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sexta-feira, 27 de março de 2009

Diante do ato supostamente "em defesa da vida" na Praça da Sé - SP

Enquanto milhares de mulheres morrem todos os anos ensanguentadas e mutiladas na clandestinidade de abortos inseguros e insalubres, há aqueles que dizem que lutar contra o direito ao aborto significa defender a vida. Na linha de frente desta campanha está a Igreja, que considera a mulher como mãe e reprodutora, além de reprimir a sexualidade da mulher e o desfrute de seu prazer, ao mesmo tempo em que permanece calada e inerte diante dos crescentes casos de pedofilia e estupros envolvendo padres do mundo inteiro. Mas afinal, se defendem a vida, porque se opõe, então, à educação sexual e a utilização de métodos anticonceptivos que não somente evitam uma gravidez não desejada assim como também impedem a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis? Se defendem a vida do “feto”, porque permanecem calados diante da morte de tantas crianças por falta de comida, por falta de atendimento médico, por falta de água potável? Porque se empenham tanto em fazer campanha pra defender uma vida em abstrato enquanto permanecem calados diante da morte concreta de milhões de crianças, assassinadas, portanto, pelo próprio capitalismo?

Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, lutamos por educação sexual em todos os níveis do ensino público desvinculada da fé religiosa para que as mulheres decidam sobre sua sexualidade e seu corpo. Lutamos por contraceptivos gratuitos e de qualidade para que nenhuma mulher necessite recorrer ao aborto. E lutamos pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito para que nenhuma mulher morra pela falta de acesso a uma simples cirurgia que pode evitar uma gravidez indesejada, seja fruto de violência ou não. Mas, ao mesmo tempo, nós lutamos pelo direito pleno à maternidade. Porque nessa sociedade capitalista de miséria, agonia e opressão, ainda que nos digam que somos “mães e reprodutoras por natureza”, o Estado não nos propicia as condições mínimas para desfrutarmos plenamente de uma gravidez, como saúde pública e de qualidade, educação pública, saneamento básico, moradia, alimentação, lazer e cultura.

As mulheres pobres e da classe trabalhadora sentem essas consequências de forma mais abrupta, e sabemos que com a piora da crise econômica, esses problemas sociais tendem a piorar, pois são sempre esses os primeiros orçamentos a serem cortados pelos governos, mesmo que para os capitalistas seja destinado uma quantia muito maior de dinheiro para salvá-los da crise. E isso significa que o capitalismo tenderá a empurrar ainda mais as mulheres ao aborto, enquanto o discurso em “defesa da vida” tomará proporções ainda mais reacionárias para nos obrigar a “desfrutar das alegrias da maternidade” mesmo contra nossa própria vontade. Mesmo que essa gravidez seja fruto de uma violência que marcará nossos corpos e mentes por toda a vida. Mesmo que seja em condições insalubres, e mesmo que possamos morrer. É isso que eles chamam de “defesa da vida”.

Sabemos que os direitos não se mendigam, se conquistam. Por isso rechaçamos o ato do dia 28/03 na Praça da Sé contra nossos direitos, e deve ser parte de nossa luta o enfrentamento com todos esses movimentos chamados “Por um Brasil sem Aborto” ou “Em defesa da Vida”, uma frente-única que vai desde a classe dominante, passando pela Igreja, e inclusive atingindo setores que se dizem de esquerda, como Heloísa Helena do PSOL. É preciso lutar contra a atrocidade dita pelo Arcebispo de Olinda, quando declarou que o “aborto é pior que o estupro”, naturalizando a violência sofrida por muitas jovens em nosso país. Vale lembrar que em 2010 o Brasil sediará o 3° Encontro Mundial Contra a Legalização do Aborto, por ser considerado um país modelo, tanto na mobilização, quanto na legislação, pela “suposta” defesa da vida.

