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terça-feira, 15 de junho de 2010

O Pão e Rosas apoia a chapa DESAFIANDO A MISÉRIA DO POSSÍVEL

Eleições para o Diretório Acadêmico da FAFIL - Fundação Santo André

Carolina desafia a miséria do possível

Carolina acorda cedo todos os dias, pega um busão até a estação, para depois pegar o trem até o trabalho – um telemarketing no centro de São Paulo. Não é lá o emprego dos sonhos, mas depois que seu pai foi demitido da Volks, ela teve que ajudar nas contas da casa, mesmo com pouco.

Nos últimos dias quase caiu pra trás ao saber da nova tarifa do busão: R$ 2,65!!!!!! Fez as contas rápido na cabeça. Recebe um salário mínimo, 510 reais. Pega duas conduções para ir e duas pra voltar... “Caramba! 10,60 por dia só pra ir trabalhar. Por mês isso vai dar um dinheirão”.

Mas o que importa agora é que ela está feliz, cheia de esperança. Conseguiu entrar na faculdade, vai começar a estudar Química na Fundação Santo André! Tem certeza que em pouco tempo pode ser professora, ganhar um pouquinho mais. Muita gente falou pra ela que seria loucura querer fazer faculdade com esse mísero salário, mas ela conhecia um pessoal que participou da greve de 2007 na faculdade. Esse pessoal ajudou a derrubar um reitor ladrão... Um tal de Odair Bermelho, que roubou 10 milhões da Fundação. Todos diziam que agora tinha um novo reitor que defendia os estudantes e os cursos da FAFIL. Diziam que ele ia dar até bolsa de estudo para quem não pudesse pagar.

Quando foi fazer a matrícula, levou a mãe, que estava toda orgulhosa de ter uma filha na universidade! Chegando lá viu que tinham alguns estudantes protestando. Foi tentar se informar e disseram que muitos alunos não conseguiam se re-matricular porque estavam devendo para a faculdade e que a nova reitoria estava se negando a fazer novos acordos. Queriam que pagassem o acordo antigo à vista pra poder negociar as mensalidades de 2009 em atraso.

Ela logo pensou: “Mas se o cara não conseguiu pagar as parcelas, como agora vai pagar tudo de uma vez?” Depois ficou sabendo de uma aluna de Letras que estava com a conta salário bloqueada pela Fundação, um outro menino da Biologia que recebeu uma visita do oficial de justiça na semana passada... O safado do antigo reitor tinha roubado milhões e estava bem tranqüilo em casa. Carol achou muita loucura e falta de consideração. Como era possível uma atitude dessa de uma reitoria que se dizia lutar junto com os estudantes? Depois ela soube que a atual REI-toria recebe altos salários, que uma senhora chamada Edna Mara, que comanda as cobranças, se nega a informar o valor do seu salário... Diz que ninguém tem nada a ver com isso.
Ainda bem que Carolina é tinhosa. Está no primeiro ano e não quer ficar quieta. Não gostou de uns comentários no ônibus de que esse pessoal da FAFIL só quer saber de baderna. “A questão não é baderna, não. Os estudantes são maioria e não decidem sobre nada ali dentro. Isso não é justo!”, pensou Carol já meio indignada. O pai dela disse no fim de semana que a gente tem que se contentar com o que é possível... E não é que ela lembrou de uma faixa que leu no pátio? “Pai, falava assim, olha: O impossível torna-se possível com organização e luta. Paiê, você mesmo me falava que a gente tem que desafiar as injustiças, lembra?”

A mãe dela ficou preocupada quando soube que a filha participou de uma assembléia dos estudantes há umas semanas atrás. Mas depois apoiou quando soube que as funcionárias da cantina estavam há mais de três meses sem salário e os alunos resolveram apoiá-las. Carol lembrou de outro cartaz que viu pela faculdade no começo do ano falando que os terceirizados tinham que ser efetivados. Chegou em casa falando: “Mãe, eu não tinha me ligado nisso! Tem um pessoal lá que trabalha terceirizado e a faculdade não tem como existir sem eles. Tinha um pessoal falando que eles tinham que ser contratados como funcionários da Fundação e acho que tá certo, viu?”.

Carol foi deitar e viu que a mãe tinha deixado 5 reais pra ela ao lado da cama. Agora que ela vai direto do trabalho pra faculdade, tem que comer alguma coisa antes da aula. O jeito por enquanto é comer um dog lá fora. A comida na Fundação é muito cara. Semana passada Carol participou de uma reunião pra discutir com os estudantes o projeto de um bandejão. Eles querem um restaurante universitário, bancado pela Fundação, pra que a gente não tenha que gastar tanto ou esperar dar meia noite pra comer só em casa.

Hoje ela tem prova, mas logo em seguida vai conversar com uns colegas da sala pra convencê-los que é importante participar das eleições para o Diretório Acadêmico nesta semana. Os estudantes precisam de uma entidade aberta, em que possam se expressar – coisa que hoje não existe. Carol quer romper com a atual passividade, quer lutar contra toda essa miséria do possível que hoje impera na Fundação e na sociedade. Carol chama os estudantes da FAFIL a votarem na chapa:

DESAFIANDO A MISÉRIA DO POSSÍVEL

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