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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ato de lançamento da Secretaria de Mulheres do SINTUSP: junto das terceirizadas da Personal, da Escola de Aplicação e professoras em greve!

PELOS DIREITOS DAS MULHERES TRABALHADORAS! BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES! FORA AS TROPAS DO HAITI!






Por Diana Assunção, dirigente da LER-QI, membro da comissão coordenadora da Secretaria de Mulheres do SINTUSP e impulsionadora do Pão e Rosas.

Na última sexta-feira, dia 09 de abril, ocorreu o ato de lançamento da Secretaria de Mulheres do Sindicato de Trabalhadores da USP. Com a presença de mais de 200 trabalhadoras e trabalhadores, Dinizete Xavier, membro da Comissão Coordenadora da Secretaria e militante do Pão e Rosas, apresentou a atividade explicando que nossa luta pelos direitos das mulheres é também uma luta anticapitalista, e colocando a necessidade de que o conjunto dos trabalhadores tomem para si as bandeiras das mulheres.

Em seguida, houve uma bancada de saudações com a presença de mulheres que hoje estão lutando pelos seus direitos. Saudaram o lançamento da Secretaria a companheira Maria, ex-trabalhadora terceirizada da empresa PERSONAL, vigilância interna da USP, que está lutando junto a outros trabalhadores pra receber seus salários e direitos; as companheiras da Escola de Aplicação que hoje lutam contra o assédio moral por parte da Diretoria; Jaqueline, professora em greve, membro da Oposição Alternativa da APEOESP e do PSTU; Ludmila, estudante que está ocupando a COSEAS por melhores condições de permanência estudantil. Também saudaram a atividade a funcionária Francisca, da COSEAS; Luciana estudante da Letras-USP e militante do Pão e Rosas; e Patrícia, trabalhadora da FFLCH que leu a saudação enviada por Pamela Bulacio e pela Comissão de Mulheres da KRAFT-Terrabusi. A atividade seguiu com apresentações culturais e artísticas, com a presença do grupo de Capoeira Arte e Ginga, Mara Onijá do Pão e Rosas e aula de samba rock.

Devemos enxergar no lançamento da Secretaria de Mulheres do SINTUSP, que compomos junto com companheiras independentes e de outras agrupações, um pequeno, porém importantíssimo passo na luta pela organização das mulheres trabalhadoras. Nós do Pão e Rosas e da LER-QI devemos nos colocar na perspectiva de que organizar as mulheres trabalhadoras significa lutar cotidianamente contra a opressão que vivemos nos nossos locais de trabalho, nas ruas e em nossas casas, mas também lutar contra a precarização do trabalho que divide nossa classe e atinge majoritariamente as mulheres; lutar contra a dupla jornada que nos impede de dedicar as horas de nossas vidas pra luta e pra nossa organização nos impondo as tarefas domésticas como responsabilidade exclusivamente feminina. É preciso lutar para que todos os trabalhadores compreendam que não se pode libertar quem oprime a outros, e que portanto, cada mulher que é humilhada, cada mulher que é violentada ou agredida, a classe trabalhadora de conjunto dá um passo atrás na luta por sua libertação.

Consideramos também, que esta Secretaria, que teve seu embrião durante a greve de 2009, com múltiplas atividades e atos com a participação de trabalhadoras, deve se motorizar agora como parte da mobilização que nossa categoria está preparando, na luta salarial, mas também pelas nossas reivindicações contra a precarização do trabalho, em defesa do Sindicato, pela reincorporação de Claudionor Brandão. Somado a isso, queremos cada vez mais colocar as demandas das mulheres trabalhadoras, e para isso acontecer é necessário organizar as mulheres desde suas unidades, desde a base da categoria, para que possamos ter muito mais força e romper com a lógica das Secretarias de Mulheres controladas pelas burocracias sindicais que somente existem para desmoralizar as trabalhadoras e fazê-las desacreditarem em suas próprias forças. Queremos, neste ano, aportar para construir uma forte organização de mulheres trabalhadoras, que possam atuar em conjunto com os trabalhadores, com as estudantes da universidade, mas também com trabalhadoras de outras categorias, na luta contra toda forma de opressão e violência às mulheres, e também contra esta sociedade capitalista.

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Abaixo, reproduzimos as saudações que foram enviadas ao lançamento da Secretaria de Mulheres do SINTUSP.

