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sábado, 22 de março de 2014

Venha construir um grande Encontro de Trabalhadores e Trabalhadoras Combativos! Façamos como os garis do Rio de Janeiro!



Nós mulheres somos um dos setores mais explorados da classe trabalhadora. O capitalismo se aproveita da diferença de gênero para explorar ainda mais as trabalhadoras e rebaixar o conjunto dos salários. Sofremos com salários mais baixos, postos de trabalho mais precários e terceirizados e com a dupla ou tripla jornada de trabalho. Além disso, nos tratam como seres inferiores, “sexo frágil” e somos obrigadas a seguir um padrão estético de beleza. Sofremos violência doméstica, policial, sexual, estupros, comercialização e tráfico de nossos corpos para prostituição, assédio nos transportes superlotados. Não temos direito à maternidade, pois não temos creche, escolas, hospitais, lavanderias e restaurantes públicos de qualidade para garantir vida digna para nossos filhos. E muitas de nós morrem por abortos clandestinos, principalmente as trabalhadoras, pobres e negras.

Tudo isso é muito pior quando se trata das mulheres negras, no “país da mulata, do samba e do futebol”. E, por falar em futebol, a precarização da vida das mulheres só piorou e segue piorando devido às políticas voltadas para garantir a Copa, que atrai o turismo sexual, gasta milhões com obras ao invés de investir em serviços públicos, desaloja milhares de famílias, e ainda por cima reprime quem luta contra essas barbaridades, praticando um verdadeiro genocídio nos morros e favelas, tudo isso se dá sob o governo de uma mulher, Dilma do PT. É justamente sob o governo dessa mulher que se intensifica cada vez mais o trabalho precário das mulheres, que seguem sofrendo com a violência e morrendo, vítimas de abortos clandestinos.

Não acreditamos, como as feministas governistas da Marcha Mundial de Mulheres, que basta lutarmos por “mais espaço na política” para que nossas vidas melhorem. A opressão das mulheres se insere na história da luta de classes e por isso nos organizamos para lutar de forma independente por nossos direitos, contra a exploração e a opressão e contra o governo Dilma e a patronal. Estivemos nas manifestações de junho lutando contra o aumento das tarifas, por serviços públicos de qualidade. Participamos da construção do Encontro “Lições de Junho para uma Perspectiva Revolucionária” em novembro de 2013 para unir forças com o conjunto das mulheres, da classe trabalhadora e da juventude, e dar continuidade às mobilizações que mudaram o país! E estivemos lado a lado dos vitoriosos garis apoiando sua luta no Rio de Janeiro desde o primeiro dia e todo o carnaval, enquanto os grupos de mulheres da esquerda, como PSOL e o PSTU, setor majoritário do Movimento Mulheres em Luta, o qual integramos, estiveram fora desse processo. Participamos do ato que ocorreu em São Paulo e da campanha de fotos em apoio aos garis em nossos locais de trabalho. As lições dessa luta devem ser tomadas também pelo movimento de mulheres classistas e revolucionárias para arrancarmos nossos direitos!


Mulheres: Sozinha é muito difícil! Venham construir uma Corrente Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras!


Em pleno carnaval os garis saíram em greve e mostraram que realmente o país mudou e que a classe trabalhadora e seus setores mais precários podem e devem entrar em cena com seus métodos de luta e sua força para fazer a diferença! Superaram a burocracia do seu sindicato, venceram os governos e deram um exemplo, conquistando a solidariedade de classe de várias categorias do país e até mesmo internacionalmente! É necessário organizar os trabalhadores e trabalhadoras para generalizar a experiência dos garis e todas as categorias fazerem o mesmo!

Para isso, acreditamos que é necessário unificar os trabalhadores numa corrente nacional classista, antiburocrática, antigovernista e internacionalista! Nós, mulheres trabalhadoras, que acreditamos que a luta contra a opressão e a exploração são inseparáveis, não podemos ficar de fora desse processo! Por isso chamamos todas as mulheres trabalhadoras, negras e precarizadas a construir conosco o Encontro de Trabalhadores “Façamos como os Garis do Rio de Janeiro!”, para seguir tirando as conclusões de junho, da greve dos garis e impulsionar uma grande corrente de trabalhadores e trabalhadoras nacionalmente, que sirva também para dar um novo impulso à luta pelos direitos das mulheres!

