Paulinha Berbert, integrante do Pão e Rosas e diretora do CACH da Unicamp, falou em nome do grupo de mulheres Pão e Rosas demonstrando toda nossa solidariedade às mulheres e ao povo trabalhador de Honduras. Estiveram no ato companheiros do Movimento A Plenos Pulmões e da LER-QI.
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sexta-feira, 31 de julho de 2009
Pão e Rosas vai até o consulado de Honduras em São Paulo para gritar: Somos todas hondurenhas!
quinta-feira, 30 de julho de 2009
URGENTE: Comunicado das Feministas em Resistência de Honduras
REPRIMIRAM BRUTALMENTE AS MANIFESTAÇÕES CONTRA O GOLPE EM TEGUCIGALPA
AS FEMINISTAS EM RESISTÊNCIA manifestam ao povo hondurenho e a comunidade internacional que:
1. Mantemos uma firme oposição frente ao golpe que instituiu o usurpador Micheletti quem liderou o seqüestro violento e o exílio forçado do presidente Zelaya por parte do exército hondurenho, o qual é qualificado como um crime no direito internacional e na Constituicao de Honduras.
2. O crime cometido contra a vida do professor Roger Adrian Vallejo Soriano, quem se debate entre a vida e a morte pelos ferimentos sofridos enquanto participava na marcha de protesto contra o golpe de estado e a restauração da ordem institucional.
3. Condenamos a prisão ilegal de mais de 250 pessoas as quais foram detidas pela policia e militares na passeata a Olancheo duranto um protesto pacífico contra o regime golpista e aqueles que exigem pela restauração da ordem democrática no país.
4. Rechaçamos a prisão ilegal dos dirigentes do nosso povo hondurenho contrários ao regime fascista imposto pela oligarquia midiática, os setores da oligarquia industrial liderados por Adolfo Facussé, os militares sob o mando de Romeo Vasquez e a corrupta classe política dirigida por Roberto Micheletti.
5. Rechaçamos a prisão ilegal dos e das dirigentes do nosso povo que se manifestavam pacificamente no povo de Comayagua - Martin Maradiaga, Trinidad e Banegas-.
6. Rechaçamos a brutalidade policial contra as mulheres: conhecemos o testemunho de uma mulher, através da Rádio Globo, ela foi reprimida na manifestação de El Durazno e denunciou que a polícia lhe bateu e lhe introduziu o cassetete na vagina.
Por isso demandamos ao povo hondurenho e à comunidade internacional:
1. Solidariedade de todas as organizações das mulheres do mundo, em particular, e da comunidade nacional e internacional, em geral, para exigir unanimemente que se respeite a vida e os direitos das e dos hondurenhos, assim como para restabelecer os direitos constitucionais e soberanos do povo hondurenho.
2. A condenação radical e definitiva ao Governo do golpista Roberto Micheletti por parte dos governos, os organismos e as organizações internacionais pelos brutais acontecimentos que tem caracterizado o golpe de Estado.
Tegucigalpa, 30 de julho de 2009
AS FEMINISTAS EM RESISTÊNCIA manifestam ao povo hondurenho e a comunidade internacional que:
1. Mantemos uma firme oposição frente ao golpe que instituiu o usurpador Micheletti quem liderou o seqüestro violento e o exílio forçado do presidente Zelaya por parte do exército hondurenho, o qual é qualificado como um crime no direito internacional e na Constituicao de Honduras.
2. O crime cometido contra a vida do professor Roger Adrian Vallejo Soriano, quem se debate entre a vida e a morte pelos ferimentos sofridos enquanto participava na marcha de protesto contra o golpe de estado e a restauração da ordem institucional.
3. Condenamos a prisão ilegal de mais de 250 pessoas as quais foram detidas pela policia e militares na passeata a Olancheo duranto um protesto pacífico contra o regime golpista e aqueles que exigem pela restauração da ordem democrática no país.
4. Rechaçamos a prisão ilegal dos dirigentes do nosso povo hondurenho contrários ao regime fascista imposto pela oligarquia midiática, os setores da oligarquia industrial liderados por Adolfo Facussé, os militares sob o mando de Romeo Vasquez e a corrupta classe política dirigida por Roberto Micheletti.
5. Rechaçamos a prisão ilegal dos e das dirigentes do nosso povo que se manifestavam pacificamente no povo de Comayagua - Martin Maradiaga, Trinidad e Banegas-.
6. Rechaçamos a brutalidade policial contra as mulheres: conhecemos o testemunho de uma mulher, através da Rádio Globo, ela foi reprimida na manifestação de El Durazno e denunciou que a polícia lhe bateu e lhe introduziu o cassetete na vagina.
Por isso demandamos ao povo hondurenho e à comunidade internacional:
1. Solidariedade de todas as organizações das mulheres do mundo, em particular, e da comunidade nacional e internacional, em geral, para exigir unanimemente que se respeite a vida e os direitos das e dos hondurenhos, assim como para restabelecer os direitos constitucionais e soberanos do povo hondurenho.
2. A condenação radical e definitiva ao Governo do golpista Roberto Micheletti por parte dos governos, os organismos e as organizações internacionais pelos brutais acontecimentos que tem caracterizado o golpe de Estado.
Tegucigalpa, 30 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Em Honduras os golpistas não passarão!
Chamamos todas a participar da Jornada Internacional contra o golpe em Honduras, nesta quinta-feira às 12h30 em frente ao consulado de Honduras em São Paulo. Nós do Pão e Rosas estaremos lá pra gritar bem forte: Somos todas hondurenhas! Queremos nos solidarizar com as mulheres, os trabalhadores e o povo de Honduras, fazendo parte da mais ampla mobilização em toda a América Latina, até derrotar os golpistas! Fora o imperialismo de Honduras! Clique aqui para ler a declaração da Jornada Internacional.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Construamos juntas um forte movimento de mulheres na luta por nossos direitos e pelo fim desta sociedade de opressão e exploração!
Convidamos a participar da segunda Plenária do grupo de mulheres Pão e Rosas. Dia 01 de agosto, sábado, às 15h na Casa Socialista Karl Marx (Praça Américo Jacomino, 49 - Vila Madalena, em frente ao metrô). Após a plenária, haverá uma festa com hip hop da Mara Onijá. Haverá creche para crianças. Entre em contato pelo email paoerosasbr@gmail.com
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Apoio à luta das trabalhadoras da Blue Tech de Caçapava - SP
Na fábrica Blue Tech Logísticas de Caçapava, as condições de trabalho são as piores, caracterizadas pelo próprio sindicato como práticas que lembram a escravidão. Segundo as inúmeras denúncias feitas pelas trabalhadoras, os direitos trabalhistas são ignorados pela patronal, que obriga o cumprimento de horas-extras em meio a ameaças, colocam as mulheres em situações de constrangimentos, humilhações... violência moral e física. Por esses tantos motivos que cerca de 500 trabalhadoras cruzaram os braços no dia 17/07. Nós do grupo de mulheres Pão e Rosas queremos prestar toda nossa solidariedade à corajosa luta das trabalhadoras de Caçapava, que reivindicam seus direitos e se negam a aceitar como natural toda opressão que sofrem do patrão. Estaremos juntas para denunciar as condições desumanas de trabalho a qual estão expostas. Pelo livre direito de organização sindical das trabalhadoras de Caçapava! Abaixo o assédio moral! Pela garantia dos direitos conquistados pelos trabalhadores/ as!
quarta-feira, 22 de julho de 2009
"O livro traduz a história de mulheres lutadoras que fizeram história, por mulheres lutadoras que fazem história"
Reproduzimos abaixo resenha do livro "Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história" escrito por Beatriz Abramides, profa. do curso de Serviço Social da PUC-SP, diretora da APROPUC (Associação de Professores da PUC-SP) e co-autora do livro "O novo sindicalismo e o Serviço Social". A resenha foi publicada na Revista Lutas Sociais, 20-21.
Diana Assunção, jovem estudante do curso de História da PUCSP, militante da Liga Estratégia Revolucionária, é uma das fundadoras do grupo Pão e Rosas no Brasil e responsável pela Coleção Mulher das Edições ISKRA. Lutadoras - histórias de mulheres que fizeram história tem um profundo significado para mulheres e homens que lutam por uma sociedade em que não haja exploração de classe e qualquer tipo de opressão social, de gênero, etnia/raça e orientação sexual.
O livro traduz a história de mulheres lutadoras que fizeram história por mulheres lutadoras que fazem história. Escrito a muitas mãos, é resultado de uma pesquisa realizada por mulheres na Argentina, no Brasil, no Chile e no México: Andrea D’Atri, Diana Assunção, Bárbara Funes, Ana Tossato, Ana López, Jimena Mendoza, Celeste Murillo, Marina Fuser, Virgina Andrea Peña, Adela Reck, Malena Vidal, Gabriela Vino. O livro é apresentado por Claudia Mazzei Nogueira e sua capa de autoria de Ana Tossato a partir da foto de mulheres operárias de Berlim, em 1930. As autoras expressam o convencimento teórico e político de que não haverá emancipação das oprimidas e oprimidos se não for lutando pela revolução socialista”(2008:27).
Trata-se de uma produção coletiva ancorada no materialismo histórico-dialético sob a perspectiva da construção do socialismo. De forma viva, emocionante e apaixonada, nos deparamos com as lições das militantes em lutas e combates, em diferentes momentos da história do capitalismo, por uma sociedade sem exploração de classe e opressão social.
a - Mulheres Pioneiras: Flora Tristan e Louise Michell, para as quais a luta das mulheres por seus direitos e dos trabalhadores do mundo se vinculavam às tarefas de emancipação da mulher e do proletariado.
b - Mulheres Internacionalistas: Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin, que souberam enfrentar a traição do partido social-democrata alemão quando estourou a primeira guerra mundial.
c - Mulheres Rebeldes: Carmela Jeria, Lucrecia Toriz e Marcia Cano. Mulheres lutadoras latino-americanas que estiveram à frente das lutas operárias e populares no início do século XX do Rio Bravo à Patagônia austral.
d - Mulheres Combativas: Marvel Scholl e Clara Dunne e Genora Johnson Dollinger, presentes nas fileiras das greves operárias e referência classista do proletariado estaduniudense.
e - Mulheres Vermelhas: Natalia Sedova, Pen Li Lan, Mika Etchebéhere, que estiveram nas frentes de combate das Revolucões Russa, Chinesa e Espanhola;
f - Mulheres Indomáveis: Nadehzda Joffe, Edith Bonne e Patrícia Galvão. Mulheres que resistiram à prisão e às torturas, sem abdicar de seus ideais quando foram vítimas do terror stalinista na ex-União Soviética e nos países que seguiam suas orientações.
g - Anexo: Refere-se à atuação das mulheres no ascenso do movimento operário - de 1978 a 1980 - no Brasil, com depoimentos de mulheres operárias e sindicalistas nas lutas sociais do período.
Os elementos do legado marxiano se apresentam neste livro por seus aspectos centrais: o materialismo histórico e dialético, a teoria do valor trabalho e a perspectiva da revolução social, em suas dimensões e relevância histórica, teórica e política.
O livro Lutadoras - histórias de mulheres que fizeram história, organizado por Andrea D’Atri foi editado, primeiramente em espanhol, em 2006, na Argentina pela Edições IPS – Instituto do Pensamento Socialista. Em março de 2009, foi lançado em português, pela Editora ISKRA, organizado por Andrea D’Atri e Diana Assunção, acrescido do anexo referente à organização das mulheres, no ascenso do movimento operário no Brasil, no período de 1978 a 1980 Andrea D’ Atri publicou em 2004, na Argentina, Pan y rosas: pertenencia de genero y antagonismo de classe en el capitalismo e, em 2008, traduzido no Brasil, também pela ISKRA, no livro Pão e Rosas – identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo. Andrea é uma das fundadoras do agrupamento Pão e Rosas, na Argentina, membro do Conselho Assessor do IPS Karl Marx e militante do PTS – Partido dos Trabalhadores Socialistas.
