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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Trabalhadoras da USP iniciam campanha pela efetivação dos terceirizados e terceirizadas


As trabalhadoras da USP que apóiam e impulsionam o grupo de mulheres Pão e Rosas iniciam essa semana, durante a greve de trabalhadores e trabalhadoras da USP a campanha "A terceirização escraviza, humilha, divide..." exigindo a efetivação imediata de todos os terceirizados e terceirizadas da universidade com os mesmos direitos e salários. Publicamos abaixo, entrevista do Jornal Palavra Operária com Dinizete, trabalhadora da USP e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas, sobre a greve da USP e a campanha em defesa das trabalhadoras terceirizadas.

JPO: Nós estamos vendo que a mídia burguesa tem divulgado a greve da USP como mais uma campanha salarial, qual é a sua visão sobre isso?

Primeiro, sobre a greve da USP, de fato começou com uma reivindicação política, e não somente uma reivindicação econômica e salarial. Como trabalhadora reivindico isso, dadas as necessidades, dados os ataques que a reitoria esta cometendo contra estudantes e trabalhadores. Fazemos esta greve para dizer que a reitoria não tem que demitir trabalhadores e nem colocar trabalhadores na rua, para dizer que ela não pode passar por cima da legislação. Não que eu reivindique as leis do Estado burguês, mas já que ela existe, e nós ainda vivemos nesse sistema, não podemos permitir que a reitora passe por cima dela, e é isso que ela tem feito ao demitir um dirigente sindical. É por isso que eu batalho para que façamos uma forte greve em que a gente mostre pra reitora que a repressão não pode passar aqui na USP.

JPO: Ficamos sabendo de fortes denúncias sobre a terceirização na universidade. Como isso se articula com a greve?

Recentemente tivemos uma séria denúncia de que um companheiro terceirizado que estava sem receber seus direitos e, por reivindicar seus direitos fazendo greve de fome, foi reprimido por membros da guarda universitária que são funcionários da USP como eu, e disso eu me envergonho. Por isso, junto com nossa luta contra a repressão a gente tem que batalhar o máximo para acabar com a terceirização nas universidades públicas e nos órgãos públicos, porque a terceirização só escraviza, sub-emprega, humilha e divide os trabalhadores. Então depois dessa denuncia está na ordem do dia nós intensificarmos ainda mais a denúncia contra a terceirização e massificarmos a luta contra a terceirização.

JPO: Nesta greve as companheiras do Pão e Rosas estão abrindo uma discussão sobre a precarização do trabalho das mulheres, qual a ligação disso com a greve?

Sobre a opressão das mulheres terceirizadas, eu digo o seguinte: esse sistema que vem sendo implementado pela reitoria, que aumenta a terceirização faz parte de um projeto do Banco Mundial de privatizar a universidade, que nós já denunciamos há tempos. Privatizar a universidade não é leiloar a universidade para uma grande empresa, pois a massa sairia para a rua, mas aos poucos fazem contratos que terceirizam setores para privilegiar os empresários e os donos de empresas dos setores de limpeza e de vigilância, que, para lucrarem sub-empregam trabalhadores com um salário mínimo. Pagam um salário mínimo de 450 reais para as mulheres, como por exemplo no meu setor em que as mulheres criam seus filhos sozinhas com 450 reais e se faltarem tem desconto em sua cesta básica. Pra mim isso é o pior crime político que essa reitoria promove aqui dentro e deve ser combatido incansavelmente.

JPO: O que você acha que as mulheres trabalhadoras poderiam fazer para combater essa situação?

As mulheres trabalhadoras deveriam organizar todas as mulheres e organizar um plano de luta que impusesse à reitora opressora algo possível para incorporar essas trabalhadoras aos quadros da universidade com todos os seus direitos e benefícios garantidos. É possível que as trabalhadoras da USP organizem as companheiras terceirizadas. Tem pessoas que riem e dizem “vocês estão brincando”. No CSEB (Centro de Saúde Escola Butantã) tem trabalhadoras terceirizadas de todos os tipos, da fundação, da empresa privada, e lá as companheiras lutam conosco lado-a-lado, pelos nossos direitos e pelos direitos delas.

JPO: Como você acha que o Pão e Rosas pode contribuir nesta luta?

O Pão e Rosas pode contribuir muito, nós já estamos iniciando uma campanha na universidade contra a super exploração e depois pretendemos expandir para fora, mas aqui já estamos dando um exemplo combatendo diariamente esta situação.

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