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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A MULHER, O ESTADO E A REVOLUÇÃO: entrevista com Diana Assunção sobre edição brasileira

"Um livro que entra de cabeça nos debates sobre o amor livre após 1917”

Parceria entre Edições ISKRA e a editora Boitempo trará publicação inédita para o Brasil sobre as conquistas dos direitos e libertação das mulheres nos primeiros anos após a tomada do poder na Rússia em 1917 e a política do partido bolchevique neste âmbito. “A mulher, o estado e a revolução” é fruto de uma pesquisa da historiadora norte-americana Wendy Z. Goldman e foi publicado em 2010 em espanhol pelas edições IPS. A publicação brasileira terá o prólogo escrito por Diana Assunção, diretora do SINTUSP integrante de sua Secretaria de Mulheres, fundadora do grupo de mulheres Pão e Rosas Brasil e dirigente nacional da LER-QI. A tradução será de Natália Viskov, das Edições ISKRA. A seguir entrevistamos Diana sobre este novo lançamento.

Veja também o novo lançamento no site da Boitempo: http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/382


JPO: Qual a importância dos temas tratados neste livro?

Diana: Os temas tratados neste livro tem uma importância inédita porque transcendem a luta por igualdade de direitos, tratando dos problemas mais profundos de uma sociedade em transição entre o capitalismo e o comunismo, a partir da maior obra da classe operária mundial que foi a Revolução Russa de 1917. Já é bastante conhecido o fato de que a tomada do poder na Rússia significou um avanço sem tamanho em direitos elementares como a legalização do aborto e o direito ao divórcio – algo que democracias burguesas demoraram décadas para proporcionar às mulheres. Mas o livro “A mulher, o estado e a revolução” entra de cabeça nos debates mais vivos após 1917, quando os bolcheviques não somente tomaram nas mãos o poder de dirigir e construir uma nova sociedade, a partir de planificar a economia, mas também se propunham a pensar os temas relacionados ao combate à opressão às mulheres, uma vez em que ao contrário do que considerava o stalinismo, após a tomada do poder havia uma grande tarefa para consolidar a revolução rumo ao comunismo.

JPO: Qual contribuição você acha que este livro trará para o movimento de mulheres da esquerda brasileira?

Diana: Para nós das Edições ISKRA sem dúvidas o livro é um grande aporte ao movimento de mulheres brasileiro e planejamos fazer junto com a Boitempo grandes lançamentos no mês de março de 2014. O estudo pormenorizado sobre como passar as tarefas domésticas para o âmbito público, libertando as mulheres desta verdadeira “escravidão” como dizia Lenin, um dos dirigentes da Revolução Russa, é um dos pontos fortes do livro. Ao mesmo tempo, trata-se de uma publicação que alcança a profundidade de encarar temas como amor e sexo de um ponto de vista de classe, pensando concretamente como homens e mulheres podem repensar todo o modo de vida, costumes, organização familiar e relações a partir de bases materiais e econômicas totalmente diferentes das que proporciona a sociedade capitalista. O tema do amor livre, praticamente inexistente nos debates atuais da esquerda, é uma das principais investigações através de documentos que registraram reuniões entre os bolcheviques logo após a tomada do poder debatendo sobre o combate a relações que reproduziam a ideia de propriedade, opressão e submissão das mulheres.

JPO: Quais expectativas vocês tem para o lançamento?


Diana: O livro terá alcance nacional e esperamos organizar dezenas de lançamentos com trabalhadoras, estudantes, intelectuais nas principais capitais do país. Queremos discutir que a agrupação de mulheres Pão e Rosas não somente organize um estudo sobre este material, que pode significar um salto na compreensão teórica e estratégica na luta das mulheres, mas também contribuam em fazer chegar esta publicação entre as mulheres trabalhadoras, ecoando em todos os cantos do país.


Entrevista publicada no Jornal Palavra Operária publicado pela Liga Estratégia Revolucionária- Quarta Internacional, dezembro de 2013, n 100.  

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