Diana Assunção, jovem estudante do curso de História da PUCSP, militante da Liga Estratégia Revolucionária, é uma das fundadoras do grupo Pão e Rosas no Brasil e responsável pela Coleção Mulher das Edições ISKRA. Lutadoras - histórias de mulheres que fizeram história tem um profundo significado para mulheres e homens que lutam por uma sociedade em que não haja exploração de classe e qualquer tipo de opressão social, de gênero, etnia/raça e orientação sexual.
O livro traduz a história de mulheres lutadoras que fizeram história por mulheres lutadoras que fazem história. Escrito a muitas mãos, é resultado de uma pesquisa realizada por mulheres na Argentina, no Brasil, no Chile e no México: Andrea D’Atri, Diana Assunção, Bárbara Funes, Ana Tossato, Ana López, Jimena Mendoza, Celeste Murillo, Marina Fuser, Virgina Andrea Peña, Adela Reck, Malena Vidal, Gabriela Vino. O livro é apresentado por Claudia Mazzei Nogueira e sua capa de autoria de Ana Tossato a partir da foto de mulheres operárias de Berlim, em 1930. As autoras expressam o convencimento teórico e político de que não haverá emancipação das oprimidas e oprimidos se não for lutando pela revolução socialista”(2008:27).
Trata-se de uma produção coletiva ancorada no materialismo histórico-dialético sob a perspectiva da construção do socialismo. De forma viva, emocionante e apaixonada, nos deparamos com as lições das militantes em lutas e combates, em diferentes momentos da história do capitalismo, por uma sociedade sem exploração de classe e opressão social.
O livro está organizado em:
a - Mulheres Pioneiras: Flora Tristan e Louise Michell, para as quais a luta das mulheres por seus direitos e dos trabalhadores do mundo se vinculavam às tarefas de emancipação da mulher e do proletariado.
b - Mulheres Internacionalistas: Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin, que souberam enfrentar a traição do partido social-democrata alemão quando estourou a primeira guerra mundial.
c - Mulheres Rebeldes: Carmela Jeria, Lucrecia Toriz e Marcia Cano. Mulheres lutadoras latino-americanas que estiveram à frente das lutas operárias e populares no início do século XX do Rio Bravo à Patagônia austral.
d - Mulheres Combativas: Marvel Scholl e Clara Dunne e Genora Johnson Dollinger, presentes nas fileiras das greves operárias e referência classista do proletariado estaduniudense.
e - Mulheres Vermelhas: Natalia Sedova, Pen Li Lan, Mika Etchebéhere, que estiveram nas frentes de combate das Revolucões Russa, Chinesa e Espanhola;
f - Mulheres Indomáveis: Nadehzda Joffe, Edith Bonne e Patrícia Galvão. Mulheres que resistiram à prisão e às torturas, sem abdicar de seus ideais quando foram vítimas do terror stalinista na ex-União Soviética e nos países que seguiam suas orientações.
g - Anexo: Refere-se à atuação das mulheres no ascenso do movimento operário - de 1978 a 1980 - no Brasil, com depoimentos de mulheres operárias e sindicalistas nas lutas sociais do período.
De acordo às observações das organizadoras do livro, o papel das mulheres tem sido silenciado, durante séculos, e quando elas aparecem, surgem como “rainhas ou santas” “em obscuros desígnios divinos” e, com raras excessões, por “estranhas aptidões” nas ciências e nas artes (2008:17). Este livro de 325 páginas revela histórias de mulheres aguerridas, rebeldes e revolucionárias que lutaram pela causa das lutas operárias, tendo por fio condutor a questão da mulher do ponto de vista da classe.
Essas lutas imediatas e históricas se referem ao direito à licença-maternidade e ao aborto, contra a subordinação e assédio sexual, pela participação das mulheres em toda a luta do proletariado, pelo trabalho igual para salário igual, pela participação nos comícios de rua, greves operárias, sindicatos, imprensa, movimentos classistas, trincheiras, partidos e revoluções proletárias.
Os elementos do legado marxiano se apresentam neste livro por seus aspectos centrais: o materialismo histórico e dialético, a teoria do valor trabalho e a perspectiva da revolução social, em suas dimensões e relevância histórica, teórica e política.
O livro expõe de que maneira as mulheres são as penúltimas colocadas, no interior da hierarquia das relações de trabalho, e as mulheres negras as últimas. As diversas formas de exploração no trabalho se manifestam em: trabalho igual para salário desigual, trabalho polivalente, dupla jornada de trabalho, ritmo acelerado de trabalho, trabalho em domícílio, trabalho informal, precarizado, terceirizado, ampliação da mais-valia absoluta.
O momento atual da conjuntura internacional, marcado pela crise estrutural do capitalismo, em que se aprofundam as contradições entre o desenvolvimento das forces produtivas e as relações sociais de produção, pode abrir a possibilidade histórica de ampliação da luta de classes. O marxismo revolucionário e as lições das mulheres revolucionárias na história, nos auxiliam para as lutas pelo fim das classes e da propriedade privada dos meios de producão, para a necessária conquista de uma sociedade igualitária dos individuos livremente associados.
O protagonismo das mulheres trabalhadoras apresenta centralidade no processo histórico das lutas de classe no enfrentamento contemporâneo à barbárie para a superação da ordem capitalista. O livro Lutadoras – histórias de mulheres que fizeram história constitui um excelente instrumento de formação teôrica, política e de ânimo às mulheres e homens trabalhadores e à juventude, tão fundamental ao combate do capitalismo, na luta pelo socialismo, para a conquista do projeto de emancipação humana.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Por uma grande mobilização em toda a América Latina!
Atendendo ao chamado das mulheres hondurenhas, o grupo de mulheres Pão e Rosas se coloca como parte da mobilização na América Latina contra o golpe em Honduras. Para nós o sentido de se manifestar em toda a América Latina é para desmascarar os discursos do presidente Obama e da OEA que buscam uma negociação com os golpistas, afim de conter a mobilização das mulheres, dos trabalhadores e do povo hondurenho. O Pão e Rosas chama mais uma vez a confiarmos em nossas próprias forças, e por isso nesta quarta feira às 10h uma delegação de companheiras estarão no consulado de Honduras em São Paulo prestando solidariedade à luta e resistência em Honduras.
Abaixo o golpe! Que o sangue derramado não seja negociado! Punição aos golpistas e repressores! Liberdade a todos os presos! Greve geral até que caiam os golpistas! Fora o imperialismo de Honduras!
Chamamos todas as mulheres brasileiras, militantes socialistas, ativistas, feministas, trabalhadoras, estudantes, donas de casa a organizarem atos e manifestações. Chamamos em especial as companheiras da Conlutas, central sindical da qual fazemos parte, a colocar todas suas forças para ampliar a mobilização contra o golpe em Honduras.
Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo teve lançamento do livro "Lutadoras" com Rita Frau, do Pão e Rosas
No dia 15/07, mais de 25 pessoas, entre estudantes e trabalhadores da educação de vários lugares do Brasil, como MA, RJ, MG, SP, participaram da atividade de apresentação do livro Lutadoras. Histórias da mulheres que fizeram história, das Edições ISKRA, durante o EBEM, na Unesp de São José de Rio Preto, com Rita Frau, profa. da rede estadual de SP, integrante do Pão e Rosas, junto com companheiras do Pão e Rosas das Unesp de Araraquara e Rio Claro, da Unicastelo, além de trabalhadoras da educação.
Na atividade, Rita Frau, que integrou o comitê editorial da publicação, comentou os principais aspectos apresentados no livro e o resgate histórico-político da vida de importantes mulheres dos séculos XIX e XX que tiveram uma atuação na luta pelos direitos das mulheres, mas também ao lado da classe trabalhadora. A partir disso, apresentou alguns dos debates travados pelo feminismo e marxismo, reivindicando a importância de resgatar essas histórias, como inspiração para as futuras lutadoras que já começam a aparecer.
Nesse sentido, Rita resgatou importantes atuações das mulheres em mobilizações recentes como a greve da USP, assim como as campanhas levantadas pelo grupo de mulheres Pão e Rosas, em defesa dos trabalhadores terceirizados, pelo direito ao aborto e contra a violência sobre as mulheres dentro das universidades e locais de trabalho legitimadas pela burocracia acadêmica.
Discutiu-se a necessidade de um grupo de mulheres que não esteja isolado das questões políticas de nossa sociedade capitalista, pois considerando que a emancipação das mulheres está diretamente ligada à emancipação da classe trabalhadora, é necessário levantarmos em nossas universidades, escolas e locais de trabalho a necessidade de lutarmos contra este sistema que oprime e explora todos os dias o povo pobre.
Discutiu-se a necessidade de um grupo de mulheres que não esteja isolado das questões políticas de nossa sociedade capitalista, pois considerando que a emancipação das mulheres está diretamente ligada à emancipação da classe trabalhadora, é necessário levantarmos em nossas universidades, escolas e locais de trabalho a necessidade de lutarmos contra este sistema que oprime e explora todos os dias o povo pobre.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Pão e Rosas no Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social
[clique aqui para abrir em PDF]
Nós, estudantes de serviço social, dia-a-dia nos perguntamos como articular as teorias à prática, em uma realidade social onde a grande maioria da população é explorada diariamente, enquanto os capitalistas enchem os bolsos às nossas custas, a miséria não pára de crescer, onde as mulheres perdem seus bebês por causa de um sistema “único” de saúde sucateado enquanto outras milhares morrem ensanguentadas na clandestinidade do aborto, isso somente para mencionar algumas das barbaridades próprias do capitalismo.
Todos os anos nas salas de aulas nossos professores dizem que temos que compreender “os limites” e enxergar “as possibilidades” da atuação profissional do assistente social. O que está por detrás desses dizeres? Que temos que nos “adequar” aos limites (que são impostos) e atuar dentro das possibilidades (cada vez mais estreitas)? Olhar somente para dentro das instituições, buscando nelas as “possibilidades” para enfrentar a dura realidade, significa desviar o olhar da luta de classes, o que leva muitos estudantes e profissionais a adotarem uma perspectiva pessimista em relação à transformação, por acreditar que ela se dará evolutivamente através dos aparatos estatais, do cumprimento ou melhoramento das leis.
O que queremos dizer, é que uma profissão não pode ser eminentemente transformadora, se é a transformação que almejamos. Os fatos históricos de dois séculos (XIX e XX) nos mostraram que a única força capaz de transformar radicalmente a sociedade é a classe trabalhadora unida com seus próprios métodos de luta (como paralisações, piquetes, greves gerais). Por isso acreditamos que não podemos somente adotar a postura de “ensinar” os direitos aos trabalhadores, precisamos também lutar ombro à ombro junto à classe trabalhadora, e nesse sentido a história também demonstrou o papel dos estudantes neste processo de transformação.
