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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Que os capitalistas paguem pela crise!

Declaração do grupo de mulheres Pao e Rosas (LER-QI + independentes) diante do 1º de maio, onde conformamos o Bloco Classista no ato da Praça da Sé.

Neste 1º de maio, nós do grupo Pão e Rosas saímos às ruas, dando continuidade à luta pelos direitos das mulheres. Assim como declaramos no 8 de março, nada temos a comemorar! Há quase um século atrás, trabalhadoras de Massachusetts, Estados Unidos, numa greve que enfrentou dura repressão da patronal e da polícia, já disseram: “Não pedimos, exigimos nosso direito ao pão, mas também às rosas”.

O capitalismo tem reservado às mulheres trabalhadoras as mais brutais condições de opressão e exploração. Seguimos enfrentando a dupla jornada de trabalho, enquanto o Estado e as empresas não garantem creches, restaurantes e lavanderias gratuitamente. Nossa média salarial segue sendo inferior, mesmo quando exercemos a mesma função – e quando falamos da mulher negra, essa situação é ainda mais gritante. Somos grande parte dos trabalhadores com empregos precários e terceirizados, com salários de miséria, péssimas condições de trabalho e persistente assédio moral. Além de tudo isso, com o desenvolvimento da crise capitalista, muitos lares já vivenciam o desemprego, gerado pelos ataques que os patrões nos lançam para que não tenham que pagar pela crise que eles mesmos geraram. Nós viemos dizer o contrário, que são eles quem tem que pagar essa crise.

Enquanto isso, o governo Lula segue destinando muito dinheiro aos empresários, os mesmos que reduzem nossos salários e nos demitem. A existência de uma secretaria de políticas para as mulheres no governo não muda em nada a nossa realidade. Na verdade, o PT demonstra que governando o Estado burguês só pode atacar ainda mais os direitos das mulheres. Um exemplo gritante está no estado do Pará, governado por Ana Julia Carepa, onde meninas são violentadas brutalmente, como o caso da menina de 14 anos que ficou presa por quase um mês numa cela com homens, sendo estuprada sistematicamente. Casos de estupro também ocorrem dentro de campus universitários e precisam urgentemente ser denunciados.

A Igreja, por sua vez, vem despejando seu discurso reacionário, condenando as mulheres que se vêem na necessidade de praticar um aborto. Em Pernambuco a Igreja chegou ao absurdo de dizer que o aborto é um crime pior que o estupro! Portanto, participamos criticamente do ato convocado pela esquerda que chama os trabalhadores, trabalhadoras e a juventude a assistirem uma missa e não ficaremos caladas diante de um ato com setores da Igreja. É por isso também que neste 1º de maio, como parte do Bloco Classista, saímos às ruas em defesa das mulheres condenadas a morrer por complicações de abortos feitos clandestinamente e exigimos o direito a decidir sobre os nossos corpos!

Que a crise seja paga pelos capitalistas! Nenhuma demissão!
Efetivação de todas as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados!
Abaixo a dupla jornada, por creches, lavanderias e restaurantes comunitários! Trabalho igual, salário igual! Por assistência estudantil, moradia e creches para as jovens trabalhadoras e universitárias!


Direito ao aborto legal, seguro e gratuito!
Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos em toda a América Latina! Basta de intervenção da Igreja em nossos corpos!


Basta de violência contra as mulheres!
Fora as Tropas do governo Lula do Haiti que reprimem em especial as mulheres negras!
Pelo fim da violência sexual a estudantes dentro de campus universitários! Contra a mercantilização do corpo feminino!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Comunicado de Imprensa: Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos na América Latina!

(Pão e Rosas, 27/04/09)

Cinco mil mulheres morrem na América Latina como conseqüência dos abortos clandestinos. Assim começa a convocatória da campanha pelo direito ao aborto na América Latina, que é impulsionada pela agrupação de mulheres Pan y Rosas da Argentina, Pão e Rosas do Brasil e Pan y Rosas – Teresa Flores do Chile.

Sol Bajar, docente da Faculdade de Psicologia da Universidade de Buenos Aires (UBA) disse: “95% dos abortos inseguros são realizados nos países chamados de 'terceiro mundo', como a América Latina, onde a Igreja e os grupos fundamentalistas impulsionam campanhas reacionárias não só contra a legalização do aborto, mas também contra a educação sexual e a anticoncepção gratuita, a ponto de haverem imposto – com o aval não só dos políticos direitistas e clericais, mas também daqueles que se apresentam como “progressistas” - a penalização do aborto em países onde antes era legal, como é o caso da Nicarágua”. María Rojas, estudante da Universidade Metropolitana de Ciências da Educação (UMCE) de Santiago do Chile, acrescentou que “esta situação piorará ainda mais ao calor da crise econômica internacional, na qual milhões de mulheres jovens, trabalhadoras e pobres verão ser exacerbados seus padecimentos”. Diana Assunção, trabalhadora da Universidade de São Paulo (USP) e porta-voz do Pão e Rosas - Brasil destacou que com esta campanha “queremos chegar a milhares de mulheres latino-americanas para conquistar o direito ao aborto e para que não haja mais nenhuma mulher morta por abortos clandestinos”.

O blog da campanha é: http://derechoalabortoenamericalatina.blogspot.com
Pan y Rosas (Argentina) / www.panyrosas.org.ar
Pão e Rosas (Brasil) / http://nucleopaoerosas.blogspot.com/
Pan y Rosas – Teresa Flores (Chile) / http://panyrosaschile.blogspot.com/

Contato no Brasil: Fernanda Figueira (011) 72277453 – paoerosasbr@gmail.com

domingo, 26 de abril de 2009

Basta de assassinatos de mulheres em Minas Gerais!

Por Ana Tossato, direto de Belo Horizonte

Na última semana notícias sobre mulheres brutalmente assassinadas foram destaque na imprensa burguesa, crimes especialmente ocorridos no estado de Minas Gerais. Segundo o jornal Estado de Minas, apenas nesta última semana foram 12 mulheres assassinadas e cinco estão desaparecidas. Casos como de Priscila Gonçalves de Almeida, que foi executada com 17 tiros em Belo Horizonte e Ana Carolina Assunção, assassinada ao lado do filho de um ano, também na capital. Ou ainda casos de violência sexual e mutilações corporais seguidas de assassinato, como os de Amanda Glívia Vale e Júnia Aparecida da Silva. Em uma semana foram registrados nove casos de mulheres vitimas de estupro e assassinato no estado. Desde o começo do ano foram 21 assassinatos só na capital do estado, índice que se mantinha na mesma época em 2008 e 2007, quando se registrou 22 mortes até abril.

A investigação desses casos é na maior parte das vezes negligente, sendo abandonada antes de concluída, especialmente quando se trata de mulheres pobres, ou casos ocorridos em zonas periféricas das cidades. Exemplo escandaloso do problema foi o processo do assassinato de Glauce Andréia Gonçalves ocorrido em 2005, este ano o suspeito ganhou liberdade porque não foi julgado no prazo estabelecido pela lei. A relação de cúmplice que as estruturas estatais, desde as instâncias da justiça até a polícia, mantém com esses crimes fica clara quando nos remetemos ao caso de Rita Dias da Silva, jogada no Ribeirão Arrudas também em 2005 (caso arquivado pela justiça), Rita era dependente química e antes de morrer ela abordou um policial dizendo saber quem era ‘o dono da droga’ e como prendê-lo[1], o policial não deu atenção à mulher, que foi assassinada 40 minutos depois. Entre os assassinatos cometidos contra mulheres em BH, 219 foram averiguados pela Polícia Civil entre 2006 e 2008, destes, 116 atestam como causa indeterminada. Esses dados confirmam a negligência em resolver a maior parte dos casos, considerando que mais de 50% deles são de ‘causa indeterminada’. Outra face da cumplicidade e negligência com esses crimes está no fato de que a Secretaria de Estado de Defesa Social não ‘poder’ dizer quantas mulheres foram mortas no estado de Minas Gerais nos últimos anos porque um sistema de dados que permita o levantamento dessas estatísticas ainda não foi implementado no interior.

Os casos de violência extrema contra mulheres, entretanto, não são situações isoladas. É um problema generalizado na sociedade capitalista. A violência se manifesta contra as mulheres dentro de suas casas, nos locais de trabalho, nas ruas. Dados da Anistia Internacional, publicados em 2007, denunciam que um bilhão de mulheres, ou uma em cada três do planeta, já foram espancadas, forçadas a ter relações sexuais ou submetidas a algum outro tipo de abuso. Outra face da violência contra a mulher é a hipócrita proibição do aborto, especialmente localizada em países da América Latina e África, onde 20% dos casos terminam em morte das mulheres, que estão sujeitas às condições inseguras do aborto clandestino. O discurso difundido pelos meios de comunicação, controlados pelas classes dominantes, nos leva a considerar o problema desde uma ótica privada e individual, e é ilustrativa dessa questão a terminologia usada para qualificar as formas de violência contra a mulher. Quando o ato é praticado pelo pai, marido e filhos esta violência é qualificada de doméstica, ou seja, de âmbito privado levando a discutir o problema do ponto de vista individual daquela mulher, daquela família e não como uma profunda contradição social que ultrapassa o problema de cada indivíduo. Existe ainda o termo crime passional, que leva a crer que o ato foi praticado pelo impulso da paixão doentia, escondendo mais uma vez a contradição social da questão da opressão feminina no capitalismo, pois os chamados crimes passionais são geralmente dirigidos à mulheres[2] e a freqüente motivação de ciúmes se remete a concepção patriarcal de que as mulheres são propriedades dos homens.