Não aceitaremos. Chamamos as feministas da Marcha Mundial de Mulheres que repudiam os estupros no Pará e a posição escandalosa de Ana Júlia Carepa e que nesse 8 de março levantaram com força a bandeira da legalização do aborto a levar adiante uma verdadeira campanha pelo direito ao aborto, e também aquelas que rechaçam a CPI do Aborto dos deputados do PT. Chamamos também as companheiras do PSOL que estão contra a posição de Heloísa Helena, assim como as pequenas organizações feministas, os sindicatos, as mulheres perseguidas no Mato Grosso do Sul, os movimentos de direitos humanos, os partidos políticos, as companheiras católicas que têm fé religiosa mas não consideram que a Igreja enquanto instituição pode determinar nossas vidas, assim como todas as organizações que compõem a “Frente Nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto” e, em especial, chamamos as companheiras do PSTU e da Conlutas, com as quais compartilhamos um ato comum no 8 de março, a impulsionar uma campanha imparável na luta pelos direitos das mulheres. Nós do Pão e Rosas, impulsionaremos uma campanha latino-americana, para combater, em todos os países da América Latina, a onda reacionária que combina governos “progressistas” e pós-neoliberais com a ideologia cristã para fazer retroceder as nossas conquistas e acabar com nossos direitos. Chega de mulheres mortas por abortos clandestinos! Pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito! Pelo direito à maternidade!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Declaração das mulheres do Pão e Rosas frente à greve na Petrobrás

No dia 23 de março iniciou-se uma greve nacional dos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás com previsão de duração de 5 dias, com paralisações das atividades ou com diminuição do ritmo de trabalho. A greve que tem fundamentalmente os eixos de reivindicação de garantia dos postos de trabalho, adicional de feriado (extra-turno) , por segurança no trabalho e melhorias no pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) configura-se como uma das maiores greves desde 1995 sendo convocada por todos os 17 sindicatos (11 da FUP e 6 da FNP).

Em alguns locais se valendo de métodos radicalizados tais como controle da produção ou redução no fluxo de insumos, piquetes, ocupações, esta greve de repercussão nacional pode vir a ser um novo alento à classe trabalhadora mostrando a disposição deste batalhão estratégico por seu papel na economia nacional, em que principalmente os setores mais jovens mostram sua disposição em enfrentar os ataques que a patronal tem planejado contra os trabalhadores (efetivos e terceirizados) se justificando com a crise capitalista enquanto obteve lucros recordes em 2008.

Nos solidarizamos e apoiamos a greve, assim como destacamos a importante reivindicação que os 6 sindicatos ligados à FNP têm levantado de garantia da licença maternidade de 180 dias para as trabalhadoras, reivindicação que deve ser levantada por todo o conjunto da nossa classe e também pelos sindicatos da FUP como uma importante demanda das trabalhadoras. É preciso avançar nas medidas para combater a divisão dos trabalhadores/as entre efetivos e tercerizados, entre brancos e negros, entre homens e mulheres. Sabemos que a burguesia se vale do racismo e do machismo como mecanismos para dividir a classe trabalhadora e seguir nos explorando. Nesse sentido, acreditamos ser importante também que as mais de 8.000 trabalhadoras da Petrobrás agarrem em suas mãos a luta pelos direitos das mulheres e do conjunto da classe , contra o assédio moral e sexual, contra a terceirização e pela efetivação dos terceirizados, pela licença maternidade de 6 meses.

Pão e Rosas
26 de março de 2009

quarta-feira, 25 de março de 2009

Video do lançamento do livro "Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história"

Apresentamos acima uma síntese do lançamento do livro Lutadoras. Histórias de Mulheres que fizeram história na PUC-SP, com as professoras Beatriz Abramides e Vera Vieira, e as organizadoras do livro Diana Assunção e Andrea D'Atri. Vale ressaltar que no momento em que lançamos esse livro, a crise econômica começa a sentir-se em todo o mundo com suspensões e demissões nas fábricas e aumentos de taxas que golpeam a economia de nossas casas. Milhares de demissões nas indústrias, bancos e serviços já demonstram que a crise também chegou no Brasil, enquanto os analistas e governantes diziam que nosso país estaria livre de suas consequências. Por isso, como disse Andrea D'Atri, Lutadoras não tem as pretensões de uma obra literária ou acadêmica... "estaria cumprido nosso anseio se o considerarem um livro militante, para contar a uma amiga, à companheira da fábrica ou da empresa, à jovem que senta ao lado na universidade e na escola. Desejamos que estas histórias cheguem às mulheres que hoje lutam, as que inevitavelmente sairám a lutar pelo seu destino no meio da crise mundial que, com seu cortejo de calamidades, nos ameaça, para convidá-las a transcender o horizonte do possível que nos querem impor e se atrever a escrever as páginas da história futura".

terça-feira, 24 de março de 2009

Primeira Plenária do grupo de mulheres Pão e Rosas!

