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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Gritamos por Camille: nota sobre o ato em Campinas contra a homofobia

No último sábado, dia 7 de agosto, o grupo Pão e Rosas de Campinas participou do ato convocado pelo Grupo Identidade, que perdeu no dia 27 de julho sua militante, Camille Gerin. Esta foi assassinada brutalmente por um homem, pelo simples fato de ser uma travesti.


Reuniram-se cerca de 300 pessoas, integrantes de diversos grupos políticos, como LER-QI, Centro Acadêmico de Humanas (CACH), PSOL, coletivo feminista, entre outros. Foi realizada uma marcha fúnebre da Estação Cultura, seguindo pela principal rua comercial de Campinas até a Catedral no centro da cidade. Todos vestidos de preto, em silêncio, marcharam para manifestar sua tristeza e indignação. O Pão e Rosas e a CiênciasLER-QI denunciaram o Estado burguês que perpetua e legitima a opressão, ligando-se a setores mais reacionários da sociedade, como a Igreja, com o acordo Brasil -Vaticano, no qual o governo lhes concede direitos fiscais e prevê o ensino religioso nas escolas, ao invés de educação sexual, ou ainda ao condenar milhares de mulheres a morte por abortos clandestinos, impedir as pessoas de exercerem sua sexualidade, privando-as dos direitos mais democráticos, como a legalização do aborto e o casamento entre homossexuais. Além disso, ainda é através de um dos aparatos repressores do Estado, a polícia, que vários LGBTTs, negros, pobres e mulheres são mortos e abusados diariamente nas cidades. A população chocou-se ao passarmos pelo centro, mas ao distribuirmos panfletos e esclarecer a elas do acontecido, a maioria se surpreendia e se indignava. Em seu encerramento, os integrantes da marcha reuniram-se na frente da Catedral e foram expostos vários nomes de pessoas que sofreram violência causada pelo machismo ou homofobia, muitos dos casos praticados pela própria polícia.

O grupo Pão e Rosas de Campinas considerou o ato um importante momento de diálogo com a população e de enfrentamento com o Estado, a Polícia e a burguesia conservadora. Porém, não compartilhamos do diálogo feito pelo grupo Identidade, no qual culpavam individualmente cada pessoa pela morte de Camille, como expresso no panfleto que eles soltaram que começava com a seguinte frase: 'Você que lê essa carta, ajudou a matar Camille!', além de cartazes com um espelho dizendo: “veja mais um cúmplice da violência”. Da mesma forma que culpam os indivíduos pela morte, também reivindicam uma saída individual para a violência e opressão através de uma mudança de consciência de cada um. Enquanto o Pão e Rosas, pelo contrário, acredita que a opressão, é socialmente construída desde o começo da divisão do trabalho e da propriedade privada, sendo hoje legitimada e conservada pelo Estado, a Igreja e a classe dominante, ou seja, a burguesia. Assim, uma luta consequente contra a opressão deve esta ligada a uma luta contra toda a estrutura socioeconômica Capitalista em que vivemos hoje, através da auto organizaçao da classe trabalhadora, sem influência dos patrões e governantes.
Portanto, estando o Brasil em ano de eleição com duas mulheres presidenciáveis, devemos combater o falso discurso de igualdade e avanços democráticos, pois tanto Dilma como Marina só darão continuidade a um governo burguês que em nada poderá avançar de forma consequente para o fim da opressão, sabendo que esta, tendo se constituído dentro da sociedade burguesa também só poderá ter seu fim com o fim dessa mesma estrutura social. Por isso devemos denunciar e combater a democracia burguesa e todo tipo de opressão e violências sofridas pela classe trabalhadora, principalmente quando essa demonstra qualquer tipo de manifestação, seja ela sexual ou comportamental, que ameacem a ordem familiar instituída e a moral cristã.
Essa luta deve continuar de forma independente do Estado, da Igreja e de todas as formas de dominação e legitimaçao da violência, denunciando a demagogia do Estado Capitalista, a hipocrisia da Igreja pedófila Não podemos nos calar diante de todas as injustiças à que somos submetidos para nos enquadrarmos dentro de um sistema burguês e excludente. Dizemos um basta bem visível neste sábado à violência e à opressão e pretendemos continuar nessa luta.

Pela punição dos assassinos!
Abaixo a violencia policial contra a juventude negra e homossexual!
Basta de perseguição da Igreja pedofila!
Pelo direito ao livre exercicio da sexualidade! Basta de discriminação e violência contra gays, lésbicas, travestis e transexuais nas universidades, locais de trabalho e lazer!

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