A violência contra a mulher não é, portanto, uma questão individual ou privada como busca pregar a ideologia que é afirmada desde a igreja, até meios de comunicação de massa, e também o Estado. A questão está ligada diretamente a jugo de opressão em que está sujeita a mulher na sociedade capitalista, problema que se aprofunda quando nos remetemos às mulheres trabalhadoras que são obrigadas a enfrentar a dupla jornada de trabalho, arcando com a manutenção da casa e a educação dos filhos, garantindo aos capitalistas os lucros deste trabalho cotidiano não-remunerado que lhes beneficia diretamente. São as trabalhadoras que recebem os piores salários, desiguais em relação aos homens, e trabalham nos piores cargos e em piores condições. Essa condição de vida da mulher na sociedade capitalista se mantém e é naturalizada pela opressão dirigida à mulher, que embora não tenha nascido no sistema capitalista, nele se perpetua e aprofunda justamente porque se torna lucrativa e funcional. A face mais profunda dessa opressão se expressa em estupros, assassinatos, espancamentos. E o sistema que engendra esse tipo de atrocidade não possui nem a capacidade de resolvê-los, nem por sua polícia assassina, nem por seu Estado construído pela burguesia e para a burguesia. Por isso é preciso levantar uma comissão independente constituída pelos familiares das vítimas, que reivindique acesso a todos os dados que detém a justiça sobre esses processos, e dê fim a essas impunidades. E, mais que é isso, é necessário que toda a classe trabalhadora, com seus sindicatos e organizações políticas, levantem a bandeira da luta pelo fim da violência contra as mulheres. Basta estupros e assassinatos em Minas Gerais! Em memória de Priscila, Ana Carolina, Amanda, Júnia, Glauce, Rita e tantas outras mulheres assassinadas em Belo Horizonte desde o começo do ano, dizemos basta!

[1] Segundo o jornal Estado de Minas baseando-se em depoimento do próprio policial.
[2] Um levantamento feito pela ONG União de Mulheres de São Paulo, em 1998, mostrava que 2500 mulheres morriam enquadradas na motivação ‘crime passional’.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pão e Rosas no Festival Hip Hop Ocupa USP denuncia a perseguição na universidade e o aumento do assédio moral contra as mulheres


No último Festival Hip Hop Ocupa USP o grupo de mulheres Pão e Rosas participou ativamente apoiando as consignas do Festival que diziam Contra as demissões no país! Contra a repressão na USP! Pela readmissão do Brandão! Mara Onijá denunciou o caráter elitista da universidade e o boicote da Reitoria e da direção da FFLCH que não queriam permitir que a juventude negra entrasse dentro da USP para realizar um festival em forma de protesto. Dinizete, trabalhadora do Centro de Saúde da USP leu uma saudação do grupo de mulheres Pão e Rosas que dizia "Nós, como mulheres trabalhadoras e estudantes da USP, rechaçamos os ataques da Reitoria e do governo ao nosso sindicato, através da demissão do companheiro Brandão e da perseguição de ativistas. Acreditamos, inclusive, que o aumento dos casos de assédio moral em nossa universidade, que tem como principais vítimas as mulheres, não está desvinculado desse brutal ataque, que tem como objetivo nos enfraquecer, nos dividir. Mas nós não vamos permitir que nos enfraqueçam e nos dividam. Vamos lutar contra as demissões e contra a repressão dentro da universidade. E vamos lutar contra a opressão da mulher dentro da universidade e contra a superexploração das mulheres trabalhadoras, como as terceirizadas da limpeza." Continuou dizendo "Por isso estamos na defesa das mulheres afegãs que hoje lutam contra o estupro legalizado pela lei da burguesia. Das meninas estupradas em cadeias no Pará. Das mulheres do Mato Grosso do Sul perseguidas por terem feito abortos clandestinos. Das meninas estupradas por seus padrastos enquanto a Igreja se cala diante do estupro. Das mulheres negras no Haiti, estupradas e assassinadas pelas Tropas do governo Lula. Estamos com essas mulheres. Porque o nosso canto é o espanto dos que nos julgaram mortas. Pão e Rosas."

Email enviado ao PCO e ao Coletivo Rosa Luxemburgo

Companheiros e companheiras,

Desde o mês de março, nós do grupo de mulheres Pão e Rosas (Brasil, Chile e Argentina) estamos impulsionando a Campanha Latino-Americana Pelo Direito ao Aborto, onde fazemos um chamado às organizações políticas, grupos de mulheres, entre outros, a colocar de pé uma grande frente única que possa fortalecer a luta por esse importante direito.

Me surpreendeu que no dia 15/04 tenha sido publicado no site do PCO o artigo entitulado "Em toda a América Latina denunciar a frente-popular com a Igreja e defender a legalização do aborto" (http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=13677), cujo conteúdo é, indubitavelmente, retirado de nossa declaração latino-americana "Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos", publicada em 02/04, como vocês podem ver no blog da campanha http://derechoalabortoenamericalatina.blogspot.com/. Além disso, toda a parte do final, que vocês chamam de "Atual legislação do aborto nos principais países da América Latina" é, em quase todos os trechos, diretamente copiado de nossa declaração.

Envio esse email, porque não compartilho desse método. Acredito que se os companheiros vêem referência nessa discussão que fazemos, isso poderia se expressar com a publicação na íntegra de nossa declaração no site do PCO, como fizeram os companheiros da Conlutas em seu site, onde o texto foi publicado com a devida assinatura. E, mais ainda, considero que se há acordo com o conteúdo de nossa declaração, isso poderia se expressar rompendo com qualquer sectarismo, por exemplo, com a adesão do PCO à campanha que estamos impulsionando, assinando devidamente uma declaração que tem como autoria o Pão e Rosas Brasil, Argentina e Chile. Esse seria o método que utilizariamos para publicar materiais, por exemplo, do Coletivo Rosa Luxemburgo, composto por militantes do PCO e independentes, colocando sua devida assinatura e buscando políticas em comum.

O chamado à campanha pelo direito ao aborto está feito ao PCO e ao Coletivo Rosa Luxemburgo, aguardamos uma resposta. De qualquer maneira é indiscutível que o método antidemocrático de se utilizar de materiais de outras organizações políticas para fazer um aparentemente "novo material", sem nenhuma menção ao Pão e Rosas, é no mínimo alheia às tradiçoes das correntes que se reivindicam do trotskismo e também desrespeitoso com todas as companheiras do grupo de mulheres Pão e Rosas.

Sem mais,
Diana Assunção
Dirigente da LER-QI e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Façamos uma grande campanha na América Latina!

Dos 40 a 50 milhões de abortos que se realizam a cada ano no mundo, mais da metade são feitos na clandestinidade, ameaçando a vida de 25 milhões de mulheres. 95% destes abortos inseguros ocorrem nos países chamados de "terceiro mundo", onde mais de 20% dos casos terminam com a morte da mulher. Façamos uma grande campanha pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito na América Latina. Pão e Rosas Brasil, Chile e Argentina chama todos a gritar: Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!

Visite o site da campanha com notícias atualizadas semanalmente, depoimentos, moções de apoio e o mapa latino-americano do direito ao aborto. Mande suas notícias, depoimentos e se junte a nossa campanha: http://derechoalabortoenamericalatina.blogspot.com/

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Seremos cozidos como uma rã?

Publicamos abaixo texto de S., trabalhadora da USP e integrante do Núcleo da Mulher Trabalhadora do Sintusp, sobre a necessidade de lutar contras as demissões e a repressão dentro da universidade, defendendo o sindicato e seus dirigentes.

Como cozinhar uma rã? Alguns podem pensar em fazer o seguinte: jogar uma rã num caldeirão de água fervente, mas se você fizer isso ela vai tentar desesperadamente escalar as paredes do caldeirão para sair. Porém se você a colocar num caldeirão de água fria e deixar o fogo baixo, ela vai ficar lá flutuando sem nenhuma agitação. Ao passo que a água esquenta, a rã mergulha e permanece tranqüila, e como que com um sorriso no rosto ao passar do tempo, ela deixa-se cozinhar até morrer sem oferecer qualquer resistência.

Pois é, estamos sendo cozinhados. Como assim perguntarão alguns? Nossas consciências estão dormentes como a rã que cozinha no fogo brando. Quando nossos chefes nos dizem vocês ganham bem, lá fora no mercado o pessoal está ganhando bem menos para o que você faz aqui. Até prêmio de mil reais a gente ganha. Daí, com um sorriso no rosto, nos sentimos privilegiados e permanecemos sentados, enquanto o carro de som lá fora chama para a assembléia para discutir salário. Ou quando nós recebemos a notícia de que um companheiro injustamente foi repreendido, ficamos com medo de ser também repreendidos, nos calamos ao invés de defendê-lo como se aquele assunto não fosse da nossa conta. Ou quando nosso representante sindical é demitido por justa causa e achamos que se está tudo dentro da lei, ele mereceu mesmo.

