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sábado, 23 de maio de 2009

A terceirização escraviza, humilha, divide...

Nas últimas semanas a USP foi protagonista de mais um papel vergonhoso neste filme sem fim das terceirizações. O funcionário Eliseu de Souza Silva vigilante terceirizado da USP que trabalhava no bloco C do IME, cansado de ver seus direitos trabalhistas negados decidiu no último dia 07/05/2009 entrar em greve de fome como forma de protesto. Além dos "habituais" assédio moral, descumprimento dos direitos trabalhistas como atrasos dos salários, vale-transporte, horas extras, local apropriado para suas refeições (vigias e limpeza comem no banheiro) para o descanso pois a maioria dos terceirizados trabalham em média 10 horas, problemas estes que os trabalhadores terceirizados/precarizados conhecem bem. A resposta que a empresa que tem contrato com a USP empresa EVIK Segurança e Vigilância deu foi a suspenção, transferência e por fim a demissão do vigia.
Em outra situação semelhante a esta na lanchonete da História foram demitidas trabalhadoras em razão da greve dos trabalhadores da USP e o esvaziamento de pessoas "explicação" dada pelo patrão para justificar as demissões. As contratantes (USP neste caso especifico) alegam nada poderem fazer pois são problemas das empresas contratadas (terceirização/precarização) e assim "lavam as mãos" da mesma forma que os sindicatos destas empresas terceirizadas aos quais os trabalhadores sabem que não podem contar pois são a mão direita dos patrões e não lutarão para garantir seus direitos trabalhistas pois não são sua prioridade. É por isso que neste momento em que os trabalhadores efetivos da USP estão em greve pelas suas reivindicações política e econômica é o momento de mostrar aos capitalistas (patrões) que nossa "classe " não será dividida. A terceirização e a precarização é, também, um golpe contra a organização sindical, uma vez que se divide os trabalhadores entre os efetivos, terceirizados e precarizados.
Urge o momento de dar uma resposta rápida e efetiva aos trabalhadores.
Reivindicamos que o Sintusp (Sindicato dos trabalhadores da USP) coloque em sua pauta junto a reitoria/governo a sindicalização de todos os terceirizados e precarizados. Que se garanta aos terceirizados e precarizados o mesmo tratamento que é dado aos trabalhadores efetivos.
Que elimine os abusos contra seus direitos, tais como valores de salários diferenciados dentro da mesma empresa para atividades iguais. Além de não terem direito sobre as negociações obtidas pelo sindicado (neste caso especifico o Sintusp) do setor ao qual estão atuando e que são garantidos aos trabalhadores regulares. Toda esta discussão não é um caso fechado nos muros da USP ela invade outros órgãos públicos (como no meu caso no Judiciário Paulista) e privados e é um ataque a classe trabalhadora e aos direitos trabalhistas que foram escritos com o sangue de muitos dos trabalhadores da década de 60/70. Ter estes fatos claros nos ajuda a compreender porque a urgência de nos mantermos unidos na classe a que pertencemos contra a outra classe que nos oprime a dos capitalista.
Sheila Diaféria, servidora judiciário paulista, militante do Pão e Rosas da USP e militante da LER-QI

Recentemente tivemos uma séria denúncia de que um companheiro terceirizado que estava sem receber seus direitos e, por reivindicar seus direitos fazendo greve de fome, foi reprimido por membros da guarda universitária que são funcionários da USP como eu, e disso eu me envergonho. Por isso, junto com nossa luta contra a repressão a gente tem que batalhar o máximo para acabar com a terceirização nas universidades públicas e nos órgãos públicos, porque a terceirização só escraviza, sub-emprega, humilha e divide os trabalhadores. Então depois dessa denuncia está na ordem do dia nós intensificarmos ainda mais a denúncia contra a terceirização e massificarmos a luta contra a terceirização. O Pão e Rosas pode contribuir muito, nós já estamos iniciando uma campanha na universidade contra a super exploração e depois pretendemos expandir para fora, mas aqui já estamos dando um exemplo combatendo diariamente esta situação.
Dinizete, trabalhadora da USP e delegada do comando de greve

Desde a formação do Pão e Rosas na PUC-SP, discutimos as condições de trabalho das mulheres, dando sempre um enfoque especial às trabalhadoras precarizadas, como as terceirizadas da limpeza. Nesse último mês a luta pela efetivação dessas funcionárias ganhou uma nova dimensão depois de uma denúncia feita por elas ao jornal “PUCviva” da semana passada, onde relataram as péssimas condições de trabalho: a cesta básica e o vale transporte de miséria não são pagos no dia, a empresa não aceita atestado médico como justificativa para as faltas, e chega ao absurdo de servir pão mofado e café sujo num refeitório cheio de baratas. Diante disso, soltamos uma nota no mesmo dia repudiando esse descaso por parte da PUC e da empresa terceirizadora e defendendo a efetivação imediata de todos os trabalhadores terceirizados da PUC.

Na edição desta semana do “PUCviva” a AFAPUC se pronunciou, solidarizando-se com as terceirizadas e defendendo a efetivação de todos os funcionários precários da PUC, mas além de palavras da associação de funcionários da PUC, queremos uma atitude concreta, que se dê uma luta pelo fim dessas condições de trabalhos subumanas (como a própria AFAPUC colocou), entendemos que para avançarmos nessa luta é necessária uma aliança entre os estudantes, funcionários e professores da PUC, para termos uma força real contra os descasos da Fundação São Paulo, do Reitor Dirceu de Mello e da Higilimp, pela efetivação desse trabalhadores e trabalhadoras.

Débora, estudante de Ciências Sociais da PUC-SP e Fernanda Figueira, assistente social formada pela PUC-SP


Em Franca, as terceirizadas da limpeza além das péssimas condições de trabalho, não tiveram nenhum dos seus direitos trabalhalistas garantidos pela empresa que as contratou ou por parte da universidade. Hoje, o campus novos da UNESP, que para elas significa uma brutal exploração de suas jornadas, tem nova licitação e não sabemos se elas terão seus empregos mantidos. Enquanto burocratas acadêmicos gastam rios de dinheiros, elas sobrevivem com salários de miséria. Por isso nós do Pão e Rosas Franca exigimos a efetivação dessas trabalhadoras e salários iguais aos trabalhadores já efetivos!

Livia e Tassia, estudates da UNESP Franca e militantes da LER-QI

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