



Reproduzimos abaixo depoimento de Dinizete Xavier, funcionária do Centro de Saúde Escola Butantã e militante do Pão e Rosas, publicado no Jornal Palavra Operária da Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional
No último sábado, 12 de dezembro, aconteceu na Casa Socialista Karl Marx em São Paulo o lançamento da campanha Somos as negras do Haiti, impulsionada pelo grupo de mulheres Pão e Rosas. Com debate e exposição sobre a ocupação da ONU, que já dura 5 anos, a atividade trouxe à tona a resistência haitiana contra a ocupação e um pouco da história do povo haitiano, em geral tão desconhecida. Mara Onijá deu início à atividade reivindicando a importância de impulsionar uma campanha como esta, buscando dar voz às mulheres do Haiti que sofrem diariamente com a violência da Polícia Nacional Haitiana e das tropas da ONU, comandadas pelo exército brasileiro. Enquanto Lula mantém um discurso de que o envio das tropas destina-se a ajudar a implementar um regime democrático no país, a realidade demonstra o verdadeiro papel desses contingentes militares: atuam na repressão a uma população que vive sob condições miseráveis e não se cala frente às sistemáticas intervenções estrangeiras. No início de 2008, por exemplo, quando os haitianos saíram às ruas para protestar contra a fome e o aumento do preço dos alimentos, as tropas da ONU estiveram presentes nas ruas pra reprimir e matar. Combatendo a idéia de que os haitianos não são capazes de decidir sobre o destino de seu país, Mara contou um pouco sobre o processo revolucionário em São Domingos em fins do século XVIII e início do século XIX. Apenas dois anos depois da Revolução Francesa, os negros escravizados de São Domingos – que, aliás, era uma colônia extremamente lucrativa, representando cerca de 2/3 do comércio exterior francês na época – se levantaram num processo que durou 12 anos em que combateram forças militares de nada menos que França, Inglaterra e Espanha. A expulsão dos colonizadores franceses culminou no fim da escravidão e na independência de São Domingos em 1804, hoje Haiti. No entanto, desde então não fora
m poucos os esforços para impedir que o exemplo dos “jacobinos negros” se expandisse para outros países. Mais que isso, ainda no início do século XIX a França envia tropas novamente até impor uma dívida como forma de aceitar a independência.
A atual ocupação da ONU não é um fato novo na história haitiana. O século XIX foi repleto de intervenções de vários países europeus. O século XX esteve marcado principalmente pela intervenção do imperialismo norte-americano que ajudou a implementar ditaduras sangrentas, como foi a ditadura dos Duvalier por cerca de 30 anos. Aristide, presidente deposto em 2004, meses antes do início da ocupação da ONU, já havia sofrido um golpe em 1994. Demonstrando a contradição da esperança ainda depositada em Aristide, um ex-sacerdote católico inspirado na Teologia da Libertação, este conseguiu voltar ao poder na década de 90 após o golpe apoiado numa intervenção organizada pelos Estados Unidos que culminou em cerca de seis anos de manutenção de tropas da ONU no país.
O atual presidente do Haiti, René Preval, por sua vez, é uma demonstração cabal de como alguns negros no poder, que atuam de acordo com as políticas opressoras do imperialismo, nada podem representar na libertação do povo negro. Preval defende a manutenção das tropas da ONU, além de atuar diretamente pela implantação de fábricas maquiladoras que garantem às transnacionais um funcionamento sob brutal ultra-exploração da força de trabalho – uma média salarial de 1,75 dólares por dia, sem direito a organização sindical, sob condições de trabalho precárias e ameaçadoras, com seguranças fortemente armados dentro das empresas.
Por tudo isso, nós do Pão e Rosas nos colocamos ao lado das mulheres e do povo haitiano para que possam decidir seus destinos sem intervenção estrangeira. Enquanto a ONU mantém seus discursos humanitários, nós gritamos: Basta de estupros, repressão e assassinatos! Não podemos deixar de nos indignar frente ao fato de que várias organizações do movimento de mulheres e do movimento negro no Brasil continuem se calando frente à tamanha brutalidade que representa a chamada missão de paz, ou no máximo pronunciando-se contra as tropas sem sequer mencionar que é o governo Lula quem manda o exército que comanda a missão. É preciso colocar de pé uma ampla campanha que se faça presente nas ruas, nos locais de trabalho, nas universidades, nos sindicatos, nas escolas para que as tropas sejam retiradas do Haiti imediatamente.