Sim estamos sendo cozidos, e com um sorriso no rosto enquanto mais companheiros podem ser demitidos... Sem falar na questão das vagas que é algo que afetará mais gente ainda. Pois é, se estas pessoas passaram por cima da lei que diz que não se pode demitir um dirigente sindical, como vamos acreditar nas palavras da Reitora que diz que estamos sendo defendidos e que ninguém vai ser demitido. Estão tirando nosso bem mais precioso lentamente que são aqueles que fazem a defesa de nós mesmos, dos nossos salários, contra chefes assediadores e esquecemos daqueles que já enfrentaram dura repressão policial. Estão destruindo o nosso escudo, e estamos deixando!!! O golpe vai ser faltal!!! É urgente que acordemos!!! Vamos à luta por nossos representantes sindicais. A greve é o nosso instrumento de luta, a mobilização é o nosso NÃO!

Não vamos aceitar demissões!
Não vamos aceitar a destruição do nosso sindicato!
Vamos fazer greve por salários e por nossos representantes sim!!!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A Mulher e as Ciências Humanas

A Universidade é um espaço de construção, onde construímos a nós mesmos enquanto futuros profissionais, mas também construímos, desconstruímos e reconstruímos aquilo que entendemos como objeto de estudo. No campo das ciências humanas, esse processo de construção passa pela construção do pensamento humano, em todas as suas nuances. Se nos deparamos com limites nesse processo de construção, esses limites estão condicionados pelo próprio sistema, que coloca a universidade e a produção do conhecimento a serviço dos interesses da classe dominante. O que está em voga é a construção do pensamento social, aquilo que se espera é a reprodução e a manutenção do status quo. Não é por acaso que as atuais bolsas de pesquisa estão vinculadas ao que é considerado “rentável”, aquilo que esteja em consonância com as demandas do mercado. Partindo dessa lógica, não há espaço na universidade para o pensamento crítico. O potencial transformador da universidade é cerceado, as vagas na universidade pública são restritas a uma reduzida elite, e cada vez menos há espaço para a construção do novo. Tudo está sujeito às pressões do mercado, atualmente em bancarrota. O ensino também encontra-se em bancarrota.

Dentro desse cenário, onde se situa a questão da mulher? Se nas décadas de 1960 e 1970, a universidade brasileira e latino-americana de conjunto acompanhou o boom das produções teóricas e acadêmicas que caracterizaram a segunda onda feminista mundial, isso só ocorreu pois houve uma necessidade de se compreender os fenômenos que sacudiram a realidade: eram os movimentos sociais que entravam em ebulição. O maio francês de 1968, a Primavera de Praga, o ano de 1968 em vários países, como a Itália, a Grécia, a Argentina, o Brasil, os Estados Unidos, etc. O exemplo estadunidense foi o mais emblemático do ponto de vista dos movimentos sociais, pois essa década marcou a revolução sexual, quando mulheres literalmente rasgaram os sutiãs contra o conservadorismo da sociedade, havia protestos massivos contra a guerra do Vietnã, e os movimentos ditos “de minorias” se acenderam: os Black Panthers, os Black Power, o movimento contra a homofobia conhecido por Stonewall em alusão à resistência contra a repressão policial, etc. Se a eclosão dos movimentos sociais foi um fenômeno mundial que marcou a virada dos 1960 para os 1970, na América Latina, isso ocorreu em um cenário bastante peculiar: isso ocorreu em plena ditadura militar.

Esse fator pode ser entendido como obstáculo e até mesmo um freio, mas ao mesmo tempo contribui para a crescente politização dos movimentos sociais, que tinham um inimigo em comum. As produções acadêmicas acerca da questão da mulher nessa época estão profundamente vinculadas com uma militância prática. Daqui podemos destacar alguns nomes importantes, como a Heleieth Saffioti, a Helena Hirata, a Zuleika Alambert, etc. Em meandros da década de 1980, isso reflui. Por que? Alguns fatores contribuíram para tal: Com o processo de redemocratização, os movimentos sociais sofreram um importante desvio, sendo cooptados pela iniciativa privada, pelas ditas ONG´s, sendo departamentalizados no seio de partidos políticos que disputam as eleições, constituindo catalizadores de votos descomprometidos com um programa capaz de responder às suas demandas. Nesse processo, o movimento de mulheres é fragmentado e desarticulado, adaptando-se ao regime democrático sem que essa “democracia” levasse a cabo as demandas mais fundamentais, como o direito a escolher pela maternidade, diferente do que ocorre nos países centrais, onde o direito ao aborto é compreendido no âmbito dos direitos humanos. Ainda assim, na década de 1980, são criados núcleos de pesquisa que tratam do tema da mulher, sobretudo vinculada à saúde pública. Cada vez mais, essas produções acadêmicas são desvinculadas de uma prática militante, e passam a tratar de temas cada vez mais específicos. Essa fragmentação contribui para a sua marginalização, sendo a sua apropriação restrita a disciplinas optativas, fora das grades curriculares dos cursos de ciências humanas.

De acordo com um quadro esboçado por Martha Narvaz e Sílvia Koller da UFRGS, o cenário é alarmante:

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), de 2005, revelam que mais da metade da mão de obra brasileira (51,6%) é composta por mulheres. Contudo, a participação feminina no mercado formal de trabalho (42%) é menor do que no trabalho informal (57%). Embora apresentem níveis de escolaridade superiores aos dos homens, os salários percebidos pelas mulheres são menores que os deles, mesmo quando desempenham as mesmas tarefas. No tocante à educação pública, as mulheres já representam 51% das matrículas escolares do ensino básico à universidade. De acordo com o censo da Educação Superior/2004, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (INEP/MEC), o número de concluintes do ensino superior brasileiro totalizava 626.617 estudantes, sendo 391.995 (62,6%) mulheres, e 234.622 (37,4%), homens. As mulheres são maioria nas universidades e ocupam espaços semelhantes aos homens na produção científica, mas essa participação não ocorre no topo das carreiras acadêmicas. A melhoria significativa na formação das mulheres não se reflete em termos de participação política e de acesso a postos de decisão: entre os 142 membros de Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras( CRUB) existem 122 reitores (86%) e apenas 20 reitoras (14%). As mulheres também são minorias como coordenadoras de grupos de pesquisa e membros de Conselhos Deliberativos do CNPq.

A universidade engendra também as suas próprias contradições, uma vez que grande parte da força de trabalho terceirizada é composta por mulheres, que trabalham no setor de limpeza ganhando pouco mais que um salário mínimo, para trabalhar nas condições mais precárias, expostas ao constante assédio moral, impossibilitadas de se organizar politicamente na associação de funcionários da PUC e com contratos flexibilizados que facilitam a sua demissão quando melhor convir à administração da universidade, agora regidas sob os ditames do nosso Grão-Chanceler Dom Odilo. A tercerização é o exemplo mais contundente de como sistema se utiliza da opressão para melhor explorar, situando as mulheres negras na base da pirâmide. Desde o Pão e Rosas, realizamos uma campanha contra a terceirização no ano passado, e pensamos que campanhas como essa precisam ser sedimentadas entre os estudantes.

Convido todas e a todos a conhecer melhor o grupo Pão e Rosas. Pretendemos impulsionar uma campanha latino-americana, vinculada a outros grupos, pela defesa do direito ao aborto e contra a ofensiva do Vaticano em tratar mulheres que abortam como assassinas. Hoje na Folha de São Paulo, constatamos mais um escândalo que denuncia um até então bispo, como pedófilo, tendo um caso com uma menina desde que ela tinha 16 anos, e agora, eis que o Sr. Presidente e ex-bispo Fernando Lugo é pai de uma criança de 2 anos, cuja paternidade não foi assumida até ontem, quando o assunto estava nas capas de jornal do país. Esse é apenas um entre os muitos casos da hipocrisia da Igreja Católica, que prega uma coisa, e faz outra. No caso da menina de 9 anos que engravidou por estupro de gêmeos e cuja gravidez oferecia risco de vida, todos os profissionais envolvidos na prática do aborto previsto pela legislação brasileira foram excomungados. O estuprador teve o seu perdão.

Por Marina Fuser, estudante de Ciências Sociais da PUC-SP e integrante do Pão e Rosas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Mais de 180 mulheres participaram da atividade com o Pão e Rosas na Unicastelo Itaquera



Neste último sábado (04/04) foi realizado no CEU Azul da Cor do Mar, em Itaquera - São Paulo, o V Estudos Abertos de Caráter Interdisciplinar, organizado pelo curso de Pedagogia da Universidade Camilo Castelo Branco, cuja temática foi "As Questões de Gênero e a Lei Maria da Penha". Além de outras participantes, marcou presença, pela primeira vez num evento da Unicastelo, integrantes do grupo de mulheres Pão e Rosas, Mara Onijá e Diana Assunção.

Mara tratou do assunto "A opressão da mulher na sociedade de classes", logo em seguida Diana fez o lançamento do livro Lutadoras e Mara encerrou recitando o poema do Pão e Rosas, o que causou grande emoção na platéia composta por mais de 180 pessoas, sendo a grande maioria feminina. As expectativas para este evento eram grandes e as companheiras foram muito bem em suas falas, enfáticas, superando as expectativas e ganhando o público, pois um grande número de mulheres demonstrou interesse pelo grupo. Se uma das intenções do Pão e Rosas é ultrapassar os limites das universidades públicas, a presença dele neste evento foi um importante passo.




No encerramento da atividade, Camila Loures, estudante da Pedagogia, fez um chamado às mulheres de seu curso : “este assunto não deve ter seu ponto final aqui, ainda tem muito o que ser discutido sobre a questão da mulher. Acredito que, por sermos mulheres, futuras educadoras, devemos ter esta consciência, e por não achar justo que este debate se limite às universidades públicas, proponho que tentemos formar um grupo Pão e Rosas na Unicastelo”.

