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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Educação, precarização e opressão às mulheres


Por Julia Borges, professora do estado de SP na ZO, capital

No mês de maio estive presente representando o Grupo de Mulheres e Diversidade Sexual Pão e Rosas e a agrupação Professores Pela Base no 2º Encontro de Pedagogia da PUC – SP. Com o tema “A condição da mulher no mundo contemporâneo”. A discussão foi aberta pela Professora Priscila, do curso de Pedagogia e representante da APROPUC, que colocou todo um panorama histórico do surgimento da opressão à mulher intrinsecamente relacionada com o surgimento da propriedade privada, e de como o capitalismo se apropriou da situação de opressão já sofrida, obrigando as mulheres a estar sempre nos mais precarizados postos de trabalho, com os piores salários, sofrendo frequentes humilhações, cumprindo mais de uma jornada , tanto no trabalho como em casa, colocando que a única saída para o fim de toda a opressão à mulher é a emancipação da classe trabalhadora e o fim da sociedade capitalista, que se organiza de tal forma que a as opressões, às mulheres, os negros e aos homossexuais sejam pilares da ideologia que sustenta esse sistema de exploração, que somente a classe trabalhadora organizada é capaz de colocar abaixo.

Nós do Pão e Rosas, que estivemos compondo a mesa do encontro, também achamos que a plena emancipação da mulher só vai se dar com a derrubada do capitalismo e lutamos ao lado da classe trabalhadora. Hoje, vivemos num país onde temos uma mulher no poder, e onde nossos direitos continuam sendo rifados e usados como moedas de troca de um governo que precariza o trabalho, implementa por meio da terceirização em massa dos postos de trabalho, onde a maioria quem ocupa são mulheres e negras, a precarização da vida, com salários irrisórios, nenhum acesso aos direitos mais básicos conquistados pelos trabalhadores, total fragilidade nos contratos de trabalho, dividindo e humilhando a classe trabalhadora, que continua proibindo o aborto, sendo o responsável por milhares de mulheres trabalhadoras que morrem por abortos clandestinos, onde não temos o direito de exercer livremente nossa sexualidade e que nossa igualdade perante os homens é somente jurídica e não se dá na prática.

Ligado a isso falamos um pouco do livro “ A precarização tem rosto de mulher” que conta a historia de luta de trabalhadoras terceirizadas da limpeza da USP, que sofrem todos os tipos de opressões diariamente e que deram exemplo de luta  pelos seus salários e pelos seus direitos.  Um ótimo exemplo para ilustrar a discussão sobre ao precarização de trabalhos feitos pelas mulheres e por como as mesmas podem se levantar contra esse sistema, as trabalhadoras retratadas nos livros, dão exemplos não apenas por exigirem seus salários, mas sim por lutar contra o machismo que sofrem em suas casas e contra todo esse sistema de trabalho que coloca a mulher cada vez mais como maior alvo de opressão.

Outro ponto é que nos meses de abril e maio, professores do Estado de São Paulo se colocaram em luta numa greve contra as péssimas condições de trabalho e os ataques do governo do Estado aos professores e à educação pública, que se torna cada dia mais precária. A categoria de professores é formada ainda, em sua maioria, por mulheres, que levam duplas e triplas jornadas de trabalho, que para conseguirem se sustentar e sustentar suas famílias com o salário que recebem os professores, tem que se desdobrar dando aulas em diversas escolas, nos três períodos e ainda ao chegarem em casa enfrentam mais um jornada de trabalho com suas tarefas domesticas. Nessa greve os professores mais precários, os categoria O, tomaram a linha de frente dessa mobilização, se enfrentando com a burocracia sindical traidora que enterrou a nossa greve e diretamente com o a polícia, que ao lado da burocracia, reprimiu os professores em sua última assembleia. Essa greve e o protagonismo dessas professoras ficam como um exemplo para aqueles que estão estudando a educação e buscam perspectivas para muda-las. Durante toda a mobilização, a agrupação Professores Pela Base colocou como somente da união entre professores, estudantes, funcionários e comunidade é capaz de somar forças para derrotar os ataques à educação, estivemos atuando não só dentro das pautas da greve, mas denunciando também a precarização geral na educação, de como o exclui a classe trabalhadora das escolas e da universidade, de como o sucateamento do ensino acontece e de como esses fatores tornam nosso trabalho e o ensino cada vez mais precarizados. Lutamos também pelo fim da categoria O, para que os direitos sejam iguais a todos os professores, que exercem a mesma função e foram essas reflexões que buscamos passar também no 2º encontro de Pedagogia da PUC, buscando contribuir com experiência concretas para a reflexão dos alunos. E mostrando como a opressão e exploração à mulher trabalhadora também está fortemente presente na categoria de professores. 

As mulheres trabalhadoras dão, em todo mundo, exemplos de mobilização e de luta pelos seus direitos. Na Índia milhares saem às ruas contra a violência, no Egito tomaram a linha de frente da Primavera Árabe, no Chile em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.  Esses exemplos dessas mulheres, por dentro dos exemplos da luta de classes, que devem ser seguidos por àquelas que buscam a emancipação da mulher e entendem que, não são os homens os nossos inimigos, mas a burguesia e os patrões que exploram e dividem a classe trabalhadora. Assim, como disse profª Priscilla em sua intervenção, nós do Pão e Rosas acreditamos e lutamos pela total emancipação das mulheres, mas da classe trabalhadora de conjunto, e por isso lutamos pelo fim do capitalismo que sustenta essa opressão.




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