para falar sobre suas condições de trabalho e de como admiram os "verdadeiros profissionais" que são os estudantes que lutam ao lado dos trabalhadores. Nos orgulha muito estar ao lado destes companheiros e de todos os terceirizados do país e do mundo. Chamamos todos os estudantes a nos acompanhar, travando esta luta que pode ser um exemplo para a defesa da educação, mas ainda mais do que isso, para luta contra a escravização em roupagem de terceirização.

Nas palavras de uma companheira, "assim como acabou a escravidão, tem que acabar a terceirização". Lutaremos inconciliávelmente pelo imediato pagamento de todos os terceirizados e estaremos a postos, com todos que tiverem disposição, para continuar a dedicar suor e sangue pela incorporação de todos os terceirizados, sem necessidade de concurso público, sabendo que a precarização do trabalho é umas das bases fundamentais do governo Dilma, e que se vencemos na USP, contagiamos os trabalhadores de todo país.

Sigamos o exemplo de Marília que em 2010 ocupou sua direção e solidariedade aos trabalhadores da USP, conquistando ainda, que o bandejão que obtiveram com uma greve fosse estruturado com trabalho efetivo; e dos estudantes da História USP (noturno) que paralisam agora seu curso em aliança aos trabalhadores terceirizados.



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Viva a luta das/os trabalhadoras/es da União! Revolta de trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da USP mostra o Brasil “precário”


 Por Diana Assunção e Pablito,
diretores do Sintusp e dirigentes da LER-QI

Enquanto nas obras da construção civil no país inteiro os trabalhadores denunciam o regime semi-escravista das condições de trabalho que sustentam o crescimento econômico brasileiro, o PAC de Dilma e Lula, a Universidade de São Paulo, uma “universidade de excelência”, foi tomada pelos trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da limpeza. Na semana inteira todos se queixavam do não pagamento dos salários e do descaso da empresa com os trabalhadores, já que a empresa terceirizada União teve o “fim de seu contrato” com a USP, o que serve de justificativa para mascarar a demissão em massa destes trabalhadores, que já possuem salários de miséria e escassos direitos.

Da Faculdade de Educação, da Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas, da Física, Geociências, entre tantas outras, os trabalhadores foram em marcha até a Reitoria, para exigir o pagamento dos salários, e também a garantia de que os trabalhadores pudessem ser recontratados pela nova empresa, como uma forma, ainda que parcial, de conseguir garantir a continuidade do emprego.


Em frente à Reitoria, com as mulheres trabalhadoras na linha de frente, mostrou-se o quão explosiva pode ser a luta contra as condições precárias de trabalho. Aqueles que permanecem “invisíveis” nos corredores, nos cantos da Universidade, fizeram valer a sua voz, emocionaram os que estavam ali presentes. Diziam que não tinham nada a perder, e que não iam dar nenhum passo atrás. É a USP de excelência mostrando o quanto de precariedade a sustenta. Gritando “Ô Reitoria, cadê você? Eu vim aqui pra receber!” os trabalhadores mostraram até que ponto pode ir a truculência desta Reitoria, que já hoje ataca tantos setores na Universidade, desde demitir os trabalhadores aposentados, até de forma autoritária querer colocar fim no curso de Obstetrícia. Vale também dizer que hoje os trabalhadores entraram nas salas de aula para fazerem ouvir as suas vozes. Junto aos estudantes do Bloco ANEL às Ruas, mais de 30 terceirizados passaram nas aulas da Ciências Sociais, História e Letras para chamar o apoio dos estudantes.

O SIEMACO, Sindicato dos trabalhadores terceirizados, por fora da organização dos próprios trabalhadores se reuniu com a Reitoria pra tentar chegar num acordo. Os trabalhadores, pacientes, aguardaram até o retorno desta Comissão. Enquanto aguardavam, discutiram as causas e conseqüências profundas da terceirização, a necessidade de uma unidade com os efetivos, com os estudantes, com os intelectuais e professores. Discutiu-se como organizar-se desde a base, colocando em prática a democracia operária, onde os terceirizados tomavam suas decisões a partir da decisão da maioria, debatendo as distintas posições, e sem dirigentes sindicais que impunham uma política por cima da opinião dos terceirizados. O Sintusp apresentou aos trabalhadores a necessidade de não lutar apenas pelo pagamento do salário, mas de que é necessário lutar pela efetivação de todos os terceirizados sem a necessidade de concurso público, condição elementar pra unir nas fileiras operárias.