No último dia 21/03, nós do grupo de mulheres Pão e Rosas realizamos nossa primeira Plenária, com a presença de Andrea D'Atri, fundadora do Pan y Rosas Argentina. Diana Assunção abriu a Plenária, apresentando o grupo de mulheres à novas estudantes e trabalhadoras que estavam presentes, e colocando a necessidade de se discutir um grupo de mulheres no Brasil que, diferentemente do feminismo já estabelecido, como a Marcha Mundial de Mulheres, se coloque verdadeiramente numa perspectiva anticapitalista, e que num momento de crise, mais do que nunca se faz necessária a luta pelos direitos das mulheres.

Mara Onijá seguiu a discussão resgatando nossas bandeiras no 8 de março, onde participamos do ato da Conlutas, demonstrando os limites que as direções de grupos feministas atrelados ao governo Lula se colocam diante da luta pelos direitos das mulheres. Relembrou da necessidade de uma campanha permanente contra a violência policial que assassina sobretudo a juventude e as mulheres negras.

Marina Fuser relembrou as atividades de lançamento do livro Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história para dizer o quanto essa publicação deveria transcender os limites do possível, e se tornar uma ferramenta política para a atuação na realidade, de tantas mulheres vítimas desse sistema de opressão e exploração.
Andrea D'Atri contou como foi o surgimento da agrupação Pan y Rosas na Argentina, demonstrando a necessidade das estudantes impulsionarem a mais ampla aliança com as trabalhadoras. Falou sobre a situação das mulheres no capitalismo e atuação diante dos primeiros sinais de crise, que já começam a se fazer sentir. Por fim, outras companheiras interviram, ressaltando a necessidade de se discutir mais profundamente todas as questões levantadas, e Diana Assunção fez um chamado à tarefa urgente de construir uma nova tradição no movimento de mulheres, à construir o Pão e Rosas. Foi decidido impulsionar uma campanha latino-americana pelo direito ao aborto livre, seguro e gratuito, conjuntamente com as companheiras do Pan y Rosas da Argentina, e também do Chile. Assim como uma campanha em todas as universidades em defesa das trabalhadoras terceirizadas, exigindo a efetivação imediata.

A companheira Silvana falou sobre a importância do Pão e Rosas estar na linha de frente da campanha em defesa da readmissão do Brandão, dirigente da LER-QI e diretor do SINTUSP, relembrando a luta que este travou diante das péssimas condições de trabalho dos terceirizados e terceirizadas da limpeza da USP, setor onde ela trabalhava.

Mara Onijá: Me fez de escrava, mucama / Me fiz guerreira que inflama / Que se rebela e que chama / Não silencia, não cansa, avança / Me fez de ama de leite / Meu estupro foi seu deleite / Hoje me diz foi fraterno / Sua teoria farsante não quero / Sou reverso da submissão, não parei / Já nos tumbeiros fiz insurreição, confrontei / Incendiei seu engenho, fiz revolta dos malês / Eu te matei com veneno, levantes organizei / Cadê meus filhos jogados, largados na roda dos expostos / Cadê meu seio arrancado, cadê meus irmãos mortos
A atividade também contou com uma exposição feita por Daniela, estudante da USP, com as imagens do Bloco Pão e Rosas no 8 de março.

domingo, 22 de março de 2009

Grande lançamento do livro "Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história" na PUC-SP

Na última quinta-feira, dia 19, mais de 150 estudantes e trabalhadoras (es) participaram da atividade de lançamento da edição brasileira do livro Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história, segunda publicação da Coleção Mulher das Edições ISKRA. A atividade contou com a presença da profª Beatriz Abramides, do Serviço Social da PUC-SP e diretora da APROPUC, entidade que apoiou e organizou o evento, Vera Vieira, profª do Depto. de História da PUC-SP, Andrea D´Atri, dirigente do PTS argentino e organizadora da edição original, e Diana Assunção, dirigente da LER-QI e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas. Também no dia 20/03 a publicação foi apresentada no Auditório do IFCH com a presença de Andrea D´Atri e Rita Frau, professora da rede estadual de São Paulo, integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas e militante da LER-QI.
Diana Assunção abriu a atividade agradecendo aos companheiros que colaboraram com a publicação de Lutadoras, e falou sobre o grupo de mulheres Pão e Rosas, relatando as atividades e manifestações políticas que impulsionam. Aproveitou para denunciar os escândalos que rondam a luta das mulheres no Brasil: “Há que se lembrar que nos últimos dias o Brasil foi palco de uma campanha reacionária da Igreja, levando a suposta ’defesa da vida’ à posições escandalosas, como a declaração do Arcebispo de Olinda, que disse que ’o aborto é pior que o estupro’. E continuou: “Por isso gritamos ‘Basta de estupros, de morte e de dor. A hipócrita Igreja, está com o estuprador’. E aqui na PUC, onde a Igreja tem a palavra final, e nos diz que o conhecimento deve estar aliado à fé cristã, colamos cartazes dizendo ‘Basta de intervenção da Igreja em nossos corpos. Basta de intervenção da Igreja na Universidade. Pelo direito ao aborto legal seguro e gratuito’”. Terminou convidando todas as mulheres, trabalhadoras e estudantes, a construir o grupo de mulheres Pão e Rosas.