Dia 29 de março
A partir das 14h
No Centro Social Hakka Brasil
Rua São Joaquim, 460 (próximo ao metrô São Joaquim), São Paulo – SP

Com:

Pablito Santos – diretor do Sindicato de Trabalhadores da USP

Marília Rocha – operadora de trem do Metrô de SP, delegada sindical e membro da Coordenação Nacional do Pão e Rosas

Alejandro Vilca – militante do PTS e delegado sindical dos garis de Jujuy, Argentina

Presença de garis do Rio de Janeiro e de rodoviários de Porto Alegre do comando de greve!




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BASTA DE RACISMO, MACHISMO E EXPLORAÇÃO!

Suplemento Especial- Mulher Negra - 2014
I Encontro de Negros e Negras da CSP-Conlutas

PELA ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES NEGRAS, DE MANEIRA INDEPENDENTE E JUNTO A CLASSE TRABALHADORA!

"O Brasil é um país que foi construído em cima da escravidão, e segue até hoje se sustentando no racismo estrutural. Dentre as mulheres, que já sofrem cotidianamente com o machismo, as mulheres negras são as mais afetadas pelas opressões, são maioria na classe trabalhadora e os setores mais precarizados da sociedade. Na última semana, fomos obrigadas a assistir à repulsiva cena de Claudia Ferreira da Silva, mulher negra, trabalhadora precária, moradora da favela, ser arrastada por uma viatura da PM do RJ, depois de ser baleada nas costas e pescoço. No país de uma mulher no poder, após 11 anos de governo PT, o que vemos no RJ de Cabral, do PMDB, aliado de Dilma e do PT, é cada vez mais escancarado o genocídio do povo negro – realidade que, infelizmente, corresponde não apenas ao Rio, mas a todo país.
As demandas democráticas mais elementares do povo e das mulheres negras não poderão ser garantidas dentro do capitalismo, sistema que possui o racismo e o machismo como seus pilares de sustentação. A luta das mulheres negras deve ser a luta independente pela derrubada desse sistema, aliada a classe trabalhadora - sujeito fundamental da transformação da sociedade, que também só poderá se emancipar se tiver os setores mais oprimidos à frente desta batalha. Basta de racismo, machismo e exploração! Sigamos o exemplo dos garis do Rio, categoria de trabalhadores precários majoritariamente negra: contra o racismo e a exploração, nos organizemos de maneira independente das burocracias sindicais, contra o patrão e os governos!"



DEPOIMENTOS:

“Quantas Claudias mais? Uma mulher NEGRA, sendo arrastada pelo chão por uma viatura policial depois de levar um tiro. Mais um dos casos que mostram a política de genocídio do povo negro, articulada pelas mãos do Estado. Sim, as mulheres negras também sofrem com o genocídio, abortos clandestino, negligência médica, precarização do trabalho como o caso de Regina, terceirizada que morreu no metrô, ou como nesse caso pelas mãos da polícia. Ainda vivemos sob os grilhões da escravidão, somos encarceradas nas prisões sem praticamente nenhuma condição de higiene pessoal, sofrendo por vezes abusos dos carcereiros. Nos livraremos desses novos grilhões com a coragem e a força de Dandaras, organizaremos exércitos ao lado da classe trabalhadora contra as mazelas do capitalismo! Abaixo os Inquéritos Policiais Militares! Abaixo os Tribunais Militares! Que os crimes dos PMs sejam julgados como qualquer cidadão, por júris populares!” (Marcela, estudante de Educação Física da USP)