Nós enquanto um grupo de mulheres classistas, atuamos nesta perspectiva, pois compreendemos que a opressão da mulher, apesar de ser anterior ao capitalismo, não poderá se resolver nele por ser funcional à manutenção da exploração do trabalho que lhe é necessário. Lutamos pelos direitos das mulheres, mas não defendemos a democracia dos ricos. Também não acreditamos que mais mulheres nos cargos de poder poderiam mudar algo, como os exemplos que temos são emblemáticos: Suely Vilela, reitora da USP, junto ao governador José Serra, mandou a tropa de choque da PM para reprimir a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da USP impedindo os piquetes; Condolezza Rice, a mulher que está a frente pelos EUA na guerra no Iraque, onde morrem homens, mulheres e crianças; Ana Julia Carepa (governadora do Pára – DS/PT), este estado é denunciado por diversas organizações de direitos humanos, de mulheres, pelos núcleos universitários por abrigar trabalho escravo, rede de prostituição infantil, tráfico e escravização sexual de meninas e mulheres; ou mesmo a Maura Verás, ex-reitora da PUC-SP que demitiu professores e funcionários em massa (2006) e também colocou a tropa de choque na universidade após 30 anos em que a polícia não pisava lá (2007), também demitiu uma das intelectuais feministas de mais tradição no Brasil, Heleieth Saffioti. Ainda temos as presidentas do Chile, Argentina, primeira-ministra da Alemanha. Mas não podemos deixar de mencionar que a “socialista” Heloisa Helena faz campanha ativa contra o direito ao aborto junto com a direita reacionária e a Igreja, e que o partido do qual é presidenta, o PSOL, além de ter votado o Super-Simples (lei que precariza o trabalho, colocando os trabalhadores como pessoas jurídicas para negociar eles mesmos com os patrões seus direitos), apóia as ocupações policiais nas comunidades, como o morro Dona Marta, no RJ... Mas o que mudou pra as mulheres trabalhadoras e pobres?!?!?
Esse XXXI Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social acontece quando vivemos e vemos se desenvolver com cada vez mais força uma crise histórica no sistema capitalista. E ao contrário do que afirma Lula, de que “o pior já passou”, observamos que enquanto este governo dá rios de dinheiro para salvar os capitalistas da crise, a classe trabalhadora segue com a corda no pescoço e sendo demitida ou tendo o salário reduzido pelas mesmas empresas que receberam subsídios do governo (pago com o dinheiro dos nossos impostos!). Isso porque a crise ainda não golpeou fortemente o Brasil, mas quando o fizer, o governo não hesitará em aprofundar sua política a favor dos patrões e também cortar as verbas já escassas dos programas sociais, da saúde, da educação, da assistência social.
...para além da miséria do possível!
Diante deste cenário, por um lado, viemos aqui para travar uma luta política, a fim de que nós estudantes de SeSo, construamos um verdadeiro programa de lutas para consquistar nossas demandas, dentro da universidade, mas também fora dela. Não podemos cair nas discussões sobre a organização que teremos, antes mesmo que tenhamos claro, para quê a ENESSO e os estudantes de todo país devem lutar. Devemos tomar como exemplo a luta exemplar dos trabalhadores, estudantes e professores da USP para seguir a luta por uma verdadeira democratização da universidade. Devemos articular desde já a solidariedade ativa dos estudantes aqui presentes à greve dos trabalhadores do INSS que completam mais de 40 dias num dura luta. E para tudo isso é necessário articular os estudantes nacionalmente, numa central verdadeiramente de luta, para além do que tem significado a direção da UNE, mas também onde diferentemente do que ocorreu no Congresso Nacional dos Estudantes, que a luta deva estar no centro de qualquer organização, executiva, entidade, CA, que construamos e atuamos cotidianamente.
Ao mesmo tempo, nós como futuros assistentes sociais não podemos resumir a nossa luta apenas à manutenção dos programas sociais, pois como estamos vendo nesta crise o governo injeta dinheiro para as empresas não falirem ou diretamente destina dinheiro para os empresários exploradores. Temos que lutar por uma educação de qualidade que todos tenham acesso, diferentemente da pretensa democratização da universidade apresentada pelo governo Lula, com projetos como o REUNI que sucateiam o ensino público, ou o PROUNI que injeta dinheiro público nas universidades privadas, ou até mesmo a UNIVESP (ou o CERDERJ no Rio de Janeiro) que pretende ampliar as vagas no ensino superior através da precarização do trabalho dos professores (que na universidade virtual são apenas “tutores”, ou seja, explicadores), e com um enorme prejuízo na qualidade do ensino. Contra essa falsa democratização da universidade, está na ordem do dia gritar com toda a força pelo fim do vestibular e expansão de vagas presenciais. Mais verbas para a educação e estatização de todas as universidades privadas. Mais nenhum jovem fora da universidade! Lutamos também por um sistema de saúde realmente único e para todos que necessitem. Não podemos permitir mais nenhuma gestante sem atendimento, mais nenhuma mulher com o feto morto em seu ventre, mais nenhum bebê morto por um incêndio em sua encubadora! Lutamos por moradia acessível garantida pelo Estado com condições de saneamento e infra-estrutra adequada, com fácil acesso aos locais de trabalho. E lutamos por todos os nossos direitos que os governos não tem sido capazes de responder, apresentando programas assistenciais que atingem uma parcela ainda muita pequena da população que sofre com todas essas mazelas.
Se a resposta capitalista para sua última grande crise foi aumentar a exploração da classe trabalhadora de todo o mundo em base ao neoliberalismo, garantindo assim seus lucros, enquanto tornaram vendável a saúde, a educação (até a água!) em função de enriquecer ainda mais às nossas custas, o que nos aguarda pela frente diante desta crise? Sabemos que a juventude e as mulheres, que ocupam em grande parte os empregos mais precários, são os primeiros a sofrerem demissões, virem aumentar as dificuldades para sustentar os lares, por isso diante da crise que não fomos nós quem geramos é preciso nos levantar e, assim como fizeram os estudantes em diversos países na Europa, dizer: Nós não vamos pagar pela crise dos capitalistas!
O Pão e Rosas veio lutar por...
MAIS VERBAS PARA A EDUCAÇÃO, FIM DO VESTIBULAR E EXPANSÃO DE VAGAS PRESENCIAIS
- Nenhum jovem fora da universidade. Pela estatização das universidades privadas. Lutar por uma verdadeira democracia universitária.
PELOS DIREITOS DAS MULHERES
- Direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito. Direito à maternidade num sistema único de saúde. Não a todas as formas de precarização do trabalho. Basta de violência contra as mulheres e os homossexuais! Creches 24 horas em todas as universidades e locais de trabalho.
DEMOCRATIZAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
- Incorporação do marxismo nos currículos dos Cursos de Serviço Social. Incorporação de disciplinas ou núcleos que tratem da opressão da mulher desde uma perspectiva de classe. Curso de Serviço Social na USP já!
ABAIXO O GOLPE EM HONDURAS!
Há poucas semanas houve em Honduras um golpe de estado, e o governo golpista tem reprimido ferozmente as mobilizações contra o golpe, deixando mortos, feridos e prendendo os manifestantes. Às mulheres em luta e ao povo trabalhador de Honduras , e a todos os que hoje se mobilizam na América Latina e no mundo, devemos expressar nosso forte repúdio, por isso chamamos a todos estudantes presentes neste encontro a repudiar o golpe em Honduras e a realizar neste encontro um ato em solidariedade aos que lá resistem, dizendo: Abaixo o golpe! Nenhuma negociação sobre o sangue derramado! Liberdade imediata a todos os presos e presas! Greve geral até que caiam os golpistas! Fora o imperialismo de Honduras!
O NOSSO CANTO É O ESPANTO DOS QUE NOS JULGARAM MORTAS!
PÃO E ROSAS!
O Pão e Rosas para mim complementa o curso na relação da questão da mulher, já que nele discutimos a questão do aborto, a terceirização e outros aspectos da vida da mulher. Estes pontos citados não são discutidos em sala de aula, o que é muito ruim. Por isso construo o Pão e Rosas, pois tentamos não ficar somente na discussão, mas também tentamos agir de alguma forma!
Carol, estudante de Serviço Social da PUC-SP
Eu faço parte do grupo de mulheres Pão e Rosas porque nele, juntamente com as companheiras do grupo, além de acabar com o mito de que a mulher é fraca e incapaz de se defender sozinha, aprendo o verdadeiro potencial que nós mulheres temos e posso estudar, discutir, e agir de um modo que abrange mais pessoas. O Pão e Rosas consegue enxergar mais profundamente problemas como, por exemplo, a exploração do trabalho, os preconceitos e desrespeitos e a pobreza que assola muitas mulheres. À mulher, são impostas funções como ser mãe, dona de casa e empregada do marido e na maioria das vezes ela nem teve o oportunidade de dar sua opinião sobre qual rumo quer tomar na própria vida e nem recebe as condições necessárias para cumprir o que lhe é imposto. A união das mulheres em um grupo é necessária para que ocorra o fim da desvalorização e das injustiças que as mulheres sofrem e as tornam propriedades dos homens e do sistema capitalista, pois juntas, a força para lutar pelos nossos direitos se multiplica.
Carla, estudante de Serviço Social da Unesp – Franca
Nós, do grupo Pão e Rosas, defendemos que a discussão referente à mulher é intrínseca com os problemas de uma sociedade de classes, pois as mulheres são as mais atingidas com a precarização como um todo, principalmente no mundo do trabalho, que é a principal discussão de toda a esquerda, ainda que esta discuta muito pouco sobre a mulher. Sou estudante de Serviço Social, e como existem muitas mulheres no curso, vejo diariamente que, apesar de termos muita força, muitas das próprias mulheres não discutem um assunto tão pertinente como esse, em que tantas mulheres, crianças, sofrem cotidianamente não somente violência doméstica, mas violência dessa própria sociedade em que vivemos.
Márcia, estudante de Serviço Social da Unesp – Franca
Serviço Social, marxismo e mulheres
Por Tássia Lins e Bia Michel, estudantes de Serviço Social da Unesp de Franca e da PUC-SP
O Serviço Social, como nós sabemos, teve seu surgimento atrelado às frações da Igreja e depois, às demandas do Estado, num misto de caridade e repressão; para que se mantivesse a “ordem” e o total controle sobre a classe trabalhadora, inclusive, num momento de crise histórica do capitalismo, como na década de 1930, onde o Serviço Social se prestava a um papel, mundo afora, de conter as massas.
Com o passar do tempo, o Serviço Social insere-se no espaço acadêmico, tornando-se curso de graduação e pós-graduação, certamente, para atender as expressões da “questão social”, criada, reproduzida e legitimada pelo capitalismo num país semi-colonial como o nosso. Com isso, a profissão foi se estabelecendo e ganhando peso no Brasil e na América Latina, aonde longe de se conformar com esse conservadorismo apontado, estudantes, professores e assistentes sociais, numa dinâmica de encontros e debates, trilharam um caminho que visava romper com o atrelamento à classe dominante e ligar-se de fato, à classe trabalhadora, a suas lutas e suas demandas reais.
Com a conjuntura dos anos 1961-64, surgem as primeiras repercussões das lutas sociais em curso dentro da profissão, que é forçada a pensar inclusive, novos projetos societários. Com o golpe de 1964, o Serviço Social se vê em dificuldade de atar-se à classe trabalhadora de forma mais orgânica, mas é assentada suas bases sócio-políticas de maneira mais firme, na luta pela redemocratização do país, e em setores mais à esquerda na profissão, com um claro perfil anti-ditatorial.
Os processos que ficaram conhecidos como “movimento de reconceituação” e “intenção de ruptura”, foram as primeiras aproximações importantes que o Serviço Social teve com o marxismo, e é dessa relação que queremos tratar aqui e essa aproximação que iremos defender até o fim. Sem desconsiderar os momentos históricos e os avanços que esses processos significaram para a profissão, acreditamos que esses momentos tiveram falhas, como o estudo de um marxismo desvinculado da necessidade da classe trabalhadora se emancipar, e assim avançar para emancipar toda a humanidade de toda a exploração e opressão.