Rita Frau e Andrea D´Atri

A professora Beatriz Abramides, falou sobre as mulheres lutadoras que compõe o livro, demonstrando como há um “fio vermelho” de continuidade em suas histórias, e discutindo a necessidade das mulheres se organizarem ao lado da classe trabalhadora, lembrando que se a revolução proletária não é a condição última para a emancipação das mulheres, é uma condição necessária para nossa emancipação, que se torna impossível nos estreitos marcos do capitalismo. Também apontou que Lutadoras deve chegar ao máximo de mulheres possíveis e por isso era importante repetir atividades como essa. A professora Vera Vieira elogiou o livro, considerando-o um marco na publicação editorial, e relatando a historiografia latino-americano acerca da questão da mulher e sua inserção na luta de classes. Incentivou os estudantes a produzirem conhecimento, inclusive de forma independente da academia, defendendo suas posições.




Andrea D´Atri discorreu sobre a situação das mulheres no capitalismo, e porque a publicação de Lutadoras num momento de crise desse sistema ganha um novo sentido. Terminou dizendo: “Por isso Lutadoras não tem as pretensões de uma obra literária ou acadêmica... estaria cumprido nosso anseio se o considerarem um livro militante, para contar a uma amiga, à companheira da fábrica ou da empresa, à jovem que senta ao lado na universidade e na escola. Desejamos que estas histórias cheguem às mulheres que hoje lutam, as que inevitavelmente sairám a lutar pelo seu destino no meio da crise mundial que, com seu cortejo de calamidades, nos ameaça, para convidá-las a transcender o horizonte do possível que nos querem impor e se atrever a escrever as páginas da história futura”.

No final da atividade, Mara Onijá, apresentou a rima de hip hop “Pão e Rosas”, que dizia "Nosso canto é o espanto / Dos que nos julgaram mortas / Pão e Rosas Pão e Rosas / Eu sou confronto do pranto / A agonia que estoura / Pão e Rosas Pão e Rosas / Eu vou rimando e marchando / Chega de dor, quero glórias / Pão e Rosas Pão e Rosas / O medo aqui já foi tanto / Mas será nossa a vitória / Pão e Rosas Pão e Rosas".
Esses foram apenas os primeiros lançamentos dessa publicação. Queremos que mais mulheres, trabalhadoras e estudantes possam conhecer a histórias destas lutadoras. Para organizar uma atividade de lançamento do livro "Lutadoras.." em sua universidade, local de trabalho, sindicato, colégio ou bairro, envie um email para paoerosasbr@gmail.com

segunda-feira, 16 de março de 2009

Nos principais enfrentamentos de classe, elas estiveram na linha de frente...


19/03/09 às 19h na PUC-SP
Com Andrea D´Atri, dirigente do PTS argentino e organizadora da edição original. Beatriz Abramides, prof. do Serviço Social da PUC-SP e diretora da APROPUC. Vera Vieira, prof. do Depto. de História da PUC-SP e Diana Assunção, dirigente da LER-QI, estudante de História da PUC-SP e organizadora da edição brasileira.
Local: Sala P65 Prédio Velho - PUC-SP

20/03/09 às 17h30 na Unicamp
Com Andrea D´Atri, dirigente do PTS argentino e organizadora da edição original. Claudia Mazzei Nogueira, prof. da UFSC e Rita Frau, professora da rede pública do estado de São Paulo, militante da LER-QI e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas.
Local: Auditório do IFCH - Unicamp