“No ano da Copa do Mundo, a classe trabalhadora vem sentindo mais a precarização dos serviços públicos: transporte, saúde, moradia, educação. As mulheres negras, além de serem profundamente afetadas por essa precarização, são também as mais atingidas pelo aumento do turismo sexual e tráfico de mulheres! Basta de sermos vistas como “mulata-exportação”, objeto de desejo sexual de turistas! Da Copa abrimos mão, queremos nossos direitos, sem Dilma e sem patrão!” (Tristan Jenifer, militante do Pão e Rosas RJ, esteve lado a lado dos garis) 



"Todas as mazelas sociais são sentidas mais profundamente pelo povo negro. Esse projeto racista de país nos colocou nos piores lugares dessa sociedade. A todas essas mazelas respondemos com luta: greves dos operários das obras do PAC, rolezinhos, Amarildo, greve dos garis no RJ, entre tantos outros exemplos." (Cacau, estudante de Serviço Social da UERJ)


“O que resta na divisão do trabalho para nós mulheres negras é o trabalho precário, comigo não é diferente. Participei de uma greve de terceirizadas na USP e aprendi que não existe outra via para a libertação das mulheres a não ser a luta. Precisamos lutar pelo fim da terceirização, pela incorporação das terceirizadas e no serviço público sem concurso!” (Silvana, linha de frente da greve das trabalhadoras terceirizadas da USP)



“A realidade das mulheres negras é de precarização da vida, elas são as que mais sofrem com os serviços de saúde, morrem e veem seus filhos e parentes morrerem na  filas do SUS. Todas abortam, dentre as milhares de mulheres que fazem abortos clandestinos, centenas morrem todos os anos, sendo a maioria mulheres negras, pobres e trabalhadoras. Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! Pelo direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito! Por um SUS 100% estatal sob controle das trabalhadoras e usuárias!" (Taynara, estudante de Filosofia da UFMG)


“Violência, espancamento, estupros corretivos... Essa é a forma que a sociedade responde às mulheres negras lésbicas. Não aceitam o fato de não querermos ser objeto sexual dos homens. E se vamos às delegacias de mulheres somos mal tratadas e humilhadas. Não podemos permitir que isso continue!” (Jaciara, trabalhadora terceirizada, mulher negra e lésbica)




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quinta-feira, 6 de março de 2014

Pão e Rosas chama todas e todos à apoiar a greve dos garis no RJ


HOJE (06/03) ATO EM APOIO AOS 

GARIS DO RIO DE JANEIRO


SÃO PAULO-CAPITAL:

EM FRENTE AO MASP

18H


CAMPINAS:

LARGO DO ROSÁRIO - CENTRO

17H

Desde o dia 1 de março os garis do Rio (trabalhadores da Comlurb) vem protagozinando uma heroica greve com a exigência principal de aumento salarial. 

Hoje, ganham 800 reais por um trabalho duro e insalubre, e sua pauta exige o aumento para R$ 1.200,00 por mês. Nem sequer é metade do salário mínimo do Dieese, de R$ 2.743,00 (como manda a Constituição Federal).

Mesmo com a justiça declarando sua greve ilegal, a instransigência do governo e da empresa que não negociam sua pauta e mandaram carta de demissão a mais de mil trabalhadores por exercerem seu direito de greve e com seu sindicato do lado dos patrões tentando acabar com a greve a todo custo, os garis do Rio dão um exemplo de combatividade e seguem em sua luta!

Até mesmo a guarda municipal foi colocada para ajudar no assédio moral da empresa e tentar forçar os garis a retomarem o trabalho sem o atendimento de suas demandas!

Nós, da Juventude ÀS RUAS, consideramos que é fundamental cercarmos esta luta de solidariedade e fazermos tudo que esteja a nosso alcance para que ela triunfe! Temos acompanhado no Rio, em conjunto com o Pão e Rosas Brasil, os atos dos garis e dado nosso apoio cotidiano. Os ataques de Eduardo Paes, do sindicato dirigido pela UGT e da patronal não podem vencer a luta dos garis!

Por isso, fazemos um chamado a todas as entidades estudantis, sindicatos, grupos, coletivos e partidos para que construam conosco este ato, para que possamos fazer ecoar aqui em São Paulo a voz dos garis que lutam no Rio!

