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quarta-feira, 10 de março de 2010

PÃO E ROSAS NO HAITI: "As necessidades continuam sem ser atendidas tanto no Chile quanto no Haiti, a resposta oficial é a repressão"

Como parte da campanha que o Pão e Rosas vem desenvolvendo em diferentes países da América Latina e Caribe em solidariedade às mulheres e ao povo pobre e trabalhador do Haiti, Sofía Yañez do Pan y Rosas México, viajou à ilha caribenha com a colaboração do Pão e Rosas da Argentina, Brasil, Chile e Bolívia.
Por Sofía Yañez, enviada especial do Pan y Rosas - México

(Batey 8, Barahona, República Dominicana) A mais de 50 dias após o terremoto ocorrido no Haiti, as organizações independentes ainda lidam com a crescente escassez de recursos e as necessidades imediatas do povo haitiano.

“A fase de emergência não foi totalmente resolvida. As pessoas ainda continuam precisando de alimentos, de abrigo, de medicamentos... existem muitas necessidades. Nós estamos levando ajuda e brigadas médicas, mas ao mesmo tempo fazendo tudo o que está a nosso alcance para que o povo retome a dinâmica de sua situação em suas próprias mãos”, afirma Beneco Enecia, diretor do CEDESO (Centro de Desenvolvimento Sustentável), uma organização que trabalha nos bateyes* na fronteira da República Dominicana com o Haiti.
O processo de reconstrução é impensável sem o suporte feminino já que, em sua maioria, as casas já eram sustentadas por mulheres e hoje, são elas que devem fazer funcionar os albergues com os poucos recursos. “Nós temos trabalhado diretamente com elas porque conhecem a comunidade e sabem de suas necessidades específicas”, assinala Beneco. “A presença dos militares, tanto dos EUA como os da Minustah, acredito que seja negativa e contribui para vender a idéia de que o povo haitiano é violento. Eu acredito que não é assim. O que existe é uma explosão da sociedade como conseqüência de tantos anos de privação, mas a resposta não deveria ser assim, não tinham que enviar soldados porque a maneira de convencer o povo haitiano não é com baionetas. O Haiti expressou que não queria militares”.
Beneco compara a situação haitiana com a reposta do governo chileno diante do terremoto que sacudiu a nação andina no último 1º de março: “É a mesma resposta militarista que têm os governos, baseados em seu enfoque de repressão, pois como não são capazes de satisfazer as necessidades da população aproveitam de situações como estas para conter o povo pela força. E eu penso que não deve ser assim. Fortalecendo as redes sociais de cada comunidade as coisas vão bem, mas não com militares.”

*Os Bateyes são as comunidades de imigrantes haitianos que se estabeleceram desde o século passado, perto dos engenhos de açúcar.
(Tradução de Babi Delatorre)

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