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terça-feira, 6 de maio de 2014

Boletim Pão e Rosas - Especial Metroviárias



Não podemos aceitar operar um trem e trabalhar nas estações com mulheres sendo assediadas!

          A realidade da violência contra a mulher e estupros no nosso país é gritante. São mais de 50 mil mulheres estupradas por ano e uma média de 5 mil mulheres mortas. Contando com as que não denunciam por medo, vergonha ou por desacreditar da polícia, que na maioria dos casos comprem um papel de humilhá-la ainda mais (até mesmo nas Delegacias da Mulher), os números são ainda piores. Essa discussão ficou evidente pela pesquisa publicada pelo IPEA, que divulgou um dado de que 65% dos entrevistados concordavam com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Posteriormente, assumiram o erro e divulgaram o dado correto de 26%, que não deixa de ser um número alto. Também ganhou destaque o assédio nos transportes depois da propaganda do Metrô e do governo do estado de SP que dizia que “o trem cheio é bom porque dá pra xavecar a mulherada”. O que eles querem é justificar os assédios, justificar o machismo e tirar o foco da responsabilidade que têm por conta da superlotação.
            O Metrô de São Paulo está no olho do furacão. Somente este ano já foram registrados cerca de 20 casos. Nós, trabalhadoras e trabalhadores do Metrô, não podemos aceitar trabalhar em estações ou operar trens normalmente, enquanto tem mulheres sendo assediadas ou violentadas! Por isso nós do Pão e Rosas interviemos no Seminário da Campanha Salarial do Metrô propondo uma verdadeira campanha contra o assédio sexual. Achamos que trabalhadores e trabalhadoras do Metrô podem, junto com a população usuária, fazer efetivamente diferença para dar um basta nessa situação!
            Lutamos para que a Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários elabore, junto às metroviárias e usuárias, uma ampla campanha com fotos, cartazes, vídeos e painéis, além de um anúncio sonoro nos vagões contra o assédio. Que o Metrô disponibilize espaço na TV do trem e nos painéis publicitários para esta campanha. E nós, operadores e operadoras de trem e funcionários das estações, devemos emitir esse anúncio, deixando claro que os metroviários estão do lado das mulheres no combate à violência, chamando a que as mulheres denunciem os casos para a secretaria de mulheres do sindicato e denunciando a responsabilidade do governo e da empresa. Devemos lutar por comissões de metroviárias e usuárias a partir da Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários para apurar os casos de assédio e exigir punição dos agressores. As mulheres violentadas ou assediadas devem ter direito a licenças remuneradas no trabalho e assistência financeira garantida pelo Metrô, com tratamento físico e psicológico!
                 Acreditamos que essa é a forma de colocar as metroviárias e metroviários em ação, buscando fazer a diferença na luta contra o assédio e se aliar a população usuária, em especial às mulheres. Nada a ver com a política do PSTU (em nome do Movimento Mulheres em Luta) de distribuição de alfinetes, que não à toa perdeu a votação no Seminário da Campanha Salarial do Metrô, já que os trabalhadores não consideram que se trata de uma campanha efetiva ou a política também defendida pelo PSTU da implantação dos vagões exclusivos para mulheres nos horários de pico, uma medida que segrega a mulher, naturalizando a situação de assédio.
                 Chamamos todos que tem acordo com a perspectiva que apresentamos aqui a se somar na luta cotidiana contra a opressão às mulheres!


 Lutar pelas demandas das trabalhadoras terceirizadas nessa campanha salarial!