Todo apoio à luta dos garis!
Pelo atendimento de todas as suas reivindicações!
Nenhuma demissão ou punição a qualquer grevista!

VENHA DE LARANJA (cor do uniforme da Comlurb)! TRAGA SUA VASSOURA!

Silvana Araujo, faxineira e militante do grupo de mulheres Pão E Rosas Brasil, em apoio a greve dos garis no RJ

"Trabalho há anos como faxineira, de contrato a contrato precário, e sei muito bem o que é ser tratada como escrava. Por isso neste momento, em pleno Carnaval, só posso estar vibrando com a heróica greve dos garis e das garis do Rio de Janeiro que as companheiras do Pão e Rosas que moram aí estão apoiando e me contando com muito entusiasmo! Que emoção ver vocês com seus uniformes, tomando as ruas e gritando contra a escravidão! 

Aqui de São Paulo eu também grito, basta de escravidão, basta de trabalho precário! E mais uma vez vemos que é preciso que a cidade “maravilhosa” fique todinha suja pra pararem de nos ignorar. Aqui em São Paulo também é assim, na USP, a conhecida “universidade de excelência” também foi preciso devolver todo nosso trabalho, e deixar o lixo escancarado pra tirar de debaixo do tapete o trabalho semi-escravo ao qual somos submetidos. Lutavamos por igualdade de salários e direitos, e também pela efetivação de todas nós como trabalhadoras efetivas da USP. Tudo isso é uma batalha que segue firme, e cada luta que levamos adiante vamos registrando seja em vídeos, fotos e até livros, como é o caso de um que foi feito pelo grupo de mulheres Pão e Rosas chamado “A precarização tem rosto de mulher”. Quero que esse livro também chegue até vocês porque foi organizado pra ser um livro de combate, pros setores mais explorados da classe operária, como as mulheres e os negros, mas também aqueles trabalhadores que estão nos postos de trabalho mais sofridos como são os garis. 

A greve de vocês já é um exemplo porque em meio a todas aquelas fantasias de carnaval, surge uma força viva, que é a força da classe operária unida e organizada, com estudantes apoiando, e que se necessário vai passar por cima dos seus sindicatos oficiais – aqui foi assim! com assembleias e comissões de base! – e por isso eu falo sempre, não abaixemos a cabeça, e vamo pra cima! Viva a luta dos garis do Rio de Janeiro! Toda solidariedade até a vitória! Silvana Ramos, linha de frente da luta das trabalhadoras terceirizadas da USP e militante do Pão e Rosas"

terça-feira, 4 de março de 2014

Pão e Rosas nas calouradas


Todo começo de ano acontecem, nas universidades, as recepções dos ingressantes, conhecidas como “Calouradas”. Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, atuamos, construímos e intervimos nas calouradas que estão acontecendo na USP, Unicamp e UFMG.

Desde a universidade, pautamos nossa atuação sempre a partir da necessária e fundamental aliança operário-estudantil! Sabemos que nas universidades as opressões são reproduzidas entre professores, estudantes e funcionários, mas principalmente tendo como base o machismo institucional desde as reitorias e os governos por trás delas, que reproduzem a opressão, se calam e são coniventes. São responsáveis pela falta de estrutura física (iluminação, podas, circulares noturnos etc) e também de permanência, em que os mais afetados são os jovens de escola pública que furaram o filtro social do vestibular e precisam da assistência da universidade para permanecer estudando. A moradia estudantil não atende à demanda todos os anos, a ajuda de custo das bolsas são baixas, muitos tendo que trabalhar e estudar, sendo o caso de mães estudantes ainda pior, pois não recebem licença maternidade, tendo que abandonar pesquisas e se deparam com a inconciliável tripla jornada de trabalho: trabalho, estudo e cuidado da criança. Também por política da estrutura de poder há o “uso da terceirização como ferramenta”[i], colocando em condições precárias de trabalho na universidade milhares de trabalhadores, que são na maioria mulheres e negras, não por acaso. 

