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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Adunesp repudia preconceito e discriminação

Adunesp S. Sindical
Os fatos ocorridos durante os jogos universitários realizados em Araraquara, o InterUnesp, de 9 a 12 de outubro, merecem reflexão e posicionamento por parte da comunidade acadêmica e da sociedade. A conduta de um grupo de alunos, que organizaram um “rodeio” para conferir quem conseguiria ficar mais tempo “montado” em colegas obesas, exige um debate mais amplo.

Naturalmente, não se trata de conferir sensacionalismo ao caso, como vem fazendo parte da imprensa, sempre pronta a lucrar com a tragédia humana, nem de estabelecer um processo inquisitorial contra os autores. O que se deseja é extrair do fato a necessária reflexão, que contribua para que nunca mais ocorra nada sequer semelhante.

O que houve em Araraquara, longe de uma simples “brincadeira”, como procuram caracterizar seus autores, foi uma agressão à mulher e, também, à dignidade humana. O que houve foi violência física e psicológica, assédio moral, discriminação e preconceito. Se tudo isso é considerado inaceitável na sociedade em geral, mais ainda o deveria ser numa instituição que se julga a vanguarda do conhecimento e da democracia no país, na qual deveriam ser formados cidadãos críticos e progressistas.

Não podemos, em absoluto, banalizar o acontecimento, sob pena de que atos de violência contra minorias – sociais, políticas, étnico-raciais, religiosas, culturais, sexuais ­– sejam vistos com naturalidade. O “rodeio” humano de Araraquara, as agressões contra indígenas ou moradores de rua, contra mulheres e homossexuais... são fatos que guardam proximidade e florescem entre filhos da classe média.

A insensibilidade diante da dor do outro e o desejo inconsciente de eliminar os considerados frágeis ou, simplesmente, diferentes, refletem comportamentos que levaram, historicamente, a movimentos xenófobos e a extremos como o fascismo e o nazismo. Uma educação mais humanitária, por certo, ajudaria estes jovens a refletirem mais sobre a dor alheia.

A capacidade de nos indignarmos contra a opressão, em qualquer âmbito da vida em que ocorra, é um tesouro do qual não podemos abrir mão. É com ela que devemos contar para barrar os ataques à nossa prática docente, o produtivismo exacerbado que campeia na universidade pública, as pressões privatistas e a busca da saída individual diante das más condições salariais e de trabalho, entre outros.

Como diz a célebre poesia... “na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim...pisam as flores... roubam-nos a lua...arrancam-nos a voz da garganta... e não dizemos nada?”.







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