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sábado, 10 de outubro de 2009

Entrevista com Cristiane Toledo, do Coletivo Agir, sobre projeto de educação com trabalhadores efetivos e terceirizados da USP

Entrevistamos Cristiane Toledo, estudante da pós-graduação da Letras, integrante do Coletivo Agir e do grupo de mulheres Pão e Rosas

O que é o Coletivo Agir?
O Coletivo Agir é um grupo formado por estudantes de graduação e pós-graduação da USP, além de ex-alunos e funcionários da instituição. Temos em comum uma formação marxista e o objetivo de não nos focar em discussões meramente teóricas que se fecham em pequenos círculos acadêmicos. Buscamos unir teoria e prática de forma orgânica, travando um diálogo entre diversos setores da sociedade.

Qual o objetivo deste projeto de educação?
O projeto de educação e cultura possui como intuito geral a formação e o diálogo político com setores populares. Temos como objetivos:
- Garantir o direito à educação, enquanto condição para a atuação política;
- Ampliar os espaços de construção do conhecimento dentro da universidade para que também os trabalhadores sejam incluídos nesse processo de produção;
- Oferecer um projeto através do qual seja possível a formação de sujeitos críticos, já que a educação oferecida pelas escolas regulares tem se mostrado insuficiente nesse quesito.
- Buscar uma educação vinculada à realidade e às necessidades práticas dos trabalhadores;
- Buscar a troca de saberes: compartilhar experiências e integrar o mundo intelectual à luta política dos trabalhadores;
- Discutir os ideais de educação pública e concepções políticas;
- Levar à compreensão de que o ato de estudar é um dever político.
- Relacionar a educação à esfera cultural (cinema, teatro, Internet, etc.). Todos esses temas devem ser tratados de uma perspectiva política, visando sempre a troca e construção de saberes dos envolvidos.

Porque fazer em conjunto com o Sintusp?
Diante dos últimos acontecimentos vividos na USP, que visam à luta pela democratização da universidade, vemos o SINTUSP como um aliado na construção desse projeto, tendo em vista o relevante papel de agente político desempenhado pelo Sindicato, ao se mostrar resistente às tentativas de sucateamento da USP e outras medidas neoliberais implementadas ao longo das últimas décadas. Por partilharmos com o SINTUSP um profundo interesse na democratização da universidade fazendo com que esta, cada vez mais, deixe de ser um benefício destinado a poucos, nós nos sentimos honrados com a possibilidade de desenvolvermos em conjunto esse projeto.

E os trabalhadores terceirizados?
Os terceirizados, apesar de contribuírem com o desenvolvimento da universidade, são excluídos da construção do conhecimento aqui produzido, de forma ainda maior que os funcionários concursados. O SINTUSP e o Coletivo Agir, por não concordarem com a terceirização, que escraviza, humilha, e divide, gostariam de abrir as portas deste projeto também aos terceirizados, para que a USP seja cada vez menos um local onde haja setores separados. Temos em mente, no entanto, que a luta pelo fim da terceirização e incorporação dos terceirizados como funcionários contratados diretamente pela universidade é maior que nosso projeto, e deve continuar a existir.

Você acha que o Pão e Rosas pode contribuir pra esse projeto?
Como o Coletivo pretende desenvolver um projeto ligado a movimentos populares, o Pão e Rosas é mais do que bem vindo como parceiro. Um movimento que traga à tona a luta das mulheres relacionada a uma posição classista pode contribuir de muitas formas na organização do projeto, elaborando atividades culturais e módulos que explorem a discussão do papel de mulher na sociedade, por exemplo. Será uma contribuição interessante, com certeza!

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