Militamos no Pão e Rosas para combater ao lado das estudantes e trabalhadoras a opressão que enfrentam cotidianamente dentro e fora da universidade, como os trotes opressores, ressaltando a importância de combatermos todas as formas de opressão, pois a opressão não tem fim enquanto ainda tivermos mulheres deixando a vida em trabalhos subvalorizados, sendo invisíveis para a ampla maioria dentro da Universidade! Por isso nos ligamos a essas trabalhadoras, aos trabalhadores de fora da universidade e à toda ampla juventude que  não furou o filtro de classe do vestibular. É ao lado desses setores, dessas mulheres, que o Pão e Rosas chama todas as estudantes a se organizar!

Em 2014, ano da Copa e último ano do mandato de Dilma – que é parte  dos dez anos de governo PT –, nossa intervenção nas calouradas não passou por fora do que significou esse governo de uma mulher e o que significa a organização das mulheres hoje, que sentem mais do que nunca os efeitos da aliança do governo com a FIFA e dos investimentos públicos na Copa, enquanto milhares de mulheres, jovens e trabalhadoras, em sua maioria negras, seguem sendo agredidas, sofrendo com a precariedade e os assédios do transporte público, morrendo por abortos clandestinos, morrendo e vendo seus filhos morrerem nas filas do SUS, a falta de creches. Atuamos nas calouradas, também como parte de nossa preparação para o 8 de março, colocando que da Copa abrimos mão, lutamos pelos direitos das mulheres, contra a Dilma e o patrão!

Na USP, fomos parte da organização do “Pedágio contra o trote machista!” no Curso de História e da Faculdade de Educação, que foi parte da campanha financeira organizada para ajudar no tratamento de Suzane, estudante de História que sofreu uma brutal violência machista em 2013, e segue necessitando de fisioterapia devido às sequelas de sua agressão. Organizamos também no curso de Letras uma importante roda de apresentação do grupo, junto a companheiras trabalhadoras, militantes do Pão e Rosas de fora da universidade, que contou com a presença de cerca de 50 estudantes e trabalhadoras, que se interessaram em discutir o combate à opressão contra a mulher desde uma perspectiva classista e antigovernista, buscando entender as raízes de nossa opressão na estrutura capitalista de nossa sociedade, e a necessidade de nossa luta ser anticapitalista para conseguirmos emancipar as mulheres e os trabalhadores. Também fizemos uma reunião aberta para organizar o 8 de março, e chamamos todas as companheiras que buscam se colocar de maneira classista, antigovernista e anticapitalista a compor nosso bloco nesse 8 de março!

Na Unicamp e na UFMG, atuamos nas calouradas também desde as entidades militantes que compomos: o CACH (Centro Acadêmico de Ciências Humanas) e o CAFCA (Centro Acadêmico da Filosofia), respectivamente. Somos partes dessas gestões por acreditar na necessidade de entidades estudantis militantes e combativas, que se coloquem na linha de frente do combate ao machismo, racismo e homofobia; aos trotes que reproduzem essas opressões, e ao lado dos trabalhadores terceirizados, lutando por suas efetivações, sem necessidade de concurso público.

Com essa perspectiva, organizamos na Unicamp a Mesa “Queimando Armários”, que contribuiu com o debate no combate às opressões homofóbicas, com um diálogo aos constantes episódios de homolesbobitransfobia[ii] e como esses setores devem se ligar aos trabalhadores para combater a opressão. Nessa Mesa contamos com a presença de Virgínia Guitzel na mesa, militante travesti do Pão e Rosas, e, após, também organizamos uma festa com o mesmo tema, que ocorreu de maneira auto-organizada, livre e sem expressão de opressões. Somos parte também, da Frente Feminista da Unicamp e, junto às outras companheiras que compõem essa frente, organizamos uma mesa de lançamento da FFU. Desde o Pão e Rosas, compomos a mesa com Silvana Araújo, militante do grupo que foi linha de frente da luta das terceirizadas da USP, e que dialogou com a necessidade da aliança entre as estudantes e as trabalhadoras e deixou claro que o governo Dilma, mesmo sendo uma mulher, não governou para as mulheres, e sim para o patrão!