Ainda que com nossas pequenas forças, queremos fazer ecoar as vozes das mulheres haitianas: das meninas e mulheres estupradas pelos soldados, das mulheres famintas produzindo bolos de lama, das mulheres que perdem seus filhos assassinados mesmo dentro de suas casas, das mulheres que não se calam e saem às ruas protestando contra as tropas da ONU.







Nós, mulheres do Pão e Rosas, compreendemos que uma entidade estudantil deve ser militante e combativa, colocando o movimento estudantil a lutar e refletir sobre o caráter elitista, racista e machista da universidade de classe, e que para além de travar uma luta efetiva pela transformação profunda da universidade, entenda que esta está diretamente ligada a uma transformação da sociedade, e que tal só será possível, se ligando a única classe capaz de derrubar essa estrutura opressora, a classe trabalhadora.
Por Iaci Maria, estudante pré-vestibular e militante do Pão e Rosas
No último período, nós, mulheres do Pão e Rosas junto com companheiros e companheiras independentes organizamos a chapa PAGU para disputar o Centro Acadêmico de Serviço Social da PUC (CASS). Essa iniciativa partiu de entendermos que nós mulheres devemos ocupar os espaços políticos do Movimento Estudantil para podermos discutir nossas demandas e fazer com que todos os companheiros levantem nossas bandeiras conosco.
Nosso programa e campanha foram baseados na importância da construção de um CA militante e combativo ligado a base dos estudantes de Serviço Social por entendermos que essa é a única forma de nos organizarmos para intervirmos nos fatos políticos da atualidade, lutando em defesa do MST e dos movimentos sociais que vem sistematicamente sendo perseguidos, contra a repressão policial nas periferias e denunciando o papel do governo Lula no ataque aos trabalhadores e ao povo pobre. Também colocamos em pauta a questão da democratização da Universidade, levantando a questão do acesso e permanência estudantis, a questão da precarização do trabalho, entre outras.
E no dia 02/12, os estudantes de Serviço Social decidiram por essa proposta de organização do nosso CASS! A chapa PAGU foi eleita com 91 votos contra 83 para a chapa Na Práxis, formada por setores apoiados pelo PCB. Agora, desde o Centro Acadêmico, junto com os estudantes, começaremos esse novo período organizando uma grande calourada com esses eixos chamando os estudantes a se colocarem ativamente nessas lutas.
Por Sofia Andrade
Judith García, trabalhadora aposentada a quase três anos, também participante desta greve de fome, está convencida de que os direitos dos aposentados não estão livres de desaparecer. “O contrato coletivo está vigente até 16 de março. Apesar da promessa do poder executivo de que respeitarão nossos direitos e salários, a verdade é que não confiamos neles. No meu caso as pessoas poderiam dizer: 'Mas você já está aposentada, o que está fazendo nesta luta?'. Minha aposentadoria ninguém me deu de presente, trabalhei longos 25 anos por ela, desde meus 15 anos... a mim ninguém deu nada de presente. Pois enquanto os filhos do presidente aos 15 anos estavam brincando com seus bonecos de neve, eu já estava trabalhando e estudando. A mim, ninguém deu nada de graça, nem a nenhum de meus companheiros... nenhum dos benefícios que temos foram senão graças a luta de nossos pais e avós. A luta de meus companheiras também é minha. Arriscamos nossa vida porque não temos nada a perder”, enfatiza.
Por Livia Barbosa, assistente social e militante do Pão e Rosas e da LER-QI
A companhia Temporária de Investigação Cênica apresenta seu novo espetáculo, E Agora, Nora?!, na Casa Livre. A peça é formada por quatro blocos em que se é discutido o papel da mulher na sociedade e as transformações femininas ao longo do tempo, seus clichês e manias.