A partir desta experiência, expressou-se o papel fundamental que cumpriu o Sindicato dos Trabalhadores da USP colocando-se a serviço da luta, colocando-se como um sindicato a serviço dos trabalhadores, um sindicato para fazer a diferença na luta de classes. Todos gritavam “Ô Reitoria, vê se escuta. Uma só classe, uma só luta!”. Também, os trabalhadores passaram a questionar o papel que cumpria o próprio SIEMACO, que, demonstrou na prática mais uma vez o papel da burocracia sindical pelega que, em nome de manter seus próprios interesses e os lucros dos patrões toma decisões à revelia dos trabalhadores defendendo descaradamente a conciliação de classes para garantir a “paz social” que perpetua as péssimas condições de trabalho destes companheiros há tanto tempo. Percebendo que não conseguiriam controlar a ira destas mulheres e homens contra a reitoria indicaram a dedo uma comissão que entrasse para tratar com a reitoria sem consultar os trabalhadores e, junto com a Guarda Universitária impediram à força a participação do Sintusp, tudo para ficar com as mãos livres para trair cinicamente os trabalhadores. A tragédia da burocracia sindical que consegue fazer os trabalhadores deixarem de acreditar em suas próprias forças.
Mas nesta sexta-feira, uma sexta-feira de fúria para os terceirizados, prevaleceu o ódio e a indignação. Prevaleceu a vontade de levantar a cabeça contra a humilhação, contra o projeto precário de universidade que nada mais é do que o projeto precário do país onde vivemos, que se sustenta sob o trabalho semi-escravo, sobre a morte do povo nas enchentes, sob a terceirização do trabalho. E é por isso que mesmo depois da Comissão ter informado aos trabalhadores que não chegou-se a nenhum acordo, que a Reitoria suspendeu o pagamento da empresa União por ela estar incluída em cadastro de inadimplentes, e que somente na segunda-feira o Sindicato iria entrar com alguma medida pra que a Reitoria repassasse o dinheiro à empresa.. ainda com todas estas manobras e respostas turvas que apenas demonstram que os de cima estão pouco preocupados com os de baixo, os trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da USP gritavam numa só voz: Acreditar em nossas forças, a paralisação continua na segunda-feira! Nenhum passo atrás!

Por uma grande mobilização na segunda-feira!

A Reitoria quer privatizar a USP e a terceirização do trabalho é um dos pilares fundamentais deste ataque. A importância de que sejam estes trabalhadores os que hoje se levantam é a importância de lutar contra todo o projeto da Reitoria. Todos os efetivos, estudantes, professores, intelectuais, artistas, organizações de direitos humanos devem comparecer a esta urgente manifestação, na segunda-feira, dia 11 de abril, a partir das 7h da manhã em frente a Reitoria. Os estudantes da USP Leste que lutam contra o fechamento de cursos, que lutam contra a precarização do ensino, devem comparecer em peso, e unificar a luta de trabalhadores, estudantes, terceirizados e professores. Enfrentar o governo tucano que quer destruir a universidade significa construir uma mobilização histórica. Sigamos o exemplo dos terceirizados e terceirizadas da União. Porque somos uma só classe, numa só luta!

