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segunda-feira, 2 de março de 2009

Neste 8 de março existem duas políticas...

Venha marchar com Pão e Rosas
Que os capitalistas paguem pela sua crise! Nenhuma demissão e redução de salário!
Pelos direitos das mulheres trabalhadoras!
Pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito!
Basta de violência contra as mulheres! Fora as tropas de Lula do Haiti!

Num contexto de crise capitalista e demissões no mundo inteiro, chegamos ao 8 de março, dia Internacio­nal da Mulher. Somente em dezembro foram mais de 2 milhões de trabalhadores e trabalhadoras demitidos, além das suspensões e férias coletivas, enquanto o governo Lula e sua burocracia sindical fazem demagogia dizendo que “não iremos pagar pela crise”. Ao mesmo tempo, os governos injetam bilhões para salvar os capitalistas da crise que eles mesmos causaram, e as mulheres, assim como negros e jovens, são os primeiros atingidos pelas demissões. Isso sem falar no recrudescimento da violên­cia e da opressão sobre a mulher trabalhadora, o povo pobre e a juventude, demonstrando que esse é mais um 8 de março onde não temos nada a comemorar.

Porque haverá dois atos em São Paulo?

Inevitavelmente estas contradições também se expressam nos movimentos de mulheres. Enquanto em diversos lugares do país serão realizados atos comuns de setores da esquerda com as governistas da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), em São Paulo haverá dois atos do 8 de março, aparentemente com o mesmo eixo: a crise capitalista. Entretanto, ao passo que nós do Pão e Rosas e na Conlutas exigimos que “os capitalistas paguem a crise” num ato que para nós deve ser de luta e classista, a direção da Marcha Mundial de Mulheres mente deslavadamente para as mulheres, trabalhadoras e pobres de nosso país repe­tindo o discurso demagógico de Lula e das burocracias sindicais de que os trabalhado­res e trabalhadoras “não iremos pagar pela crise”. Demagógico porque o chamado ao ato governista é assinado justamente por aqueles que nesse momento fazem acor­dos com os patrões por “melhores demis­sões”, como a CUT e a Força Sindical. E, além disso, Lula segue ajudando os ban­queiros e industriais com dinheiro público, enquanto se calou diante das 4.200 demis­sões na Embraer, empresa que recebeu R$ 17 bilhões de subsídios e agora demite 20% dos seus trabalhadores.

Isso já seria suficiente para deixar claro que a direção da Marcha Mundial de Mulheres não pode estar atrelada à política dos ricos e ao mesmo tempo ter uma po­lítica consequente para as mulheres. Mas ainda há muito mais... sua direção, que é majoritariamente a Democracia Socialista do PT, tem como uma de suas principais figuras Ana Júlia Carepa, governadora do Pará, que nos últimos anos demonstrou publicamente seu pouco caso em rela­ção à violência sexual contra as mulheres quando uma menina de 12 anos foi presa e estuprada sistematicamente numa cela masculina com mais de 20 homens. Sobre isso, Ana Júlia declarou que “Casos de mu­lheres presas em celas com homens existe mesmo”. Também, nesse estado, a greve de professores no último ano foi duramente reprimida pela polícia à mando da governa­dora, e também por sua ordem foi feito um operativo repressivo contra o povo pobre do Pará para “facilitar” o funcionamento do Fórum Social Mundial, que recebeu o presi­dente Lula. É preciso lembrar também que, enquanto a MMM levanta como consigna central a legalização do aborto, sua direção fica calada diante da militância de Heloísa Helena do PSOL e seu grupo que fala de feminismo e socialismo e faz campanha “Por um Brasil sem aborto”; e também dian­te dos deputados do PT que defenderam a chamada “bolsa-estupro” como forma de in­centivo às mulheres estupradas a terem um filho indesejado ou diante da CPI do Aborto encabeçada por deputados do PT que que­rem seguir a perseguição às mulheres. Isso sem falar no silêncio diante do envio de tro­pas brasileiras pelo presidente Lula ao Haiti para oprimir o povo haitiano e violentar as mulheres.

Às mulheres da Conlutas, com as quais confluímos num ato comum em São Paulo, e em blocos claramente anti-gover­nistas e independentes em outros estados, é preciso dizer que consideramos um gran­de erro da direção do Movimento Mulheres em Luta a carta chamando a unidade com os setores do feminismo, que no Brasil é representado majoritariamente pela MMM, e também os atos que desenvolvem em comum em outros estados sem se diferen­ciar brutalmente de sua política governista, já que não há nenhuma possibilidade de se concretizar essa unidade quando se tratam de duas estratégias e políticas opostas – chamado esse que muitas vezes é feito deixando de lado as críticas à política rea­cionária de, por exemplo, Ana Júlia Carepa ou Heloísa Helena. Chamamos as compa­nheiras da Conlutas a refletir sua política, para neste 8 de março desmascararmos a direção da MMM e impulsionar um ato forte­mente anticapitalista, antigovernista e clas­sista e dessa forma lutar para convencer milhares de mulheres e trabalhadoras que seguem tendo ilusões no governo de Lula e na direção da Marcha Mundial de Mulheres a lutar do nosso lado.

Pão e Rosas chama a lutar por...

Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, marchamos nesse dia para que se façam ouvir as nossas vozes. As vozes de mulheres, jovens e trabalhadoras que não permitirão que os capitalistas descarre­guem duplamente a sua crise sobre nossas costas. E que por isso defendem que se dividam as horas de trabalho entre tra­balhadoras e trabalhadores, efetivos e precarizados, sem rebaixamento salarial. Que exigem salário igual por trabalho igual, e pelo fim da dupla jornada. Que acreditam que estar contra o direito ao aborto não significa estar a favor da vida, mas a favor do aborto clandestino com suas terríveis consequências para as mulheres. estão na defesa incondicional das mulheres negras. estão dispostas a enfrentar a violência contra as mulheres que se exerce não apenas no âmbito fami­liar, mas também no trabalho, nas ruas, na perseguição à mulheres lésbicas e aos ho­mossexuais, violência essa perpetuada pe­los patrões, pelas forças repressivas e pelo Estado... e tudo isso porque consideramos que a luta contra a opressão das mulheres é, também, uma luta anticapitalista, e que portanto, somente com o fim dessa sociedade de exploração e opressão é possível proporcionar as bases para a verdadeira emancipação das mulheres.

Que os capitalistas paguem pela sua crise! Nenhuma demissão e redução de salário!
Pelos direitos das mulheres trabalhadoras!
Pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito!
Basta de violência contra as mulheres!
Fora as tropas de Lula do Haiti!



BLOCO PÃO E ROSAS NO ATO DA CONLUTAS
Concentração em frente ao MASP às 11h

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