Para romper com essa herança e avançar no que se convencionou chamar de projeto ético-político da profissão, lutamos pela incorporação do marxismo na grade curricular do Serviço Social, por acreditar que o marxismo é a única teoria capaz de, para além de analisar e interpretar a sociedade de classes, ser ferramenta de transformação para a classe trabalhadora, justamente para a eliminação desse sistema econômico e político, que gera e alimenta miséria, fome, desemprego, violência, machismo, homofobia, racismo e hoje, joga novamente a crise econômica que criou nas costas dos trabalhadores. Para tanto, dizemos desde já, que não nos serve um marxismo acadêmico, que se fecha nas salas de aulas e não busca nem prática nem teoricamente chegar até a população.
É nesse sentido que, como um grupo de mulheres classistas, viemos defender a incorporação de uma disciplina ou núcleo de discussão sobre a questão da mulher desde uma perspectiva marxista na grade curricular, que como já apontamos é a perspectiva que trata o problema da opressão da mulher de forma mais real, concreta e radical (no sentido de ir às raízes). Chamamos todas/os estudantes presentes nesse encontro a debater estas propostas e levá-las para discussão em outros fóruns, como da ABEPSS, e principalmente para suas faculdades.
Serviço Social na USP já!
Hoje a USP oferece nos campus da Zona Leste, um curso de Gestão de Políticas Públicas, com a intenção de formar técnicos para gerir as políticas governamentais e extraindo uma parte de nosso curso, sem oferecê-lo por completo. Achamos um absurdo que um dito Centro de Excelência como a USP não ofereça o curso de Serviço Social, que na maior capital do país não exista nenhum curso de Serviço Social oferecido por uma universidade pública. Isso mais uma vez demonstra que há uma crescente divisão entre aqueles cursos oferecidos para os que vão pensar, e para os que irão executar. Por isso achamos que é necessário travarmos uma batalha para que o curso seja oferecido na USP, com um currículo pleno, que seja discutido e formulado democraticamente com o conjunto dos estudantes!
O Serviço Social, como nós sabemos, teve seu surgimento atrelado às frações da Igreja e depois, às demandas do Estado, num misto de caridade e repressão; para que se mantivesse a “ordem” e o total controle sobre a classe trabalhadora, inclusive, num momento de crise histórica do capitalismo, como na década de 1930, onde o Serviço Social se prestava a um papel, mundo afora, de conter as massas.
Com o passar do tempo, o Serviço Social insere-se no espaço acadêmico, tornando-se curso de graduação e pós-graduação, certamente, para atender as expressões da “questão social”, criada, reproduzida e legitimada pelo capitalismo num país semi-colonial como o nosso. Com isso, a profissão foi se estabelecendo e ganhando peso no Brasil e na América Latina, aonde longe de se conformar com esse conservadorismo apontado, estudantes, professores e assistentes sociais, numa dinâmica de encontros e debates, trilharam um caminho que visava romper com o atrelamento à classe dominante e ligar-se de fato, à classe trabalhadora, a suas lutas e suas demandas reais.
Com a conjuntura dos anos 1961-64, surgem as primeiras repercussões das lutas sociais em curso dentro da profissão, que é forçada a pensar inclusive, novos projetos societários. Com o golpe de 1964, o Serviço Social se vê em dificuldade de atar-se à classe trabalhadora de forma mais orgânica, mas é assentada suas bases sócio-políticas de maneira mais firme, na luta pela redemocratização do país, e em setores mais à esquerda na profissão, com um claro perfil anti-ditatorial.
Os processos que ficaram conhecidos como “movimento de reconceituação” e “intenção de ruptura”, foram as primeiras aproximações importantes que o Serviço Social teve com o marxismo, e é dessa relação que queremos tratar aqui e essa aproximação que iremos defender até o fim. Sem desconsiderar os momentos históricos e os avanços que esses processos significaram para a profissão, acreditamos que esses momentos tiveram falhas, como o estudo de um marxismo desvinculado da necessidade da classe trabalhadora se emancipar, e assim avançar para emancipar toda a humanidade de toda a exploração e opressão.
Para romper com essa herança e avançar no que se convencionou chamar de projeto ético-político da profissão, lutamos pela incorporação do marxismo na grade curricular do Serviço Social, por acreditar que o marxismo é a única teoria capaz de, para além de analisar e interpretar a sociedade de classes, ser ferramenta de transformação para a classe trabalhadora, justamente para a eliminação desse sistema econômico e político, que gera e alimenta miséria, fome, desemprego, violência, machismo, homofobia, racismo e hoje, joga novamente a crise econômica que criou nas costas dos trabalhadores. Para tanto, dizemos desde já, que não nos serve um marxismo acadêmico, que se fecha nas salas de aulas e não busca nem prática nem teoricamente chegar até a população.
É nesse sentido que, como um grupo de mulheres classistas, viemos defender a incorporação de uma disciplina ou núcleo de discussão sobre a questão da mulher desde uma perspectiva marxista na grade curricular, que como já apontamos é a perspectiva que trata o problema da opressão da mulher de forma mais real, concreta e radical (no sentido de ir às raízes). Chamamos todas/os estudantes presentes nesse encontro a debater estas propostas e levá-las para discussão em outros fóruns, como da ABEPSS, e principalmente para suas faculdades.
Serviço Social na USP já!
Hoje a USP oferece nos campus da Zona Leste, um curso de Gestão de Políticas Públicas, com a intenção de formar técnicos para gerir as políticas governamentais e extraindo uma parte de nosso curso, sem oferecê-lo por completo. Achamos um absurdo que um dito Centro de Excelência como a USP não ofereça o curso de Serviço Social, que na maior capital do país não exista nenhum curso de Serviço Social oferecido por uma universidade pública. Isso mais uma vez demonstra que há uma crescente divisão entre aqueles cursos oferecidos para os que vão pensar, e para os que irão executar. Por isso achamos que é necessário travarmos uma batalha para que o curso seja oferecido na USP, com um currículo pleno, que seja discutido e formulado democraticamente com o conjunto dos estudantes!
Os estudantes de Serviço Social na luta com os trabalhadores da fábrica Zanon
Por Livia Barbosa e Fernanda Figueira, assistentes sociais
A fábrica de cerâmica Zanon, localizada em Neuquén, no sul da Argentina ganhou projeção nacional e internacional não por acaso. Assim como hoje, o cenário naquele período era de uma intensa crise do sistema capitalista, já dando indícios de como está se esgotando esse modo de produção. Uma fábrica que funciona sob controle operário representa hoje um exemplo real de como os trabalhadores podem ter o poder em suas próprias mãos, de forma independente da burguesia e dos governos, combatendo diretamente o ataque que sofrem cotidianamente, numa verdadeira luta operária em conjunto com os estudantes, professores, intelectuais, trabalhadores e trabalhadoras empregados e desempregados da cidade, em resistência à barbárie inerente ao sistema capitalista.
Para nós, estudantes de Serviço Social, que muitas vezes nos afogamos em crises e indagações acerca dos “limites e possibilidades” do nosso curso, e todas as contradições que permeiam nosso cotidiano profissional, temos um grande exemplo a seguir. Os universitários de Neuquén, em especial os estudantes de Serviço Social, tiveram um importante papel em todo o processo de Zanon. Com o acirramento da crise, agravaram-se os problemas sociais enfrentados pela classe trabalhadora, como alcoolismo, casos de drogadição com os filhos jovens dos operários, assim como casos de violência contra mulheres. Os estudantes, de forma estratégica, mostraram como todas essas questões advinham de uma questão muito maior, chamada capitalismo. Era importante colocar a discussão num âmbito muito maior, e não em uma perspectiva domiciliar ou individual.
Há oito anos, sem qualquer tipo de ajuda dos governos, Zanon prova que é possível um outro sistema de produção, onde existe a redução da jornada de trabalho com o aumento de salários, crescimento de postos de trabalho e grande redução no número de acidentes. E a nós, estudantes de Serviço Social, nos cabe questionarmos e responder qual o papel cumpriremos em momentos determinantes como este. Nós do Pão e Rosas chamamos as estudantes de Serviço Social a não serem reprodutoras da lógica capitalista seguindo o perfil que querem nos impor, mas sim lutarmos por uma verdadeira aliança operário-estudantil!
A fábrica de cerâmica Zanon, localizada em Neuquén, no sul da Argentina ganhou projeção nacional e internacional não por acaso. Assim como hoje, o cenário naquele período era de uma intensa crise do sistema capitalista, já dando indícios de como está se esgotando esse modo de produção. Uma fábrica que funciona sob controle operário representa hoje um exemplo real de como os trabalhadores podem ter o poder em suas próprias mãos, de forma independente da burguesia e dos governos, combatendo diretamente o ataque que sofrem cotidianamente, numa verdadeira luta operária em conjunto com os estudantes, professores, intelectuais, trabalhadores e trabalhadoras empregados e desempregados da cidade, em resistência à barbárie inerente ao sistema capitalista.
Para nós, estudantes de Serviço Social, que muitas vezes nos afogamos em crises e indagações acerca dos “limites e possibilidades” do nosso curso, e todas as contradições que permeiam nosso cotidiano profissional, temos um grande exemplo a seguir. Os universitários de Neuquén, em especial os estudantes de Serviço Social, tiveram um importante papel em todo o processo de Zanon. Com o acirramento da crise, agravaram-se os problemas sociais enfrentados pela classe trabalhadora, como alcoolismo, casos de drogadição com os filhos jovens dos operários, assim como casos de violência contra mulheres. Os estudantes, de forma estratégica, mostraram como todas essas questões advinham de uma questão muito maior, chamada capitalismo. Era importante colocar a discussão num âmbito muito maior, e não em uma perspectiva domiciliar ou individual.
Há oito anos, sem qualquer tipo de ajuda dos governos, Zanon prova que é possível um outro sistema de produção, onde existe a redução da jornada de trabalho com o aumento de salários, crescimento de postos de trabalho e grande redução no número de acidentes. E a nós, estudantes de Serviço Social, nos cabe questionarmos e responder qual o papel cumpriremos em momentos determinantes como este. Nós do Pão e Rosas chamamos as estudantes de Serviço Social a não serem reprodutoras da lógica capitalista seguindo o perfil que querem nos impor, mas sim lutarmos por uma verdadeira aliança operário-estudantil!
sábado, 18 de julho de 2009
Racismo e opressão no governo italiano
Por Marina Fuser*
Novos escândalos colocam o primeiro-ministro italiano de volta ao centro da cena midiática. Proprietário de uma das mais influentes emissoras televisivas do país, o milionário Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, é pressionado a responder publicamente por sua conduta. Sua fama internacional já não ia muito bem quando cometeu a “indelicadeza” de se referir ao recém-eleito presidente estadounidense Barack Obama como “jovem, bonito e bronzeado”, num comentário abertamente racista do “Cavaliere”[1]. Mas a maior expressão de sua conduta anti-operária foi a ratificação do projeto de lei de segurança que considera a imigração irregular como um crime, tendo passado por 157 votos a favor, 124 contra e 3 abstenções, permitindo inclusive a prisão dos imigrantes por até 4 anos. E segue, da maneira que pode, disseminando a ideologia racista e opressora em diversos âmbitos de sua vida pública.
Machismo e insinuações: Berlusconi numa “saia-justa”
Um escândalo envolvendo prostitutas e muito dinheiro em suas festas privadas chocou o país, com a publicação de fotos e videos, bem como a confirmaçãoo de pelo menos quatro prostitutas, que alegam ter frequentado festas em seus palácios Grazioli e Villa Certosa. A opinião pública se encheu de moralismo, mas essa não foi a primeira expressão das relações opressivas de Berlusconi. Logo em sua primeira campanha, teve o mérito de sugerir a uma jovem trabalhadora precarizada que a melhor solução para melhorar sua qualidade de vida seria “encontrar um homem rico para casar, como o seu filho, por exemplo”[2].