 “A precarização tem rosto de mulher”: história e realidade
Quando explode a mobilização das trabalhadoras e trabalhadores da União, as Edições ISKRA lançam o livro “A precarização tem rosto de mulher”, que conta a história da luta das trabalhadoras e trabalhadores da Dima. Muitas mulheres que hoje lutam, também estiveram nesta luta anterior. Aprenderam como se auto-organizar, aprenderam a diferença entre um Sindicato combativo e um Sindicato pelego, aprenderam que não tem nada a perder e que é necessário acreditar em suas próprias forças. Durante a paralisação, organizou-se uma apresentação do livro, com Diana Assunção, trabalhadora da Faculdade de Educação e organizadora do livro, onde expressou que se a precarização tem rosto de mulher a luta que acontecia naquele momento era uma prova disso, era apenas olhar para os lados e ver a quantidade de mulheres ali presentes. Terminou dizendo “Esse livro não é pra ficar na estante ou dentro das bolsas. É um livro pra luta. É um livro pra essa luta. E a luta de vocês, é a minha luta, a nossa luta”.

*Artigo extraído do site da LER-QI.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Nota de repúdio do Pão e Rosas ao ataque a Guilherme Rodrigues, militante do Pstu e ativista do movimento LGBT

BASTA DE VIOLÊNCIA AOS HOMOSSEXUAIS!
TODA SOLIDARIEDADE A GUILHERME!

por Guilherme Teles* e Ravenna O'Camb**

A onda de ataques a homossexuais vem aumentando paulatinamente como um dos frutos da reacionária campanha da Dilma e Serra à Presidência em 2010 contra os direitos democráticos das mulheres e dos homossexuais, contribuindo para um agravamento da violência praticada por grupos fascistas de skinheads.

Na última quarta-feira (23), Guilherme Rodrigues, militante do PSTU e ativista do movimento LGBT, sofreu agressões em um ato homofóbico. Foi atacado quando viu um casal de homossexuais ser agredido e tentou ajudá-los, causando a fúria dos agressores. A polícia, ao chegar ao local, assistiu à agressão física e moral que Guilherme sofreu, não movendo uma palha para impedir; e como se isso não bastasse, tentou persuadir Guilherme a não registrar um BO e esquecer o que tinha ocorrido (!!). Porém, o BO foi registrado, e a polícia obrigou Guilherme a registrar seus dados pessoais, inclusive endereço, na frente dos agressores, os quais, minutos antes, também diante da polícia, haviam dito que “estavam na sua cola”.

Ultimamente, temos presenciado ataques deploráveis de grupos radicais de direita e de candidatos à presidência do país, assim como da própria polícia militar, que vem cada vez mais evidenciando o seu verdadeiro papel social de reprimir as lutas dos trabalhadores e da juventude e se furtar a atender as mulheres e homossexuais vítimas de violência, fechando os olhos para a homofobia. A PM chegou a registrar ocorrência contra Guilherme, não apenas negando a punição de seus agressores, como fazendo recair a culpa contra a própria vítima, colocando-o em evidente situação de perigo ao forçá-lo a dizer seu endereço diante dos agressores. A polícia homofóbica que culpa as vítimas é a mesma que reprime com truculência os atos da juventude contra os ataques que os governos desferem contra os trabalhadores, a mesma que sobe às favelas para assassinar os jovens negros. Não podemos ter nenhuma ilusão na instituição policial, que demonstra cotidianamente que não existe para atuar em favor dos oprimidos e dos explorados, mas sim em favor da manutenção das propriedades e dos interesses políticos da classe capitalista.

Alguns casos de homofobia são noticiados na imprensa burguesa, como o caso do espancamento que causou a morte de Marcelo Campos, homossexual e negro, em 2009, ou das recentes agressões na Av. Paulista. Mas a imensa maioria dos casos não chegam ao conhecimento da população e os agressores saem impunes desses crimes desumanos!

Basta de violência a homossexuais, transexuais e ativistas do movimento LGBT!

Repúdio e punição imediata ao grupo que violentou Guilherme!

HOMOFOBIA MATA!!! ATÉ QUANDO?

Precisamos confiar em nossas próprias forças para combatermos a homofobia, nos aliando à juventude e à classe trabalhadora!

Pela liberdade de expressão e exercício de nossa sexualidade!


*Guilherme Teles é estudante do Instituto de Artes da Unesp.
**Ravenna O'Camb é estudante de Ciências Sociais/USP e militante do Pão e Rosas.