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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Wendy Goldman visitando a fábrica Madygraf (ex-Donnelley)

Wendy Goldman: “Não poderia estar num lugar melhor que este”.

Sábado, 27 de setembro de 2014 – Edição do dia – A historiadora estadunidense está na Argentina, convidada pelo grupo de mulheres Pão e Rosas. Uma de suas atividades foi visitar à gráfica ex-Donnelley de Garín que está funcionando sob controle operário. 


Por Gabriela Jaime e Clara Liz

      Traduzido de http://laizquierdadiario.com/Wendy-Goldman-No-podria-estar-en-un-lugar-mejor-que-este



Terminada a conferência de Wendy Goldman, para mais de 600 pessoas no auditório da Faculdade de Ciências Sociais (Universidad de Buenos Aires – UBA), [na quinta-feira, 25] Pão e Rosas (precursor da primeira edição em castelhano do seu livro “La mujer, el estado y la revolución”) a convidou para conhecer a experiência da fábrica Madygraf, ex-Donnelley, hoje sob gestão de seus trabalhadores. E, como não poderia ser de outra maneira, para conversar com a Comissão de Mulheres.
Durante a visita Wendy Goldman conversou com os trabalhadores sobre cada detalhe do processo de produção, mas também sobre a organização dos trabalhadores, sua história de luta e a situação atual da fábrica sob gestão operária.
Uma questão importante ressaltada pelos trabalhadores foi que a Madygraf é uma das fábricas maiores e mais modernas da indústria gráfica, por isso há interesse econômico de rematá-la, pelo alto valor do maquinário.
Um dos momentos mais interessantes deste diálogo com os trabalhadores se deu quando Wendy lhes perguntou por que não se contentavam em conseguir a legalização da cooperativa Madygraf e exigiam a expropriação, para estatizar a fábrica sob controle operário. A resposta foi contundente: “Porque somos trabalhadores e os trabalhadores não querem se transformar em patrões”.
Os trabalhadores a convidaram para tomar mate e comer petiscos preparados na cozinha da Madygraf. Espertos, os trabalhadores oferecem mate doce para ganhar sua simpatia, pois suspeitavam que os amargos não seriam do agrado dos paladares estrangeiros que não estão acostumados ao sabor da erva.
Nesse momento da visita se juntam as primeiras integrantes da comissão de mulheres que presenteiam Wendy com a jaqueta azul de Donnelley usada por seus trabalhadores, bordadas com a frase: “Famílias nas ruas, nunca mais!”
Depois se dirigem ao lugar onde funcionará a futura creche da Madygraf. Sol, da comissão de mulheres, explica que a urgência em organizar o jardim infantil é porque as mães necessitam trabalhar, inclusive as que até agora não trabalhavam fora, até que os trabalhadores da Madygraf voltem a receber seus salários que estão retidos pelo síndico da falência.
Wendy pergunta quantas crianças atenderiam. São entre setecentos e mil filhos de trabalhadores, mas Sol informa que estão organizando uma pesquisa para conhecer melhor as idades, condições de vida de cada família etc.
Em seguida, escuta atentamente a história de vida e solidariedade compartilhada pelos trabalhadores da [corrente sindical e política] Bordó Gráfica e suas famílias, narrada pelas mulheres.
Mas o relato mais incrível foi o das meninas dessas famílias operárias que contaram com palavras comoventes o que sentiram ao viver esta situação e acompanhar seus pais e mães nesta luta.
Uma das mães presente nos mostrou seu celular, com um desenho feito por sua filha de cinco anos. Após uma passeata em defesa do pagamento dos salários, na qual a menina foi com a mãe e o pai, ela desenhou os trabalhadores bravos. “Estão bravos porque querem que paguem seus salários”, explicou a menina.

Maria diz a Wendy que o nascimento da comissão de mulheres, no contexto da luta contra as demissões, que ainda não terminou, fortaleceu a unidade das famílias trabalhadoras e isso fez com que a comissão de mulheres continuasse atuando. Todas concordam que isso foi porque haviam entendido a necessidade não apenas de se organizar em defesa do trabalho de seus maridos, mas também por suas próprias reivindicações como mulheres.
Anahí relata que conquistar esta organização foi custoso, tiveram que se impor e fazer discussões políticas até com seus companheiros. Contando casos divertidos, mas cheias de convicção, iniciaram a mudança na relação de irmandade e solidariedade em suas famílias. Como elas cantavam em uma de suas canções: “corações valentes, dos patrões e dos maridos, independentes”.
Wendy se despediu dizendo que o que viu diante de si é maravilhoso e que não poderia estar num lugar melhor que este.
Os trabalhadores e a comissão de mulheres da Madygraf estão escrevendo uma história diferente de tudo o que nos têm ensinado que é natural e inevitável. Um caminho de emancipação, de luta contra a exploração e a opressão.

Veja o vídeo com filhos e filhas de trabalhadores da Madygraf. Uma das crianças, Priscila, de 11 anos, explica para Wendy que os trabalhadores votaram o nome Mady para a cooperativa em homenagem a uma das crianças, filha de um trabalhador, que tem paralisia infantil. Diz também que os filhos estão em muitas passeatas com seus pais e mães, e decidiram chamar-se “Pequenos de pé”, para mostrar que apoiam a luta dos seus pais.

https://www.youtube.com/watch?v=x0RSGbifwXQ



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