Pão e Rosas na calourada da UNESP de Franca

No dia 12/03, mais de 40 estudantes participaram da atividade sobre a opressão da mulher na sociedade de classes durante a calourada da UNESP de Franca, com Diana Assunção, dirigente da LER-QI e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas.


Na atividade, Diana apresentou os principais debates travados pelo feminismo e pelo marxismo ao longo do século XX, demonstrando a necessidade da luta pela emancipação da mulher ser aliada a luta por uma outra sociedade, o que implica numa aliança com a própria classe trabalhadora.

Participe das reuniões do grupo de mulheres Pão e Rosas na UNESP de Franca. Toda quarta-feira às 17h30 no Diretório Acadêmico do Prédio Velho.

Nós mulheres no curso de Letras

Em boa parte dos cursos de Letras, nós mulheres somos a maioria. O que podemos notar também é que é um dos cursos que menos recebe verba para o seu aprimoramento; mas, em contrapartida, é um dos que mais recebe estudantes novos a cada ano. Por que isso acontece? Na nossa visão, o curso de Letras é visto pelos governos e empresários (que são os que decidem as prioridades dadas pelas universidades a cada curso) como um curso para formar professores em larga escala, gastando o menos possível, para suprir as demandas principalmente da educação básica do país a serviço do mercado. Isso porque os capitalistas precisam que a sua mão-de-obra tenha a mínima instrução sobre a língua para ler e desenvolver textos, o nível básico de alfabetização.

E o que vemos é que os principais intelectuais/pesquisadores na área são homens – como por exemplo Antonio Candido, José Luis Fiorin, Alfredo Bosi, Jaime Guinsburg, Roberto Schwarz, e tantos outros que podemos listar – produzindo um discurso que não contesta o status quo da sociedade e a opressão às mulheres. E nós ficamos relegadas à função do ensino básico. Nisso se expressa o machismo que se perpetua na universidade como um todo, que cria uma visão de que as mulheres “são melhores” para ensinar e passar adiante aquilo que foi produzido intelectualmente pelos homens, reiterando o papel designado socialmente às mulheres de mãe, procriadora e reprodutora da ideologia dominante. Na verdade, essa concepção está a serviço de baratear o custo da própria educação, pois, como podemos ver através das estatísticas, as mulheres recebem menos que os homens pelas mesmas funções; é pago menos para o ensino básico que para o médio e para o superior. E sabemos que tanto um ensino quanto outro demanda preparo, e têm distintos tipos de dificuldade; porém a carga de trabalho do primeiro é ainda maior e, consequentemente, o desgaste da saúde também.

Temos que nos dar o papel de questionar essa estrutura de poder com produções próprias, sabendo que somente o fato de haver mulheres em cargos de poder na universidade não muda a nossa situação; a USP tem no cargo da Reitoria uma mulher – Suely Vilela – e a PUC teve Maura Véras, que servem aos mesmos interesses dos capitalistas que nos exploram e nos oprimem. Devemos combater teórica e praticamente a ideologia burguesa que é criada nas universidades a serviço das empresas, e nos colocarmos lado a lado com as trabalhadoras e trabalhadores negros e brancos que sofrem ainda mais com a exploração e opressão da sociedade capitalista; e colocarmos nosso conhecimento a serviço de seus interesses e embasar teoricamente a nossa a luta contra a opressão às mulheres.

Chamamos todas as estudantes à reunião do grupo de mulheres Pão e Rosas aqui na USP no dia 16/04, às 12h e às 18h, na sala 233 da Letras. E as estudantes que quiserem fazer em sua universidade, a nos contatarem que organizaremos conjuntamente. Pão e Rosas Letras USP

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Nasce o grupo de mulheres Pão e Rosas no Brasil!


Muitos nos dizem que nós mulheres já conquistamos igualdade com os homens. Que hoje existem muitas mulheres chefes de gabinetes, presidentas, ministras, empresárias... Mas que as mulheres tenham chegado no poder, que tenhamos conquistado alguns direitos que não conhecíamos no século passado, que algumas ocupem cargos nos parlamentos... não impede que a barbárie da pobreza, a opressão e a miséria de milhões de seres humanos siga ocorrendo. Porque nem sequer todo os direitos que ganhamos com nossa luta podem mudar uma ordem baseada na mais profunda das desigualdades: que um punhado de capitalistas se enriqueçam às custas da exploração de milhões de seres humanos.

Sim, estamos contra a corrente. Contra a corrente daqueles que nos dizem que somos apenas mães e reprodutoras e daqueles que nos consideram um mero objeto sexual. Mas escolhemos nos juntar e nos organizar para enfrentar aqueles que nos exploram e agora nos demitem, que nos humilham e nos estupram. Que nos ameaçam, violentam e nos levam à morte. E por tudo isso consideramos urgente construir uma nova tradição de luta das mulheres no Brasil, pois ainda que em nosso país exista uma conhecida tradição feminista, como a Marcha Mundial de Mulheres, hoje está mais claro do que nunca os limites que essa perspectiva apresenta. Afinal, essa tradição comprovou, ao longo dos anos, que seu atrelamento ao governo de Lula e portanto a um governo que salva os ricos e os patrões, não pode fazer com que esse movimento tenha, ao mesmo tempo, uma política consequente para as mulheres.

Hoje, a perseguição de mais de 10 mil mulheres no Mato Grosso do Sul por terem feito abortos clandestinos, a declaração do Arcebispo de Olinda dizendo que o "aborto é pior que o estupro", a Comissão Parlamentar de Inquérito do Aborto impulsionada pelos deputados do PT, o bolsa-estupro para evitar o aborto no caso de violência sexual, a campanha em defesa de fetos sem cérebros, a campanha da Igreja encabeçada, entre outros, pela supostamente "socialista" Heloísa Helena dão ao Brasil o título de "exemplo na luta em defesa da vida". Acreditamos que estar contra o direito ao aborto não significa estar a favor da vida, mas a favor do aborto clandestino com suas terríveis consequências para as mulheres. Por isso defendemos o direito ao aborto e dizemos: basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!

Também convivemos com a polícia mais assassina do mundo, que tem como principais vítimas as mulheres negras e a juventude. São essas também as que sofrem com a esterilização forçada, com o modelo de "mulata" para exportação do objeto feminino brasileiro aos estrangeiros, com a morte de seus filhos nos hospitais públicos insalubres. Isso sem falar no sofrimento e na agonia das mulheres negras haitianas, estupradas e assassinadas pelas Tropas "de Paz" do Governo Lula no Haiti. Estamos na defesa incondicional das mulheres negras. E estamos dispostas a enfrentar a violência contra as mulheres que se exerce não apenas no âmbito familiar, mas também no trabalho, nas ruas, na perseguição à mulheres lésbicas e aos homossexuais, violência essa perpetuada pelos patrões, pelas forças repressivas e pelo Estado... E também estamos na luta contra a opressão da mulher, perpetuada pelo conhecimento dentro das universidades e colégios.

Já com a crise econômica aumentam os casos de assédio moral nos locais de trabalho, onde mais da metade têm como vítimas as mulheres. São elas as que quando engravidam são demitidas e perseguidas para não ter os filhos. Ao mesmo tempo se decidem não ter os filhos, correm o risco de morrerem ensanguentadas na clandestinidade do aborto, serem presas ou excomungadas pela Igreja. E ainda assim, não desfrutamos do direito pleno à maternidade. Ao mesmo tempo, cresce a precarização e terceirização do trabalho, que atinge em sua grande maioria as mulheres, relegadas também às mazelas da dupla jornada de trabalho. E por isso defendemos que se dividam as horas de trabalho entre trabalhadoras e trabalhadores, efetivos e precarizados, sem rebaixamento salarial. Exigimos salário igual por trabalho igual, e pelo fim da dupla jornada. Efetivação de todos os trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas, lutando pela unidade da classe trabalhadora.

Todos os anos 4 milhões de mulheres e crianças são produtos para o tráfico e para a exploração sexual no mundo inteiro. Não aceitamos que o corpo das mulheres seja apresentado como objeto da escravidão sexual, o que abre espaço para uma propaganda abusiva de modelos de beleza que se espera que possamos alcançar, mesmo com o risco de morrer em cirurgias, lipoaspirações e dietas anoréxicas. Por isso lutamos contra a mercantilização do corpo da mulher. E tudo isso tem nome: se chama capitalismo.

Ainda que no estreito horizonte capitalista, onde muitas vezes parece que nossas vozes não podem ser ouvidas, nos dá mais vontade e força saber que existem mulheres que querem se organizar. Por isso construímos hoje o grupo de mulheres Pão e Rosas e por isso também buscamos atuar em conjunto com as companheiras dos setores da vanguarda antigovernista, que hoje no Brasil tem como principal expressão a central sindical Conlutas. Às mulheres que nunca pensaram em lutar, ou aquelas que há tempos lutam ao lado das direções da Marcha Mundial de Mulheres e hoje começam a se questionar, chamamos a construir o Pão e Rosas. Não permitiremos que os capitalistas descarreguem duplamente a sua crise sobre nossas costas. Porque consideramos que a luta contra a opressão das mulheres é, também, uma luta anticapitalista, e que portanto, é preciso lutar contra essa sociedade de opressão e exploração.

Nosso canto é o espanto dos que nos julgaram mortas... Pão e Rosas!

