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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Pão e Rosas no ato pela legalização do aborto em São Paulo

Participação do grupo de mulheres Pão e Rosas no ato pela legalização do aborto (28/09), em São Paulo



No Dia 28 de setembro – Dia Latino Americano e Caribenho pela Legalização do Aborto – ocorreram atos em diversas cidades da América Latina para lutar por esse direito das mulheres decidirem sobre seu próprio corpo. Em São Paulo o ato se deu na Avenida Paulista organizado pela Frente Feminista pela Legalização do Aborto e contou com a participação de diversas organizações de mulheres.

Frente à proximidade das eleições, vimos que muitas organizações não deram peso devido para o ato, mais preocupadas com as campanhas eleitorais e separando isso da luta pelos direitos das mulheres. As mulheres da Marcha Mundial de Mulheres, ligadas ao PT, estiveram presentes mas não tinham sequer um candidato que pudesse falar em defesa do aborto no ato, justamente porque o PT se cala sobre esse assunto. O mesmo podemos dizer do PSOL, que não levou nenhum candidato ao ato para prestar solidariedade à luta das mulheres. Já o PSTU, apesar de comparecer com duas candidatas (Ana Luiza, candidata à deputada federal, e Arielli, candidata à deputada estadual), não deu nenhum peso do partido para o ato, comparecendo com pouco mais de uma dezena de militantes.

O grupo de mulheres Pão e Rosas esteve presente com um bloco organizado muito expressivo para lembrar a morte de Jandira e Elisângela, duas jovens que morreram recentemente vítimas de aborto clandestino no Rio de Janeiro. Jandira desapareceu após entrar num carro que a levaria para a clínica clandestina e depois seu corpo foi encontrado mutilado e carbonizado. Elisângela morreu num hospital após um aborto clandestino mal sucedido que perfurou seu útero. O bloco do grupo de mulheres Pão e Rosas em SP carregava faixas, cartazes e seus integrantes vestiam camisetas que exigiam Justiça para Jandira e Elisângela e cantavam “Jandira, não vai passar! O aborto vamos legalizar!” e “Todas as Jandiras nós vamos vingar com a luta operária e popular!”.



























O Pão e Rosas esteve presente também, junto à secretaria de mulheres do SINTUSP (Sindicato de Trabalhadores da Universidade de São Paulo), que acabam de sair de uma greve exemplar e vitoriosa, para exigir saúde pública de qualidade e que as mulheres tenham direito ao aborto seguro e gratuito, garantido pelo SUS 100% estatal. Babi, trabalhadora do Hospital Universitário da USP e do Pão e Rosas, lembrou que a greve de trabalhadores lutou em defesa do HU, contra sua desvinculação da universidade, que abre caminho para a privatização do hospital e também recordou que existem mais de 800 mulheres na fila do “Papanicolau” no HU por falta de enfermeiras que possam realizar um exame tão simples. As mulheres do Pão e Rosas cantavam “Saúde de qualidade já! SUS sob controle operário e pupolar!”. Babi finalizou dizendo: “Parte da nossa luta pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito passa também por defender os hospitais universitários contra o sucateamento e a privatização, para que o aborto seja realizado pelo SUS 100% estatal”.



O Pão e Rosas lembrou também que estamos nos aproximando das eleições e que existem duas mulheres entre os três principais candidatos à presidência do país. Marília, demitida política do Metrô de São Paulo e do Pão e Rosas, lembrou que tanto Dilma quanto Marina negam às mulheres o direito elementar a decidir sobre os seus corpos e suas vidas. “Aécio, Marina, não sou da sua laia! Fora já com a Dilma e leva junto o Malafaya!” e “Não somos uma no poder, somos milhares pelas ruas lutando por nossos direitos, com as mulheres da USP como exemplo!” eram dois dos gritos que mais se ouviam das mulheres do Pão e Rosas. Marília finalizou fazendo um chamado: “Quero dialogar em especial com as companheiras da Marcha Mundial de Mulheres, pois estamos a muitos anos lutando juntas pela legalização do aborto mas as companheiras insistem em depositar confiança no governo de Dilma e do PT, que já mostrou em mais de 12 anos de governo que não vai nos dar esse direito elementar. Nós vamos arrancar nosso direito através da organização das mulheres nas ruas!”.

Veja as intervenções:



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