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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Depoimento de Juliana Ghidini, professora, sobre o I Encontro Nacional do MML:

Escrevo pra vocês minha experiência como convidada das metroviárias e do grupo de mulheres Pão e Rosas.
Como a maioria das mulheres eu sempre achei escrota essa "superioridade masculina" predominante na nossa sociedade. Eu me acostumei a ignorar. É como se meus ouvidos tivessem função automática de se fecharem quando vou de vestido pro escritório, quando estou na praia ou mesmo quando estou de moletom indo comprar pão no mercado. Eu não achava certo, mas estava conformada. 
Quando me reuni pela primeira vez com algumas integrantes do grupo de mulheres Pão e Rosas, vi que o buraco era muito mais embaixo. Vi que sofremos abuso também de outras mulheres (como algumas mulheres que chegam no poder mas não defendem os interesses das mulheres) e da polícia, por exemplo.
Quando me inscrevi para o I Encontro Nacional de Mulheres em Luta, confesso que eu realmente não sabia o que esperar, mas sabia que seria uma experiência única! E foi! 
Ver 2300 mulheres discutindo por ações, lutando por seus direitos, lutando pra ser vista como ser humano e não como um pedaço de carne, algo em mim despertou como se sempre estivesse ali mas não sabia direito como sair.
 
Eu participei do GD sobre violência. Na verdade, eu gostaria de ter participado de pelo menos mais uns 5 GDs, mas como foram todos no mesmo horário escolhi o de violência por conta de traumas pessoais. Traumas esses, que foram compartilhados entre as companheiras; e pude também ouvir cada relato, cada medo, cada conquista das outras companheiras. Ficou claro pra mim que criações de mais delegacias da mulher não irá nos ajudar, uma vez que os integrantes são despreparados e, analisando alguns depoimentos pude constatar, machistas. E não falo apenas da polícia, mas juízes, advogados. É todo um sistema e uma sociedade despreparados e machistas.
Enfim, eu gostaria de parabenizar todas as mulheres que lá estiveram e agradecer ao grupo de mulheres Pão e Rosas pelas companheiras que olham tão profundamente às reais necessidades da nossa classe, principalmente defendendo muito forte as questões de que o vagão feminino realmente não é a melhor solução e da descriminalização do aborto, questões tão mal esclarecidas e importantes à todas nós!

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