A luta pela emancipação da mulher precisa continuar, não podemos deixar de dizer que ainda falta muito para que as mulheres possam caminhar livremente, com direitos iguais, direito de decidir sobre seu corpo e outras coisas mais. É por isso que quero ajudar a construir o Pão e Rosas, pois a iniciativa dessas jovens militantes e sua coragem inspiram em mim uma esperança de que tem ainda mulheres que se contrapõem a esse sistema injusto, que não se adaptaram a esse modelo de mulher que a sociedade educou de acordo com sua conveniência, me obriga a não ficar de fora dessa luta contra a opressão e a exploração da mulher na luta de classes.
Dinizete, funcionária do Centro de Saúde Escola Butantã da FM da USP

O bloco do dia 8 de março foi surpreendente! Fiquei muito feliz ao sentir a força das mulheres de São Paulo e gostaria muito que fosse assim aqui em Campinas e em demais cidades. Gostaria que mais estudantes secundaristas participassem do Pão e Rosas, por achar muito importante o papel da adolescente estudante exigindo também seus direitos e apoiando as universitárias e trabalhadoras. Para que cresça interesse nas estudantes secundaristas de se agregarem ao Pão e Rosas e participarem dessa luta creio que haverá muito trabalho, pois existe um desinteresse muito grande por parte dos jovens na política, mas que pode ser despertado e estou disposta a colaborar nesse despertar!
Ana Beatriz, estudante secundarista de Campinas

Tive uma surpresa. Fui na atividade porque a minha filha comentou que seria uma reunião com as autoras do livro Lutadoras, não sabia que era um grupo revolucionário chamado Pão e Rosas mas fiquei perplexa em ver uma nova geração de mulheres que não somente estão reinvidicando direitos sobre o corpo e o trabalho, mas também são muito politizadas, muito valiosas e estou feliz por minha filha fazer parte, e agora eu também, dentro do que consigo participar. Acredito que este grupo de mulheres pode expandir e ser muito mais que um grupo de jovens politizadas, porque as mulheres unidas têm uma força muito grande e se realmente nos organizarmos e fazermos reuniões fora do grupo com as comadres de bairro o sucesso será mais que certo.
Ana Paula, ex-trabalhadora de telemarketing

Bom, é extremamente necessário que exista um grupo que discuta a questão de gênero, porém que essas discussões não se descole da questão de classe, pois a precarização não só do trabalho, mas até dos direitos básicos não atingem somente as mulheres, mas toda a classe trabalhadora, ou seja, nesse contexto, o proletariado não tem sexo. A discussão central do Grupo Pão e Rosas seria de mostrar o quanto é conveniente o trabalho feminino dentro do sistema capitalista, mesmo com a falsa idéia de que a mulher já alcançou a "igualdade" com o homem ou até que os superamos. Não estamos em uma disputa para ver quem é o melhor ou o pior, quem é o mais forte ou o mais fraco. Precisamos lutar não somente pela igualdade salarial ou pela não jornada dupla, mas discutir, lutar e ter o foco que a libertação feminina só será concretizada com a transformação social a qual almejamos, que é o comunismo.
Márcia, estudante de Serviço Social da Unesp de Franca

Cabe às mulheres construírem sua independência enquanto indivíduo na sociedade de classes. Cabe às mulheres reconhecerem nas demais os conflitos cotidianos que ser mulher implica. Para além do machismo que todas estamos sujeitas, o capitalismo lucra diariamente com todo o trabalho feminino prestado de graça na manutenção da vida familiar. Lucra com todo o serviço pago, nos destinando os menores salários frente aos mesmos cargos. Lucra com a exposição exarcebada do corpo, rejeitando o papel da mulher à figura masculina.
Por isso julgo importante a construção de um núcleo como o Pão e Rosas que coloque tais questões em discussão dentro das universidades - que por diversas vezes tomam a questão de gênero de forma isolada aos conflitos sociais - e integre as jovens que estão dispostas a colocar sua opressão em evidência. Após ter participado do núcleo durante dois anos, considero que ele hoje é uma porta aberta à construção de uma conscientização progressiva dentro do ambiente estudantil.
Maitê Fanchini

No Pão e Rosas enriquecemos bastante o conhecimento em relação à exploração que a mulher sofre hoje em dia em relação ao trabalho, em casa, com o marido, em tudo. Tem que abrir mais a mente e começar a ver as coisas diferentes e ver a realidade como ela é. Os maridos quando chegam em casa poderiam fazer as coisas e a dupla jornada seria para os dois. Me identifico como militante do grupo e, como uma trabalhadora que passa por alguns problemas, o Pão e Rosas vai me ajudar a esclarecer para outras mulheres o que é transmitido. Acredito que tem que avançar mais na luta mesmo e não ficar só em debates, atividades, em reuniões. Tem que sair na rua para, fazer um movimento maior para que seja visto, para que seja escutado pelas pessoas, para encontrar pessoas que são contra a posição do Estado em relação ao aborto.
Fabiana, trabalhadora terceirizada da limpeza

Não é difícil exemplificar (e, para muitas que lêem este texto, de se identificarem) as inúmeras situações em que vejo a minha família dividida, por exemplo, num domingo à tarde, entre os que conversam no quintal e as que preparam o almoço; os que chegam em casa demasiado cansados do dia todo de trabalho e, enfim, descansam e as que estiveram o dia todo em casa preparando-a para a chegada dos que estavam fora. Também não estão distantes as regras que se diferenciam entre os homens e mulheres que integram minha família, regras estas muitas vezes defendidas rigorosamente pelas mulheres.
É importante que nós mulheres, organizadas coletivamente, nos coloquemos à frente da luta para construir um programa que responda às nossas necessidades e, assim, ponha fim à opressão de gênero e à sociedade de classes.
Babi, estudante de Biologia da UNESP de Rio Claro

O Pão e Rosas é uma forma das mulheres se manifestarem e lutarem contra as injustiças que sofrem. Um meio de discutir e refletir a condição da mulher na sociedade.
Patrícia, trabalhadora terceirizada

Fico feliz de saber que há jovens mulheres lutando para que os direitos de todas as mulheres sejam respeitados.
Daniela Origuella, estudante da USP

Constuir um grupo de mulheres que discuta, não só, as questões de gênero mas também faça um sabio recorte de classes se mostra essencial.É preciso lembrar que vivemos em tempos de crise e que mais uma vez os capitalistas querem que os trabalhadores paguem por isso, em especial as mulheres tralhadoras que sofrem mais por inúmeras razões, entre elas a dupla jornada de trabalho com salários inferiores, a exploração sob diversos aspectos. Ao meu ver, a omissão é o pior erro que existe. Parafraseando Marx: "Mulheres do mundo uni-vos.", porque precisamos levar essa luta adiante.
Mira, estudante de Direito da Unesp de Franca

A plenária que participei fez com que eu conhecesse melhor o grupo Pão e Rosas. Fez também que eu amadurecesse algumas idéias que eu tinha e que colocasse outras em meu contexto diário e pensar se estas são boas ou ruins! Acho importante a construção do grupo, porque a sociedade em que vivemos hoje não nos deixa dúvida de que as coisas não podem ficar da maneira que estão. Acho que o início do grupo nos dá um impulso e mostra-nos que não são todas as pessoas que estão de cabeça baixa para tudo o que o sistema impõe. Isto de maneira geral, pois quando se trata das mulheres, no caso do grupo Pão e Rosas, as lutas tem que ser mais acentuadas, pois pelo histórico que temos, podemos ver claramente que as mulheres são menos ouvidas e muitas vezes tem menos "direitos" sobre as coisas.
Taína, estudante de Física da UNESP de Rio Claro

O Pão e Rosas é um grupo com a compreensão de que a opressão possui diferentes contornos conforme a classe social que esta inserida, trazendo a tona que as mais atingidas são as mulheres pobres e pretas que sofrem as mais brutais violações e conseqüências do capitalismo. Seria muito importante se este grupo se descentralizasse das Universidades ou espaços já constituídos de discussões e formações que são pertinentes, do mesmo modo se necessário também desenvolver um trabalho nas periferias, nas escolas, associações de bairro, unidades Básicas de saúde, bibliotecas comunitárias. Nossa luta é cotidiana e não podemos aceitar a atual condição em que se encontram as mulheres trabalhadoras. Temos que mobilizar outras mulheres e homens que ainda mantém-se sob o julgo da lavagem cerebral que a classe dominante lhes embutiram, de valores, crenças e atitudes que nos faz permanecer distantes, fragmentados e hostis entre nós mesmos.
Fabiana Pitanga da Silva, Assistente Social e membro do Núcleo cultural Força Ativa

Ao participar da plenária do grupo Pão e Rosas, percebi o quanto tais mulheres se mostram lutadoras, comparavelmente às revolucionárias marxistas inspiradoras que ultrapassaram os limites do possível em seu tempo, apreciei muito as falas dessas lutadoras da atualidade e pretendo ajudar a construir o grupo Pão e Rosas. O contexto de crise econômica em que vivemos atualmente exige que participemos desta luta, nos unindo às trabalhadoras e trabalhadores, que estão sentindo na pele a perda de seus empregos e de sua dignidade.
Nesse momento se faz importante lermos, debatermos, disseminarmos a luta de grandes revolucionárias e alertarmos que o capitalismo é um sistema excludente e desigual, que está acabando com as nossas reservas naturais e matando de fome milhões de pessoas em todo mundo, às custas dos lucros de uma minoria.
Milena Bagetti, doutoranda FEA - Unicamp