Na UFMG, onde estamos a frente das Secretaria de Mulheres e LGBTTI e Secrataria da Questão Negra do CAFCA, compusemos a mesa “Da Copa abrimos mão! Queremos saúde, transporte e educação!”, parte da calourada organizada pelo CAFCA. Colocamos nossa perspectiva da necessidade das mulheres se organizarem de maneira independente dos governos e reitorias, desde a perspectiva classista e antigovernista, pelos direitos das mulheres desde os mais históricos e urgentes, como o direito ao aborto legal, e que este seja garantido por um SUS 100% estatal, que seja controlado pelas trabalhadoras e usuárias. Colocamos também a necessidade de lutarmos contra o trabalho precário, pela efetivação das trabalhadoras terceirizadas, tudo isso se aliando aos trabalhadores e todas mulhere e juventude de fora da universidade. Como parte da calourada da Filosofia, colaboramos com a organização a festa “Korpo de Batalha”, em homenagem a Kaique Augusto, jovem negro e homossexual assassinado em SP em janeiro deste ano. Intervimos na assembleia da Filosofia, que votou a composição de um bloco para o 8 de março com os eixos centrais: legalização do aborto, SUS 100% estatal sob controle dos trabalhadores e usuários, efetivação dos trabalhadores terceirizados sem concurso, a partir de uma organização antigovernista e aliada aos trabalhadores. Também tivemos uma importante intervenção na calourada governista organizada pelo DA FAFICH, onde deixamos bem claro que a saída para o combate às opressões se da a partir da organização independente das estudantes aliadas às trabalhadoras, sem nenhuma confiança nas diretorias e reitorias, em resposta a intervenção da professora Marlize Matos, intelectual do PT e da MMM, professora do curso de Ciências Sociais, que disse que o combate às opressões deve ser dado de maneira institucional, e é por isso que as estudantes devem se organizar.

Chamamos todas as mulheres, estudantes e trabalhadoras, que participaram das calouradas, viram nossa intervenção e acreditam na necessidade da aliança operário-estudantil e na organização desses setores de maneira classista e antigovernista, independente dos governos, reitorias e patrões, a conhecer e militar no Grupo de Mulheres Pão e Rosas! Pelo fim do vestibular, contra o trabalho precário, pela efetivação de todas as trabalhadoras terceirizadas, sem concurso público! Venham fazer parte também de nosso bloco nesse 8 de março, pois da Copa eu abro mão! Pelos direitos das mulheres, contra a Dilma e o patrão!




[i] Foi assim que o reitor da USP, Zago, usou esse termo ao responder um questionamento sobre a terceirização na universidade, que completou dizendo que não importa as condições precárias desses milhares de trabalhadores
[ii] Refere-se à situações de violência/opressão aos setores homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgêneros. 


segunda-feira, 3 de março de 2014

Argentina: Condenam à prisão perpétua os petroleiros de Las Heras!


Coloquemos em pé uma forte campanha internacional 
PELA ABSOLVIÇÃO IMEDIATA DOS 
PETROLEIROS DE LAS HERAS!



Na quinta-feira, 12 de dezembro, o juiz de Caleta Olivia, na Argentina, condenou três trabalhadores à prisão perpétua pela morte do policial Sayago em um levante de 2006, na mais dura condenação contra trabalhadores desde 1983. Além disso, foram condenados outros quatro a cinco anos de prisão, enquanto um mais ficou sob a custódia do Estado por ser menor no momento do fato.

Trata-se de uma causa completamente armada, declarada duas vezes nula, à qual um fiscal que sempre atendeu aos interesses políticos do governo da província ressuscitou e hoje conseguiu seu objetivo de condenar os trabalhadores. Para chegar a isso não hesitou em justificar as torturas, chegando a dizer que “para chegar à verdade teria que se separar da legalidade”.