Em breve lançamentos na USP, Unicastelo Guaianazes, Fundação Santo André, Unesp de Rio Claro, Unesp de Marília, entre outros. Para organizar atividades de lançamento do livro Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história em sua universidade, colégio, bairro ou local de trabalho nos envie um email paoerosasbr@gmail.com

sábado, 14 de março de 2009

Pão e Rosas fala sobre a opressão da mulher e a terceirização do trabalho na UNESP de Rio Claro

No dia 03 de março, Fernanda Figueira, assistente social formada pela PUC-SP, militante da LER-QI e uma das fundadoras do grupo de mulheres Pão e Rosas no Brasil, juntamente com a companheira Patrícia, trabalhadora terceirizada e integrante do Pão e Rosas estiveram na UNESP de Rio Claro, durante a calourada, para discutir a opressão da mulher na sociedade capitalista e a precarização do trabalho. A mesa foi apresentada pela companheira Babi, estudante de Biologia da UNESP, e integrante do Pão e Rosas. Fernanda começou dizendo que "Para muitos debater a situação da mulher atualmente já não faz mais sentido. Existe quem acredite que as mulheres alcançaram pé de igualdade com os homens, pois hoje, vemos mulheres presidentes, primeiras-ministras, membros de gabinete de governo, muitas mulheres tem altos cargos em grandes empresas, e conseguiram se livrar do trabalho doméstico através do desenvolvimento dos eletrodomésticos, porém, existem alguns dados sobre a situação atual das mulheres que ficam escondidos, como por exemplo, em todo o mundo, meio milhão de mulheres morre a cada ano por complicações durante a gravidez e na hora do parto, 500 mulheres morrem a cada dia por abortos clandestinos. Dos 960 milhões de analfabetos que existem no mundo, 70% são mulheres. Atualmente, existem 82 milhões de mulheres desempregadas em todo o planeta" e seguiu dizendo "Além disso, o trabalho doméstico que recai quase que absolutamente sobre as costas das mulheres, não é remunerado apesar de representar 60% do consumo privado. Por outro lado, as mulheres que trabalham o fazem em situação cada vez mais precarizada: não somente recebem um salário entre 30 e 40% menor que o dos homens pelo mesmo trabalho, assim como em sua maioria, não tem assistência médica e direito de aposentadoria. No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é espancada. Por ano, 100 mulheres morrem no país vítimas de violência dentro de suas casas. As trabalhadoras imigrantes são escravizadas; centenas de mulheres são sequestradas pelas redes de prostituição...". Patrícia também contou sobre a realidade das mulheres terceirizadas, que têm os piores salários e os piores empregos, e que num momento de crise serão as primeiras atingidas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Às companheiras do Pão e Rosas Brasil

Estamos acompanhando, desde a Argentina, com muito entusiasmo a notícia de que no Brasil um grupo de companheiras começa a colocar de pé a agrupação Pão e Rosas. Alegrou-nos muitíssimo que tenham traduzido o livro Pão e Rosas para o português, e agora estejam lançando o livro Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história. Nossa agrupação na Argentina vem participando ativamente das primeiras respostas que estão dando os trabalhadores e as trabalhadoras frente à crise. As empresas da província de Córdoba vêm aplicando ativamente um plano de demissões e suspensões a trabalhadores contratados. Estes ataques contam com a cumplicidade das burocracias sindicais das centrais operárias e com os bons olhos do governo de Cristina Kirchner. Mas as mulheres de Córdoba e suas famílias têm mostrado qual é o caminho para enfrentar a crise. Participando da luta e dando um grande exemplo de organização, colocando de pé a Comissão de Mulheres em Luta. Também na província de Santa Fé, as mulheres dos trabalhadores da fábrica Parana Metal organizaram-se na Comissão de Mulheres para lutar contra as 1200 demissões que a patronal queria aplicar. Desde o Pan y Rosas, somos parte destes primeiros passos e da vontade das mulheres de lutar para que os capitalistas paguem por esta crise. Desde a Zona Norte de Buenos Aires, onde se encontram um dos mais importantes cordões industriais do país, as patronais vêm demitindo ativistas e delegados. Nós, mulheres do Pan y Rosas, estamos apoiando e nos solidarizando com os demitidos e impulsionando para que seja colocada de pé a comissão de mulheres em luta da Zona Norte. Estamos lançando desde a província de Mendonza uma campanha de denúncias contra a violência às mulheres que leva centenas de mulheres às redes de tráfico e prostituição. Um verdadeiro negócio que conta com o amparo de juízes, policiais e funcionários.