COMPANHEIRAS DA SECRETARIA DE MULHERES DO SINTUSP
Desde a Argentina queremos saudá-las com muita força pelos passos que vêm dando em sua organização na luta pelos direitos de todas as mulheres trabalhadoras da USP. É muito importante para nós sabermos que existem experiências como a de vocês e nos identificamos completamente com este grande objetivo de unificar as mulheres trabalhadoras, sejam efetivas, contratadas ou terceirizadas, com tantos direitos negados e tantos ainda por conquistar com luta e organização. Nos lugares em que estamos também nos propomos a encarar esta tarefa e fazemos com muito entusiasmo, em conjunto com nossos companheiros homens que vêem a necessidade de batalhar pelos direitos das mulheres trabalhadoras, contra a patronal, a burocracia sindical e o governo que tentam nos dividir. Esperamos poder compartilhar com vocês distintas experiências dos passos que dermos em cada país e poder ser um exemplo à outras companheiras trabalhadoras de outros locais de trabalho e associações, para que a voz de todas as mulheres se faça escutar bem forte e acabemos com a desigualdade e as injustiças que atravessamos dia-a-dia. Força companheiras! Todo nosso apoio e entusiasmo para avançar na conquista de nossos direitos!
De Gral Pacheco, Argentina, Pámela Bulacio, delegada da Comissão Interna de Kraft Terrabusi e trabalhadoras da Comissão de Mulheres.

ÀS COMPANHEIRAS DO SINTUSP
Infelizmente não pudemos estar hoje com vocês no dia de hoje! A inciativa politico-organizativa com a criação da Secretaria de Mulheres do SINTUSP é mais um passo no processo organizativo, de lutas , classista das mulheres trabalhadoras. Temos acompanhado suas reinvindicações que são mais que necessárias: contra a precarização do trabalho, pela incorporação das terceirizadas, não ao assédio sexual, direito ao aborto legal,fim da violência contra as mulheres e população negra, contra a catástrofe no Rio e descasso dos governantes, apoio a luta e greve dos professores nestes 30 dias,pela retirada das tropas brasileiras do Haiti. A luta das trabalhadoras(es) é uma só, portanto apoiamos, nos solidarizamos e nos sentimos parte desta luta de vocês! A luta contra a exploração de classe e opressão social de classe, de gênero, etnia, orientação sexual na perspectiva de uma sociedade igualitária, de emancipação humana será conquista da classe trabalhadora! Saudações, força na luta e um grande abraço a todas!
Maria Beatriz Costa Abramides, Diretoria da APROPUC-SP.

SAUDAÇÃO AS TRABALHADORAS DA USP
Desde finais dos anos de 1960, o crescimento requerido pelo capital se mantém mediante níveis altíssimos de concentração da riqueza material socialmente produzida, o que acarreta a uma intensificação de trabalhadores e trabalhadoras desempregadas. Resulta também, para aqueles que conseguem manter seus empregos formais, a perda progressiva de direitos trabalhistas, ao aumento da precarização devido à degradação inigualável das condições de trabalho. Além, do aumento da destruição do ecossistema. Situação essa de caráter mundial, no entanto, tem seus efeitos mais colaterais nos países dependentes, como é o Brasil. Aliás, essa é uma das estratégias presente no sistema sócio-metabólico do capital que no transcorrer da história impôs uma pauperização estrutural à uma enorme parcela da classe trabalhadora, servindo-se principalmente disso para a concentração das suas riquezas. Isso significa que se mesmo na classe trabalhadora as relações entre homens e mulheres se baseiam na exploração, na opressão, na violência, na dominação [...] estes mecanismos vão se naturalizando, de modo que as pessoas não estranham que a sociedade se divida entre alguns que mandam e outros que trabalham, uns que exploram e outros que são explorados, isso pode até ser encarado como injusto, mas natural. O que torna a nossa luta mais difícil, mas não nos desanima! Frente a essa realidade consideramos fundamental afirmar que todas as mulheres que caminham em direção à emancipação, buscando efetivamente a igualdade substantiva, devem ter como horizonte a força, a organização e a coragem de construir um outro mundo. E, a atitude das mulheres trabalhadoras da USP, em organizarem uma frente no formato da Secretaria de Mulheres do SINTUSP, é um dos exemplos de luta organizada a serem seguidos para mantermos acesa as esperanças, não esperança na conformação burguesa, mas esperança na conformação da classe trabalhadora, ou seja, da continuidade da LUTA para alcançarmos verdadeiramente a igualdade substantiva, alcançarmos um novo mundo com verdadeiros elementos socialistas. PARABÉNS A TODAS – FELIZMENTE A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA, A NOSSA LUTA CONTINUA!!!!!!
Claudia Mazzei Nogueira - Professora da Universidade Federal de Santa Catarina.

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