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quinta-feira, 11 de março de 2010

100 anos de luta e resistência do 8 de março: Secretaria de mulheres do sindicato dos sapateiros de Franca e Pão e Rosas organizam debate

Mais de 80 sapateiras de Franca/SP participam de discussão em homenagem aos 100 anos de luta e resistência do 8 de março

Na última segunda-feira, dia 08 de março, a Secretaria de Mulheres do Sidicato de Trabalhadores nas Indústrias de Calçados de Franca (CUT) junto ao grupo de mulheres Pão e Rosas Franca organizou um grande debate entitulado “100 anos do 8 de março: luta e resistência”. Apesar da dupla jornada que pesa sobre a classe trabalhadora feminina de Franca, mais de 80 sapateiras estiveram presentes no debate junto a seus filhos e parentes. A mesa foi composta por Edvânia Angela de Souza Lourenço, Profa. de Serviço Social da Unesp de Franca; Diana Assunção, coordenadora da Secretaria de Mulheres do Sindicato de Trabalhadores da USP e integrante do Pão e Rosas e Maria da Graça Bá, coordenadora da Pastoral Afro-Descendente e membro do Conselho da Comunidade Negra de Franca. Além disso, coordenou a atividade Marta Roseli Pereira da Secretaria de Mulheres do Sindicato de Sapateiros de Franca e Tássia Correa, do grupo de mulheres Pão e Rosas Franca, que fez uma saudação a todas as sapateiras e trabalhadoras domésticas presentes no debate.

Edvania fez uma exposição sobre a situação da mulher no mercado de trabalho hoje, resgatando as formas com que o capitalismo se apropriou da opressão da mulher pra incorporá-la à produção. Resgatou aspectos da Revolução Industrial, do pós-guerra, entre outros, também demonstrando a forma como isso se deu, rebaixando salários e diminuindo direitos. Diana Assunção buscou explicar o fenômeno da precarização do trabalho e que formas adquiriu nos últimos anos, resultando numa política não somente de aumento de lucros pra patronal, mas principalmente de profunda divisão entre as fileiras operárias. Isso, ligado a opressão da mulher faz com que as mulheres hoje estejam nos piores postos de trabalho, com salários menores e menos direitos, além de sofrerem com a dupla jornada. Diana demonstrou que o aumento de empregos no governo de Lula se deu de forma profundamente precarizada e questionou o projeto de lei apresentado pela CUT que busca regulamentar a situação dos terceirizados que cumprem a "atividade-fim" da empresa, mantendo os trabalhadores da limpeza, de serviços entre outros na miséria e na humilhação. Também resgatou a luta que os trabalhadores e trabalhadoras da USP vêm dando desde a greve de 2009 pela incorporação de todos os terceirizados. No caso de Franca, Diana ressaltou que “é uma tarefa de todas as sapateiras e sapateiros lutar em defesa das trabalhadoras das bancas de pesponto, que trabalham em péssimas condições, com jornadas de trabalho intermináveis e sem nenhum direito”, apontando a necessidade de lutar pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários afim de acabar com o desemprego em Franca.

Houveram várias intervenções, entre elas Débora, jovem sapateira e militante do Pão e Rosas que ressaltou a importância da aliança das estudantes com as mulheres trabalhadoras, colocando isso como um ponto fundamental na luta pelos direitos das mulheres. Clara, da Secretaria de Mulheres do Sindicato de Sapateiros de Franca fez uma saudação à atividade dizendo que “a CUT Nacional orientou a organizarmos o 8 de março dizendo ‘100 anos de luta e igualdade’, mas junto com as companheiras do Pão e Rosas resolvemos dizer ‘100 anos de luta e resistência’ para expressar mais profundamente o caráter do 8 de março”.

Ao final, Diana Assunção denunciou o governo Lula em relação a permanência das tropas no Haiti dizendo “Não é possível lutar de forma conseqüente pelos direitos das mulheres neste 8 de março se não exigirmos a imediata retirada das tropas brasileiras comandadas pelo governo Lula no Haiti. Neste sentido, o Sindicato de Sapateiros de Franca e a CUT, ambos ligados ao governo, tem a tarefa de exigir imediatamente que sejam retiradas as tropas que humilham, reprimem e estupram as mulheres haitianas”. A prof. Edvânia fechou o debate expressando a necessidade de lutar cotidianamente contra a opressão da mulher nos locais de trabalho e de se organizar politicamente.

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