Nós mulheres somos um dos setores mais explorados da classe trabalhadora. O capitalismo se aproveita da diferença de gênero para explorar ainda mais as trabalhadoras e rebaixar o conjunto dos salários. Sofremos com salários mais baixos, postos de trabalho mais precários e terceirizados e com a dupla ou tripla jornada de trabalho. Além disso, nos tratam como seres inferiores, “sexo frágil” e somos obrigadas a seguir um padrão estético de beleza. Sofremos violência doméstica, policial, sexual, estupros, comercialização e tráfico de nossos corpos para prostituição, assédio nos transportes superlotados. Não temos direito à maternidade, pois não temos creche, escolas, hospitais, lavanderias e restaurantes públicos de qualidade para garantir vida digna para nossos filhos. E muitas de nós morrem por abortos clandestinos, principalmente as trabalhadoras, pobres e negras.
Tudo isso é muito pior quando se trata das mulheres negras, no “país da mulata, do samba e do futebol”. E, por falar em futebol, a precarização da vida das mulheres só piorou e segue piorando devido às políticas voltadas para garantir a Copa, que atrai o turismo sexual, gasta milhões com obras ao invés de investir em serviços públicos, desaloja milhares de famílias, e ainda por cima reprime quem luta contra essas barbaridades, praticando um verdadeiro genocídio nos morros e favelas, tudo isso se dá sob o governo de uma mulher, Dilma do PT. É justamente sob o governo dessa mulher que se intensifica cada vez mais o trabalho precário das mulheres, que seguem sofrendo com a violência e morrendo, vítimas de abortos clandestinos.
Não acreditamos, como as feministas governistas da Marcha Mundial de Mulheres, que basta lutarmos por “mais espaço na política” para que nossas vidas melhorem. A opressão das mulheres se insere na história da luta de classes e por isso nos organizamos para lutar de forma independente por nossos direitos, contra a exploração e a opressão e contra o governo Dilma e a patronal. Estivemos nas manifestações de junho lutando contra o aumento das tarifas, por serviços públicos de qualidade. Participamos da construção do Encontro “Lições de Junho para uma Perspectiva Revolucionária” em novembro de 2013 para unir forças com o conjunto das mulheres, da classe trabalhadora e da juventude, e dar continuidade às mobilizações que mudaram o país! E estivemos lado a lado dos vitoriosos garis apoiando sua luta no Rio de Janeiro desde o primeiro dia e todo o carnaval, enquanto os grupos de mulheres da esquerda, como PSOL e o PSTU, setor majoritário do Movimento Mulheres em Luta, o qual integramos, estiveram fora desse processo. Participamos do ato que ocorreu em São Paulo e da campanha de fotos em apoio aos garis em nossos locais de trabalho. As lições dessa luta devem ser tomadas também pelo movimento de mulheres classistas e revolucionárias para arrancarmos nossos direitos!
Mulheres: Sozinha é muito difícil! Venham construir uma Corrente Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras!
Em pleno carnaval os garis saíram em greve e mostraram que realmente o país mudou e que a classe trabalhadora e seus setores mais precários podem e devem entrar em cena com seus métodos de luta e sua força para fazer a diferença! Superaram a burocracia do seu sindicato, venceram os governos e deram um exemplo, conquistando a solidariedade de classe de várias categorias do país e até mesmo internacionalmente! É necessário organizar os trabalhadores e trabalhadoras para generalizar a experiência dos garis e todas as categorias fazerem o mesmo!
Para isso, acreditamos que é necessário unificar os trabalhadores numa corrente nacional classista, antiburocrática, antigovernista e internacionalista! Nós, mulheres trabalhadoras, que acreditamos que a luta contra a opressão e a exploração são inseparáveis, não podemos ficar de fora desse processo! Por isso chamamos todas as mulheres trabalhadoras, negras e precarizadas a construir conosco o Encontro de Trabalhadores “Façamos como os Garis do Rio de Janeiro!”, para seguir tirando as conclusões de junho, da greve dos garis e impulsionar uma grande corrente de trabalhadores e trabalhadoras nacionalmente, que sirva também para dar um novo impulso à luta pelos direitos das mulheres!
Dia 29 de março
A partir das 14h
No Centro Social Hakka Brasil
Rua São Joaquim, 460 (próximo ao metrô São Joaquim), São Paulo – SP
Com:
Pablito Santos – diretor do Sindicato de Trabalhadores da USP
Marília Rocha – operadora de trem do Metrô de SP, delegada sindical e membro da Coordenação Nacional do Pão e Rosas
Alejandro Vilca – militante do PTS e delegado sindical dos garis de Jujuy, Argentina
Presença de garis do Rio de Janeiro e de rodoviários de Porto Alegre do comando de greve!
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