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terça-feira, 8 de abril de 2014

Basta de assédio e violência contra as Mulheres no transporte público!


As usuárias do metrô, após pagarem R$3,00 por um transporte público, extremamente lotado e insuficiente para toda a população (que além do metrô tem que fazer uso de ônibus e/ou lotações), diariamente, sofrem com abusos sexuais dentro do metrô. Neste ano já temos 16 casos, isso contando os que se tornaram públicos, pois sabemos que a grande maioria passam desapercebidos, pois grande parte das mulheres não denuncia com receio de serem desacreditadas ou humilhadas, como acontece muitas vezes nas delegacias, mesmo as especiais para mulheres. Prova disso é que nos últimos casos que ocorreram tivemos apenas um assediador preso, mas outros dois que foram pegos foram soltos em seguida.

O sucateamento do transporte é um problema de toda a população. Enquanto o Governador e seu partido se aliam a esquemas de corrupções, terceirização e privatização, os trabalhadores e a juventude pagam muito caro por um serviço que diariamente dá problemas, superlotado, com falta de funcionários. Não por acaso a demanda de junho que sacudiu o Brasil esteve atrelada aos transportes. É muito nítido para toda a população o quanto somos desrespeitados e humilhados diariamente ao nos locomovermos pelas cidades. E isso não se dá somente no Metrô de São Paulo, mas também sob o governo do PT de Haddad e de Dilma, que tem o mesmo projeto de precarização e sucateamento dos transportes, como podemos notar pela superlotação dos ônibus, que também tem muitos casos de abuso.

Porém, se toda a população sofre com os transportes, são as mulheres trabalhadoras que sofrem ainda mais. A grande maioria recebe menos que os homens pelo mesmo trabalho e, depois de seu turno ainda chega em casa e tem que trabalhar, sem remuneração, cuidando dos filhos, limpando, cozinhando etc. Chegam tarde do trabalho, devido à distância de suas casas, pois a grande maioria, aquelas que moram na periferia, gastam cerca de 5h só para se locomoverem! Além do mais, somos nós o alvo dos assediadores sexuais, da gozação da Globo – em acreditar que é um agrado ser assediada no trem, como demonstrou no seu quadro de “humor”, no programa Zorra Total – e da violência psicológica e sexual dentro dos transportes. E os governos e as empresas não dão nenhum treinamento ou suporte para capacitar os funcionários dos transportes a lidar com mulheres que são violentadas ou assediadas. Pelo contrário, faltam funcionários e os poucos que tem ficam sobrecarregados e não tem treinamento para isso. E o Governo do Estado tem a cara de pau de soltar uma propaganda onde diz que a "superlotação é boa para xavecar a mulherada"!! Uma barbaridade! Não podemos aceitar isso! A Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários deve elaborar, junto às metroviárias e usuárias, uma ampla campanha com fotos, cartazes, vídeos e painéis, além de um anúncio específico contra o assédio nos transportes. Que o Metrô disponibilize espaço na TV Minuto e nos painéis publicitários para esta campanha e que autorize os operadores de trem e funcionários das estações a emitir o anúncio.

Frente a essa situação de calamidade, as mulheres do PSTU, que compõe a Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários e o setor majoritário do MML (que nós do Pão e Rosas também compomos como setor minoritário), defendem a implantação dos chamados “vagões rosa”, vagões exclusivos para mulheres nos horários de pico. Por outro lado, a Marcha Mundial de Mulheres (MMM) se posiciona de forma hipócrita e demagógica contrária a essa política do vagão exclusivo. A MMM defende os governos federal de Dilma e municipal de Haddad em São Paulo, que mantém a situação de calamidade, superlotação, privatização e falta de investimento nos transportes, além de não ter uma política efetiva para combater a violência e o assédio às mulheres.

É necessário discutir entre as usuárias se consideram que essa medida, claramente paliativa, traria alguma solução para esta situação. Nós alertamos que seria uma medida que segrega a mulher, naturalizando a situação de assédio e o “instinto sexual masculino” como uma coisa normal e incontrolável, como se fosse impossível colocar homens e mulheres num mesmo ambiente sem que se corra o risco de algum tipo deassédio. Além disso, 58% dos usuários hoje são mulheres e não caberiam todas num só vagão do trem! Ou seja, as mulheres que não conseguissem entrar no vagão exclusivo e fossem obrigadas a embarcar no vagão junto com homens seriam ainda mais oprimidas!
Para além dessa questão prática, não é responsabilidade individual de cada mulher sofrer abusos sexuais. A principal causa disso é a superlotação do trem, o sucateamento dos transportes, nossa sociedade doente e violenta que prega o machismo deliberadamente e de forma naturalizada, com uma mídia que propaga todo tipo de violência aos setores mais oprimidos da nossa sociedade. As mulheres tem o direito de andar em todos os locais, com qualquer roupa, sem serem assediadas! Digamos não! Devemos lutar por comissões de metroviárias e usuárias a partir da Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários para apurar os casos de assédio e exigir punição dos agressores. As mulheres trabalhadoras efetivas e terceirizadas violentadas ou assediadas devem ter direito à licenças remuneradas no trabalho, com tratamento físico e psicológico pago integralmente pelo governo e pela direção da empresa de transporte onde ocorreu o abuso! Devemos construir reuniões por local de trabalho (estação) aberta aos usuários e usuárias para discutir a questão da violência com todos os trabalhadores e com a população!

Além disso, o único jeito de darmos uma saída a essa violência é se juntando com as demandas que se abriram em junho pela melhoria dos transportes, expansão do sistema metroferroviário, construção de linhas paralelas, aumento da oferta de trens, tudo isso com tarifa reduzida! Nós do Pão e Rosas defendemos que isso só será possível com a estatização dos transportes públicos, com controle dos trabalhadores em aliança com a população, únicos interessados num transporte de qualidade! Nós mulheres devemos estar na linha de frente dessa demanda se queremos acabar com essa situação de assédio e violência!

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