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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O jornal do Pão e Rosas tem um espaço que é seu!

Abrimos as páginas do nosso jornal para as mulheres trabalhadoras em luta, para aquelas que sofrem assédio moral em seus locais de trabalho, para as estudantes, para as mulheres desempregadas e donas de casa... para todas que são oprimidas e exploradas e querem fazer escutar as suas vozes na luta contra esse sistema capitalista! Mande seu depoimento, texto, comentário, denúncia, relato, entrevista, poema para o email paoerosasbr@gmail.com


“A bala dos fuzis têm invadido nossas casas”

A violência policial vivida pela população e sofrida mais intensamente por moradores dos morros e favelas não tem limites! A bala dos fuzis têm invadido nossas casas e levado nossos amigos e familiares. Soldados da polícia com suas imundas botinas têm invadido as casas de moradores das favelas cariocas para roubar, matar e abusar das filhas e trabalhadoras.

No mês de setembro foi noticiado nos principais jornais o que a mídia hegemônica citou como “suposta violência sexual” de uma jovem no morro da Mangueira. A noticia no site G1 da Globo tem título “ Moradora da Mangueira acusa policial do BOPE de estupro” dando margem a manchete para uma invenção da menina. Toda a reportagem faz referência à moça como suposta vítima, levando sempre o leitor a indagar sobre a acusação. E muitos da população, comentários de fóruns nos jornais, insinuam que a moça era mulher de traficante, como se um fato justificasse o outro. Mesma postura quando algum morador de favela é assassinado por “bala perdida”, sempre a pergunta/justificativa é “ele era bandido?”. Porque se as respostas são afirmativas a população a favor da morte tem um argumento para o policial de “dever cumprido”.

Apresentada a introdução sobre o abuso sexual dessa moça, pensei antes de começar a escrever tal artigo na quantidade de violências que a mulher na sociedade sofre, moças namoradas de traficantes que são espancadas, ou quando com 13 ou 14 anos citadas nas letras de funk carioca como “novinhas” vendem seus corpos para homens muito mais velhos para sobreviverem. Independente do que diz a reportagem da moça ser ou não namorada de um traficante, que provavelmente já devia sofrer agressões, e a policia que além de invadir e violentar, já existe um ESTADO que a violenta em seus direitos de mulher e cidadã da falta de hospitais de qualidade, escola, lazer e todo conjunto de deveres que tem o ESTADO que só abastece o caveirão.

L. estudante de Ciências Sociais que reside numa comunidade no Rio de Janeiro


“Não vou esperar a massa do pão crescer e nem o jardineiro colher as flores”

Quando recebi o convite para escrever para o jornal, fiquei muito surpresa, pois hoje em dia é quase que impossível achar espaços disponíveis para secundaristas assim como eu, onde possamos expressar nossos pensamentos e ideais.

Talvez não exista um fator responsável por isso. Nós secundáristas talvez estejamos fechando os olhos para a realidade e deixando assim que outros decidam nosso futuro.

Em meados de agosto, a chapa da qual faço parte foi eleita com 98% de aprovação dos alunos. Esta aceitação nos tornou mais conscientes da realidade demonstrando assim a expectativa e a ânsia dos mesmos em ter um órgão representativo,que supra suas necessidades dentro da escola.

Algo perceptível desde o inicio da formação da chapa foi o sexismo junto com o machismo impregnado em alguns integrantes. Via-se de forma clara a exclusão de nós mulheres. Os homens sempre querendo ter voz ativa, assim ofuscando a voz feminina, tirando-nos assim uma das poucas situações em que pudéssemos nos sentir livres pra nos expressar, sem a presença da opressão que vivenciamos em nosso cotidiano ocasionado pelo machismo, ali sempre presente.

Em meio a tudo isso, fiquei espantada em perceber em como um órgão, cujo objetivo é o de tentar acabar com o preconceito, machismo e sexismo dentro do nosso meio escolar, que ainda esteja encarcerado essas práticas.

Por desprezar essas atitudes não pude me abster de cumprir meu dever em declarar que a mulher também tem poder. Assim criando a coordernadoria de opressões, até então nunca mencionada em reuniões. Logo de início houve a repulsa de alguns integrantes do grêmio e o julgamento pré- concebido de ser desnecessária a abertura para uma nova coordenadoria, mesmo tendo esta devida importância. Após várias tentativas os mesmos que se colocavam contra, baixaram a guarda dando abertura para poder começar a prática de um projeto de conscientização feminina com o preceito a valorização da mulher.

Até o presente momento nesta coordenadoria a única integrante sou eu, sendo que na sua maioria o grêmio é formado por mulheres.Na minha opinião o principal causador deste número lamentável é a falta de espaços parar divulgar os projetos e o moralismo aliado ao machismo presentes nas decisões dos(as) integrantes do grêmio, resultando assim na votação de todos os projetos apresentados por mim,sem alegações de motivos concretos.

Mais decidi: - Sou a voz que não irá se calar.

No meu mundo não vou esperar a massa do pão crescer e nem o jardineiro colher as flores.Vou ceifar o trigo, preparar a massa, para só depois colher as rosas e sentir o seu perfume.

Ana Caroline, estudante secundarista da ETE Albert Einstein, São Paulo

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