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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sobre o caso da Uniban em São Bernardo do Campo

Por Iaci Maria, estudante pré-vestibular e militante do grupo de mulheres Pão e Rosas (Araraquara)

No último dia 22 um acontecimento grotesco – na falta de outro adjetivo que descreva o fato – parou a Uniban, Universidade Bandeirantes de São Paulo, localizada em São Bernardo do Campo: uma estudante chegou à faculdade com uma roupa curta, vista como “inapropriada” pelos demais universitários. Isso foi suficiente para despertar a selvageria da massa de estudantes que ali se encontravam. Os estudantes (tanto homens, quanto mulheres) perseguiram a aluna enquanto entoavam em coro “Puta! Puta!”, tendo alguns chegado até ao absurdo de incitar o estupro! A jovem teve que se esconder em sua sala de aula, de onde chamou a polícia, e só conseguiu deixar a Universidade vestindo um jaleco de professor, escoltada por seis policiais.

É, no mínimo, um absurdo que em pleno século XXI estudantes universitários tenham uma atitude tão incivil, reacionária e coberta de falso moralismo. Isso mostra o quanto o machismo é naturalizado em nossa sociedade e, o mais alarmante, em nossas mulheres.

Diante disto, fica cada vez mais claro que o fim do capitalismo é o primeiro passo para o fim da opressão da mulher, pois é este sistema que impõe um padrão de beleza e se apropria do nosso corpo, mercantilizando- o. Mostram mulheres seminuas em propagandas de bebidas, desodorantes, entre outras dezenas de produtos como uma jogada de marketing, e a sociedade aprova. A mídia abusa do uso de mulheres nuas em filmes e novelas para aumentar o ibope, e a sociedade aprova. Mas, quando uma estudante chega à sua Universidade (que mesmo sendo particular é um espaço público) usando roupas curtas, desaprovam, dizendo que ela está “inapropriada”, “provocando”, “querendo ‘causar’”, e a insultam, hostilizam, ameaçam estuprá-la, obrigando-a a se retirar da Universidade cercada por policiais e a base de spray de pimenta.

Eu, enquanto mulher e cidadã, fico chocada com essa sociedade que adora vangloriar as conquistas das mulheres ao longo dos anos (dentre estas, o direito de usar roupas curtas e justas) e oprime tanto, de forma tão animalesca uma mulher que decide usufruir deste seu direito. Dessa forma, dão margem à violência, justificando- a e ainda culpando a própria mulher pelo assédio que sofre.

E é por isso que nós, mulheres, militantes ou não, feministas ou não, devemos nos empenhar em abrir um diálogo com essas mulheres que oprimem sem notar o quanto são oprimidas, e fazê-las enxergar essa realidade feminina. Devemos denunciar a violência contra a mulher, tão intrínseca e recorrente! Devemos lutar pelo fim do sistema capitalista, esse sistema opressor, tendo em vista que somente o fim deste abrirá caminhos para a real libertação feminina! Mulheres, lutemos para nos tornarmos livres da violência, da opressão e, principalmente, da culpa!

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