Lutamos contra a hipócrita campanha da Igreja que fala sobre o direito à vida, enquanto as meninas de Mendonza estupradas não contam com o mínimo direito a não perder suas vidas pela clandestinidade dos abortos, como ocorre com mais de 6000 mulheres por ano que perdem a vida na América Latina. Por sabermos que não há saída individual em nossa luta contra a opressão e por nossa emancipação é que devemos nos unir com nossos companheiros para acabar com este sistema capitalista de exploração.

Esta crise capitalista que se avizinha e que ainda não chegou com toda sua magnitude tem que ser enfrentada com toda nossa força. Somos as mulheres quem estamos convocadas a ocupar um lugar na luta por nossos direitos e para que nossas famílias não sejam as que sofram as conseqüências. Desde a Argentina, a agrupação Pan y Rosas luta por colocar de pé um movimento incontrolável de milhares de mulheres trabalhadoras, donas de casa e estudantes para conseguir impor nas ruas nossos direitos. Para que esta catástrofe que se avizinha seja paga pelos capitalistas. Porque não pedimos! Exigimos nosso direito ao pão, mas também às rosas.

Agrupação de mulheres Pan y Rosas - Argentina
março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

A nossa luta vai além do 8 de março!

Sangue nos dedos cortados, marcados / Sem creme, só com o trabalho dobrado, acelerado / Suor no corpo, no rosto 40 graus de sufoco / Correu a lágrima segregadora / Eu sou aquelas opérarias que você trancou / As lutadoras em greve que você incendiou / Sou as mulheres na Rússia no seu domingo sangrento / Eu sou a mãe que ergue a bandeira vendo preso seu filho / Sou palestina em Gaza combatendo o sionista / Sou mexicana em Oaxaca confrontando a polícia / Sou Rosa Parks sentada no banco que é do branco / Que não levanta, não cede, causando tanto espanto / Sou Pão e Rosas / Sou Pão e Rosas / Nosso canto é o espanto dos que nos julgam mortas / Pão e Rosas, Pão e Rosas / O medo aqui já foi tanto, mas será nossa a vitória / Pão e Rosas, Pão e Rosas - Mara Onijá

Mulheres, trabalhadoras, jovens e estudantes: convidamos todas a seguir participando das atividades do Pão e Rosas nas universidades e locais de trabalho, pois nossa luta vai além do 8 de março. Por isso nesse mês de março, resgataremos a história de bravas mulheres que se enfrentaram com a polícia, com os patrões e com os governos pra lutar pelos seus direitos. Participem dos lançamentos do livro "Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história", das Edições ISKRA, na PUC-SP dia 19/03 às 19h na Sala P-65 do Prédio Velho, com Andrea D´Atri, dirigente do PTS e fundadora do grupo de mulheres Pan y Rosas na Argentina, Beatriz Abramides prof. do Serviço Social da PUC-SP e diretora da APROPUC, Vera Vieira, prof. do Depto. de História da PUC-SP e Diana Assunção, dirigente da LER-QI e organizadora da edição brasileira do livro. Também apresentaremos a publicação em Campinas, dia 20/03 às 17h30 no Auditório do IFCH, Unicamp, com Andrea D´Atri, Claudia Mazzei Nogueira, prof. da UFSC e Rita Frau, professora da rede pública do estado de SP, militante da LER-QI e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas. Também convocamos todas a participar da primeira Plenária do grupo de mulheres Pão e Rosas com Andrea D´Atri. Dia 21/03 às 17h na Casa Socialista Karl Marx (Praça Américo Jacomino, 49 em frente ao metrô Vila Madalena).

segunda-feira, 9 de março de 2009

Pão e Rosas no 8 de março em São Paulo: Que os capitalistas paguem por sua crise!



Nós do grupo de mulheres Pão e Rosas, impulsionado pela LER-QI e independentes, fizemos ouvir nossas vozes nesse 8 de março como parte do ato da Conlutas, através de uma convocatória unitária que dizia que os capitalistas devem pagar a sua crise. Trabalhadoras, estudantes, mulheres negras e terceirizadas saíram as ruas nesse dia para gritar: "Sou Pão e Rosas, não vim para festejar! E a crise capitalistas, são eles que vão pagar! Basta de acordos, e de demissões! Nós somos mulheres que enfrentam os patrões!".
Clarissa Menezes, estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas.




