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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Pão e Rosas Brasil no Encontro Nacional de mulheres: pela construção de um forte movimento de mulheres classista, combativo e revolucionário


Junto às trabalhadoras metalúrgicas, gráficas, ceramistas, têxteis, da alimentação, do funcionalismo, dos engenhos de açúcar... junto às imigrantes, às donas de casa e empregadas domésticas...junto às secundaristas e universitárias!


por Pão e Rosas Brasil

Na Argentina, como no Brasil, as mulheres, sob o governo de uma mulher, Cristina Kirchner e Dilma Roussef, seguem sofrendo com as mortes por abortos clandestinos, com as redes de tráfico de mulheres, com a violência e com a precarização do trabalho. O Encontro demonstrou que existem milhares de mulheres dispostas a se mobilizar para mudar essa situação, apesar das intervenções e dos boicotes truculentos de setores organizados e reacionários da igreja e setores ligados ao governo. Infelizmente, a Comissão Organizadora do Encontro, nas mãos do PCR (Partido Comunista Revolucionário), não organizou o Encontro de forma a expressar essas mulheres lutadoras, deixando caminho aberto à participação dos setores mais reacionários e contra os direitos básicos das mulheres. Além de manter o caráter de consenso do Encontro que não tem votações nos grupos de discussões e plenária final para que se vote planos de luta pelos direitos das mulheres.

Foi com muito orgulho que o Pão e Rosas Brasil, através das companheiras Marília Rocha (metroviária de SP) e Rita Frau (professora da rede estadual em Campinas), fez parte da delegação do Pan y Rosas da Argentina, junto a outras centenas de trabalhadoras e jovens, que travaram uma grande luta política para que o Encontro servisse de fato para organizar as mulheres para lutar por seus direitos e para que o Encontro votasse um Plano de Luta efetivo pelo direito ao aborto e pelos direitos das mulheres trabalhadoras e da juventude. Participamos junto às centenas de mulheres da delegação do Pan y Rosas de toda a Argentina, mulheres estudantes universitárias e secundaristas, mulheres trabalhadoras das fábricas de alimentação e metalúrgicas da Zona Norte de Buenos Aires, trabalhadoras de Zanon, professoras, trabalhadoras da Saúde, donas de casa, empregadas domésticas, aeronáuticas, trabalhadoras gráficas, trabalhadoras estatais, trabalhadoras imigrantes das indústrias têxteis e trabalhadoras dos engenhos de açúcar.


As companheiras travaram uma luta exemplar contra os setores que queriam apoiar a greve dos policiais que ocorria na Argentina, colocando que policiais não são trabalhadores e sim cães de guarda da burguesia e seu Estado, que reprimem a classe trabalhadora, assim como foram os mesmos na Argentina que criaram o Projeto X, onde espionavam  dirigentes operários. Discutiram contra os setores que queriam fazer parte de um ato contra o governo kirchnerista, convocado pela CTA, mas junto com setores da patronal agrária como a oposição “sojeira”, que explora os trabalhadores rurais, defendendo a independência de classe frente ao governo e também à oposição burguesa e lutando pela mobilização dos trabalhadores por suas próprias reivindicações. Elas elegeram a consigna “Nem com Cristina, nem com a Rural...trabalhadoras do campo e da cidade!” para expressar a luta por uma política independente do governo e da oposição patronal. Foram as mesmas mulheres que mostraram seu compromisso com a luta pela justiça  contra os assassinos de Mariano Ferreira discutindo a necessidade que Encontro se somasse a marcha do dia 20 de outubro, aniversário de luto do assassinato deste jovem trotskista do Partido Obrero que foi morto pela burocracia sindical pois defendia a luta dos trabalhadores terceirizados da ferrovia de Buenos Aires. À Mariano Ferreira elas cantavam: “À Mariano Ferreira nós vamos vingar, à Mariano Ferreira nós vamos vingar, com a luta, luta operária e popular”.

Nos emocionamos junto à essas companheiras ao fazer um grande escracho na igreja central da cidade, denunciando a conivência dessa instituição com a ditadura militar e com as milhares de mulheres mortas por abortos clandestinos. Nos emocionamos mais uma vez na plenária do Pan y Rosas de encerramento do Encontro, ao escutar as trabalhadoras mais precárias das fábricas, as imigrantes e as trabalhadoras dos engenhos contar sua experiência, se sentindo totalmente acolhidas e parte desse movimento, dizendo que a luta pelos direitos das mulheres é também da classe trabalhadora, e que esta luta é sem fronteiras pois a classe trabalhadora é uma só! Neste momento todo o plenário cantava “Nativa ou estrangeira, a mesma classe operária!” e em seguida as jovens estudantes puxaram “Trabalhadora escuta, sua luta é nossa luta!”.

As jovens e trabalhadoras do Pan y Rosas mostraram que é possível colocar de pé um grande movimento pelos direitos das mulheres trabalhadoras e da juventude, lutando contra o governo, contra os patrões, contra a polícia e contra a igreja. Queremos fazer dessa experiência internacionalista um exemplo para as mulheres trabalhadoras e jovens no Brasil, para colocar de pé, também aqui, um movimento de mulheres classista, combativo e revolucionário que lute contra a precarização do trabalho, contra toda forma de violência, e por um plano de luta pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito para sairmos às ruas e arrancarmos este direito elementar que assim como na Argentina, no Brasil milhares de mulheres seguem morrendo por abortos clandestinos. Estamos orgulhosas de ser parte desse grande movimento! A luta das mulheres trabalhadoras é uma só, e não tem fronteiras!

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