Por Livia Barbosa, assistente social e militante do Pão e Rosas e da LER-QI
Na manhã do dia 2 de dezembro tivemos uma grande demonstração de que apesar da demagogia do “fim da crise” e do “aumento do número de empregos” sustentado pelo governo Lula, a classe trabalhadora sofre ataques diários e por isso mesmo não vai se calar. Os trabalhadores, que se vêem numa situação de aumento da precarização do trabalho e, por essa via, de diminuição ou simplesmente não cumprimento das leis trabalhistas, enfrentaram os patrões e a polícia para terem seus direitos garantidos.
Nada menos que 300 trabalhadores terceirizados da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz, da administração federal) localizada em Manguinhos, no Rio de Janeiro, se organizaram em busca de seus elementares direitos trabalhistas, reivindicando seus salários dos quais não foram pagos nos últimos meses, assim como férias e 13°. Os trabalhadores da jardinagem e limpeza, deram um primeiro passo se enfrentando com as profundas barreiras que muitas vezes dificultam a organização dos trabalhadores terceirizados, - como a intensa precarização do trabalho, o grande abismo existente entre funcionários efetivos e não efetivos, a opressão ainda mais forte às mulheres trabalhadoras, as concretas e constantes ameaças da patronal e o total descaso das burocracias sindicais – e conseguiram se organizar.
E como não poderia deixar de ser, a polícia, cão de guarda da propriedade privada e inimiga da classe trabalhadora, reprimiu covardemente os manifestantes. É o que a polícia faz todos os dias nos morros cariocas, nas greves de trabalhadores e é também o que vai fazer na preparação da Copa e nas Olimpíadas de 2016 contra o povo pobre e negro! Os trabalhadores, em sua maioria moradores das comunidades de Manguinhos, que já se enfrentam diariamente com a opressão policial e os assassinatos de moradores cometidos por esta força assassina, tiveram novamente que se enfrentar contra dois batalhões da polícia por estarem reivindicando seus direitos elementares e poder ir às ruas defender suas mínimas condições de trabalho.
Num momento em que as páginas dos jornais e todos os noticiários estão estampados com imagens de deputados e governadores literalmente fazendo a festa com dinheiro vivo de toda a população, os trabalhadores terceirizados da Fiocruz são espancados por exigirem o mínimo que lhes é de direito! Um retrato do Brasil de Lula, onde os banqueiros e empresários lucram muito, e os trabalhadores e o povo pobre não tem nada. Nós, mulheres militantes do Pão e Rosas, nos colocamos em total apoio aos bravos trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da Fiocruz, e gritamos:
Pagamento imediato dos salários atrasados, 13º e férias proporcionais!
Nenhuma repressão aos trabalhadores em luta!
Incorporação imediata de todos os terceirizados ao quadro de efetivos da Fiocruz, com os mesmos salários e direitos, sem a necessidade de concurso público ou processo seletivo!
Que as organizações de esquerda se coloquem em apoio ativo à esta luta!
Que a Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo Cruz (ASFOC) se levante em defesa dos terceirizados para pôr fim às divisões entre os trabalhadores incorporando os terceirizados e autônomos!
Pela organização de uma comissão interna dos terceirizados para continuidade desta luta e continuidade de sua organização!
Que os estudantes e seu grêmio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) se solidarizem com os trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas. Fazemos também um chamado à ANEL-RJ e todas as suas entidades a se colocarem em defesa dos terceirizados!
nada se consegue na boa e de graça. o capitalismo veio para aniquilar, a luta deve e precisa ser constante. todo apoio a luta por melhores condições de vida. dignidade sempre.
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