Também, na cidade de L’Aquila, inconformado com a ausência de mulheres cientistas na assembléia da Farmindustria, o premiê vociferou o infeliz comentário: “Que fariam sem as mulheres? São homossexuais? Da próxima vez, trarei-lhes algumas showgirls: maiores de idade, claro”, disse. Cientistas das universidades de Milão, Perugia, Padua e Ferrara justificaram sua ausência como um protesto contra o discurso “inaceitavelmente sexista” do premiê. Cerca de 6.500 mulheres assinaram o chamado ao boicote que incita a ausência de primeira-damas à reuniao da cúpula prevista para julho em L’Aquila.
No início desse ano, uma carta da primeira-dama colocou Berlusconi numa “saia-justa”. O motivo úfoi seu comentário publico dirigido à deputada Maria Carfagna de que “se nao estivesse casado, casaria com ela imediatamente”. Essa foi apenas uma pérola entre outras tantas, mas na quarta-feira seguinte, eis que uma carta da primeira-dama Veronica Berlusconi perfilava na primeira página do jornal La Repubblica, condenando-o de ferir sua dignidade e exigindo um retratamento público por sua conduta inapropriada. A primeira-dama foi cercada de solidariedade pela opiniao pública em geral, por grupos feministas e inclusive por alguns membros da Igreja, como o Cardeal Ersilio Tonini.
Mas foi em abril de 2008 que ocorreu o caso mais emblemático, quando uma declaração de Berlusconi acerca da onda de estupro no país soou como um trovão na opinião pública: O registro de mais de 60 casos de violência sexual em Roma e na Sardenha no mês de março culmina em cerca de 30% a mais do que apontam os índices dos meses anteriores. A maneira “berlusconica” de responder a esse cenário suscitou algumas controvérsias frente à opinião pública: tropas nas ruas. Sobre isso, ele declarou: “Não poderiamos recrutar uma força grande o suficiente para evitar este risco (de estupros). Teriamos de ter tantos soldados nas ruas quanto mulheres bonitas. Não acho que conseguiriamos”.
Abaixo a opressão contra as mulheres disseminada no governo Berlusconi! Abaixo as leis racistas contra os imigrantes!
Na Itália, a opressão e a exploração de trabalhadores dá o tom de um governo abertamente anti-operário, munido de uma ideologia reacionária, machista e racista. A política anti-imigração de Berlusconi coloca em relevo o tratamento que dedica aos extratos mais pauperizados e oprimidos da sociedade, atingindo grande parte da classe trabalhadora. Suas gafes infelizes e a sua conduta abertamente machista são apenas demonstrações da ideologia que está por trás da sua política, que subordina a mulher ao poderio quase medieval do seu senhor. Seu conservadorismo se faz sentir quando Berlusconi fez questao de solicitar que a Declaração dos Direitos Humanos incluisse em sua pauta que “todo indivíduo tem direito a vida, da concepção à morte natural”, tornando evidente a sua intenção de fazer retroceder a legislação italiana, onde o aborto é legal – uma conquista do movimento feminista italiano entre as décadas de 1960 e 1970 que provocou uma diminuição significativa no número de abortos e pôs fim às clinicas clandestinas, segundo a consitucionalista italiana Lorenza Carlassare.
Os suscessivos escândalos envolvendo o primeiro-ministro, mas principalmente sua conduta abertamente anti-operária, tem como pano de fundo a crise internacional do capitalismo, e por isso suscitam respostas contundentes. A opinião pública negativa frente à politica reacionária do governo Berlusconi tem servido de estopim às mobilizaçoes que vêm se fermentando desde o último trimestre do ano passado. O despertar do movimento estudantil italiano em outubro não foi um ato isolado de rebeldia juvenil como gosta de pintar a mídia. Os 15 milhões de trabalhadores que atualmente situam-se abaixo do nível de pobreza tem retomado a tradição de lutas do movimento operário italiano, seguindo o exemplo dos trabalhadores da Alitalia, dos imigrantes e “italianos de segunda geracao”, secundaristas, universitarios e professores que estão na vanguarda da nova onda de manifestações que incendeia o cenário italiano. Os sucessivos escândalos envolvendo as mulheres têm repercutido negativamente, e aparentemente as feministas, até entao adormecidas em suas respectivas ONG’s e partidos amorfos geralmente ligados à patronal, começam a dar indícios de que estão se despertanto. O boicote do G8 foi uma primeira tentativa, ainda que pouco crítica e de carater burguês (ao passo que depositam ilusões nas instâncias representativas da alta cupula do capitalismo mundial). Por isso, está em voga a necessidade de uma articulação independente entre mulheres e homens trabalhadores, imigrantes, professores e estudantes em torno de uma plataforma comum de reivindicações, que coloque em xeque a política de Berlusconi, que elucida o hiato entre a exploraçao e a opressão daqueles que fazem e refazem a Itália todos os dias.
Pela revogação imediata da lei anti-imigrantes!
Não ao machismo e a opressão disseminados pelo governo Berlusconi!
Que a crise seja paga pelos capitalistas!
Marina Fuser é integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas
[1] “Cavaliere” – apelido de Berlusconi., que significa “cavaleiro”, uma alusao aos cavaleiros guerreiros e proprietarios de terras do periodo medieval.
[2] Fonte: http://jornal.publico.clix.pt/ , p.15.
Novos escândalos colocam o primeiro-ministro italiano de volta ao centro da cena midiática. Proprietário de uma das mais influentes emissoras televisivas do país, o milionário Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, é pressionado a responder publicamente por sua conduta. Sua fama internacional já não ia muito bem quando cometeu a “indelicadeza” de se referir ao recém-eleito presidente estadounidense Barack Obama como “jovem, bonito e bronzeado”, num comentário abertamente racista do “Cavaliere”[1]. Mas a maior expressão de sua conduta anti-operária foi a ratificação do projeto de lei de segurança que considera a imigração irregular como um crime, tendo passado por 157 votos a favor, 124 contra e 3 abstenções, permitindo inclusive a prisão dos imigrantes por até 4 anos. E segue, da maneira que pode, disseminando a ideologia racista e opressora em diversos âmbitos de sua vida pública.
Machismo e insinuações: Berlusconi numa “saia-justa”
Um escândalo envolvendo prostitutas e muito dinheiro em suas festas privadas chocou o país, com a publicação de fotos e videos, bem como a confirmaçãoo de pelo menos quatro prostitutas, que alegam ter frequentado festas em seus palácios Grazioli e Villa Certosa. A opinião pública se encheu de moralismo, mas essa não foi a primeira expressão das relações opressivas de Berlusconi. Logo em sua primeira campanha, teve o mérito de sugerir a uma jovem trabalhadora precarizada que a melhor solução para melhorar sua qualidade de vida seria “encontrar um homem rico para casar, como o seu filho, por exemplo”[2].
Também, na cidade de L’Aquila, inconformado com a ausência de mulheres cientistas na assembléia da Farmindustria, o premiê vociferou o infeliz comentário: “Que fariam sem as mulheres? São homossexuais? Da próxima vez, trarei-lhes algumas showgirls: maiores de idade, claro”, disse. Cientistas das universidades de Milão, Perugia, Padua e Ferrara justificaram sua ausência como um protesto contra o discurso “inaceitavelmente sexista” do premiê. Cerca de 6.500 mulheres assinaram o chamado ao boicote que incita a ausência de primeira-damas à reuniao da cúpula prevista para julho em L’Aquila.
No início desse ano, uma carta da primeira-dama colocou Berlusconi numa “saia-justa”. O motivo úfoi seu comentário publico dirigido à deputada Maria Carfagna de que “se nao estivesse casado, casaria com ela imediatamente”. Essa foi apenas uma pérola entre outras tantas, mas na quarta-feira seguinte, eis que uma carta da primeira-dama Veronica Berlusconi perfilava na primeira página do jornal La Repubblica, condenando-o de ferir sua dignidade e exigindo um retratamento público por sua conduta inapropriada. A primeira-dama foi cercada de solidariedade pela opiniao pública em geral, por grupos feministas e inclusive por alguns membros da Igreja, como o Cardeal Ersilio Tonini.
Mas foi em abril de 2008 que ocorreu o caso mais emblemático, quando uma declaração de Berlusconi acerca da onda de estupro no país soou como um trovão na opinião pública: O registro de mais de 60 casos de violência sexual em Roma e na Sardenha no mês de março culmina em cerca de 30% a mais do que apontam os índices dos meses anteriores. A maneira “berlusconica” de responder a esse cenário suscitou algumas controvérsias frente à opinião pública: tropas nas ruas. Sobre isso, ele declarou: “Não poderiamos recrutar uma força grande o suficiente para evitar este risco (de estupros). Teriamos de ter tantos soldados nas ruas quanto mulheres bonitas. Não acho que conseguiriamos”.
Abaixo a opressão contra as mulheres disseminada no governo Berlusconi! Abaixo as leis racistas contra os imigrantes!
Na Itália, a opressão e a exploração de trabalhadores dá o tom de um governo abertamente anti-operário, munido de uma ideologia reacionária, machista e racista. A política anti-imigração de Berlusconi coloca em relevo o tratamento que dedica aos extratos mais pauperizados e oprimidos da sociedade, atingindo grande parte da classe trabalhadora. Suas gafes infelizes e a sua conduta abertamente machista são apenas demonstrações da ideologia que está por trás da sua política, que subordina a mulher ao poderio quase medieval do seu senhor. Seu conservadorismo se faz sentir quando Berlusconi fez questao de solicitar que a Declaração dos Direitos Humanos incluisse em sua pauta que “todo indivíduo tem direito a vida, da concepção à morte natural”, tornando evidente a sua intenção de fazer retroceder a legislação italiana, onde o aborto é legal – uma conquista do movimento feminista italiano entre as décadas de 1960 e 1970 que provocou uma diminuição significativa no número de abortos e pôs fim às clinicas clandestinas, segundo a consitucionalista italiana Lorenza Carlassare.
Os suscessivos escândalos envolvendo o primeiro-ministro, mas principalmente sua conduta abertamente anti-operária, tem como pano de fundo a crise internacional do capitalismo, e por isso suscitam respostas contundentes. A opinião pública negativa frente à politica reacionária do governo Berlusconi tem servido de estopim às mobilizaçoes que vêm se fermentando desde o último trimestre do ano passado. O despertar do movimento estudantil italiano em outubro não foi um ato isolado de rebeldia juvenil como gosta de pintar a mídia. Os 15 milhões de trabalhadores que atualmente situam-se abaixo do nível de pobreza tem retomado a tradição de lutas do movimento operário italiano, seguindo o exemplo dos trabalhadores da Alitalia, dos imigrantes e “italianos de segunda geracao”, secundaristas, universitarios e professores que estão na vanguarda da nova onda de manifestações que incendeia o cenário italiano. Os sucessivos escândalos envolvendo as mulheres têm repercutido negativamente, e aparentemente as feministas, até entao adormecidas em suas respectivas ONG’s e partidos amorfos geralmente ligados à patronal, começam a dar indícios de que estão se despertanto. O boicote do G8 foi uma primeira tentativa, ainda que pouco crítica e de carater burguês (ao passo que depositam ilusões nas instâncias representativas da alta cupula do capitalismo mundial). Por isso, está em voga a necessidade de uma articulação independente entre mulheres e homens trabalhadores, imigrantes, professores e estudantes em torno de uma plataforma comum de reivindicações, que coloque em xeque a política de Berlusconi, que elucida o hiato entre a exploraçao e a opressão daqueles que fazem e refazem a Itália todos os dias.
