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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pão e Rosas em defesa da(o)s trabalhadora(e)s terceirizada(o)s da UNICAMP!

Por Pão e Rosas - Campinas

No último dia 20 de abril o Pão e Rosas esteve presente no Ato Contra a Terceirização, impulsionado pelo CACH, no IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da Unicamp. Algumas bandeiras levantadas diziam respeito a situações particulares do Instituto que, no entanto, expressam um processo maior de precarização das condições de trabalho, o qual extrapola os limites, pequenos, do ambiente universitário.

Estavam presentes membros do CACH e estudantes do IFCH, do IE (Instituto de Economia), além de nós, do Pão e Rosas. Alguns participantes estavam trajando azul e levando vassouras como um gesto simbólico de solidariedade aos trabalhadores terceirizados. Foi entregue uma carta à diretora do Instituto, Nádia Farage, na qual os estudantes cobravam um posicionamento da direção com relação à situação precária dos trabalhadores terceirizados. Trecho da carta: “Não podemos aceitar nenhuma demissão de qualquer trabalhador, e isso já é o suficiente para que o IFCH se posicione politicamente contra este tipo de contratos precários e contra a terceirização. Mas temos também visto outros inúmeros casos trágicos em nosso instituto: ano passado grande parte do acervo de nossa biblioteca quase se perdeu em águas devido à precária reforma feita por uma empresa terceirizada, bem como os inúmeros problemas estruturais verificados no novo prédio do AEL (Arquivo Edgard Lauenroth), que inclusive comprometem o acervo do arquivo e a eterna construção do prédio anexo da biblioteca, devido às consecutivas falências das empresas. Estes casos são também um reflexo da autuação de construtoras terceirizadas.
Porém, os danos causados pela terceirização não comprometem somente a qualidade das estruturas físicas da universidade, mas também apresentam um profundo descaso com os trabalhadores dessas empresas. Um caso recente, também ocorrido aqui no IFCH, ilustra bem esse descaso: quando a empresa responsável pela reforma da biblioteca faliu e os trabalhadores ficaram sem receber seus salários, e para garantir seu recebimento não permitiram que os caminhões com os maquinários de posse da empresa fossem retirados da obra; a justiça e a polícia, ao invés de prender os donos da empresa por esse explícito furto, abriram um boletim de ocorrência contra os trabalhadores.
Claramente com a terceirização todos os trabalhadores perdem. Conforme avança o processo de terceirização diminuem-se os trabalhadores efetivos, arrancam-se seus direitos, impõem-lhes uma hierarquia entre os funcionários, (dividindo-os, portanto). Tudo isso faz com que a precarização e a intensificação do ritmo de trabalho atinja todos os funcionários. Hoje, por exemplo, Beneti trabalha sozinho com tarefas que deveriam ser feita por muitos, isso porque a universidade não garante a continuação do número dos quadros de funcionários, nem dos efetivos e muito menos dos terceirizados.
Também não podemos falar de precarização do trabalho e terceirização sem considerar a questão de gênero, uma vez que são as mulheres que estão nos cargos mais explorados. Elas, na grande maioria, são terceirizadas ou ocupam postos temporários, que mesmo fazendo o mesmo trabalho que os homens, ganham menos, e, além disso, sofrem inúmeras outras formas de violência, como assédio sexual ou moral no ambiente de trabalho, falta de creches para seus filhos, e ainda por cima são ameaçadas de demissão quando se engravidam. E ainda precisam cuidar da casa e dos filhos, tendo assim uma dupla jornada de trabalho. Desse modo, as mulheres são, alem de oprimidas pelo machismo da sociedade, também superexploradas no trabalho.”
O Pão e Rosas de Campinas apoiou e participou do ato, entregando panfletos e dialogando com os estudantes para explicitar a estreita relação entre as mulheres e o processo de terceirização, já que são estas as principais atingidas pela precarização do trabalho. Dizemos que “a precarização tem rosto de mulher”, e esta mulher faz parte de uma classe, a classe trabalhadora, pois por mais que a opressão sobre as mulheres perpasse todas as classes sociais, sua combinação com a exploração recai brutalmente sobre as mulheres trabalhadoras. Além de, historicamente, receberem os salários menor remunerados, serem responsáveis pelas tarefas domésticas, vítimas da dupla jornada de trabalho, são as que ocupam os postos de trabalhos temporários e mais precarizados.
Nós do Pão e Rosas sempre demos centralidade a campanha contra a terceirização nas universidades e locais de trabalho, nos solidarizando com as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados, reivindicando a efetivação sem concurso público dos mesmos. Entendemos que esta forma de trabalho não precariza somente o trabalho mas também a própria universidade, pois é uma forma de enxugar os gastos da universidade, contratando empresas terceirizadas que superexploram trabalhadora(e)s e constroem obras sem infraestrutura que destroem as estruturas físicas da universidade. Além disso, é uma forma de dividir a classe trabalhadora para que percam a força enquanto classe, que somente unida pode lutar pelos seus direitos e sua emancipação.
Nós, que também fazemos parte do CACH, reivindicamos a atuação desta entidade que se coloca em uma perspectiva militante e que tem como um de seus princípios lutar pelos direitos dos trabalhadores e se solidarizar aos trabalhadores nos processos de luta de classes, assim como nos solidarizamos à recente greve dos professores, e lutar contra a opressão das mulheres dentro e fora da universidade.
Daremos continuidade à esta campanha através de debates, uma exposição da campanha “A terceirização, escraviza, humilha e divide” retratando a vida das mulheres trabalhadoras, e participando do Grupo de Trabalho (GT) que foi criado no IFCH para pensar e elaborar propostas, como foi este importante ato e os próximos que virão.
Chamamos à toda(o)s estudantes, trabalhadora(e)s efetivos, professora(e)s da UNICAMP, grupos de mulheres, entidade estudantis, grupos de estudos sobre a temática do “trabalho”, organizações políticas presentes na universidades, e especialmente as estudantes que se sensibilizam contra as condições precárias vividas pelas terceirizadas, a se juntarem a esta importante campanha lutando contra a privatização da universidade e contra a precarização de milhares de trabalhadora(e)s, para que possamos construir uma universidade pública e de qualidade aberta à toda juventude e classe trabalhadora!
Contra a precarização do trabalho e da universidade pública!
Pela efetivação de toda(o)s a(os)
trabalhadora(e)s terceirizada(o)s!
Contra a divisão imposta pelos patrões, governos e também reitorias! Pela unidades das fileiras operárias!

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