Os condenados se viram obrigados a receber a leitura do processo em uma sala separada de seus familiares e amigos, já que o tribunal impediu o acesso dos mesmos. Os familiares presentes escutaram a sentença rodeados de guardas e sem poder contar com o acompanhamento dos deputados da Frente de Izquierda, Nicolás del Caño e Néstor Pitrola, a quem o tribunal impediu de entrar.

Elia Espen, mãe da Praça de Mayo, e Alejandrina Barry, filha de desaparecidos e integrante do CeProDH, que puderam entrar testemunharam este momento desolador que os familiares viveram ao conhecer a aberrante decisão judicial, que pelo momento não será cumprido efetivamente. O fato de que os companheiros condenados mantenham sua liberdade até que se resolva a apelação que apresentarão seus advogados de defesa, deve ser aproveitado por nós para redobrar nestes meses, de maneira imediata a campanha contra essa condenação injusta.

Um salto histórico na perseguição aos lutadores

Semelhante decisão após um julgamento marcado por irregularidades sem outra prova que os depoimentos obtidos com torturas e pressões ilegais, só é compreensível pelo poder de chantagem das forças repressivas e das multinacionais petroleiras às quais o governo presta seu serviço. Enquanto os governadores kirchneristas e os da oposição se ajoelham ante a chantagem policial, hoje condenam os petroleiros de Las Heras e seguem processados mais de cinco mil lutadores de todo o país.

Em momentos onde os governos começam a aplicar ajustes e a inflação corrói nossos bolsos, aplicam essa medida com o objetivo de amedrontar os trabalhadores que se organizam e lutam para que a crise não seja descarregada sobre suas costas. Em resposta a isso, as organizações de esquerda devem organizar uma forte campanha internacional pela absolvição dos petroleiros de Las Heras.

Clique aqui e envie sua adesão ao abaixo-assinado pela absolvição dos petroleiros de Las Heras!


Ato-debate na USP (São Paulo - Brasil)


domingo, 2 de março de 2014

Relato da Greve e Piquetes dos Garis no Rio de Janeiro

VIVA A GREVE DA COMLURB!


Começou no Rio, em plena sexta feira de carnaval, a greve dos trabalhadores da COMLURB. Na terça feira, já tinha acontecido um grande do ato na Av. Presidente Vargas no qual os trabalhadores já exigiam a atuação do sindicato, já que nesse mês se inicia o dissídio da categoria. E na cidade maravilhosa onde não faltam recursos para Fifa e empresários, os garis sofrem de sol a sol com míseros R$ 850 de salário. Os garis já anunciavam que fariam greve durante o Carnaval para garantir um acordo coletivo e um aumento salarial justos. Quando foi noticiado em todos os jornais, na sexta-feira de manhã que o sindicato já havia assinado o acordo coletivo, que garantia apenas horas extras de 50% nos feriados, auxilio funeral e mísero aumento no ticket de alimentação e sequer tocava no aumento do salário base, aparecendo em letras garrafais que os garis não fariam greve e que o acordo estava selado, centenas de trabalhadores saíram furiosos para porta do sindicato exigir o apoio do mesmo para que houvesse greve.

É importante ressaltar que o Sindicato dos Trabalhadores do Asseio e Conservação do Rio de Janeiro dá exemplos de como a burocracia pode chegar em seu nível extremo. O sindicato que compõe a UGT, não realizou sequer um assembleia para assinar o acordo com a patronal. Indignados com toda a situação e a histórica colaboração com as empresas e governos deste sindicato o trabalhadores expressavam em suas falas a necessidade da democracia operária. Diziam nenhuma reunião fechada, que tudo se resolva na rua na frente de todos. E sendo tratados com tamanho desprezo viram que a única alternativa era pressionar o sindicato a assinar um documento de apoio a greve. Centenas dele gritavam GREVE! e nenhum deles titubeava sobre o que fazer, muitos diziam "É tudo ou nada!". Gritavam também "ooo o gari acordou!!" como uma incrível ressonância da energia de junho que ainda reverbera na classe trabalhadora.