Pela revogação imediata da lei anti-imigrantes!
Não ao machismo e a opressão disseminados pelo governo Berlusconi!
Que a crise seja paga pelos capitalistas!
Marina Fuser é integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas
[1] “Cavaliere” – apelido de Berlusconi., que significa “cavaleiro”, uma alusao aos cavaleiros guerreiros e proprietarios de terras do periodo medieval.
[2] Fonte: http://jornal.publico.clix.pt/ , p.15.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Por Manoela gritamos: queremos nosso direito à maternidade!
Por Diana Assunção e Clarissa Menezes*
Os últimos meses no Brasil foram de grande avanço nas diferentes formas de violência contra as mulheres. Tendo como pano de fundo uma situação econômica aparentemente mais estável em nosso país, vimos um bebê de 8 meses e uma jovem de 16 anos serem vítimas de uma bala perdida em Paraisópolis, bala que por orientação médica segue no peito da jovem. Vimos uma nova onda de estupros em diferentes estados, como no Espírito Santo e os recorrentes casos de assassinatos a mulheres “apenas por serem mulheres”, como em Minas Gerais. Em Salvador, vimos o escandaloso número de 8 casos por dia de violência contra mulheres dentro de suas casas. Vimos no Mato Grosso do Sul o Superior Tribunal de Justiça considerar que não é crime de exploração sexual a prostituição de crianças, abrindo um enorme precedente para a violência infantil. E vimos até a Lei Maria da Penha, destinada a combater a violência contra as mulheres, ser aplicada a uma mulher. Nesse cenário aterrorizante, que expressa o que o capitalismo reserva às mulheres, o caso da jovem Manoela da Costa é emblemático.
“Fernando Magalhães, 476 e 460”
Esses foram os escritos que o médico José Roberto Tisi Ferraz rabiscou no braço de Manoela após ela ter ido ao Hospital Miguel Couto, no Leblon, Rio de Janeiro, com fortes dores. "O médico pegou no meu braço, caminhou comigo no corredor, fez o toque em mim e escutou o neném. Ele disse que o coração estava batendo muito fraco e me deu remédio para a dor. Pensei que fosse me atender, mas ele escreveu aquilo no meu braço”, relatou Manoela para um jornal local. Quando chegou no endereço indicado pelo médico, foi atendida, mas seu bebê já estava morto. O médico alegou que escreveu no braço dela porque não tinha papel, e que já tinha medicado a paciente e a liberado para ir para casa.
Numa sociedade que criminaliza aquelas mulheres que querem decidir sobre seu próprio corpo, e condenam à morte as trabalhadoras e pobres que recorrem à clandestinidade do aborto, nos deparamos também com a impossibilidade de muitas mulheres brasileiras terem o seu direito elementar à maternidade. Dos casos de perseguição dos patrões às mulheres para que não engravidem, até omissão médica no atendimento a gestantes, o Brasil tem sido palco de situações cruéis para as mulheres. E no caso de Manoela, não se trata apenas da omissão de um médico, mas de um sistema de saúde para poucos, um sistema de saúde que é parte de uma sociedade onde a saúde do povo e dos trabalhadores não vale o mesmo que a dos grandes empresários, dos patrões e dos políticos corruptos...
Um bebê assassinado pelo capitalismo
O sistema patriarcal, um dos pilares do capitalismo, nos diz que as mulheres ocupam um posto central no núcleo familiar. Somos nós mulheres as principais responsáveis pela reprodução dos seres humanos, e por isso em tempos antigos fomos consideradas como seres “sagrados”. Hoje, ao contrário disso, o que é sagrado é a necessidade de manter a ordem da sociedade que é dividida em classes e que necessita portanto de uma maneira de organização que permita assegurar a propriedade privada. O casamento como um contrato, a família como forma de enclausurar as mulheres diante das tarefas domésticas, a monogamia obrigatória para as mulheres, a herança para perpetuar o domínio das novas gerações... Tudo está profundamente relacionado com o sistema patriarcal, que ressalta a superioridade dos homens nas relações pessoais, sociais e econômicas.
Como consequência de uma sociedade que naturaliza a mulher apenas como reprodutora e ligada aos afazeres domésticos, cria-se um grupo subordinado socialmente, que está sujeito às piores humilhações e repressões. São as mulheres as que vêem seus corpos serem enxergados como objetos em propagandas abusivas na televisão, ou até mesmo utilizados “como papel” pra escrever o endereço de um hospital, como no caso de Manoela. E por tudo isso, desde criança aprendemos que devemos crescer, estudar, conseguir um marido e por fim chegar ao objetivo único da vida das mulheres: ser mãe. Mas aí o capitalismo apresenta suas contradições... nos dizem para ser mães, mas às mulheres trabalhadoras, pobres e negras não nos dão o direito à maternidade. Manuela não teve esse direito assegurado, se deparou com a omissão de um médico que representa nada mais do que o descaso do sistema público de saúde, e teve seu bebê morto por não ter acesso ao atendimento médico necessário. A morte do bebê de Manoela é subproduto de um sistema onde uma minoria tem acesso à saúde e à educação de qualidade, e onde uma grande maioria segue sucumbindo diante de tanta miséria e opressão. Por isso nós dizemos: o bebê de Manoela foi assassinado pelo capitalismo.
Por que gritar por Manoela?
Hoje gritamos por Manoela para que sejam ouvidos os nomes de todas as mulheres que sofrem com as mazelas desse sistema em que vivemos, onde nossas vidas não valem nada. Seu bebê morreu e as campanhas da Igreja “em defesa da vida” não abriram a boca. Os governos tampouco se preocuparam muito com essa situação. Por isso, acreditamos que seja fundamental que as mulheres se organizem de forma independente, ao lado das organizações políticas da classe trabalhadora, de direitos humanos e estudantis, exigindo a punição de todos os responsáveis pela omissão médica, mas principalmente se organizando na luta por mais verbas para a saúde, contras as fundações, mediante a suspensão do pagamento das dívidas interna e externa e mediante impostos às grandes fortunas, como a dos políticos que vêm fazendo festa no Senado brasileiro. Lutamos pela estatização sem indenização de todos os hospitais, clínicas e laboratórios privados, a serviço dos interesses da população. Por um verdadeiro plano de obras públicas que garanta a construção de hospitais e postos de saúde, num sistema único, gratuito e público financiado pelo Estado e controlado pelos trabalhadores e trabalhadoras. Pela licença maternidade de 1 ano e por creches 24 horas em todos os locais de trabalho, bairros e universidades. Só assim será possível impôr uma saída de fundo, lutando pelo nosso verdadeiro direito à maternidade.
*Diana Assunção é dirigente da LER-QI e trabalhadora da USP. Clarissa Menezes é militante da LER-QI e mestranda da UFRJ. Ambas integram o grupo de mulheres Pão e Rosas.
Os últimos meses no Brasil foram de grande avanço nas diferentes formas de violência contra as mulheres. Tendo como pano de fundo uma situação econômica aparentemente mais estável em nosso país, vimos um bebê de 8 meses e uma jovem de 16 anos serem vítimas de uma bala perdida em Paraisópolis, bala que por orientação médica segue no peito da jovem. Vimos uma nova onda de estupros em diferentes estados, como no Espírito Santo e os recorrentes casos de assassinatos a mulheres “apenas por serem mulheres”, como em Minas Gerais. Em Salvador, vimos o escandaloso número de 8 casos por dia de violência contra mulheres dentro de suas casas. Vimos no Mato Grosso do Sul o Superior Tribunal de Justiça considerar que não é crime de exploração sexual a prostituição de crianças, abrindo um enorme precedente para a violência infantil. E vimos até a Lei Maria da Penha, destinada a combater a violência contra as mulheres, ser aplicada a uma mulher. Nesse cenário aterrorizante, que expressa o que o capitalismo reserva às mulheres, o caso da jovem Manoela da Costa é emblemático.
“Fernando Magalhães, 476 e 460”
Esses foram os escritos que o médico José Roberto Tisi Ferraz rabiscou no braço de Manoela após ela ter ido ao Hospital Miguel Couto, no Leblon, Rio de Janeiro, com fortes dores. "O médico pegou no meu braço, caminhou comigo no corredor, fez o toque em mim e escutou o neném. Ele disse que o coração estava batendo muito fraco e me deu remédio para a dor. Pensei que fosse me atender, mas ele escreveu aquilo no meu braço”, relatou Manoela para um jornal local. Quando chegou no endereço indicado pelo médico, foi atendida, mas seu bebê já estava morto. O médico alegou que escreveu no braço dela porque não tinha papel, e que já tinha medicado a paciente e a liberado para ir para casa.
Numa sociedade que criminaliza aquelas mulheres que querem decidir sobre seu próprio corpo, e condenam à morte as trabalhadoras e pobres que recorrem à clandestinidade do aborto, nos deparamos também com a impossibilidade de muitas mulheres brasileiras terem o seu direito elementar à maternidade. Dos casos de perseguição dos patrões às mulheres para que não engravidem, até omissão médica no atendimento a gestantes, o Brasil tem sido palco de situações cruéis para as mulheres. E no caso de Manoela, não se trata apenas da omissão de um médico, mas de um sistema de saúde para poucos, um sistema de saúde que é parte de uma sociedade onde a saúde do povo e dos trabalhadores não vale o mesmo que a dos grandes empresários, dos patrões e dos políticos corruptos...
Um bebê assassinado pelo capitalismo
O sistema patriarcal, um dos pilares do capitalismo, nos diz que as mulheres ocupam um posto central no núcleo familiar. Somos nós mulheres as principais responsáveis pela reprodução dos seres humanos, e por isso em tempos antigos fomos consideradas como seres “sagrados”. Hoje, ao contrário disso, o que é sagrado é a necessidade de manter a ordem da sociedade que é dividida em classes e que necessita portanto de uma maneira de organização que permita assegurar a propriedade privada. O casamento como um contrato, a família como forma de enclausurar as mulheres diante das tarefas domésticas, a monogamia obrigatória para as mulheres, a herança para perpetuar o domínio das novas gerações... Tudo está profundamente relacionado com o sistema patriarcal, que ressalta a superioridade dos homens nas relações pessoais, sociais e econômicas.
Como consequência de uma sociedade que naturaliza a mulher apenas como reprodutora e ligada aos afazeres domésticos, cria-se um grupo subordinado socialmente, que está sujeito às piores humilhações e repressões. São as mulheres as que vêem seus corpos serem enxergados como objetos em propagandas abusivas na televisão, ou até mesmo utilizados “como papel” pra escrever o endereço de um hospital, como no caso de Manoela. E por tudo isso, desde criança aprendemos que devemos crescer, estudar, conseguir um marido e por fim chegar ao objetivo único da vida das mulheres: ser mãe. Mas aí o capitalismo apresenta suas contradições... nos dizem para ser mães, mas às mulheres trabalhadoras, pobres e negras não nos dão o direito à maternidade. Manuela não teve esse direito assegurado, se deparou com a omissão de um médico que representa nada mais do que o descaso do sistema público de saúde, e teve seu bebê morto por não ter acesso ao atendimento médico necessário. A morte do bebê de Manoela é subproduto de um sistema onde uma minoria tem acesso à saúde e à educação de qualidade, e onde uma grande maioria segue sucumbindo diante de tanta miséria e opressão. Por isso nós dizemos: o bebê de Manoela foi assassinado pelo capitalismo.
Por que gritar por Manoela?
