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quarta-feira, 14 de julho de 2010

COMUNICADO À IMPRENSA: Sobre o assassinato da jovem Eliza Samudio

A cada momento, novas evidências sobre o assassinato da jovem Eliza Samudio deixam o país perplexo. Neste comunicado urgente, Mara Onijá e Diana Assunção pronunciam-se sobre o caso, fazendo um chamado a lutar contra a violência à mulher.

Mara Onijá, do grupo de mulheres Pão e Rosas, declarou que: “Não se pode acreditar que o mínimo conquistado pelas mulheres, uma lei como a Lei Maria da Penha, tenha sido negado à Eliza justamente por uma mulher, a juíza Ana Paula de Freitas com o argumento de que Eliza apenas ‘ficou’ com o ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, principal suspeito do assassinato. Há muitos envolvidos nesta atrocidade, mas o principal responsável, que é o Estado capitalista, que sustenta, incentiva e legitima a violência contra as mulheres transformando-nos em objetos para desfrute de terceiros, permanece impune, intocável”.

Mara concluiu dizendo que “Tudo isto porque a sociedade capitalista usufrui da opressão às mulheres, e consequentemente da violência que sofremos, para manter-nos enquanto um grupo socialmente subordinado, para que tenhamos que aceitar os salários mais baixos, a dupla jornada, a terceirização, a não possibilidade de decidir sobre nossos próprios corpos e a imposição de um modelo de beleza e uma propaganda abusiva sobre os nossos corpos. É necessário exigir a punição de todos os culpados, assim como a destituição da juíza que negou proteção à Eliza e o confisco das riquezas do goleiro Bruno para serem destinadas à assistência de mulheres que sofreram violência. Além isso, é preciso rechaçar a política das organizações feministas que querem a emancipação das mulheres por dentro da ordem capitalista. Devemos nos organizar para subverter esta ordem imposta pela burguesia”.

Diana Assunção, da Secretaria de Mulheres do SINTUSP também se pronunciou dizendo que “A Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Lula soltou uma declaração onde lamenta que Eliza não tenha sido atendida pela Lei Maria da Penha, o que mostra a omissão do Estado. Mas não dizem que o Estado brasileiro é governado pelo governo Lula, da qual fazem parte, o mesmo governo que mantém as tropas brasileiras e da ONU estuprando as mulheres haitianas. Ainda assim, esta mesma ONU deu ao presidente Lula o prêmio de melhor combatente à violência contra as mulheres. Mas no Brasil de Eloá, Maria Islaine, Mércia e agora Eliza, quantas mulheres mais terão que morrer? É urgente que as organizações da classe trabalhadora, os partidos operários, os movimentos de mulheres e de direitos humanos, e o movimento estudantil coloquem de pé uma ampla campanha de combate à violência contra as mulheres, organizando debates, paralisações, atos e cortes de ruas para que as mulheres parem de ser assassinadas apenas por serem mulheres”.

São Paulo, 14 de julho de 2010.

Grupo de mulheres Pão e Rosas Brasil
http://nucleopaoerosas.blogspot.com
paoerosasbr@gmail.com

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