Esse ano o 8 de março foi marcado por um escândalo da Igreja Católica, que em Pernambuco está impulsionando uma campanha reacionária contra uma menina de 9 anos, que desde o 6 é estuprada sistematicamente por seu padrasto, e estava grávida de gêmeos. O aborto foi feito de acordo com a lei, já que no Brasil é permitido em caso de estupro ou risco de vida para a mãe. Entretanto, a moral cristã não respeita nem as leis burguesas, e agora diz que "aborto é pior que estupro". Por isso nós mulheres do Pão e Rosas gritamos: "Basta de estupros, de morte e de dor! Hipócrita Igreja, está com o estuprador!". Ao mesmo tempo, exigimos "Milhares de mulheres mortas, aborto clandestino não! Exigimos imediatamente, o aborto seguro e gratuito, e sua legalização!".




Num ato chamado pela Conlutas, pelas centrais sindicais de esquerda e agrupações, nos demos a tarefa, de desde o Pão e Rosas denunciar amplamente a política das direções da Marcha Mundial de Mulheres, composta pela CUT, Força Sindical e outros setores que agora assinam a demissão de milhares de trabalhadores. Por isso, gritamos "Às governistas nós dizemos: vocês não nos enganam não! Enquanto falam contra a crise, assinam nossa demissão!".




Mara Onijá

O ato contou com cerca de 500 pessoas, onde a coluna do Pão e Rosas se destacou por sua combatividade, e no carro de som, a companheira Mara Onijá, dirigente da LER-QI e integrante do Pão e Rosas, fez um chamado às companheiras da Conlutas e do PSTU a refletir sobre sua política que muitas vezes coloca as táticas a frente da necessidade de denunciar amplamente as direções reacionárias dos grupos feministas no Brasil, que lavam a cara de Ana Júlia Carepa do PT, conivente com estupros de meninas em cadeias no Pará, como denunciamos gritando "Meninas estupradas em cadeias no Pará! Abuso de mulheres não podemos aceitar! A todos os culpados, nós temos que punir, e o governo de Ana Júlia do PT tem que cair!". Ou do próprio governo Lula, responsável pelo envio de Tropas da ONU ao Haiti para reprimir e estuprar nossas companheiras haitianas. Pudemos ouvir, durante todo o ato, o grito das companheiras do Pão e Rosas "Preste atenção! Somos as negras do Haiti, contra as tropas do Lula estamos aqui!".


Mara Onijá e Diana Assunção

Após o exitoso bloco, na Casa Socialista Karl Marx, Vila Madalena, ocorreu o pré-lançamento do livro "Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história", com a presença de mais 70 companheiras (os) além dos que já estavam no bloco, em sua maioria mulheres trabalhadoras, estudantes e donas de casa, onde Diana Assunção, dirigente da LER-QI e organizadora da edição brasileira do livro apresentou a publicação e finalizou a atividade dizendo "Esse não é apenas um livro, é também um chamado. Em nome do grupo de mulheres Pão e Rosas chamo todas vocês: sejamos nós as próximas lutadoras, nos enfrentamentos de classe que certamente virão com o arrefecimento da crise que querem despejar duplamente sobre nossas costas".




Companheiras trabalhadoras negras e precarizadas, como Silvana e Sheila fizeram intervenções demonstrando a necessidade de romper com as amarras que as mulheres trabalhadoras têm dentro de suas casas para poderem se colocar como protagonistas de suas próprias vidas, e se organizarem ao lado de outras companheiras pra lutar por nossos direitos e pelo fim dessa sociedade de opressão e exploração. A atividade seguiu com exposições, apresentações teatrais, poesia a música, chamando para a primeira Plenária do grupo de mulheres Pão e Rosas, no próximo dia 21 de março, com a presença de Andrea D´Atri, dirigente do PTS, organização irmã da LER-QI na Argentina, e fundadora da agrupação de mulheres Pan y Rosas, que conta com mais de 1000 mulheres trabalhadoras, jovens e donas de casa. Convidamos todas a participar para fortalecer a luta pelos nossos direitos e pelo fim dessa sociedade de opressão e exploração... porque não pedimos! Exigimos nosso direito ao pão, mas também às rosas!