Hoje gritamos por Manoela para que sejam ouvidos os nomes de todas as mulheres que sofrem com as mazelas desse sistema em que vivemos, onde nossas vidas não valem nada. Seu bebê morreu e as campanhas da Igreja “em defesa da vida” não abriram a boca. Os governos tampouco se preocuparam muito com essa situação. Por isso, acreditamos que seja fundamental que as mulheres se organizem de forma independente, ao lado das organizações políticas da classe trabalhadora, de direitos humanos e estudantis, exigindo a punição de todos os responsáveis pela omissão médica, mas principalmente se organizando na luta por mais verbas para a saúde, contras as fundações, mediante a suspensão do pagamento das dívidas interna e externa e mediante impostos às grandes fortunas, como a dos políticos que vêm fazendo festa no Senado brasileiro. Lutamos pela estatização sem indenização de todos os hospitais, clínicas e laboratórios privados, a serviço dos interesses da população. Por um verdadeiro plano de obras públicas que garanta a construção de hospitais e postos de saúde, num sistema único, gratuito e público financiado pelo Estado e controlado pelos trabalhadores e trabalhadoras. Pela licença maternidade de 1 ano e por creches 24 horas em todos os locais de trabalho, bairros e universidades. Só assim será possível impôr uma saída de fundo, lutando pelo nosso verdadeiro direito à maternidade.
*Diana Assunção é dirigente da LER-QI e trabalhadora da USP. Clarissa Menezes é militante da LER-QI e mestranda da UFRJ. Ambas integram o grupo de mulheres Pão e Rosas.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Honduras: Imagens da repressão e da luta
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Pão e Rosas grita: Basta de repressão às mulheres e ao povo trabalhador de Honduras! Não ao golpe e nenhuma negociação com os golpistas!
Às mulheres em luta, ao povo trabalhador de Honduras e a todos os que hoje se mobilizam na América Latina e no mundo, queremos expressar nosso forte repúdio ao golpe em Honduras e ao Estado de Sítio decretado pelo governo golpista de Micheletti. Foi com a ajuda dos orgãos do governo, das Igrejas e dos meios de comunicação que setores da burguesia hondurenha puderam impor este golpe. É preciso esclarecer, também, que a interferência da OEA (dirigida pelo imperialismo norte-americano) vai no sentido de negociar com os golpistas “uma saída para a crise política”, que significa nada mais do que reestabelecer o regime anterior, que garantirá o poder para a classe dominante e a impunidade aos golpistas. Queremos repudiar também, com todas nossas forças, a brutal repressão ao povo hondurenho que lutava pacificamente no aeroporto de Toncontin na última segunda-feira. Não é possível acreditar nas negociações e diálogos da OEA com os golpistas, responsáveis pela morte de dois jovens durante essa repressão.
Nós, mulheres do Pão e Rosas, queremos fazer parte da mais ampla mobilização em nosso continente, chamando todos e todas a confiar apenas em nossas próprias forças para derrotar esse golpe. É necessário redobrar a mobilização independente para exigir punição aos golpistas assassinos. Por isso, queremos que nossos gritos se somem às vozes das mulheres e do povo trabalhador de Honduras: Abaixo o golpe e o estado de sítio! Nenhuma negociação com os golpistas! Liberdade imediata a todos os presos e presas! Greve geral até que caiam os golpistas! Fora o imperialismo de Honduras!
Pão e Rosas Brasil
Nós, mulheres do Pão e Rosas, queremos fazer parte da mais ampla mobilização em nosso continente, chamando todos e todas a confiar apenas em nossas próprias forças para derrotar esse golpe. É necessário redobrar a mobilização independente para exigir punição aos golpistas assassinos. Por isso, queremos que nossos gritos se somem às vozes das mulheres e do povo trabalhador de Honduras: Abaixo o golpe e o estado de sítio! Nenhuma negociação com os golpistas! Liberdade imediata a todos os presos e presas! Greve geral até que caiam os golpistas! Fora o imperialismo de Honduras!
Pão e Rosas Brasil
8 de julho de 2009
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Não ao golpe em Honduras! Repúdio ao assassinato de 2 jovens hondurenhos!
Fotos da manifestação em frente ao Consulado de Honduras em São Paulo na última sexta-feira. Luciana Machado, estudante de Letras da USP e integrante do Pão e Rosas interviu no ato expressando o repúdio do grupo de mulheres Pão e Rosas, composto por militantes da LER-QI e independentes, ao golpe em Honduras, assim como nossa solidariedade às mulheres, aos trabalhadores e ao povo hondurenho. Não ao golpe em Honduras! Repúdio ao assassinato dos dois jovens hondurenhos! Solidariedade com as mulheres do povo de Honduras!
Somos todas Marcelo Campos.
Aos 40 anos da Batalha de Stonewall, quando homossexuais se enfrentaram com a polícia de Nova Iorque, Marcelo Campos Barros, trabalhador, jovem, negro e homossexual, é assassinado por um grupo de extrema direita em São Paulo. Nós, mulheres do Pão e Rosas, rechaçamos seu assassinato e exigimos a punição de todos os assassinos. Lutamos contra essa sociedade de exploração e opressão, que obriga homossexuais a ocultar sua identidade e seus desejos. Abaixo a violência homofóbica e racista! Abaixo a violência policial! Pelo direito à livre orientação sexual!
Video: Grande debate com Prof. Jorge Luiz Souto Maior e Claudionor Brandão sobre terceirização
Com cerca de 200 pessoas, entre trabalhadores e estudantes, o Comando de Greve dos trabalhadores da USP realizou um importante debate contra a terceirização do trabalho. Diana Assunção, trabalhadora da USP e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas coordenou a atividade, cuja mesa foi composta pelo Prof. Jorge Luiz Souto Maior, da Faculdade de Direito da USP e Juiz do Trabalho, e Claudionor Brandão, dirigente da LER-QI e diretor do Sintusp.
Diana Assunção, do Pão e Rosas e o Prof. Jorge Luiz Souto Maior
Souto Maior falou contra o “senso comum” de que hoje a terceirização é um processo do qual os trabalhadores devem se “adaptar” ou ainda “aceitar”, e que nada pode ser feito contra isso. “Esse momento da greve é um momento importante pra parar de considerar a terceirização como normal. Eu me sinto um pouco responsável por essas coisas que tem acontecido, porque fui várias vezes lá no Sintusp e falei pras pessoas no sindicato que precisamos olhar para os trabalhadores terceirizados porque eles fazem parte do nosso contexto. E acabou que o Brandão foi intimado com processos administrativos sendo que um deles foi porque ele estava defendendo os interesses dos terceirizados” e continuou “O parecer posto no processo (...) diz que ele estava lidando com os interesses de pessoas ‘estranhas’ à universidade, ou seja, os terceirizados são estranhos”.
Brandão denunciou como na USP a verba destinada a segurança, em especial as empresas terceirizadas que lucram absurdos com a verba pública, é cinco vezes superior àquela reservada para ensino e pesquisa. Diana Assunção, complementou dizendo que historicamente as mulheres ocupam os piores postos de trabalho, e com a terceirização e precarização não é diferente: "Ambos fênomenos têm rosto de mulher". Dinizete, funcionária do Centro de Saúde Escola Butantã falou sobre a campanha do Pão e Rosas "A terceirização escraviza, humilha, divide", exigindo a efetivação de todas as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados com os mesmos salários e direitos.
Pão e Rosas no Jornal Metro
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Mulheres trabalhadoras da USP fazem ato no último dia da greve
No último dia 30 de junho, as mulheres trabalhadoras da USP fizeram um ato contra a repressão, gritando palavras de ordem como "Abaixo a repressão! PM não!" e também "Sai Suely! Volta Brandão! Aos grevistas nenhuma punição" em alusão a greve que nesta data completava 57 dias. As mulheres finalizaram o ato gritando "Terceirizado tem que ser efetivado! Mulher trabalhadora com seu direito assegurado!" e "Viva a luta das mulheres trabalhadoras!". Durante o ato, foi lido por todas as mulheres o poema que reproduzimos abaixo.
Quem disse que a ditadura acabou? Em plena democracia / Nossa greve é reprimida Pela burocracia / Desta universidade combalida / Lutamos por nossos direitos / E liberdade de expressão / Mas aqui na universidade /Não se pode ter opinião / Lutamos contra a coação / Desses chefes eloqüentes / E contra essa opressão / Respondemos com piquetes / E a Reitora ignorou / A nossa luta principal, / E ao invés de negociar / Mandou a força policial / Força do governo que usam / Por toda a metrópole / Matando negros homossexuais / Reprimindo Paraisópolis / E como se fosse pouco / A luta ficou estreita / Pois tivemos que resistir / Aos ataques da direita / Hoje em dia ainda, / Não se acabou com a tortura / Não se acabou o fascismo / Muito menos a ditadura / Mas não podemos deixar / Que os mau feitores se recuperem / Chega de tanto pesar / Não deixem que regenerem / Basta lembrar o passado / Das mortes dos que lutavam / Dos corpos que foram jogados / Por terem assim protestado / Não da para ignorar / Os filhotes da ditadura / Vamos todos enfrentar / Com fervor e com bravura / E mulheres no poder / Como a senhora Suely / Não mudam a situação / De nossa opressão e exploração / Como muitas vezes na história / As mulheres trabalhadoras / Nas lutas, nas greves e vitórias / Se mostraram verdadeiras lutadoras. Não passarão, não passarão, não passarão!
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Honduras: "Sim, é possível, com greves e piquetes, os golpistas retrocedem!"
No último domingo, o parlamento hondurenho ao lado da Corte Suprema, do exército e das Igrejas deram um golpe de Estado. As notícias voaram através de emails, videos caseiros publicados no Youtube e nas redes sociais que, neste caso, agradecemos por existirem. Rapidamente, a agrupação de mulheres Pan y Rosas - Argentina emitiu um comunicado de repúdio ao golpe e em solidariedade às mulheres e a todo povo de Honduras e essa foi a ponte para conhecermos as feministas centroamericanas que se encontram por lá, em Tegucigalpa e em outras cidades do país, bloqueando estradas, mobilizando-se.
Assim conhecemos Jéssica que nos disse estar interessada em difundir o que passa por lá, mas que naquele momento estava muito cansada. Nos pediu desculpa e disse que no dia seguinte poderiamos tentar algum contato. Isso porque durante todo o dia ficou sem eletricidade: sem explicações sua luz foi cortada, a única de toda a vizinhança, mas finalmente "uns companheiros da ENEE", os trabalhadores da empresa nacional de energia elétrica, religaram sua luz. Mesmo assim, há o forte ruído dos aviões militares no céu de Tegucigalpa, que talvez não permita que ela durma. Jéssica integra a Rede de Mulheres Comitzahual e também a Rede de Escritoras Feministas, mas hoje, como todas as feministas hondurenhas formam um só Movimento de Feministas em Resistência.
Jéssica, felizmente, pôde voltar a conectar-se no dia seguinte e o primeiro que quis denunciar foi que os meios de comunicação "nos deixam bloqueados porque a maioria pertence à classe social política responsável pelo golpe de Estado". Confiscaram as câmeras da equipe da Telesur no último dia 29 de junho, "prendendo e socando a repórter e os câmeras que a acompanhavam", nos disse. Enquanto isso, nossa amiga Daniela, desde El Salvador, nos informa que desalojaram o piquete de mais de 4 mil pessoas onde se encontra um dirigente sindical amigo seu; que tiveram feridos, mas que voltariam no dia seguinte, dispostos a "tomar as ruas". Jéssica, em Tegucigalpa, também tem informação sobre este piquete "gigante": "os militares agrediram as pessoas que estavam na ocupação da ponte de El Progreso e tiveram 20 feridos, três deles em estado grave". Segundo nos informou, houveram 32 bloqueios de estradas em todo o país, mas a CNN está somente em Tegucigalpa e não transmite nada sobre o que está ocorrendo nas ruas bloqueadas pelas manifestações.