Eu achei que dessa vez foi bem explicativa, no sentido de qual é a proposta do grupo Pão e Rosas, e não só do livro Lutadoras. Achei também que em termos da discussão foi muito mais rico. A gente teve diversos depoimentos de pessoas que não fazem parte do grupo, achei que isso enriqueceu bastante, até para entender também qual é a proposta de vocês do grupo, e a idéia das pessoas que estavam ali se apresentando, tanto as estudantes quanto as trabalhadoras que participam do grupo; e acho que esse é o diferencial de vocês. Vocês têm um grupo não só de discussão, não só de estudo com as mulheres, mas também de trazer as trabalhadoras para entender e fazer parte desse grupo. Acho que o Pão e Rosas é uma alternativa para organizar as mulheres com a crise, porque nós sofremos com isso, principalmente nós que somos mulheres sofremos com a crise. Dizem que uma coisa são os direitos da mulher e outra a crise econômica, mas acho que as duas coisas estão interligadas. A crise econômica tem tudo a ver com a exploração da mulher.
Liliane, estudante da PUC-SP

A importância de se construir o Pão e Rosas vem pela necessidade de um debate mais profundo sobre a causa da mulher. Pois este debate deve ir além (não menos importante, mas além) da luta de gênero, pois entendo que a opressão contra a mulher, tem suas raízes na estrutura da nossa sociedade, um sistema capitalista que historicamente acentuou essa opressão. Portanto, a luta deve ser também uma luta classista, unificada com a classe trabalhadora. Diante do momento histórico que estamos vivendo, diante da crise do sistema capitalista, chega a hora de nós mulheres nos posicionarmos e irmos à luta, para que a crise não seja descarregada nas nossas costas.
Rebeca Costa, estudante de Pedagogia da UNESP Marília

É a primeira vez que eu participo de alguma atividade do Pão e Rosas, o trabalho do grupo eu conhecia, mas pessoalmente ainda não. Eu acho que as mulheres devem cumprir um papel mais presente na situação atual, não de se esconder, o que é mais fácil, imposto pela sociedade. A mulher tem que se mostrar um pouco mais. É mais difícil da mulher se impor. A gente está numa sociedade que o homem se impõe muito mais e que para a mulher ser percebida ela tem que se impor dupla ou triplamente. E nós podemos entender isso em atividades como esta do Pão e Rosas.
Beatriz, revisora do livro Lutadoras e professora secundarista de francês

Achei incrível a iniciativa de formar um grupo de mulheres que põe em debate a questão da mulher na sociedade de classes. Num momento de inquietação e indignação diante das crueldades e injustiças da sociedade capitalista, encontrar um grupo de mulheres que, como eu, não enxergam como natural e não conseguem se acomodar confortavelmente frente às mazelas desta sociedade, para mim foi reconfortante e motivador. Conhecer o grupo aqueceu minhas esperanças ao me fazer perceber que é preciso e possível lutar contra este sistema, e que apenas o conhecimento e a indignação não bastam, é preciso ação. E num momento em que o pensamento crítico anda tão fragilizado, uma proposta como a do Pão e Rosas é uma ousadia e tanto. É de suma importância levar esta discussão para as universidades privadas, visto que são essas universidades as “destinadas” aos filhos dos trabalhadores que, sem a menor dúvida, serão os principais atingidos pela forte crise que nos ronda, e que portanto devem ter consciência de que para enfrentá-la será preciso discutir, se organizar, lutar.
Camila Loures, estudante de Pedagogia da Universidade Camilo Castelo Branco

Antes de tudo que possamos escrever aqui, precede delinearmos que tipo de igualdade nos direitos entre mulheres e homens reivindicamos e lutamos. Em quais condições esta será válida. Existe igualdade no sistema capitalista cujo motor é justamente o oposto; ou seja, a desigualdade? Que a base e essência de todo seu processo produtivo é a exploração de uma classe sobre a outra? Querermos igualdade entre gêneros nas mesmas condições antagônicas de classe em que vivemos, é reivindicar o direito de sermos tão exploradas quanto nossos companheiros; filhos e amigos já o são! Lutarmos para que nossos salários que são de 50% a 60% menos que os homens recebem trabalhando precariamente não é reivindicarmos por igualdade, mas sim levantarmos a bandeira da desigualdade. Pois, mesmo que os salários de mulheres e homens se equiparem ainda seremos todos forçados pela necessidade de subsistência a vender nossa força de trabalho para a classe burguesa dominante. É contra essa falsa igualdade, que devemos lutar, pois não passam de conceitos que ludibriam a mulher trabalhadora. A consciência de classe é o primeiro passo para dêsconstruir todo este conceito de igualdade que nos é imposto.
Clismênia, estudante de Ciências Sociais da UNESP Marília

O Pão e Rosas me interressou pela luta das mulheres contra o preconceito, o machismo, a violência dentro de casa e no trabalho, como o assédio moral. Construir o Pão e Rosas dá força a mulher para lutar por seus direitos como dona de casa e trabalhadora, reivindicando seu espaço para a política e o lazer, através de organizar a luta para diminuir o tempo de trabalho e acabar com a dupla jornada.
Marta Meirelles, trabalhadora da CCS - USP

Muitas vezes, o mesmo trabalhador que se organiza em sindicatos e luta contra a exploração, não percebe a dupla ou tripla exploração que sofre sua própria esposa, cuidando dos filhos e da casa depois de chegar do trabalho. Cerca de metade da classe trabalhadora é composta por mulheres, que tem muito mais dificuldade de discutir política e se organizar, devido a todas as amarras da opressão. Nesse sentido, vejo o Pão e Rosas como uma perspectiva de organização para as mulheres.
Natalia Mantovan, estudante de jornalismo da UNESP Bauru

No marco de uma crise capitalista como a que estamos vivenciando, a organização das mulheres na luta anticapitalista se faz ainda mais urgente. Reivindico o Pão e Rosas pelo seu posicionamento frente à crise e sua luta.
Luli, estudante de Letras da USP

Não podemos contar a história da humanidade sem contarmos a história das mulheres. É necessário que tenhamos as mulheres organizadas. O Pão e Rosas foi feito para todas mulheres, trabalhadoras, terceirizadas, precarizadas, estudantes, em uma palavra mulheres lutadoras que sabem que não podemos ficar olhando o curso da humanidade sem que participe dele.
Jenifer, estudante da Fundação Santo André

O grupo Pão e Rosas é um dos poucos grupos de mulheres que conheço que discute a situação feminina dentro de uma perspectiva de classe. Esta característica é a que me estimula a contribuir com o grupo: compartilho da postura de que a superação da sociedade de classes é premissa da efetiva superação do machismo. Sem desmerecer os diversos grupos de mulheres que se organizam por reivindicações paliativas – pois entendo que nunca serão mal vindas às já duras vidas das mulheres - elogio o Pão e Rosas por esta peculiaridade: não desvincular as questões das mulheres da sociedade de classes! Que o trilhar de suas atividades possa fazer avançar a compreensão da atual situação social da mulher e, principalmente, incidir em sua transformação!
Thais Lapa, co-autora do livro “Aborto e Religião nos tribunais brasileiros” e integrante do CLADEM

O Pão e Rosas, impulsionado por militantes da Liga Estratégia Revolucionária e independentes, deve avançar na direção da luta contra a crise capitalista, mas ainda somos muito poucas, e é necessário que possamos avançar na construção do grupo, para que cada dia mais possamos contar com mais mulheres nessa tarefa, assim como o Pan y Rosas na Argentina, que hoje aglutina cerca de 1000 mulheres.
Ariane Mendonça, estudante de Ciências Sociais da UNESP de Marília

É muito bom que seja construido o Pão e Rosas aqui na USP, devemos divulgar amplamente, a reivindicação do respeito e da independencia da mulher nos dias de hoje me atrai, porque apesar de termos lutado no passado pela independência, ainda falta respeito à trabalhadora que ganha menos e trabalha em casa, por isso devemos reivindicar melhores condiçoes de trabalho à todas e a diminuiçao da jornada de trabalho. E também considerando que a mulher tem que ter mais tempo para lutar politicamente, a dupla jornada precisa acabar, tem que ter lavanderias públicas, por exemplo, para acabar com as tarefas domésticas mais pesadas.
Maria S. N. Vancin, trabalhadora da biblioteca da FFLCH – USP

Acho que diferente de muitos grupos de gênero, o Pão e Rosas realiza uma aliança real de estudantes com trabalhadores, através da discussão, atos, debates e solidariedade e apoio a luta das trabalhadoras. Leon Trotsky tem uma frase muito boa que para mim fala tudo sobre o papel das mulheres trabalhadoras na luta de classes, por serem as mais exploradas e as quem mais sofrem com a atual lógica: “aqueles que lutam com mais energia e persistência pelo novo são os que mais sofreram com o velho”.
Debora, estudante de Ciências Sociais da PUC-SP