Recentemente, as trabalhadoras da Higilimp (limpeza da L1 Azul) se organizaram e fizeram uma grande campanha nas eleições da CIPA, com apoio dos Metroviários pela Base e do Pão e Rosas. Conseguiram eleger uma bancada da CIPA que pela primeira vez não tem nenhuma representante direto da empresa, o que representa um novo passo no sentido da luta contra as condições de trabalho semi-escravas que essas trabalhadoras estão submetidas! Nós do Pão e Rosas defendemos que, além de nossas demandas e das demandas dos usuários, devemos defender também as demandas das trabalhadoras terceirizadas (maioria mulheres) nessa campanha salarial para fortalecer ainda mais essa luta!
- bilhete de serviço para todos os terceirizados do Metrô!
- Pagamento do VA para as trabalhadoras da Higilimp!
- Plano de saúde para os terceirizados! Que qualquer atestado seja aceito pelas empresas e que não tenha nenhum desconto por falta justificada!
- Licença maternidade de 6 meses para as terceirizadas!


É só uma piada?!
 
            Por meio de declarações feitas por pessoas que participaram de treinamentos oferecidos pelo metrô, sabemos que há instrutores fazendo colocações machistas, racistas e homofóbicas. Israel Cravo, instrutor do treinamento de bilheteria, é um deles e, não à toa, foi e é alvo de muitas reclamações vindas de pessoas que se sentem ofendidas e desrespeitadas por seus comentários. Quando questionado sobre o caráter preconceituoso do que diz, este instrutor afirma que está apenas fazendo brincadeiras e piadas “inofensivas”.
             Há muito tempo ocorrem casos de abuso sexual no metrô de São Paulo e percebemos que ao invés de promoverem discussões críticas sobre o assunto, contribuindo para que haja a compreensão de como essa situação é humilhante e agressiva às vítimas, alguns instrutores reforçam e perpetuam preconceitos através de suas observações e “piadas”.
          No Brasil, 15 mulheres são mortas por dia, uma a cada uma hora e meia. Negros são assassinados três vezes mais do que brancos e um homossexual é morto a cada 28 horas no país, sendo que 44% de todos os casos letais de homofobia do planeta ocorreram aqui.
            Não deve haver nenhum espaço para comentários e piadas preconceituosas no treinamento do metrô de São Paulo. Este comportamento deve ser completamente repudiado e combatido, pois reproduz e perpetua graves preconceitos e, sendo assim, contribui para que pessoas continuem sendo desrespeitadas, excluídas, agredidas e assassinadas.
         Por tudo que foi colocado, exigimos a retirada do instrutor Israel Cravo do treinamento de bilheteria! Já houve inúmeras reclamações sobre a postura preconceituosa deste instrutor e não existe justificativa para que ele continue dando o treinamento. É urgente que uma pessoa que respeite as diversidades humanas assuma este treinamento! Estaremos atentas a qualquer comportamento e colocação preconceituosa.
            Há, além disso, o anúncio de que o metrô conta com mil agentes de segurança treinados para receberem as vítimas de assédio sexual. No entanto, sabemos que esta é uma propaganda enganosa! O metrô não oferece treinamento para que os funcionários saibam lidar de maneira adequada com essa situação e assim, além de fazer com que a vítima não tenha o acolhimento necessário, a empresa coloca os funcionários em uma posição delicada ao terem que enfrentar uma realidade para a qual não foram preparados.
          É imprescindível que o metrô forneça um treinamento voltado para o atendimento às vítimas de opressão, com participação das secretarias de mulheres e de negros do sindicato.
Todxs merecem dignidade e respeito!

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Venha junto com o Pão e Rosas ao Lançamento da Cartilha sobre Violência contra a Mulher do Movimento Mulheres em Luta!
Dia 10/05, a partir das 14h, no sindicato dos Metroviários!

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GRANDE LANÇAMENTO do livro A MULHER, O ESTADO E A REVOLUÇÃO!
Inédito em português!
Com a presença da autora, a historiadora norte-americana Wendy Goldman e também Andrea D’Atri (autora do prefácio da edição Argentina e dirigente do Pan y Rosas Argentina), além de Diana Assunção (autora do prólogo à edição brasileira e dirigente do Pão e Rosas Brasil)
Dia 20 de Maio em São Paulo!


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