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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

As travestis na linha de frente de sua emancipação

                                         
Por: Virginia Guitzel, travesti com glamour
Durante o I Encontro Nacional do Movimento Mulheres em Luta, uma das discussões que demos hierarquia foi a precarização da vida das milhares de travestis e transexuais e a necessidade de construir um movimento classista e revolucionário que permita com que mais travestis e transexuais sejam linha de frente da luta por sua emancipação.

No sábado (05), participei do Grupo de discussão sobre as travestis e transexuais. Comecei por colocar uma debilidade do encontro de organizar corretamente um debate entre as travestis e transexuais no mesmo horário que os temas gerais do encontro que votariam nossos próximos passos e fortalecia um debate rico sobre as opressões e sua relação intrínseca com a exploração imposta pelo sistema capitalista.

Apontamos que a organização das travestis e transexuais enquanto um grupo oprimido não pode nos deixar isolada das principais discussões do encontro, porque para além de nossa opressão, queremos lutar contra todo esse sistema de miséria e criar uma aliança real com as trabalhadoras e estudantes que estavam lá para que tanto essas nos representem quanto nós possamos levar a frente a demanda de todas as mulheres que constroem esse movimento.

Debatemos os problemas recorrentes de nossas vidas como os olhares discriminatórios, o jeito que somos tratadas nos hospitais públicos, nas escolas (nossa evasão), raro acesso a universidade, os assassinatos hediondos, as tentativas de suicídio que nos vemos como única alternativa, a prostituição compulsória para nossa sobrevivência, a falta de mercado de trabalho e como somos transformadas em exército de reserva.

Denunciados o "socialismo" do Jean Wyllys, deputado carioca do PSOL com seu projeto que visa regulamentar a cafetinagem, permitindo que está lucre até 50% da venda dos corpos das mulheres, travestis e transexuais na situação de prostituição. Apontando como a expansão da prostituição, é um objetivo claro das grandes casas noturnas, que próximo da copa do mundo tenta garantir mais seus interesses milionários em detrimento de qualquer avanço na vida das prostitutas.

Dilma enquanto mulher demonstrou que quanto mais se separa a questão de gênero de uma perspectiva de classe, mais ilusão e confusão se gera. Para os LGTTBI não resta dúvidas que em três anos de governo Dilma, a bancada evangélica avançou numa ofensiva contra nós, colocando a possibilidade do Brasil retroceder 23 anos desde que a homossexualidade foi tirada da lista internacional de doenças.

O veto do kit anti-homofobia, a sustentação do acordo Brasil Vaticano feito por Lula em 2008, são medidas concretas para manter as coisas como estão. Isso é a perspectiva de vida das travestis de 35 anos, a cada 26 horas um homossexual assassinado.

Desde o Pão e Rosas defendemos a criação de uma comissão de TTs (travestis e transexuais) para avançarmos na elaboração de nossa luta e que denuncie com força a violência que sofremos e a necessidade de nossa luta ser levada adiante pelas entidades estudantis e sindicatos para que se discuta no seio da classe trabalhadora e com os estudantes das universidades e escolas (que quase não existimos) a importância de nos defender e assim construir uma sensibilidade e uma aliança orgânica com os setores oprimidos dessa sociedade.

As travestis vão revidar
O governo e a polícia vão pagar

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