Durante todo o período histórico fomos nós, mulheres, que estivemos na linha de frente no enfrentamento das lutas sociais. Unidas pelo sentimento de solidariedade, as mulheres do passado, organizadas, lutaram pelo sustento de seus filhos, por direitos e igualdade social. Ainda hoje, trabalhamos com máquinas, com telemarketing e com faxinas, nas cidades; com enxadas, nos campos. Ajudamos nossos companheiros em suas dificuldades e realizamos as visitas dominicais a “Fundações CASA” e prisões. Somos quem choramos pelas agressões policiais contra nossos filhos, somos quem sofremos violências sexuais. Mas, somos, essencialmente, fortes, como as mulheres do passado que com muitos esforços tiveram grandes conquistas ao deixarem o silêncio, rejeitando as flores em troca da luta pela liberdade!
Precisamos aprender com elas e escrevermos no presente uma organização de mulheres que se oponha as organizações feministas atreladas ao Governo e que indique lutas efetivas junto à classe trabalhadora, visando acionar estratégias de luta contra o que nos atinge diariamente: o patronato e o machismo! Por isso apoio o grupo de mulheres Pão e Rosas.
Camila, assistente social e militante da pró-Federação Anarquista de São Paulo

A plenária do grupo Pão e Rosas foi de suma importância. Além da divulgação do livro Lutadoras e um "balanço" sobre o ato do dia 8 de março na Av. Paulista, o debate sobre a mulher e os problemas a que constantemente estão expostas me motivou ainda mais a lutar por nossos direitos. A existência do grupo Pão e Rosas é necessária em um mundo onde a mulher é inferiorizada, não apenas pelos homens, mas pelo próprio capitalismo.
Jacqueline, estudante de Ciências Sociais da PUC-SP

Recentemente assisti a um filme chamado “Anjos do Sol”. Este filme que traz a tona a barbárie que são as redes de escravização e exploração da prostituição infantil no Brasil nos faz refletir e nos revoltar contra a miséria do mundo em que vivemos. Penso que construir um forte movimento de mulheres, como deve ser o Pão e Rosas, é lutar incansavelmente contra as amarras desse sistema que às mulheres reserva a morte, mutilações, infelicidade, escravidão, perseguição e exploração.
Clarissa Menezes, mestranda da UFRJ

Nesse contexto de democracia liberal, onde a igualdade de gênero é tida como algo já conquistado pelas mulheres, podemos afirmar que a realidade em que vivemos prova algo bem diferente, não temos o que festejar. A tripla jornada de trabalho - emprego, casa e escola - os salários mais baixos, a violência doméstica e social, o racismo, as refugiadas de guerras, enfim, sempre somos o principal alvo das opressões e agressões sociais, ao lado de nossos filhos. Somos livres para nos submeter e nossa liberdade se limita a isso. Somos instigadas a crer que nosso papel é alegórico e secundário e os ícones de sucesso que nos são propostos seriam o de uma modelo de revista masculina, o de dançarina nos programas dominicais ou a negação do feminino, exercido pelas mulheres no poder. O capitalismo reúne em si características masculinas como o individualismo, a competição e a exploração, a solução para estas mazelas estão nas ações femininas, na promoção do coletivo e da sustentabilidade, enfim. Devemos nos erguer e nos apropriar ativamente de tudo que nos foi negado, desde sempre, intervindo sim na sociedade, buscando o pão e colhendo as rosas.
Caroline, trabalhadora da USP, estudante e mãe, como tantas outras

É muito importante levantar a campanha pela legalização do aborto e denunciar a Igreja. Toda mulher tem que ter o direito de decidir sobre seu corpo. Quando conheci um padre que tem um filho de quatro anos de idade pensei que é muita hipocrisia a Igreja querer se intrometer na sexualidade das mulheres.
Carol, estudante do Serviço Social da PUC-SP
Fotos de Daniella Origuela

5 mil mulheres morrem a cada ano na América Latina. Basta de mortes por abortos clandestinos!

A América Latina tem os índices mais altos de abortos realizados em condições de risco: quase 4 milhões por ano. É evidente que a política de penalização do aborto, que prevalece na região, não serve para evitar que os abortos sigam sendo praticados de maneira auto-induzida ou em circunstâncias clandestinas onde as condições colocam em risco a vida de milhões de mulheres, a maioria jovens, adolescentes, trabalhadoras e pobres.

Durante as décadas passadas, o fun­damentalismo religioso se firmou em nossa região: as igrejas e os governos neoliberais, além dos políticos opositores que represen­tam os interesses dos patrões, de oligárqui­cos e dos pró-imperialistas, impuseram uma política de direita contra os direitos demo­cráticos mais elementares das mulheres.

Nós, mulheres latino-americanas, te­mos uma longa história de luta pelo direito ao aborto, enfrentando a Igreja obscurantis­ta e os governos e políticos de direita, cle­ricais e reacionários; mas o surgimento de governos “pós-neoliberais” em toda a região despertou expectativas em diversos setores do movimento de mulheres que se chocaram contra a dura realidade: esses governos que se autodenominam “progressistas” não so­mente não fizeram nada para deter o brutal “feminicídio” causado pelo aborto clandes­tino em nosso continente, como também, e pior ainda, fazem eco das barbaridades que diz a Igreja e os setores reacionários, como podemos ver em suas declarações contra o direito ao aborto quando são pressionados pela direita e, sobretudo, como pode consta­tar-se no fato de que o aborto segue sendo criminalizado.

O resultado é que os governos da América Latina que se autodenominaram “progressistas” seguem proibindo o direi­to democrático elementar de decidir sobre nossos próprios corpos e nossa própria vida, o que não é mais do que permitir e legitimar a morte de 5 mil mulheres latino-americanas a cada ano, ensanguentadas na clandes­tinidade, que encontra suas vítimas fatais entre nossas irmãs mais pobres do conti­nente. Uma situação que vai piorar, diante da crise econômica internacional, na qual milhões de mulheres trabalhadoras e pobres vão ver aumentar estes padecimentos.

  • Na Argentina, sequer a legislação que diz que o aborto não é punível quando a gravidez traz risco de vida à mulher é respeitada. A justiça, a ministra da Saúde e a presidente Cristina Fernández em diversas ocasiões pronunciaram-se contra este direito elementar. Sob a pressão da Igreja e outros setores reacionários, impediram inclusive que se praticassem abortos terapêuticos em meninas abusadas, mulheres estupradas, e são os principais responsáveis de que sejam atualmente mais de 400 as mulheres que morrem, neste país, pelas conseqüências dos abortos clandestinos.

  • No Chile, o aborto não é permitido em nenhum caso desde o ano de 89 com a ditadura de Pinochet, sendo um dos países mais restritivos nesta questão. A direita e a Igreja mantém muito poder nas decisões políticas: em 2008 impediram que a “pílula do dia seguinte” continuasse sendo distribuída nos serviços públicos de saúde. O governo da Concertação garantiu isso e agora, em plena campanha eleitoral, dizem estar dispostos a discutir sobre o aborto terapêutico, enquanto mantiveram intacta a legislação sobre este tema desde a ditadura que levou à morte a centenas de mulheres pelas conseqüências dos abortos clandestinos. A presidente Bachelet, que desde o ínicio se mostrou contrária à descriminalização do aborto, apresentava a pílula contraceptiva de emergência como a solução para a gravidez na adolescência; mas hoje, se cala diante do fato de que a direita e a Igreja ganharam contra este direito elementar das mulheres trabalhadoras, pobres e jovens, proibindo a “pílula” e assegurando a miséria em que vivemos.

  • No Brasil, a Igreja de Pernambuco, com o apoio do Vaticano, disse que o aborto é pior que o estupro, e excomungou os médicos e a mãe responsáveis pelo aborto realizado em uma menina de 9 anos grávida de gêmeos, depois te ter sido abusada por seu padrasto. No entanto, o presidente Lula, por um lado disse que o aborto é uma questão de saúde pública, mas por outro lado estende a mão para a Igreja, os tranqüilizando ao dizer que não vê a necessidade de que o Congresso aprove a lei que descriminaliza o aborto, pois a lei que já existe inclui dois casos excepcionais (estupro e risco de morte). Além disso, a perseguição a 10 mil mulheres no Mato Grosso do Sul por terem realizado abortos clandestinos, a Comissao Parlamentar de Investigação sobre o Aborto na Câmara dos Deputados e a campanha em defesa do nascimento de fetos sem cérebro conferem ao Brasil o título do “modelo de luta contra o direito ao aborto” para ser sede, em 2010, do Encontro Mundial em Defesa da Vida.

  • No Uruguai, em novembro de 2008, o atual presidente Tabaré Vázquez, tal como havia advertido previamente, vetou a legislação – que tinha sido aprovada por ambas câmaras do poder legislativo – que propunha a descriminalização do aborto nas primeiras 12 semanas de gravidez. Apesar das mobilizações e das vozes que se levantaram contra o veto presidencial, este não foi revertido. Talvez tenha sido o único ponto de sua campanha eleitoral que o presidente cumpriu ao pé da letra!

  • No Equador de Rafael Correa, o aborto é considerado um delito. Durante a inauguração da Assembléia Nacional Constituinte, em 2007, o presidente equatoriano se pronunciou contra a descriminalização do aborto e, no ano seguinte, para responder às acusações da Igreja e não dar margem à dúvidas sobre sua posição, o governo retirou o não reconhecimento ao aborto legal da nova constituição. “Nunca entendi as propostas como ‘meu corpo, minha escolha’, quando é claro que o embrião, feto ou bebê que uma mãe carrega já não é parte de seu corpo” declarou Correa, completando disse que votaria contra “caso a nova Constituição aprove a eutanásia pré-natal”.

