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segunda-feira, 2 de março de 2009

A unidade tem que servir pra lutar pelos nossos direitos e enfrentar a crise capitalista!

Por Clarissa Menezes, estudante da UFRJ e militante da LER-QI e Diana Assunção, estudante da PUC-SP e dirigente da LER-QI

Não podemos enxergar esse 8 de março como mais um ato que faz parte da agenda de atos realizados todos os anos. A realidade coloca a neces­sidade de romper com qualquer rotineirismo do que vinha sendo o “calendário da esquerda”. Por isso não deve ser tratado como um dia de festa e sim um dia de luta pelos nossos direitos, já que neste dia nós mulheres não temos nada a comemorar.

As mulheres do grupo Pão e Rosas viemos intervindo nos encontros, atividades e reuniões da Conlutas, pois acreditamos que essa central sindical que reúne os setores antigovernistas possa servir de referência para que trabalhadoras e trabalhadores enfrentem a crise, as demissões, os PDV’s, a retirada de direitos. Para isso é preciso de uma ação contun­dente pela unidade das fileiras operárias, levantando um programa de defesa intransigente dos setores mais oprimidos da sociedade. Nessa perspectiva a consigna expressa no Manifesto do Movimento de Mulheres em Luta/Conlutas “Estabilidade no empre­go já. Contra as demissões e a redução de salário” deve necessariamente estar aliado à luta contra qual­quer demissão dos terceirizados e contratados e pela incorporação dessas/es trabalhadoras/es ao quadro de efetivos, exigindo salários e direitos iguais, entre homens e mulheres, negros e brancos. E também aliado à luta incondicional pelos direitos das mulhe­res. Somente assim a Conlutas poderá se transfor­mar em uma referência aos setores mais oprimidos da classe trabalhadora, demonstrando que busca uma atuação classista e não corporativista.

É preciso lutar contra a política da direção da Marcha Mundial de Mulheres

Estamos a favor da necessária unidade na luta pelos direitos das mulheres e da nossa classe, mas compreendemos que não será com uma polí­tica de abstenção do nosso repúdio aos governos burgueses aos quais o PT e a direção da Marcha Mundial de Mulheres se integram conscientemen­te que conseguiremos trazer para o nosso lado milhares de companheiras que ainda tem ilusões nas direções petistas da MMM, da CUT e do MST, e mais ainda no governo de Lula. Por isso não com­partilhamos da política impulsionada pela Conlutas de fazer um chamado à unidade com os setores do feminismo, que são majoritariamente da MMM, sem denunciar suas direções. Acreditamos, ao contrá­rio, que nosso chamado à unidade deve acelerar o processo de experiência dessas mulheres com suas direções, e quando isto ocorrer, encontrarão em nossas propostas uma alternativa. Por isso, é uma condição necessária não rebaixar as nossas bandeiras. E tampouco a direção majoritária da Conlutas, o PSTU, pode ocultar a realidade em fun­ção dos acordos eleitorais e sindicais do PSTU com o PSOL, e sua Frente de Esquerda, se abstendo de travar uma luta à morte contra a política da di­reção da MMM. Afinal, não é possível buscar uma “unidade de luta” com as governistas do PT, partido que no Rio de Janeiro coloca o exército para assas­sinar a juventude negra e se cala diante da política de Sérgio Cabral do PMDB quando este defendeu políticas de extermínio ao povo negro; sem falar na manutenção das tropas no Haiti violentando nossas companheiras haitianas.

Consideramos que a tarefa que temos é a ne­cessidade de acenar para as trabalhadoras um pro­grama classista, anti-governista com a maior clareza possível para que possamos ser vistas como uma alternativa para a luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras. Por isso, quando a direção do Movi­mento de Mulheres em Luta/Conlutas não diferencia a direção da MMM de sua base acaba semeando confusão entre as trabalhadoras e não contribuindo para que façam suas experiências com as direções petistas. É preciso insistir entre as mulheres na base da CUT, da MMM, do MST, da Força Sindical, da CTB, com uma política classista, antigovernista, que lute de forma consequente pela independência políti­ca das trabalhadoras, e isso também deve servir para as militantes do PSOL e da Intersindical, já que este partido rompeu as barreiras da independência de classe votando leis anti-operárias, se calando diante da postura reacionária de Heloisa Helena fem relação ao direito ao aborto e aceitando dinheiro da Gerdau. Não à toa agora, o PSOL e a Intersindical negaram o convite da Conlutas ao nosso ato, e se juntaram com a política do ato governista. Portanto, é neces­sário dizer claramente que neste 8 de março existem duas políticas. É essa tarefa que nós da LER-QI, ao lado das companheiras do grupo de mulheres Pão e Rosas queremos nos dar, contribuindo para que as trabalhadoras/es dêem passos para atropelar suas direções e a burocracia sindical.

Por um ato de luta e classista para organizar as mulheres trabalhadoras e a juventude

As mulheres que nos reivindicamos revo­lucionárias como as que integramos a LER-QI e o PSTU, não podemos adaptar nosso programa para privilegiar as táticas. Fazemos um chamado fraternal às companheiras do PSTU a rever sua política e a gritar fortemente as consignas de nosso programa antigovernista, classista e em defesa dos nossos di­reitos, para dessa forma se enfrentar com a política da direção da Marcha Mundial de Mulheres, priori­zando as necessidades que estão colocadas para os trabalhadores/as e o povo. Coloquemos de pé jun­tas um novo Encontro Nacional de Mulheres da Conlutas que possa de fato armar a juventude e as mulheres trabalhadoras com um programa pra enfrentar a crise e lutar pelos nossos direitos!

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