Depois de muitas tentativas de manobra, o sindicato finalmente assina o apoio a greve. Fazendo com que todos ali retornassem as suas gerências para garantir os piquetes e os informes. Eles saíram sozinhos, sem nenhum orientação, sem nenhuma faixa do sindicato apoiando a greve. Mas três horas depois o sindicato faz a sua manobra maior, emitindo um documento onde diz que a greve é ilegal, usando o argumento que não foi avisado ao empregador 72 horas antes. Nessas horas fica claro o quanto a legalidade burguesa serve apenas aos patrões uma vez que não é julgado criminoso um sindicato passar por cima dos interesses da categoria.
De posse de mais este documento do sindicato encarregados que são ligados a direção do sindicato, gerentes, pressionaram os trabalhadores a trabalhar. Apesar disso a greve segue em muitos bairros da cidade. Com piquetes impedindo a saída dos caminhões, com pelegos amedrontados sem conseguir trabalhar, deixando a cidade caótica e mostrando a importância dessa categoria tantas vezes invisibilizada pela precarização. Em unidades mais organizadas os trabalhadores formaram equipes para correr outras e avisar da greve em piquetes ambulantes parando toda a região e todos já se dirigindo para o sindicato para impor sua vontade. Utilizando de muita articulação e coação, a patronal nas gerências das regiões turísticas do Carnaval pressionam os trabalhadores. Presenciamos muitos trabalhadores saindo obrigados a trabalhar com esperança de que a luta continue e se fortaleça. Ainda não tiveram força de derrotar nestas unidades a pressão da patronal e do sindicato, mas muito "esqueciam" suas vassouras, e mesmo com contradições estão dando passos em sua organização e consciência. A manobra do sindicato inclui uma reunião hoje às 12 horas com a direção da empresa. Já há um forte movimento para que todos estejam novamente na porta do sindicato.

Seguimos acompanhando e vivendo de perto a luta dessa categoria. Esperamos contribuir para que sejam vitoriosos. No entanto já é possível perceber que está greve nos serve de escola e podemos a partir delas tirar várias lições. A primeira é da importância da militância revolucionária estar diretamente ligada ao dinamismo da luta de classe. Era impensado que houvesse uma luta tão intensa no período em que todos se anestesiam e  há grande refluxo, por esse tipo de giro deve se tornar constante em nossa política. Além disso, fica claro que mesmo com todo o ativismo, ódio de classe e clareza do papel que cumprem na sociedade, a falta de organização da categoria e até mesmo um comando alternativo ao sindicato para que orientasse alguma direção debilita muita a força do movimento. É necessário um programa classista e revolucionário que seja uma alternativa à burocracia sindical e um ponto de apoio para construir a organização. Até agora, esse evento inesperado na luta de classes, mostra também a tamanha debilidade da esquerda que figura raramente com pouquíssimos militantes de algumas correntes ou nenhum. Pulam tranquilamente seu Carnaval enquanto deixam passar a luta concreta e a aliança com a classe trabalhadores. Por último, a principal lição que temos aqui é a de que Junho não acabou, a classe trabalhadora pode nos surpreender com a força que está acumulada subjetivamente em cada um de nós. É nosso papel estar ombro a ombro nessa luta!

TODO APOIO A LUTA DOS GARIS!
VIVA A GREVE DOS TRABALHADORES DA COMLURB!


sábado, 1 de março de 2014

Venha com o grupo de mulheres Pão e Rosas nesse 8 de março!



Por um 8 de março antigovernista, classista e anti-capitalista!

Concentração no vão livre do MASP, na Av. Paulista, a partir das 9h! Procure nossas bandeiras!


E logo após:

Sarau, brechó e roda de discussão:

Da copa eu abro mão, pelos direitos das mulheres contra Dilma e o patrão!


Na Casa Socialista Karl Marx (Pça Américo Jacomino, 49 – em frente ao metrô Vila Madalena), a partir das 14h!


ATENÇÃO: NÃO HAVERÁ MAIS ATIVIDADE DO PÃO E ROSAS NO DIA 15/03, SERÁ SUBSTITUÍDA POR ESSA!