  • Na Bolívia, o aborto é penalizado com três anos de prisão para a mulher que permita o aborto. Na assembléia constituinte que promovia a refundação do país, retórica usada pelo partido governante, houve uma proposta de direitos sexuais e reprodutivos elaborada por agrupações de mulheres, ONG’s, mulheres indígenas, coletivos feministas e independentes, onde se reivindicava especificamente a descriminalização do aborto, direito à privacidade e à intimidade pessoal, direito a decidir sobre o próprio corpo, à escolha pela maternidade livre e voluntária, ao prazer e erotismo. Frente a isto, Evo Morales foi acusado pela Igreja e setores de ultra-direita de querer aprovar a descriminalização do aborto na nova constituição. Rapidamente, o presidente desmentiu estas “calúnias”, negando contundentemente que tal coisa estivesse em seus planos e completou dizendo que seu governo defendia “a cultura da vida”.

  • Na Nicarágua, o aborto é penalizado sob qualquer circunstância desde outubro de 2006, mesmo quando se trate de uma menor de idade que tenha sido estuprada. Daniel Ortega, o atual presidente nicaragüense, deu um passo atrás na história, derrubando a legislação existente desde 1893, em um nefasto acordo realizado com o que tem de mais reacionário da Igreja nicaragüense para que esta apoiasse sua candidatura nas últimas eleições. Além de ter carregado em suas costas uma acusação de abuso sexual por parte de sua enteada, Daniel Ortega promove a perseguição de setores do movimento feminista que lutam pela legalização do aborto neste país.

  • Na Venezuela, o “socialismo do século XXI” parece não incluir os direitos das mulheres: seu presidente, Hugo Chávez, expressou publicamente contra o aborto e impediu, junto a alguns parlamentares do chavismo, que a legislação favorável à descriminalização do aborto sob o argumento – no interior de seu próprio partido – d que uma medida deste tipo poderia afetar fortemente sua base eleitoral e perder o apoio que tem tido até agora por parte da igreja evangélica. Em El Salvador, onde recentemente a FMLN ganhou as eleições, Mauricio Funes, seu atual presidente, se comprometeu frente a representantes de distintas igrejas a erradicar os altos índices de abortos que existem no país, esclarecendo: “Não vou promover nenhum iniciativa orientada a descriminalizar o aborto... já disse que não, mais claro que isso não posso ser”. Claríssimo.

Por isso exigimos...
Mais nenhuma mulher morta por abortos clandestinos!
Educação sexual em todos os níveis da educação pública
Contraceptivos gratuitos para não abortar
Aborto legal, seguro e gratuito, realizado nos hospitais públicos para não morrer


Assinam:
Pan y Rosas (Argentina); Pan y Rosas – Teresa Flores (Chile); Pão e Rosas (Brasil);
Visite o blog da campanha: derechoalabortoenamericalatina.blogspot.com

Entrevista com Maria Beatriz Abramides sobre o livro "Lutadoras..."

O livro Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história foi lançado na PUC-SP com a presença de mais de 150 estudantes, trabalhadores e trabalhadoras e professores da universidade. A mesa contou com as professoras Maria Beatriz Costa Abramides e Vera Vieira, e as organizadoras do livro Andrea D’Atri e Diana Assunção. Entrevistamos Maria Beatriz Costa Abramides, Professora da Faculdade de Serviço Social - PUC-SP que participou do lançamento do livro, atividade apoiada pela APROPUC, entidade da qual é Diretora.

Qual a importância do livro Lutadoras?

O livro Lutadoras foi lançado primeiramente em espanhol na Argentina em 2006, pelas edições IPS - Instituto do Pensamento Socialista - tendo sido organizado por Andrea D’Atri. Em 2009 foi lançada, no Brasil, sua versão pelas Edições ISKRA, em março de 2009, acrescido do anexo referente às mullheres no ascenso do movimento operário de 1978 a 1980 e tem como organizadoras do livro Andrea D'Atri e Diana Assunção.
As organizadoras são militantes revolucionárias no movimento de mulheres trabalhadoras da Argentina e do Brasil. Andrea D'Atri publicou em 2004 na Argentina e, em 2008 no Brasil, também pela ISKRA, o livro Pão e Rosas - Identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo. Nesse livro a opressão das mulheres se insere na história da luta de classes sob orientação teórica marxista, posição assumida pelas mulheres na luta contra a exploração e opressão capitalista. Andrea é uma das fundadoras do agrupamento Pão e Rosas na Argentina e militante do PTS - Partido dos Trabalhadores Socialistas. Diana Assunção é uma jovem estudante de história da PUC-SP, uma das fundadoras do grupo Pão e Rosas no Brasil, responsável pela Coleção Mulher das Edições ISKRA e militante da Liga Estratégia Revolucionária.
O livro Lutadoras tem um significado histórico para mulheres e homens que lutam por uma sociedade sem exploração de classe e qualquer tipo de opressão social, de gênero, etnia, orientação sexual. O livro trata a história de mulheres lutadoras que fizeram história escrito por mulheres lutadoras que fazem história. Escrito a muitas mãos, Lutadoras é resultado de uma pesquisa realizada por mulheres no Brasil, Argentina, Chile, México e que são respectivamente: Andrea D’Atri, Diana Assunção, Bárbara Funes, Ana Tossato, Ana López, Jimena Mendoza, Celeste Murillo, Marina Fuser, Virgina Andrea Peña, Adela Reck, Malena Vidal, Gabriela Vino. Trata-se de uma produção coletiva, no sentido exato do termo, construído em uma mesma direção teórica no âmbito do materialismo histórico-dialético, em direção ao socialismo. Isso faz com que de forma viva e emocionante nos deparemos com as lições das militantes apresentadas neste livro em diferentes momentos da história do capitalismo, mas todas elas em frentes de lutas e combate na perspectiva de uma sociedade sem exploração e opressão. O Livro está organizado em Mulheres Pioneiras: Flora Tristan e Louise Michell; Internacionalistas: Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin; Rebeldes: Carmela Jeria, Lucrecia Toriz e Marcia Cano; Combativas: Marvel Scholl e Clara Dunne e Genora Johnson Dollinger; Vermelhas: Natalia Sedova, Pen Li Lan, Mika Etchebéhere. Indomáveis: Nadehzda Joffe, Edith Bonne e Patrícia Galvão. O livro consta de 325 páginas de histórias de mulheres rebeldes e revolucionárias que lutaram pela causa da luta operária, tendo como fio condutor a questão da mulher do ponto de vista da classe.

Qual o significado do lançamento de Lutadoras num momento de crise capitalista?

A crise do capitalismo, a partir de 2008, já é considerada a maior crise desde 1929. Trata-se de uma crise estrutural de superprodução, com alta queda nas taxas de lucro em que os governos capitalistas, em uma perspectiva salvacionista, depositam estrondosa quantia de dinheiro público nas mãos de empresários e banqueiros. A consequencia é ampliação da barbárie, com aumento do desemprego, demissões em massa, intensificação da precarização do trabalho, redução de postos de trabalho, destruição de direitos sociais (saúde, educação, previdência) e trabalhistas. A resposta do capital a sua crise de superprodução amplia ainda mais a superexploração da classe trabalhadora, incidindo fortemente sobre a mulher trabalhadora. Historicamente no interior da classe trabalhadora, a mulher tem sido a mais explorada, com trabalho igual para salário desigual, trabalho polivalente, dupla jornada de trabalho, ritmo acelerado de trabalho, ampliando a mais-vlalia absoluta pel;o trabalho feminino que produz em alguns setores, em menor tempo, em maior quantidade a mercadoria, por menores salarios. O momento atual da conjuntura internacional e latino-americana abre a possibilidade de ampliação da luta de classes, e o marxismo revolucionário e as lições das mulheres revolucionárias na história nos auxiliam para as lutas históricas necessárias à conquista do projeto de emancipação humana.

Porque é importante que Lutadoras chegue cada vez mais as mulheres?

Porque aprendemos com a história de lutas dessas mulheres na história da humanidade, no combate ao capitalismo. A lógica do capital se opõe ao processo de emancipação da classe e somente com o fim das classes, da propriedade privada dos meios de producão, com o fim do capitalismo é possível conquistar uma sociedade igualitária dos individuos sociais- a emancipação humana. A perspectiva revolucionária tem centralidade neste momento histórico mundial e as mulheres, do ponto de vista da classe, jogam um papel fundamental neste processo, posto que não há emancipação das oprimidas e oprimidos se não for lutando pelo fim da exploração capitalista, pela revolução socialista. O livro Lutadoras, pode ser um excelente instrumento para o combate teórico e político e de ânimo para a juventude tão fundamental para as frentes revolucionárias.

O que acha da necessidade de organização das mulheres na luta por seus direitos?
A luta das mulheres trabalhadoras, operárias é histórica. A dominação e opressão das mulheres se inicia antes mesmo do capitalismo, e desde sempre justificam-se suas lutas. Até porque a história da humanidade tem sido a história da dominação de classes e portanto da luta de classes. Porém, no capitalismo a dominação de classes se dá pela exploração da força de trabalho humano, de uma classe sobre a outra, A burguesia se apropria da riqueza socialmente produzida pelo proletariado. Assim a luta pelo fim da opressão de gênero não pode estar desvinculada da luta pelo fim da opressão de classe. É claro que a luta das mulheres deve ser tratada do ponto de vista das lutas imediatas como salário igual para trabalho igual, direitos democráticos como o direito ao aborto, mas as autoras insistem, e estou de acordo com elas, de que é fundamental que a “a classe operária, começando por suas mulheres, integre a questão de sua emancipação em seu programa revolucionário” (D'Atri e Assunção, 2008:20).