Os meios tampouco dizem que a greve, segundo diz nossa amiga hondureña, "segue em pé, muitos comércio estão fechados e agora se somaram à greve os professores e professoras. Vale destacar que a maioria dos professores, cerca de 80% são mulheres" e agrega, "em Tegucigalpa, San Pedro Sula, Intibucá, El Progreso, resumindo em 16 dos 18 departamentos do país houveram manifestações de todo o tipo". Perguntei a ele se estas ações são organizadas ou espontâneas, o qual me responde que: "É uma combinação das duas coisas, as organizações tem chamado sua gente, mas também o povo, homens e mulheres tem saído às ruas. A CNN, ao contrário, somente mostrou a manifestação em Tegucigalpa a favor de Micheletti, pois é fácil fazer isso quando este tipo de manifestação conta com o apoio do exército, enquanto nós na outra manifestação estávamos sendo atacadas com bombas lacrimogêneas, gases que deixavam manchas vermelhas no corpo, além de socos e prisões. Houve uma companheira muita ferida que estava no hospital e saiu de lá ontem. As pessoas da manifestação de Micheletti iam com cartazes em inglês, nossos cartazes eram em espanhol da região, algumas vezes mal escrito e também vale lembrar que não temos camisas de seda branca como uniforme, vamos com o que temos", nos disse em alusão ao chamativo uniforme dos manifestantes pró-golpistas. Também denuncia que uma companheira de San Pedro Sula "nos expressou que na manifestação só estão deixando entrar pessoas nativas", disse referindo-se aos meios de comunicação hondurenhos. Quando perguntei sobre qual foi a resposta do movimento de mulheres e feminista hondurenho, me respondeu sem titubear "Todas contra o golpe! O movimento de mulheres está ativo, lutando em diferentes regiões do país. As feministas e as redes organizadas de mulheres do país temos nos declarado em resistência, também as mulheres camponesas, negras, indígenas, a as que não se consideram feministas estão em luta, no bloqueio das estradas, na resistência". Lhe disse que, entretanto, a CNN tem mostrado Micheletti falando diante da manifestação em seu apoio e agradecendo a "estas valentes mulheres", que o acompanhavam no palco. Jéssica responde indignada: "As 'valentes mulheres' que lamentavelmente também criaram e apresentaram o decreto contra as pílulas anticonceptivas de emergência (PAE) - decreto vetado pelo presidente Zelaya - são parte do setor conservador e oligárquico deste país. A líder do movimento é a presidente da Associação contra o Aborto "Pró-Vida". Elas têm recursos que nós feministas não temos, têm o poder econômico; mas nós temos o poder social e a mobilização de companheiras que não temos medo, que estamos em resistência; pacífica". Mas Jéssica não quer despedir-se sem nos contar uma cena que viu pela Tele Ceiba: "Os militares chegavam a um centro de votação e armados pediam às pessoas a urna. As pessoas não resistiram e lhe deram, mas quando os militares iam saindo, uma mulher agarrou a bandeira de Honduras, cobriu seu corpo com a bandeira e começou a cantar o hino nacional, e os demais passaram a cantar com ela... Foram seguindo o carro dos militares cantando o hino nacional e eles, desconcertados, lhes tiraram a urna com todos os votos. O carro se distanciou e as pessoas ficaram paradas, cantando..."
Enquanto isso, desde o México e a Venezuela, nos chegam saudações de feministas que dizem sentir-se representadas pelo pronunciamento independente do Pan y Rosas - Argentina contra o golpe. Me despedi de Jéssica e lhe disse, incentivando-a "Sim, é possível, com greves e piquetes, os golpistas retrocedem!". Ela me sugeriu que esse podia ser o título da entrevista. Apressei a publicação desta entrevista, para seguir na mobilização, e dizer NÃO ao golpe em Honduras.
PS: Às 17:54, Jéssica me enviou um email: "Andrea, repasse por favor, é urgente: Mulheres, o executivo passou do Congresso à Corte Suprema o Estado de Sítio, esperamos que a qualquer momento seja aprovado, por favor se pronunciem, isto acaba com todas as liberdades constitucionais, liberdade de associação, liberdade de mobilização".
Entrevista feita por Andrea D'Atri, do grupo de mulheres Pan y Rosas - Argentina.
Abaixo a ditadura da Igreja e da Reitoria na PUC-SP! Reincorporação imediata das 4 terceirizadas demitidas!
No mês passado, mulheres terceirizadas do serviço da limpeza da PUC-SP empregadas pela Higilimp, divulgaram uma nota no jornal PUCVIVA denunciando as péssimas condições de trabalho em que se encontravam: recebendo seus benefícios atrasados todos os meses, tendo que tirar dinheiro do próprio bolso para pagar o transporte; se faltam um dia, mesmo apresentando atestado médico, perdem a cesta básica do mês; são obrigadas a fazer suas refeições em um ambiente insalubre com baratas passando no refeitório, onde lhes é oferecido pão mofado para comerem; trabalham com materiais de péssima qualidade, entre outras denúncias.
Porém, nessas últimas semanas, quatro funcionários foram demitidos arbitrariamente pela Higilimp: duas por terem feito a denúncia ao PUCVIVA, uma por ter procurado seu sindicato e um que cumpre aviso prévio. Um dos trabalhadores demitidos, em denúncia ao jornal PUCVIVA retratou uma condição ainda pior: “O auxílio família de várias funcionárias não é pago, mesmo quando os documentos são apresentados e muitos deles somem quando vão para o escritório (...) Quando os funcionários faltam por não terem dinheiro da condução, que é sempre dado com atraso, é descontado o dia (...) As funcionárias são xingadas pela Palmira de nomes como ‘piranha’, ‘galinha’, ‘lerda’, ‘vagabunda’”.
A Reitoria, através do Pró-Reitor Hélio Deliberador, se eximiu de qualquer responsabilidade, com a benção da Fundação São Paulo, o que na verdade só demonstra a conivência da Reitoria com esse tipo de super-exploração do trabalho, reforçando a fala do Reitor Dirceu de Melo sobre a terceirização na última Audiência Pública: “Acho interessante.”
Perguntamos: O que há de interessante no trabalho semi-escravo dentro da nossa Universidade? É então sob o consentimento de Dirceu de Melo e sob a benção da Fundação São Paulo que estas mulheres que reivindicavam o mínino de melhorias condições de trabalho foram demitidas de forma autoritária e sem direito de defesa, com o objetivo claro de calar todos aqueles que querem se organizar para lutar por seus direitos. Perseguição e punição de qualquer trabalhador que tenta se organizar para lutar por melhores condições de trabalho? Voltamos a Ditadura Militar!
Nesse sentido, a pequena demonstração de insatisfação dessas trabalhadoras e trabalhadores se enfrenta com um dos principais problemas da terceirização do trabalho, que é a divisão da classe trabalhadora entre efetivos e terceirizados, dificultando sua organização enquanto classe, enfranquecendo seus métodos de luta diante das ameaças da chefia e deixando seus sindicatos à merce dos interesses da patronal. Portanto, não acreditamos no discurso da Reitoria de que se trata de um problema específico da empresa contratada, já que tanto nós quanto o Reitor sabemos muito bem que a terceirização em si mesma, além de dividir os trabalhadores, não garante as condições mínimas de salubridade e direitos trabalhistas para seu quadro de funcionários, mantendo assim as péssimas condições de trabalho em maior ou menor medida.
Chamamos todas as entidades estudantis da PUC-SP, assim como a APROPUC e a AFAPUC, e também todos estudantes, professores e funcionários efetivos a colocar de pé uma ampla campanha contra a ditadura da Igreja e da Reitoria, pois é por via destas denúncias que os próprios terceirizados pedem a atenção de todos... Não podemos permitir que a exploração da qual os trabalhadores estão passando possa continuar sem resposta da comunidade. É preciso exigir um posicionamento do Reitor, para que ele garanta a suspensão dessas demissões junto à empresa terceirizadora!
Pela suspensão das demissões das funcionárias e funcionários terceirizados que denunciaram suas más condições de trabalho! Trabalho igual, salário igual! Pela incorporação dos terceirizados ao quadro de funcionários efetivos da PUC!
Pão e Rosas PUC-SP
01 de junho de 2009
Porém, nessas últimas semanas, quatro funcionários foram demitidos arbitrariamente pela Higilimp: duas por terem feito a denúncia ao PUCVIVA, uma por ter procurado seu sindicato e um que cumpre aviso prévio. Um dos trabalhadores demitidos, em denúncia ao jornal PUCVIVA retratou uma condição ainda pior: “O auxílio família de várias funcionárias não é pago, mesmo quando os documentos são apresentados e muitos deles somem quando vão para o escritório (...) Quando os funcionários faltam por não terem dinheiro da condução, que é sempre dado com atraso, é descontado o dia (...) As funcionárias são xingadas pela Palmira de nomes como ‘piranha’, ‘galinha’, ‘lerda’, ‘vagabunda’”.
A Reitoria, através do Pró-Reitor Hélio Deliberador, se eximiu de qualquer responsabilidade, com a benção da Fundação São Paulo, o que na verdade só demonstra a conivência da Reitoria com esse tipo de super-exploração do trabalho, reforçando a fala do Reitor Dirceu de Melo sobre a terceirização na última Audiência Pública: “Acho interessante.”
Perguntamos: O que há de interessante no trabalho semi-escravo dentro da nossa Universidade? É então sob o consentimento de Dirceu de Melo e sob a benção da Fundação São Paulo que estas mulheres que reivindicavam o mínino de melhorias condições de trabalho foram demitidas de forma autoritária e sem direito de defesa, com o objetivo claro de calar todos aqueles que querem se organizar para lutar por seus direitos. Perseguição e punição de qualquer trabalhador que tenta se organizar para lutar por melhores condições de trabalho? Voltamos a Ditadura Militar!
Nesse sentido, a pequena demonstração de insatisfação dessas trabalhadoras e trabalhadores se enfrenta com um dos principais problemas da terceirização do trabalho, que é a divisão da classe trabalhadora entre efetivos e terceirizados, dificultando sua organização enquanto classe, enfranquecendo seus métodos de luta diante das ameaças da chefia e deixando seus sindicatos à merce dos interesses da patronal. Portanto, não acreditamos no discurso da Reitoria de que se trata de um problema específico da empresa contratada, já que tanto nós quanto o Reitor sabemos muito bem que a terceirização em si mesma, além de dividir os trabalhadores, não garante as condições mínimas de salubridade e direitos trabalhistas para seu quadro de funcionários, mantendo assim as péssimas condições de trabalho em maior ou menor medida.
Chamamos todas as entidades estudantis da PUC-SP, assim como a APROPUC e a AFAPUC, e também todos estudantes, professores e funcionários efetivos a colocar de pé uma ampla campanha contra a ditadura da Igreja e da Reitoria, pois é por via destas denúncias que os próprios terceirizados pedem a atenção de todos... Não podemos permitir que a exploração da qual os trabalhadores estão passando possa continuar sem resposta da comunidade. É preciso exigir um posicionamento do Reitor, para que ele garanta a suspensão dessas demissões junto à empresa terceirizadora!
Pela suspensão das demissões das funcionárias e funcionários terceirizados que denunciaram suas más condições de trabalho! Trabalho igual, salário igual! Pela incorporação dos terceirizados ao quadro de funcionários efetivos da PUC!
Pão e Rosas PUC-SP
01 de junho de 2009